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  • CRÍTICA | Missão Impossível : O Acerto Final é a conclusão certa para a franquia

    CRÍTICA | Missão Impossível : O Acerto Final é a conclusão certa para a franquia

    Missão impossível: O Acerto Final pode soar corrido e mentiroso, mas entrega boa parte do que torna esse mundo tão eletrizante e finaliza do jeito que deveria.

    Pelo que pude notar no site, não existem críticas sobre a franquia protagonizada por Tom Cruise, então gostaria de pontuar como ela conseguiu se renovar por tanto tempo, proporcionando pelo menos uma cena que tirava o fôlego por filme e uma evolução narrativa de nunca soar repetitivo, ainda que houvesse toda vez a frase ”sua missão, caso decida aceitar”. Só que vamos adimitir, isso era um charme e tanto da saga, tal como a música principal que nunca deixou de animar quem estivesse ouvindo.

    Sendo assim, chegando em seu sétimo filme, o diretor das últimas produções (”Nação Secreta” e ”Fallout”), Christopher McQuarrie, anunciou que haveria uma história dividida em partes que ofereceria dois longa-metragens (”Acerto de Contas” e ”O Acerto Final”) com a chance de dar um fim para toda essa jornada de Ethan Hunt, na qual a parte 1 abordou mais o sacrifício de entrar na IMF e trouxe de volta um rosto conhecido, indicando que pontas soltas de uma origem não vista retornariam para assombrar o protagonista.

    Missão Impossível: O Acerto Final marca sua estreia como não só a parte 2, que vai concluir toda a trama envolvendo uma inteligência artificial chamada Entidade, tendo como objetivo o controle total das potências mundiais para fazer o que acha melhor com a humanidade, mas também como a provável conclusão da franquia, fazendo algumas homenagens para tudo que essa saga entregou aos fãs e dando um toque definitivo sobre o que cada agente da Força Missão Impossível representa.

    Missão Impossível: O Acerto Final | Paramount Pictures

    Missão Impossível: O Acerto Final | Paramount Pictures

    As referências aos filmes anteriores, ainda que agradáveis e nostálgicas, também passam do ponto a medida que se repetem pela duração, parecendo mais querer dar uma piscada ao fã do que realmente apresentar necessidade para a narrativa, funcionando quando relembra os acontecimentos do longa que antecede a este e ao trazer um objeto não visto há muito tempo de volta ao jogo. Mesmo soando um pouco aleatório.

    O objetivo da história como um todo também acaba por se perder nas próprias ideias, querendo explicar demais tudo que tá acontecendo com uma montagem frenética, que mesmo com o propósito de desenhar para o espectador, acaba deixando mais confuso do que deveria, jogando uma informação atrás da outra que, após se soltar do primeiro ato, esclarece não ser uma missão tão complexa quanto dava a entender.

    Missão Impossível: O Acerto Final demonstra ter noção de onde quer chegar, mas acaba por ignorar o limite de suas capacidades e entregar o impossível, de uma forma que deixe muito claro como o vilão da vez dificilmente seria vencido na vida real. Porém, estamos falando de um filme de ação e aventura, então a suspensão da descrença pode surgir daí, e o filme auxilia para que não vire um problema.

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    Missão Impossível: O Acerto Final | Paramount Pictures

    O nome da salvação é Tom Cruise. Pensa num ator que entrega, que dá tudo de si, para fazer o seu público acreditar no que está vendo em tela. É possível sentir o esforço do ator, e do personagem também, em entregar o que for preciso pra lidar com a sua missão, dando o tom dramático certo para que consigamos sentir seu pesar com o andamento da narrativa e uma agilidade em combate impressionante para um homem que está na casa dos 60 anos, executando todas as cenas malucas que o roteiro exige, como se pendurar num avião e abrir um paraquedas em chamas (cena que o intérprete realizou 16 vezes).

    Obviamente, a condução da direção exerce uma função essencial para que cada cena passe a ansiedade e a adrenalina necessária de modo que o contemplador possa imergir e temer pela forma que o herói vai escapar da situação em que se colocou. Entregando duas cenas que valem a experiência no cinema e se consagram entre as melhores da franquia. A do submarino, que traz um suspense avassalador, e aquela dos aviões, remetendo aos combates aventurescos vistos na franquia do Indiana Jones.

    Missão Impossível: O Acerto Final é a prova viva de como uma franquia pode perdurar com tamanha qualidade, entregando uma sensação que não será possível sentir em casa e um filme de ação que pode ir além da parte mirabolante ao refletir sobre o ser humano nos tempos atuais. O impossível não é uma palavra que podemos permitir que defina nossas ações, principalmente quando parte de uma consequência dos nossos atos. Se fomos capazes de criar algo perigoso, somos capazes de impedir que esse produto nos elimine.

    A mensagem do final, mesmo que soe sentimental demais para uma saga que nunca deu tanta atenção para isso, acaba tornando pertinente a reflexão sobre o protagonista, tudo que ele fez, tendo mais sua credibilidade sendo questionada do que o contrário, e ainda assim, se mantendo firme com seus ideais sobre o bem que a humanidade merece. Servindo de inspiração para ver como toda vida importa e como as escolhas que te definem são àquelas que toma depois dos erros que cometeu.

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  • CRÍTICA | Como Treinar o Seu Dragão conseguiu se equiparar ao desenho

    CRÍTICA | Como Treinar o Seu Dragão conseguiu se equiparar ao desenho

    Como Treinar o Seu Dragão é o melhor live-action que vai encontrar, transmitindo a mesma sensação do original. 

    O filme tinha a difícil tarefa de adaptar em live-action certa animação que conquistou uma legião de fãs, inclusive este que vos fala, um desenho que mesmo adaptando um livro de mesmo nome, se distanciava bastante da história como um todo, proporcionando uma mensagem de respeito, mudança, compaixão e adaptação. E felizmente, a adaptação com intérpretes físicos não se esqueceu da parte mais relevante… o coração da obra.

    Caso não saiba, a história acompanha um jovem Soluço (Mason Thames) que é filho de Stoico (Gerard Butler), o líder viking de seu povo, e inesperadamente captura um dragão, um Fúria da Noite, uma espécie que jamais foi pega. Contudo, o garoto não consegue matá-lo e acaba fazendo uma amizade, criando um laço com o ser que receberá o nome de Banguela. Agora, ele precisa convencer o seu povo a deixar de lado uma guerra que persiste por séculos.

    Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

    Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

    Já de cara é importante ressaltar a criatividade de Como Treinar o Seu Dragão, que quase não existe, já que ao adaptar o desenho de 2010, praticamente copia e cola os diálogos, os planos de câmera e a condunção da narrativa. As qualidades de ser leve, dinâmico ou divertido devem pairar mais sobre quem o fez do zero, do que quem só seguiu a fórmula para o sucesso. Aqui, poucas são as inserções de algo que não foi visto, seja um aprofundamento na relação de Soluço e Astrid (Nico Parker) ou uma participação maior de Melequento (Gabriel Howell) que se tirasse, não faria diferença.

    Dito isso, a qualidade dos efeitos visuais é de se tirar o chapéu, não deixando cartunesco ao trazer os dragões com olhos de gato e nem realista demais a ponto de perder a magia que se via na obra original. Eles tem camadas, possuem uma pele que soa palpável, apresentam personalidade própria por cada espécie e entregam por bastante tempo o que séries como ”House of the Dragon” parecem não conseguir. Cenas de vôo magnéticas, compreensíveis, enxergáveis e tão fluídas que deixam aquele desejo de querer mais.

    O diretor Dean DeBlois e o compositor da trilha sonora John Powell retornam para o trabalho que um dia fizeram, entregando sabiamente o que o fã vai querer ver e ouvir, tal qual o que um espectador calouro poderia querer. Aquele sentimento de aventura, de magia, de um entretenimento feito com cuidado e que busca falar sobre algo. A direção tem noção do tom que precisa dar ao projeto e a música consegue tocar lá no fundo, a ponto de comover os mais nostálgicos.

    Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

    Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

    Os intérpretes de Soluço e Astrid caem como uma luva, entendendo a personalidade e os trejeitos de seus personagens. Como alguém que estava bem receoso sobre a escolha de ambos, é com muito prazer que dou a notícia de que entregam um ótimo trabalho, com sintonia nas interações e agilidade nas ações. No entanto, a escolha perfeita recai sobre Gerard Butler como Stoico, que já tendo dublado o viking na trilogia da Dreamworks, incorpora o jeito bruto, mas incrementa com carinho no olhar, dando medo pelo tamanho que tem, mas também confiança pelo jeito que trata a todos, nunca soando um clássico vilão para o garoto com seu dragão. Transmitindo camadas que nas animações se desdobraram apenas nas continuações.

    Um ponto que deve ser ressaltado é o ganho de uma experiência mais imersiva por ser live-action, já que em filmes animados nos acostumamos com a falta de verossimilhança em feridas que os personagens podem sofrer, e com atores, a sensação de perigo fica maior, seja no machucado que Soluço pode arranjar treinando com o Banguela ou no embate final devido a um Dragão enorme que destrói com poucos movimentos. Sendo assim, cada cena com os seres alados trazem mais angústia e temor do que na versão animada.

    Como Treinar o Seu Dragão acaba portanto recuperando a alma de seu projeto original, não soando nada inovador, mas transmitindo a mesma sensação. Ainda que tenham cenas cômicas com uma falta de tato por se prolongarem além da cota, a obra entrega um visual que vale a assistida numa tela grande e a condução permite que o tempo passado nem seja notado.

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  • CRÍTICA | Predador: Assassino de Assassinos é um presente aos fãs

    CRÍTICA | Predador: Assassino de Assassinos é um presente aos fãs

    Dirigido por Dan Trachtenberg, Predador: Assassino de Assassinos amplia a mitologia e entrega tudo o que sempre desejamos ver de um filme da franquia

    Quando Arnold Schwarzenegger derrotou o primeiro alienígena da franquia em O Predador (1987, John McTiernan), uma produção que se mantém eficiente e atual até hoje, uma curiosidade e um interesse mórbido surgiu da parte dos fãs, afinal, quem é esta criatura? O que come? Onde mora? Por que seu objetivo primário é matar? Quando veremos mais dela?

    A resposta não demorou muito a chegar. Predador 2 (1990, Stephen Hopkins) chegou logo depois e ampliou ainda mais a franquia, e a curiosidade sobre estas feras tão temidas, explicando o fato que elas estão no nosso planeta há tanto tempo quanto a humanidade, sempre observando e sempre matando.

    Após isto, a franquia ganhou algumas sequências de qualidades duvidosas, além de dois filmes de Alien Vs. Predador (2004, Paul W. S. Anderson), que merecem um estudo a parte, com o tempo, perdemos esperanças que veríamos uma produção decente de Predador novamente, porém, a franquia foi renovada com o lançamento de O Predador: A Caçada (2022, Dan Trachtenberg).

    Dan Trachtenberg entendeu algo essencial para a longevidade da franquia: este universo é riquíssimo, porém, se não estiver baseado em emoções humanos, ele nada mais será do que somente uma brincadeira de crianças, assim, com o protagonismo de uma guerreira comanche, o oposto do brucutu de Schwarzenegger, ganhamos um novo gosto, e a curiosidade voltou.

    Predador: assassino de assassinos

    Cena de Predador:Assassino de Assassinos- Divulgação Star+

    Atuando ao mesmo tempo como uma sequência de Predador: A Caçada, e um filme independente, Predador: Assassino de Assassinos é uma animação que entrega o que o público começou a esperar de um filme da franquia: violência, um alienígena muito feio, lutas bem coreografadas com diferentes armas, uma ampliação da mitologia como um todo, e por fim, algo que todo filme deve ter: coração.

    A produção apresenta quatro capítulos bem divididos, e únicos à sua maneira, seja em questão de construção narrativa, ou de cenário ao que os personagens estão inseridos.

    O primeiro se passa na Era Viking e conta a história de uma mãe obcecada por vingança, o segundo se passa no Japão Feudal e conta a história de dois irmãos samurais, o terceiro se passa no começo da segunda guerra mundial e conta a história de um jovem piloto, o quarto unifica todos os capítulos em um grandioso final.

    Existem muitas coisas para se elogiar no filme. A animação obviamente é uma delas, seguindo um estilo fluido semelhante ao de produções como Arcane (2021, Christian Linke, Alex Yee) e Gato de Botas 2: O Último Pedido (2022, Joel Crawford), e que somente cresce ao se somar como uma cinematografia linda e movimentos de câmera dignos da tela grande, indo desde planos sequências maestrais até uma mise in scene louvorosa.

    Em questão narrativa, o fator animação coopera muito mais do que se a produção fosse feita em live-action, afinal, na animação o ritmo é muito distinto, é muito mais fácil ganhar empatia pelos seus personagens, não necessitando tanta explicação ou tempo de tela, e em Predador:Assassino de Assassinos, vemos esta vantagem ser usada até o último momento.

