CRÍTICA | Superman de James Gunn RECUPERA a era de ouro do herói

Superman | Warner Bros Pictures

Superman tem como seu maior triunfo a escolha de um elenco contagiante e de um protagonista que soa divergentes de todas as versões vistas até então.

Superman é um filme que não tinha uma tarefa simples vide toda a construção errada que o universo coordenado por Zack Snyder acabou tendo, sendo este um filme que buscaria reiniciar e precisava de um pontapé certeiro, mas também contando o histórico fracassado de filmes do kryptoniano que não conseguiram acertar o coração do público desde o filme de Richard Donner, realizado em 1978.

James Gunn, conhecido pela trilogia Guardiões da Galáxia, decide roteirizar e dirigir o longa em busca de recuperar todas as qualidades que existem ao redor deste personagem e que foram perdidas, ainda que nunca tenha sido um herói esquecido pela mídia, já que os seriados não deixavam seu mundo descansar. Indo de Smallville, para Supergirl, e então, a mais recente, Superman & Lois.

A obra desde o começo toma para si o seu protagonista como alguém falho, alguém que precisa melhorar, que não está perto de ser aquele líder destemido visto no desenho da Liga da Justiça (2001), e acaba por descobrir que seu propósito na Terra era além da que imaginava quando a mensagem de seus pais de sangue é decifrada. O que você faz quando sua crença é abalada?

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Superman | Warner Bros Pictures

Superman se propõe a discutir sobre isso, sobre o que se faz em situações extremas, em situações que fogem do nosso controle, e também sobre que mensagem devemos deixar para o resto do mundo, independente do que nos aconteça. Há um claro otimismo dentro da obra que a deixa atraente e viva, questionando a ideia de acabar com vidas ”inferiores” e reavaliando o motivo do povo estar vendo esse herói diferente daqueles que já existiam.

Todavia, são temas que não passam da superfície, a mensagem é vista, mas não explorada. Pautas são plantadas e acabam não florescendo como deveriam, indo do julgamento por não suportar conflitos para a divergência em como lidar com outros tipos de vida. Personagens, como Jimmy Olsen, têm atitudes que se repetem, seguindo um viés cômico, que acabam perdendo o tom conforme se repitam e não se expliquem.

Tendo tantos personagens agindo ao mesmo tempo, o filme acaba por inflar e transparecer maior fragilidade ao não conseguir trabalhar sua maioria com a devida atenção, passando a impressão de uma história aleatória em quadrinhos, da qual você cai de paraquedas, o roteirista te explica o que tá acontecendo e os personagens vão seguindo suas vidas. E isso, também enxergo como um triunfo, por deixar a atenção do espectador mais afincada e passar um tom divergente daquele que ficamos acostumados no gênero de super-heróis.

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Superman | Warner Bros Pictures

Na parte técnica, não poderia ser deixado de citar as cenas de ação e de vôo. James Gunn encontrou seu estilo e permanece aqui, com uma constante movimentação, giro em 360º, havendo sabedoria nos cortes para se entender o que está acontecendo. Só que a parte chamativa se encontra realmente no Superman voando, apresentando posições de câmera que tragam imersão, como se estivesse junto com o herói, valendo cada segundo da experiência no cinema.

Superman acaba por seguir uma condução dinâmica, divertida, que fica em constante movimento e entrega uma obra que faltava para o azulão, sabendo dosar humor e drama, no qual passa uma leveza para quem assiste e não fique de fora elementos que fazem parte desse grande personagem. É um inicio promissor para um universo que já soa rico, com elementos criativos, fora do forte tom realista, dando aquela vontade de permanecer por ali.

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