F1: O Filme é carismático e apresenta cenas pra lá de impressionantes, mas não consegue repetir o feito do projeto anterior do diretor.
Algo que tem chamado muito a atenção de F1: O Filme é o fato do diretor ser o mesmo de Top Gun: Maverick e fica claro que ele busca repetir o feito, visto que a nova produção copia diversos elementos deste que citei. E é aí que mora o problema.
Repetir o feito não é fácil. Filmes de jato são muito mais difíceis de encontrar do que filmes de corrida, trazer um protagonista com um histórico de qualidade que se relaciona com um longa antecessor é diferente de pontuar isso em uma primeira vez e colocar como problema a relação com a juventude, no qual em Top Gun existe uma situação pessoal pra ser resolvida, não vai proporcionar o mesmo peso emocional.
Enquanto a obra prosseguia, foi difícil não perceber essa familiaridade e sentir que algo estava faltando. Estava faltando novidade. Não estou dizendo que Top Gun: Maverick seja inovador, mas ele se beneficia de ser uma continuação e deixar verossímil as dificuldades que impõe. Aqui, você sabe exatamente onde vai dar cada mini trama e ainda toma algumas decisões questionáveis.

F1: O Filme | Warner Bros Pictures
Essa parte problemática eu deixo bem relacionada ao personagem Joshua Pearce (Damson Idris), que serve como contra ponto da antiga geração que Sonny Hayes (Brad Pitt) faz parte. Sua personalidade é imatura, mesmo que tenha cabimento com a idade, o auge da carreira e o medo de ser substituído, há um exagero na falta de reconhecer os erros que afasta o espectador. Cenas onde poderia conversar com o protagonista são ignoradas, o que leva a falta de empatia para com os dois na conclusão.
Agora, sobre a parte que importa pra maioria… sim, as cenas de corrida são incríveis. Todas as posições de câmera escolhidas foram precisas e acertadas, deixando claro que o ator estava dirigindo naquela pista e passando a sensação de fazer parte daquele esporte, um pouquinho de como deve ser. A sensação é de estar vendo uma corrida sendo televisionada e isso diverte, não tenha dúvidas. Contudo, não emociona.
F1: O Filme não precisa fazer quem assiste chorar, mas precisa fazer torcer, se importar, sentir a dificuldade e comemorar quando vence. E não acho que a obra encontre um jeito de proporcionar isso, seja por entregar um protagonista muito bom desde o início, não colocando uma dificuldade que precise superar, ainda que citem um trauma do passado, isso nunca é abordado com louvor, ou pela relação pouco explorada entre os pilotos.

F1: O Filme | Warner Bros Pictures
A calmaria na narrativa é sua parte mais atraente, pois é nela que a direção decide se atentar aos sentimentos de Sonny e Joshua. A conversa na varanda ou o jogo de pôquer são esses momentos que eu ansiava por mais, até seguir pro lugar comum. O humor do filme pode falhar vez ou outra, mas não incomoda. Já a duração do projeto parece se prolongar mais do que deveria ao ficar tanto tempo estagnada em situações que soam cada vez mais repetitivas e clichês.
F1: O Filme proporciona uma bela experiência para os fãs de fórmula 1 que gostariam de ver algo mais próximo na maior tela possível, entretanto, acaba por deixar de lado uma conduta mais natural e interessante para que o público se aproxime desses heróis tão distantes. O produto final é bem feito, mas traz aquele sentimento agoniante de já ter visto isso com maior carinho e atenção.
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