    Predador: assassino de assassinos

    Cena de Predador:Assassino de Assassinos- Divulgação Star+

    Dan Trachtenberg não decepcionou nesta concepção, criando um espetáculo visual e justificando a todo momento o uso do estilo 3d, sobreposto em desenhos bidimensionais, trazendo cenas belíssimas, dignas de serem quadros na parede, além disto, ao focar em 3 relações de amor básicas do ser humano: o amor de uma mãe, o amor fraternal, e o amor por um pai, a audiência se importa com estes personagens, e teme quando o Predador realmente aparece para cada um deles.

    Com muita violência que justifica a sua classificação indicativa, não presenciamos somente um Predador, e sim no mínimo 4, incluindo um rei Predador mostrado no último ato, que se passa no planeta dos alienígenas, sendo esta parte que o filme realmente brilha.

    Para os fãs, mostrar pela primeira vez o planeta dos Predadores, é algo surreal, uma pena que somente ocorre nos últimos 30 minutos, porém, com um ritmo rápido e 4 histórias potentes, não vemos o tempo passar. Com pouquíssimo tempo de tela, cada um de seus três protagonistas consegue mudar e crescer, algo honrável para uma animação do feito.

    Predador

    Cena de Predador:Assassino de Assassinos- Divulgação Star+

    Sabendo muito bem o seu objetivo de entretenimento, Predador: Assassino dos Assassinos aumenta nosso interesse por novos filmes da franquia, como Predador: Terras Selvagens (2025, Dan Trachtenberg), construindo uma necessária ponte entre nosso último contato com a franquia, e um futuro bem próspero, que mostrará pela primeira vez o ponto de vista do caçador, e quem sabe no futuro uma nova tentativa de retratar uma luta entre o Predador e um Xenomorfo?

    Predador: Assassino dos Assassinos já está disponível no Disney+.

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  • Crítica: Cazuza- Boas Novas é um retrato repetitivo da vida do cantor

    Crítica: Cazuza- Boas Novas é um retrato repetitivo da vida do cantor

    Compondo o festival In-Edit Brasil, e dirigido por Nilo Romero, Cazuza-Boas Novas faz um retrato grandioso sobre os últimos anos de vida do cantor, porém, não acrescenta nada novo àquilo que já vimos

    Existem algumas pessoas que deixam sua marca no universo, seja pela sua importância em algum campo científico, ou por conta do modo como consegue transmitir emoções e sentimentos, e para as pessoas que conseguiram acompanhar a ascensão e a queda destas estrelas, elas serão eternamente lembradas. Elvis Presley é uma delas, Ney Matogrosso é um destes e Cazuza atualmente é uma estrela dourada lá no céu, olhando para o povo brasileiro que tanto amava.

    Com mais de 3 milhões de ouvintes mensais no Spotify, e incontáveis mais em outras plataformas digitais e meios analógicos, é impossível demonstrar o impacto de Cazuza, seja no campo musical com a banda Barão Vermelho, ou em sua importância para a quebra do estigma sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que tristemente o matou em 1990.

    Diversas produções já tentaram captar um pouco desta centelha, tendo o cantor ganho até mesmo uma cinebiografia, Cazuza- O Tempo Não Para (2004, Sandra Werneck, Walter Carvalho), em uma época que não era tão comum quanto atualmente.

    Cazuza

    Cazuza em show apresentado na produção- Foto Arquivo Globo

    Cazuza- Boas Novas, não somente é dirigido por um de seus amigos e colaboradores mais próximos, Nilo Romero, mas também se utiliza de depoimentos de parceiros, colegas, familiares e ex amores. Optando por um modo leve de retrato, afinal, os dias finais do cantor já são pesados por si só, a produção se assemelha em certos momentos com uma conversa de bar, em que grandes amigos relembram com carinho a vida do cantor, inclusive seus podres e momentos que o artista deixava sua ousadia realmente tomar conta.

    Intercalando os depoimentos, Nilo Romero optou por colocar gravações de shows e filmagens amadoras do cantor e de amigos, desde vídeos dos bastidores e notícias televisionadas, até a icônica cena do show no Canecão, em 1988, que Cazuza cuspiu na bandeira do Brasil.

    Demonstrando os altos, baixos, e tristezas do cantor, seja com a doença ou a notícia sensacionalista da Revista Veja que “o matou antes da hora”, a produção é interessante, porém, não apresenta nenhuma grande novidade sobre a vida desta estrela. Para aqueles que já conhecem a história do cantor, praticamente tudo que poderia ser dito sobre Cazuza, já foi dito em outras produções e repetido nesta, assim, o documentário tristemente é eficiente, mas, não se destaca nem esteticamente e nem narrativamente.

    Cazuza

    Cazuza em cena do show “O Tempo Não Para”- Divulgação Oficial

    Cazuza- Boas Novas terá sua estreia nacional durante a 17º Edição do Festival In- Edit Brasil.

    O festival de documentário musical terá sua abertura no dia 11 de Junho de 2025, com o filme Anos 90 – A Explosão do Pagode (2025, Emílio Domingos e Rafael Boucinha), e incluirá em sua programação produções variadas que incluem filmes sobre John Lennon e Yoko One, John Williams, Jackie Shane, entre outros, abordando uma gama variada de universos sonoros nacionais e internacionais.

    Entre os dias 11 e 22 de Junho de 2025, o festival In-Edit Brasil apresentará mais de 60 títulos, ocupando salas do CineSesc, Cinemateca Brasileira, Spcine Olido, Spcine Paulo Emílio (CCSP), Cine Bijou e Cine Matilha (Matilha Cultural), além de oferecer uma programação paralela com shows, debates, encontros e sessões comentadas com convidados especiais.

    Um recorte da programação estará disponível online para todo Brasil, também de forma gratuita, através das plataformas Spcine Play, Sesc Digital e Itaú Cultural Play (IC Play).

    Com entrada  gratuita em todas as sessões, exceto no CineSesc aonde serão vendidos ingressos a preço popular, a programação completa do 17º Festival In-Edit Brasil pode ser encontrado no site: https://br.in-edit.org/.

    Cazuza-Boas Novas terá suas primeiras sessões durante o festival e entrará no circuito nacional no dia 11 de Julho.

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  • CRÍTICA | Bailarina não consegue se desassociar de John Wick 

    CRÍTICA | Bailarina não consegue se desassociar de John Wick 

    Ainda que as cenas de ação sejam boas, Bailarina não dá tempo para a personagem e se deixa atrelar em quem não precisava.

    Eve Macarro (Ana de Armas) é apenas uma criança quando perde seu pai em meio à um caos envolvendo as consequências do que ele fez, portanto, ao ser acolhida por Winston Scott (Ian McShane), a bailarina se entrega às tradições assassinas da Ruska Roma. Já adulta, em uma de suas missões, encontra um homem com a mesma marca daqueles que atacaram sua casa no passado. Iniciando uma perseguição que não terá retorno.

