CRÍTICA | Confinado parte de uma boa premissa, mas não consegue ir além do óbvio

Bill Skarsgard consegue se destacar em Confinado

Confinado é uma refilmagem indireta de um filme brasileiro, que, por sua vez, já adaptava uma obra argentina. Sob a direção de David Yarovesky, porém, o longa se limita ao óbvio, ainda que consiga arrancar alguns momentos emocionantes e estabelecer certos laços com o público.

Dirigido por David Yarovesky, Confinado narra a jornada de um ladrão (Bill Skarsgard) que, ao tentar roubar um carro, acaba trancado no veículo por dias, restando-lhe apenas a interação com o dono do automóvel, interpretado por Anthony Hopkins.

A narrativa se desenvolve pela perspectiva do protagonista: um homem desonesto, pai de uma filha pequena e cercado de problemas. A partir disso, o filme o coloca em situações constrangedoras numa tentativa superficial de gerar empatia, mas o efeito acaba sendo pouco convincente.

Em compensação, Bill Skarsgård entrega uma de suas performances mais marcantes, enquanto Anthony Hopkins, embora só apareça visualmente na segunda metade, já impõe sua força dramática apenas com a voz

Bill Skarsgard interpreta o protagonista de Confinado

Bill Skarsgard faz uma das melhores interpretações de sua carreira em Confinado – Divulgação Prime Video

O maior acerto do filme é a construção da relação entre o protagonista e sua filha, elemento que sustenta a narrativa por boa parte do tempo. Foi esse laço que me manteve atento ao desenrolar da história, mesmo quando as consequências pareciam exageradas não pelo exagero, mas pela falta delas.

Confinado não inova em termos narrativos ou estruturais, mas se sustenta graças às ótimas atuações do elenco. Anthony Hopkins, como de costume, extrai muito de um material limitado, reafirmando o porquê de sua consagração.

Embora a situação central seja mostrada logo no começo, o filme demora a explorar assuntos que poderiam tornar a narrativa mais interessante. É possível que Yarovesky tenha se prendido demais às versões anteriores, resultando em um roteiro por vezes rígido e previsível.

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Anthony Hopkins aparece pouco, mas brilha em Confinado – Divulgação Prime Video

Um dos pontos altos do longa é, sem dúvida, a relação entre o protagonista e sua filha. Mesmo sendo poucos, esses momentos conseguem transmitir emoção real e funcionam como um fio condutor da narrativa.

David Yarovesky mantém um estilo visual limpo e funcional, mas pouco ousado. A fotografia e a ambientação ajudam a sustentar a tensão, mas não inovam. A sensação de confinamento é transmitida, mas sem recursos que realmente desafiem o espectador, reforçando a ideia de que o filme segue fórmulas já vistas.

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Confinado foi a pimeira vez em que Bill e David trabalharam juntos – Divulgação Prime Video

Em resumo, Confinado é um filme que se apoia fortemente nas atuações — especialmente de Bill Skarsgård e Anthony Hopkins — para manter o interesse. A narrativa previsível e o roteiro engessado impedem que a premissa ganhe a força que mereceria.

Pode-se dizer que Confinado é uma obra quase completa: a história já foi explorada de outras formas, e este longa representa apenas mais um olhar sobre a mesma situação. O diretor não me deixa muito animado em relação aos seus próximos trabalhos, mas pretendo acompanhá-los, acreditando que ele tenha aprendido com os erros desta vez.

Ainda assim, para quem valoriza boas performances e momentos emocionais pontuais, o longa consegue entregar algo satisfatório.

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