CRÍTICA | Duster e a impaciência para altos índices de audiência imediata dos Streamings

Duster

Duster, nova série de J. J. Abrams, distribuída pela Hbomax foi cancelada menos de uma semana após o episodio final ir ao ar. Esse texto estava sendo preparado quando chegou a noticia que o streaming não a renovaria para um segundo ano.

Com potencial, boas atuações, uma bela fotografia, uma direção e um texto envolvente, que mesmo sendo batido, diverte e não se torna cansativo, a série não conseguiu uma renovação. Mas, vamos do inicio.

A série se passa nos anos 1970 e acompanha Nina Hayes(Rachel Hilson), a primeira agente negra do FBI, recrutando Jim Ellis(Josh Holloway), como informante, após mostrar provas que seu chefe, um conhecido criminoso, pode ter assassinado seu irmão.

A primeira cena de Duster, nos apresenta Jim, correndo contra o tempo para entregar uma encomenda. Chegando ao ponto de encontro, descobrimos ser não somente um coração, mas terminamos com o protagonista fazendo uma massagem cardíaca no paciente com o peito aberto na mesa de cirurgia.

Pela descrição, a cena parece ser um pouco louca, mas aí está o trunfo da direção, transformar algo que parece absurdo no texto, mas que consegue funcionar em tela. Nesses primeiros minutos, a série nos diz como será sua temporada: seu protagonista se metendo em confusão e saindo delas de uma forma criativa.

Logo após essa cena, temos os créditos iniciais, com carrinhos Hot Wheels, honestamente, a melhor abertura de uma série que já vi. Padrão abertura HBO, nos dá pequenas pistas do que vai acontecer ao decorrer da temporada e que muda uma coisinha aqui, outra ali, de episódio para episódio, assim como Game of Thrones e Westworld.

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Duster | Hbomax

Rachel Hilson faz um trabalho excelente e realmente consegue vender que é aquela personagem, mas, é inegável, toda vez que a historia está centrada em Jim Ellis, é mais interessante. Holloway tem presença e carisma para tomar o protagonismo para si, sem esforço. Isso se deve não somente ao ator, mas também ao texto, que não faz cenas tão memoráveis para Nina, como faz para Jim.

Embora Jim tenha cenas mais interessantes, seja pelo seu estilo descolado dos anos 1970, com calças boca de sino, camisas coloridas, altas manobras em seu carro chamativo e uma facilidade para sair de confusão da mesma maneira que entrou, o protagonismo da série é dividido entre ele e Nina. Ao longo dos episódios, temos cortes indo de um para o outro. Mostrando que eles estão em situações similares e ambos tem o mesmo valor narrativo.

O destaque de atuações além dos protagonistas, fica para Keith David, que interpreta o vilão Ezra Saxton E Corbin Bernsen, que interpreta Wade Ellis, pai do protagonista. Keith mostra nesse personagem, um homem ameaçador, você sabe do que ele é capaz e vemos ele fazendo essa coisas. Mas, assim como é imponente, tem uma vulnerabilidade que não faz você odiar o personagem como deveria. Já Corbin traz uma leveza maior ainda para a série, a vontade é que ele apareça mais a cada episódio. menção honrosa para Patrick Warburton, que aparece brevemente no segundo episódio e dá um show de atuação.

J. J. Abrams e LaToya Morgan (criadores da série) não fogem do clichê, pelo contrario, usam isso ao seu favor. Por exemplo: quando Jim é demitido por Saxton, sabemos que ele vai voltar. Quando a oficial Hayes está no deserto tentando encontrar a chave de suas algemas, sabemos que ela vai acha-las no último segundo. Quando os dois protagonistas estão encurralados no último episódio, sabemos que eles vão sair vivos.

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Duster | Hbomax

Não tem perigo real para os dois protagonistas, nós sabemos disso, e os roteiristas sabem que sabemos disso. Então não tem uma preocupação em fugir do óbvio, mas sim em encontrar caminhos criativos, inesperados e engraçados para chegar neste óbvio. Como, parar uma luta para conversar sobre filosofia, vida e condições de trabalho; roubar um par de sapatos do Elvis, colocar o presidente Richard Nixon de CGI se gravando dizendo falas racistas e muitas outras coisas.

Mas, não é por usar o clichê a seu favor que Duster escapa de cair em armadilhas, mesmo com uma excelente fotografia, a edição peca em alguns momentos, como: a câmera cortar para o mesmo ângulo, mas usando um take diferente no rosto do protagonista, ficar por menos de 5 segundos e cortar para outro ângulo, servindo para um absoluto nada. Deixando um corte em tela horroroso e desnecessário de se ver.

O roteiro não te deixa pensando nele por dias e nem é sua intenção fazer isso, mas cumpre o que se propõe, entreter por algumas horas o espectador. Isso, combinado com boas atuações, uma química entre os atores e uma boa direção, faz você ter uma boa série para assistir por algumas horas.

Por isso, é uma pena, mas não tanto uma surpresa quando a HBO Max anunciou que estava cancelando a série. Por mais que seja divertida e carismatica, ela não teve uma grande divulgação e nem uma boa campanha de marketing, com isso, episódios não tiveram os números de audiência que a HBO queria.

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Duster | Hbomax

O que, num palpite certeiro, a empresa por não investir em propaganda e ver que os primeiros episódios não repercutiram muito, já planejavam cancelar a partir dos primeiros episódios. Mas esperaram a conclusão da temporada para dar fim, assim, os índices dos episódios finais não serem mais baixos ainda.

Se tivesse mais tempo para ficar no catálogo, poderia alcançar público, mas com o cancelamento, ninguém irá ver. A série temina bem, até os 4 minutos finais que abrem vários ganchos para sua segunda temporada (que nunca veremos). Duster vale a pena assistir, mesmo com o cancelamento e se voce mutar os últimos minutos da série, terá uma bela história terminando sem gancho e com Josh Holloway e Rachel Hilson admirando um belo pôr-do-sol de cgi.

Todos os episódios de Duster estão dispóniveis na HBO Max.

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