    Se o fã do universo de John Wick está buscando ação, isso é o que não vai faltar. O longa-metragem se atenta a essa característica de tal modo que acabe se deixando levar, dando mais atenção para uma corrida desenfreada do que para uma história relevante que esteja querendo contar. As cenas de luta divertem, trazem uma coreografica compreensível e planos longos. A atriz principal se entrega de corpo e alma ao papel, fazendo jus ao que havia sido visto em ”007: Sem Tempo para Morrer”.

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    Bailarina | Paris Filmes

    No entanto, é importante frisar que filmes de ação não se bastam apenas nisso. A ação deve ser importante para a narrativa, movê-la de algum modo ou trazer algo que realmente chame a atenção. A franquia John Wick se destacou muito pela sua ação extremamente crível, onde era claro a presença de Keanu Reeves em cada cena, tal qual a criatividade de buscar trazer um estilo de luta divergente a cada combate iniciado, seja por um plano sequência ou por envolver cachorros no meio de tudo.

    Então, se a obra não tem algo que vá dar um tom diferenciado, daquele que pode se dizer que nunca se viu, é importante que sua história seja atraente, instigante, movendo a história por meio da ação, mas que se baste pelo roteiro, o que ocorre na franquia Missão Impossível. Infelizmente, não acontece aqui. Já que o tempo dado para o crescimento da personagem é curto, sua evolução não é sentida, os desafios nunca parecem ser dos maiores e quando se mostram a altura, não leva ao fim de sua vida. O cansaço poucas vezes é sentido e o andamento da narrativa, ainda que não canse, também não prende. Entretanto, Eve faz parte de um universo que conquistou muita gente, o que torna a aventura mais atraente.

    A trilha sonora do filme, quando tenta fazer algo próprio, não faz nada demais, mas quando se compara àquela vista nos filmes do Keanu Reeves, consegue até dar uma adrenalina. A fotografia e direção de arte se mantém em pé de igualdade com a franquia, estabelecendo ser uma identidade desse universo, onde a cor neon é forte, a cor azulada é fortificada e os enquadramentos têm ampla noção de como se movimentar em meio ao caos. Sendo bem maneiro de acompanhar, pelo menos pra quem gosta. Todavia, existe um problema no meio disso tudo, que é a forte presença de John Wick.

    Bailarina | Paris Filmes

    Bailarina | Paris Filmes

    Uma coisa seria pontuar no filme em que tempo cronológico ele se encontra dentro dessa saga, outra seria o personagem Baba Yaga virar uma espécie de Sr. Miyagi, mentor, para a protagonista, mostrando a clara evolução que ela teria durante a jornada da obra. Só que Bailarina nos traz uma ideia de quando a história tá acontecendo, proporciona um combate entre os dois e enfia ao final uma sequência de luta desse homem que para a história pouco tem a dizer, soando um serviço aos fãs que acaba por ofuscar o brilho daquela que dá nome ao filme. Ao final do filme, ainda leva a personagem à um caminho familiar que John passou, deixando os dois mais atrelados. E ao final, as cenas que estão na minha cabeça trazem mais o Keanu Reeves do que a Ana de Armas.

    Dito isso, ainda que não tenha a mesma magia dos antecessores, não soa válido dizer que Bailarina destoa muito dos outros, principalmente se comparado ao trabalho da história como um todo que os filmes tinham, que eram simples mesmo. Acontece que por aqui focar em uma outra área que não havia sido explorada, o filme acaba por se entregar à uma jornada genérica quando deveria se atentar mais ao lado que afeta e mexe com as mulheres. Lembra muito o erro que o filme da ”Viúva Negra” cometeu de não se aprofundar na Sala Vermelha. No entanto, a obra não falha em entreter, as motivações de cada personagem são claras e as cenas de luta fogem de algo bagunçado. Restando uma personagem que cativa, tem potencial pro futuro, mas que, no momento, não parece compensar ver mais de sua trajetória.

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  • CRÍTICA | Andor relembra sobre o que STAR WARS sempre foi em sua 2º Temporada

    CRÍTICA | Andor relembra sobre o que STAR WARS sempre foi em sua 2º Temporada

    Além de mudar completamente a forma como as pessoas vão ver o filme que dá final a essa história, Andor mostra o potencial que pode ser alcançado dentro de um universo tão judiado pelos executivos.

    Andor (Diego Luna) se uniu à causa rebelde após sua jornada na primeira temporada, onde depois de tanta reluta, acabou por aceitar o caminho que estava destinado a seguir. E aqui, lida não só com as consequências do que fez, como com outros grupos que querem ajudar, mas podem acabar atrapalhando os planos.

    Com diversos personagens já estando onde deveriam, a nova temporada se preocupa em juntar cada peça necessária, de três em três episódios, no qual um ano se passa por arco, até que enfim se conecte com o filme que dá fim à jornada de Cassian, ”Rogue One: Uma História Star Wars”. Sabendo exatamente quando dar atenção para um e proporcionar um momento relevante para tal.

    O curioso de Andor é que mesmo já existindo um filme que conclui toda a trama, muitos dos personagens do seriado não estão lá, o que ajuda na expectativa para com que desfecho cada um vai receber. E mesmo aqueles que sabemos, conseguem passar por situações que deixam o espectador aflito, seja pela bela preparação com a relevância daquele acontecimento quanto pela dificuldade proposta que indica um perigo mortal.

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    Andor | Disney Plus

    Curiosamente, ainda que distantes um do outro, cada arco da temporada passa um clima e uma situação divergente, sendo desenrolados com um tempo preciso para o que necessitam e dando um final que consegue satisfazer qualquer espectador de acordo com toda a situação que foi trabalhada.

    O primeiro arco da segunda temporada de Andor pode ser considerado o mais morno, vide o protagonista passar boa parte deste preso em uma situação que não deixa muito claro para o que veio, mas que ao pensar na temporada como um todo, conversa com a situação que o Império instaura na galáxia e com a forma que o povo se perde em meio ao perigo de falhar. E nosso protagonista em si, não pode falhar.

    Desde seu acordo com Luthen (Stellan Skarsgard), temos ampla noção do perigo que corre agora e do quão fundamental cada ação sua pode ser, incluindo deixar claro para uma infiltrada que o medo da morte é a base para fortalecer uma luta que acaba sendo de cada um que participa minimamente. Então, cada efeito, ainda que pequeno, será relevante para uma atitude fundamental como a que a Bix (Adria Arjona) tem ou essa mesma de Cassian levará ao surgimento da base rebelde em Yavin.

