CRÍTICA | O Urso reencontra sua identidade e fortalece laços na 4ª temporada

O Urso novamente surpreende na 4ª temporada

Na 4ª temporada, O Urso mostra que está amadurecendo: conclui tramas importantes, aprofunda seus personagens e ainda deixa tudo pronto para a 5ª temporada já confirmada.

A 4ª temporada de O Urso representa um reencontro da série com o que ela tem de mais precioso: seus personagens e os vínculos que os unem. Após uma terceira temporada que dividiu o público, a nova leva de episódios retorna com mais foco às principais histórias da série.

Diferente do caos explosivo das primeiras temporadas, essa fase aposta na introspecção. O Urso sempre foi uma série sobre pressão, trauma e tentativas de cura. Porém, agora ela abraça também o silêncio, os espaços não ditos, e o cotidiano que pulsa entre panelas e conversas difíceis. É uma série que cresce quando desacelera.

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Sydney ganha mais espaço na 4ª temporada de O Urso e mostra evolução – Divulgação canal FX

Com personagens já estabelecidos, a narrativa distribui seus arcos com equilíbrio e maturidade. Syd ganha o protagonismo emocional que merecia, finalmente tendo uma temporada para chamar de sua.

Enquanto isso, figuras como Tina e Sugar perdem espaço, mas isso é compensado pelo aprofundamento das interações no núcleo principal. A química do elenco está mais afiada do que nunca, e é justamente essa conexão que sustenta o afeto do público.

Um dos maiores destaques é o sétimo episódio, ambientado no casamento de Tiffany e Frank. Com 69 minutos de duração, ele poderia parecer inflado, mas faz o oposto: expande o universo da série sem perder o ritmo, mostrando que até os personagens secundários são carregados de história e significado. É um episódio que convida o espectador a permanecer. Um respiro. Um lugar seguro.

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A relação de Richie e Carmy ganha uma nova camada nessa temporada – Divulgação canal FX

Esse evento também serve como válvula de escape — tanto para Richie quanto para a própria série. Ao colocá-lo em contato com alguém fora do círculo de dor que define os Berzatto, há um momento de liberdade rara, quase terapêutica. É quando a série mais se aproxima da esperança.

Essa nova temporada mostra como ignorar os próprios problemas e defeitos pode afetar profundamente nossas relações pessoais. A narrativa se constrói em torno dos conflitos internos de cada personagem: a dor de Marcus pela perda da mãe e relacionamento com o pai, as inseguranças de Syd, a difícil tentativa de reconciliação entre Carmy e sua mãe, e o esforço de Richie para lidar com a nova fase da ex-esposa e o impacto disso na relação com sua filha.

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Claire volta com mais tempo de tela do que na temporada anterior – Divulgação Disney

Mesmo assim, a temporada tem seus tropeços. A insistência em repetir mensagens como “a importância da família escolhida” e “ninguém está sozinho numa cozinha” pode soar redundante em certos momentos.

Ainda há tempo demais dedicado à ex-namorada de Carmy, Claire. Molly Gordon ganha um pouco mais de substância neste ano, em comparação à fase romântica com Carmy na segunda temporada, mas Claire ainda é retratada de forma tão angelical e perfeita que destoa de uma série cuja força está justamente em amar os personagens apesar de suas falhas.

Mas esses pequenos deslizes não tiram o brilho de uma temporada que emociona, reconcilia e pavimenta o futuro.

Ainda não retornou ao nível das duas primeiras, mas O Urso continua sendo uma das experiências mais sensíveis e humanas da televisão contemporânea, e na 4ª temporada, ela nos lembra o porquê escolhemos voltar.

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