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    Andor | Disney Plus

    O grande charme por trás dessa série se trás pelo quão cinza cada mísero figurante consegue ser, indo daquele recepcionista do hotel, em Ghorman, para a Kleya (Elizabeth Dulau), que ganha mais relevância conforme a situação saia do controle e a mesma acabe recebendo um episódio solo que a consagra entre as melhores partes da produção como um todo. Mas essa qualidade vai além.

    Andor não é um herói, não é aquele líder com frases motivacionais, que sabe o que necessita fazer e que vai ser tranquilo com possíveis problemas para o que precisa fazer. Syril (Kyle Soller) não é um antagonista dentro do Império, é um homem manipulado que pensava ser correto acreditar no governo. Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) precisa abdicar da vida boa, deixar pessoas próximas terem fins repulsivos para que a vitória da Aliança fique cada vez mais próxima.

    O que cada um desses personagens passa para chegar onde precisa e o modo como o roteiro cutuca cada vez mais a realidade, manifestando a forma como a manipulação midiática tende a ocorrer, afetando os mais beneficiários socialmente, como um genocídio acontece sem controle e como o maior medo daqueles que estão no poder é que o conhecedor da verdade consiga abrir a sua boca. Tudo isso é abordado com dureza e maestria.

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    Andor | Disney Plus

    O terceiro arco de Andor, especificamente os episódios “Who Are You?” e “Welcome to the Rebellion”, se mostra o auge da produção, colocando-a entre as melhores séries dos últimos anos, ao trazer um ato de crueldade que foi bem organizado, afetando até quem fazia parte do lado errado, e um ato de rebeldia, um discurso não preparado, que depois de exposto necessita de proteção para brilhar ainda mais quando viajar pela galáxia.

    O final do programa, por sua vez, decide ser mais introspectivo, fechando as pontas soltas, esclarecendo onde cada personagem está e como o futuro é glorioso mesmo que a conclusão não seja vista aqui (prosseguindo para Rogue One e Uma Nova Esperança), pois as missões tiveram resultado e cada um está onde deveria, como tem de ser.

    A parte técnica das produções de StarWars sempre são mais complicadas de achar um defeito, mas o nível daqui é mais alto. Em roteiro, é superior a qualquer obra da franquia. Em fotografia, há uma forte noção da mensagem que continua mesmo no silêncio, com planos mais abertos para dar a dimensão do quão pequenos se sentem com a opressão do Império e planos mais fechados na janela para dar um vislumbre do futuro, da esperança.

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    Andor | Disney Plus

    A trilha sonora de Brandon Roberts evolui o trabalho brilhante que havia sido realizado na temporada antecessora, por Nicholas Britell, evocando batidas frenéticas para causar ansiedade, implementando um belo drama em momentos bons ou ruins, além de variar com músicas eletrônicas, músicas com instrumentos que dão um aspecto rural e músicas cantadas, até em coro, para marcar a luta do povo de Ghorman. Sempre de arrepiar.

    Andor é um lembrete sobre o que não podemos deixar acontecer, uma declaração em prol do senso de justiça que existe em cada um de nós e uma prova de que a guerra, antes de ir para as estrelas, começa embaixo, no solo, com pequenas atitudes que acendem a chama da busca por um amanhã melhor.

    Ainda que alguns relutem, a decisiva escolha entre abaixar a cabeça ou sacrificar o que ama, em prol de derrubar àqueles que pisam sem piedade, é aquela que te define pro resto da vida. Andor mostra o luto que vem com isso, mas também o regozijo de compreender que gerações futuras estarão melhores graças ao que fez.

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  • Crítica | 36 anos depois, Ilha das Flores continua relevante

    Crítica | 36 anos depois, Ilha das Flores continua relevante

    Dirigido por Jorge Furtado, Ilha das Flores demonstra a força de um retrato, e os impactos da economia e da luta de classes dentro da sociedade

    Eleito pela Abraccine como o melhor curta metragem brasileiro de todos os tempos, Ilha das Flores é considerado, por seu diretor, um ensaio cinematográfico. Apesar de ser enxergado como documentário, o curta apresenta atores, se inicia com a afirmação que Deus não existe, e nem mesmo foi filmado na Ilha das Flores por si, porém, sua discussão sobre os impactos da economia e do lixo na relação entre seres humanos, e na luta de classes como um todo, continua extremamente atual.

    Ilha das Flores não retrata somente uma região de Porto Alegre, ele abre discussões para os impactos do desperdício, a luta de classes entre aquele que produz e aquele que consome, a fome, a pobreza, entre outras discussões, porém, em nenhum momento é visto como militante, na verdade, o curta consegue ser dinâmico por conta de sua montagem e humor.

    Jorge Furtado é um dos cineastas mais inteligentes que temos atualmente em nosso cinema, tendo a habilidade de tornar discussões densas, em algo leve e dinâmico, seja no curta ou em outras produções como Saneamento Básico, o filme (2007, Jorge Furtado).

    Ilha das Flores é narrado pelo eterno Paulo José, e apresenta marcas artísticas de Furtado que também podem ser encontradas no recente Virginia e Adelaide (2024, Yasmin Thayná e Jorge Furtado), utilizando-se de uma edição rápida e didática, para elaborar um assunto complexo.

    Ilha das Flores

    Cena de Ilha das Flores- Divulgação Oficial

    Uma produção amplamente mostrada em diferentes graus de escolaridade, seja ensino fundamental, médio, graduação ou pós graduação, Ilha das Flores é um filme que fala com todo mundo, apesar de ficar cansativo após um tempo por conta do forte uso de inferências lógicas.

    Uma inferência lógica se resume em um problema de raciocínio, no caso de Ilha das Flores é uma relação de causa e consequência, se iniciando com um cultivador de tomates chamado Senhor Suzuki, e se encerrando em um paradoxo ao tentar discutir liberdade, algo que ninguém sabe explicar e, por consequência, finalizando o ensaio por não ter para onde correr.

    Ao longo destes 36 anos, Ilha das Flores impactou muito a região de Porto Alegre, segundo o artigo de Carlos Redel, copiado na integra para o site da casa de Cultura de Porto Alegre, alguns moradores da região não enxergam veracidade na produção de Furtado.

    Talvez este seja um dos maiores fantasmas da produção, ser um documentário e um retrato social e político, porém, apresentar tantas questões ficcionais que acaba caindo na sátira. O senhor Suzuki não se chama Suzuki, a família representada, são atores contratados, o retrato da situação na Ilha das Flores é importante, porém, a produção nem mesmo foi filmada na própria ilha, tendo sido gravada à 2 quilômetros do local, como exposto nos créditos do próprio curta metragem.

    Ilha das Flores

    Cena de Ilha das Flores- Divulgação Oficial

    Para aumentar a força do ‘documentário’, foi construído uma narrativa em cima dos fatos reais, como a situação em que os moradores disputavam comida com os porcos, algo exagerado e inverossímil, segundo os próprios moradores.

    O relançamento de Ilha das Flores, juntamente com Saneamento Básico, o filme, faz total sentido, afinal, ambos se utilizam do humor para discutir assuntos sérios como ambientalismo, e o descaso que a população deve lidar, por falta de opção, dentro de uma sociedade nem um pouco meritocrática.

    Ilha das Flores, é um relançamento da Vitrine Filmes, e volta aos cinemas nacionais, juntamente com Saneamento Básico, o filme, em cópia restaurada, a partir do dia 29 de Maio.

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  • CRÍTICA | Após 18 anos, ‘Saneamento Básico, o filme’ ficou AINDA MELHOR

    CRÍTICA | Após 18 anos, ‘Saneamento Básico, o filme’ ficou AINDA MELHOR

    Dirigido por Jorge Furtado, ‘Saneamento Básico, o filme’ se utiliza de um humor rápido e crítico para discutir o cinema e a sociedade como um todo

    Desde crianças, apresentamos o costume de consumir produções audiovisuais, sejam desenhos, filmes ou alguma outra forma de conteúdo, porém, em um país como o Brasil, o costume de consumir produções nacionais, algo que deveria ser instaurado e incentivado desde o berço, não é comum, pelo contrário, o cinema nacional é visto, por muitos, como fraco, ruim, ou outros adjetivos de baixo escalão que não cabem aqui nesta crítica.

    Esta mentalidade é comum em parte da população nacional, porém, se levarmos este pensamento em consideração, perderemos a oportunidade de desfrutar de produções excelentes como os recentes Homem com H (2025, Esmir Filho), e Manas (2025, Marianna Brennand Fortes) ou clássicos nacionais como Saneamento Básico, o filme.

    Dirigido por Jorge Furtado, responsável pela realização do eterno Ilha das Flores (1989, Jorge Furtado) e O Homem que Copiava (2003, Jorge Furtado), Saneamento Básico, o filme é uma comédia de muitas camadas, sendo uma produção que critica a política e a burocracia brasileira, questiona sobre a importância de verbas públicas, ao mesmo tempo que é uma homenagem não somente ao cinema como um todo, mas, principalmente ao cinema brasileiro e a sua luta por reconhecimento e destaque.

    Saneamento Básico

    Bruno Garcia, Tonico Pereira, Fernanda Torres, Wagner Moura e Camila Pitanga em cena de Saneamento Básico, o filme- Divulgação oficial Globo Filmes

    Existem vários filmes que dialogam com a própria arte de se fazer cinema, desde clássicos como A Noite Americana (1973, François Truffaut), séries como O estúdio (2025, Evan Goldberg e Seth Rogen) até nacionais como Sábado (1994, Ugo Giorgetti), porém, Saneamento Básico, o filme se destaca por conta da humanidade e inocência de seus personagens.

    Parafraseando uma fala de Fabrício, Bruno Garcia: “na Linha Cristal só tem caipiras”, e justamente estes caipiras que decidem fazer um filme com o intuito de arrecadar dinheiro para construir uma fossa, porém, com a exceção de um empolgado Lázaro Ramos, nenhum de seus protagonistas apresenta a menor ideia do que seria sequer, um filme de ficção, muito menos sobre as nuanças que envolvem uma produção audiovisual, eis que entra o rico humor de Jorge Furtado.

    Diferente de outros filmes do mesmo estilo, Saneamento Básico, o filme, traz uma comunicação franca e honesta com seu espectador, seus personagens são falhos, gritam muito e apresentam corações, ao final, todos são falhos, isto que os torna tão interessantes, engraçados e dignos de empatia.

    Apresentando uma mensagem clara àqueles que estejam abertos a aceitá-la, porém, sem ser militante em nenhum momento, a produção é uma comédia de absurdos e ridículos que nos diverte do começo ao fim, sem jamais se esquecer da sociedade ao seu redor.

    Saneamento Básico

    Lazaro Ramos, Fernanda Torres e Wagner Moura em cena de Saneamento Básico, o Filme- Divulgação Globo FIlmes

    Na melhor forma Aristotélica, Saneamento Básico, o filme, se utiliza do humor para mostrar as imperfeições humanas, criticando os vícios e defeitos sociais, neste caso especificamente seria na forma da burocracia política e da figura do prefeito de Vila Cristal, um espelho para algo comum em todo o país, ao se tratar de poder público, sejam as reclamações sobre tarifas tributárias, ou a verba insuficiente e mal planejada para o município.

    De forma orgânica e fluida, Saneamento Básico, o filme, é uma produção simples, acessível ao grande público, ao mesmo tempo que constrói momentos icônicos para a mitologia audiovisual nacional, como Silene Segal, aproveitando a força e determinação do brasileiro para construir uma crítica política e social, sem deixar de lado o entretenimento e toda a beleza possível que o cinema pode proporcionar, seja em quesito técnica, de construção de personagens ou de um excelente roteiro em sua totalidade.

    Saneamento Básico, o Filme, é um relançamento da Vitrine Filmes, e volta aos cinemas nacionais, em cópia restaurada, a partir do dia 29 de Maio.

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  • CRÍTICA | “O Esquema Fenício” – Quando a fórmula se esgota

    CRÍTICA | “O Esquema Fenício” – Quando a fórmula se esgota

    Wes Anderson, em “O Esquema Fenício”, entrega mais uma obra visualmente impecável, mas esvaziada de conteúdo, transformando seu estilo autoral em uma caricatura de si mesmo.

    É impossível ignorar a precisão estética de um filme do diretor Wes Anderson (“O Fantástico Sr. Raposo”). Paletas de cores calculadas, figurinos impecáveis e composições simétricas marcam sua assinatura. Em O Esquema Fenício, que estreou no Festival de Cannes 2025, Anderson assume também o roteiro e a produção, reafirmando sua obsessão pelo controle visual. O problema é que esse rigor vem acompanhado de um evidente desgaste criativo.

    A trama envolve um sombrio conto de espionagem centrado no tenso relacionamento entre pai e filha à frente de uma empresa familiar. As reviravoltas giram em torno de traições e dilemas morais.

    O Esquema Fenício

    O Esquema Fenício I Universal Pictures


    Anderson organiza o filme em capítulos e aposta em encontros cuidadosamente orquestrados como pontos de virada — uma proposta que, no papel, soa interessante. Na prática, porém, resulta em uma sátira autocentrada, quase uma paródia da própria obra do cineasta. Falta originalidade e, sobretudo, envolvimento emocional. O longa se arrasta, preso em blocos autoindulgentes e um excesso de informações que pouco contribuem para a narrativa.

    Visualmente, o padrão de excelência do diretor se mantém, com o design de produção de Adam Stockhausen (“A Crônica Francesa”) e o figurino de Milena Canonero (“O Grande Hotel Budapeste”). No entanto, o impacto desses elementos já não surpreende. A estética vibrante, os cenários estilizados e a geometria das cenas — outrora encantadores — agora parecem previsíveis, quase automáticos.

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    O Esquema Fenício I Universal Pictures


    O elenco estelar, mais uma vez, como nos últimos títulos de Wes Anderson, é mal aproveitado. Grandes nomes ocupam papéis sem profundidade ou função narrativa clara, acentuando a sensação de desperdício. Há muito talento para personagens tão rasos.

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    O Esquema Fenício I Universal Pictures


    A falta de desenvolvimento compromete também o suspense e o impacto dramático. O filme revela cedo demais suas intenções, eliminando qualquer possibilidade de surpresa. Os coadjuvantes são esquecíveis e o desfecho, que tenta soar grandioso, soa apenas protocolar.

    No fim, “O Esquema Fenício” é uma vitrine requintada de elementos já conhecidos, que, repetidos à exaustão, perdem força. A genialidade estética de Wes Anderson continua evidente, mas seu cinema parece prisioneiro de uma fórmula que não se renova — apenas se repete. E quando o estilo sobrepõe a substância, resta pouco além da moldura.

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  • CRÍTICA | A Lenda de Ochi traz um filme com a energia dos anos 80 para a A24

    CRÍTICA | A Lenda de Ochi traz um filme com a energia dos anos 80 para a A24

    Em pouco tempo de duração, A Lenda de Ochi relembra a essência da animação Como Treinar o Seu Dragão. Isso se mantém até o fim.

    Quando a obra inicia, ela apresenta um grupo de crianças lideradas por um homem que caça uma espécie antiga que se encontra em uma área restrita da floresta. Certo dia, a protagonista descobre que uma armadilha da sua equipe capturou um filhote destes seres “maquiavélicos”, contudo, ao ver os olhos assustados de um animal indefeso, a garota apenas o solta e, com o tempo, tenta entender mais quem ele é.

    O que desenrola a partir disso é um laço que converge duas espécies distintas, tentando entender o que as leva a terem nascido antagônicas, quando não passam de crianças formadas em um ambiente de guerra sendo ensinadas a ver o diferente como algo ruim. A criança percebe que precisa proteger esse bebê até que esteja de volta para sua família, o problema é que seu pai não pode saber do que está acontecendo.

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    A Lenda de Ochi | Paris Filmes

    Caso tenha sentido que já viu essa história antes, você não está errado. A relação da criança com o monstro pode ser comparada tanto ao “E.T. – O Extraterrestre” quanto ao “Como Treinar o Seu Dragão“, seja pela energia oitentista que a obra desperta com tamanha delicadeza com a qual trata a relação dos protagonistas ou pela mensagem principal de que a compaixão é uma ótima forma de reconhecer as similaridades com aquele que soa tão anormal a primeira vista.

    A figura animalesca de A Lenda de Ochi é claramente uma nova forma de ganhar dinheiro vendendo boneco, o que de modo algum está errado, mas com os olhos gigantes, o tamanho pequeno e a linguagem incompreensível. Duro é a missão de não se entregar a fofura de alguém tão parecido com o Baby Yoda de The Mandalorian. E faço essa comparação, principalmente porque em termos visuais, ambos soam mais um boneco de mão do que um efeito puramente realizado no computador.

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    A Lenda de Ochi | Paris Filmes

    A ambientação do longa-metragem se conserva para poucos locais, nada que soe muito distante um do outro, tal qual o núcleo de personagens não foge das famílias que a dupla protagonista fazem parte, o que dá esse viés de filme independente, mas que também o auxilia a escapar de uma longa duração ou tramas adicionadas que poderiam inflar a jornada, deixando a experiência cansativa ou mais do mesmo.

    Felizmente, ainda que não conquiste o espectador, o elenco carismático, a trilha agradável e a belíssima direção de arte proporcionam uma experiência confortável que mesmo tendo uma personalidade forte, traz uma bela mensagem para todas as idades sobre aprender com os erros e buscar melhorar ao invés de apenas repeti-los, levando as novas gerações a não prosseguirem com algo que está errado.

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  • CRÍTICA | Demolidor Renascido é tão boa quanto visitar um velho amigo

    CRÍTICA | Demolidor Renascido é tão boa quanto visitar um velho amigo

    Demolidor Renascido tem altos e baixos, mas estabelece bem seu futuro no Universo Cinematográfico Marvel.

    Assim como visitar um amigo que há muito tempo não víamos, sentimos saudades e temos aquela sensação maravilhosa de nostalgia ao assistir a série, mas, assim como podemos ver atitudes e comportamentos errados em nosso amigo, vemos erros técnicos gritantes nessa produção. Logo nos 15 minutos iniciais do primeiro episódio, a série nos mostra para que veio, tanto para o bom quanto para o ruim.

    A série começa com Matt Murdock, Karen Page e Foggy Nelson saindo do escritório e indo para o Josie’s Dinner, um restaurante já conhecido das temporadas anteriores. Tudo está tranquilo, os três estão se divertindo e Foggy celebrando uma vitória antecipada, que será o grande plot final da temporada.

    A paz não dura e nesses 15 minutos, Foggy é baleado pelo Mercenário em frente a Karen, enquanto Matt entra em luta sanguinária com o atirador. No maior estilo “cena do corredor” das temporadas anteriores, um plano sequência se inicia. Vemos os dois personagens lutando do térreo até o topo de um prédio de 3 andares, com bem mais brutalidade que nas temporadas anteriores distribuídas pela Netflix.

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    Demolidor Renascido | Disney+

    A parte boa é, uma sequência criativa e instigante de assistir, que te deixa tenso, justamente porquê vemos o tempo inteiro Matt escutar os batimentos cardíacos de Foggy durante a luta e não queremos que o personagem se vá. A parte feia, são os efeitos especiais desnecessários usados nos personagens durante a cena da luta. Tentam fazer com o Demolidor o mesmo que fizeram em sua participação na série da Mulher-Hulk, trazendo parkour e movimentos alongados para o personagem ficar mais cartunesco.

    Mas aqui, isso não funciona, é feio, tem momentos que os atores parecem bonecos de borracha. Além, é claro, de usarem a montagem dos episódios para tentar ajudar, o que acaba piorando e a cena fica beirando o vale da estranheza e quebrando a imersão do espectador. Em todas as cenas de luta da temporada eles abusam dos efeitos especiais e principalmente da edição, isso é um erro.

    Nesses primeiros minutos temos um vislumbre de alguns personagens que vão ganhar destaque ao longo da temporada. O episódio inteiro você sente o luto do Matt, sente que algo está faltando, justamente Foggy e Karen(que some para voltar no último episódio), mas essa sensação, assim como o próprio luto, vai passando conforme os episódios avançam.

    A base da temporada é estabelecida com Matt negando para si, ser o Demolidor e Fisk negando para o público, ser o Rei do Crime. Mas como vemos ao final do primeiro episódio, Fisk, agora prefeito, olha para a cidade da sacada de um prédio, ele está na escuridão e somente uma luz branca o ilumina rapidamente. Assim também está Matt, no meio da multidão, com o rosto inclinado para cima e uma luz vermelha pulsante piscando em seu rosto. Ambos estão contemplando, negando e sentindo dentro de si o desejo de libertar o seu alter ego.

    Por que Matt Murdock salvou Wilson Fisk legadodamarvel

    Demolidor Renascido | Disney+

    A série tem uma boa dose de fã service: as cenas do Matt com o Fisk conversando em uma lanchonete é o exemplo disso. Com uma atuação impecável tanto do Charlie Cox como do Vicente D’Onofrio, realmente é difícil imaginar outros atores interpretando esses personagens. Agora, mais velho, o Charlie Cox traz para o Matt Murdock um senso de responsabilidade muito maior. É notável que não só ator amadureceu, como o personagem também. Não somente na idade, mas também na atuação.

    E falando em boa atuação, Kamar de Los Reyes, que interpreta o Hector Ayala ou Tigre Branco nessa temporada, dá um show de interpretação. Ele conseguiu trazer a carga dramática que o papel pedia. O ator infelizmente faleceu de câncer no final de 2023. Hector Ayala é um dos pontos alto da série, o episódio de seu julgamento, é tudo que a série da Mulher-Hulk prometeu e não foi, um episódio de advocacia.

    A série está repleta de referências ao UCM, seja uma menção aos Skrulls, a Echo ou ao policial Morales, pai de Miles Morales e a maior de todas, um episódio inteiro com o pai de Kamala Khan, a Ms. Marvel, como coadjuvante de Matt. Por mais que a Marvel tenham exagerado nos últimos anos com milhares de referências em suas séries e filmes, que muitas vezes não dá para entender tudo, aqui eles diminuíram a dosagem e não entregam demasiadamente.

    Aos poucos vemos Matt se soltando das amarras que o impedia de retornar como vigilante, ao longo dos episódios ele se coloca em situações perigosas para no fim da série ter sua culminância retornando como Demolidor, assim também faz Wilson Fisk como Rei do Crime.

    Já sabemos desde o início que o Rei do Crime é o principal vilão da série, mas ao decorrer dos episódios, vemos vigilantes sendo introduzidos, com uma história cativante e bem desenvolvida, mas que é abandonada no episódio seguinte. Criam um personagem, dão uma história, desenvolvem ele para ser antagonista ou ajudante do Demolidor e o matam logo em seguida. Isso acaba se tornando uma fórmula repetitiva e frustrante.

    Demolidor Renascido

    Demolidor Renascido | Disney+

    A série tem sua alta no começo da temporada e conforme os episódios vão passando, tem uma baixa. O motivo disso é a troca da equipe criativa, com a Marvel demitindo os produtores e showrunners iniciais e trazendo de volta a mesma equipe criativa de quando a série foi distribuida pela Netflix. A troca foi feita durante a greve dos roteiristas e atores de Hollywood. O plano inicial era a série ter 18 episódios na primeira temporada, mas com a mudança, a série terá duas temporadas com 9 episódios cada.

    A equipe consegue juntar suas ideias com as da equipe anterior, mas a mudança é perceptível, essa baixa se dá a isso, mas mesmo assim, não chega a ser ruim. Ela apenas abre mais portas e ganchos para a conclusão na segunda temporada, além de preparar o terreno para o Demolidor, Justiceiro e o Rei do Crime no UCM.

    A série tem muitas ideias e execuções boas, mas também tem muitas partes que sofrem com qualidade técnica. Ela não tem sutileza em lugares que precisa ter, como na edição, por exemplo. Mas tem ótimas atuações, tem um roteiro interessante e o fator nostalgia ao seu lado. Não é a melhor série da Marvel, mas com certeza não é a pior, tem potencial e sendo bem trabalhada, pode ficar ainda melhor. A série nos dá um bom fã service e uma base boa do personagem no futuro do UCM.

    A segunda temporada da série está sendo gravada em Nova York e tem data de lançamento para 2 de março de 2026. Até lá, você pode assistir a todas as temporadas de Demolidor e a temporada completa de Demolidor Renascido no Disney+.

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  • Crítica | Screamboat: Terror a Bordo é uma história de amor

    Crítica | Screamboat: Terror a Bordo é uma história de amor

    Dirigido por Steven LaMorte, Screamboat homenageia o filme trash, da mesma forma que homenageia produções da Disney

    Na margem das grandes produções hollywoodianas, existe um submundo cinematográfico apelidado de cinema trash, apesar de não apresentar o charme de grandes produções da Warner ou da Disney, ele consegue atrair uma parcela do público, por alguns motivos que vão do racional ao puro instintivo.

    Seja por sua temática cômica ou uma sensação que varia de “por quê estou assistindo isso?” até “não acredito que tiveram coragem de filmar esta coisa”, grandes diretores construíram sua fama em filmes deste “sub-gênero”, entre eles Ed Wood e Roger Corman, cineastas que abriram caminho para diversas produções subsequentes, de qualidade duvidosa com certeza, afinal, apresentam baixo orçamento, atores baratos e tecnicamente deixam muito a desejar, porém, sendo sempre nítido o amor que estes artistas apresentam pelo produto, este é o caso de Screamboat.

    Screamboat

    Cena de Screamboat- Divulgação Oficial

    Screamboat somente existe por conta de seu timing. Em 1º de Janeiro de 2024, para a infelicidade da Walt Disney Animation Studios, a versão original de Mickey Mouse entrou em domínio público. Um personagem tão amado pelo público, não somente norte-americano, mas, mundial, cuja fisionomia consegue ser identificável até mesmo no escuro, a versão de Mickey apresentada na animação Steamboat Willie agora pode ser usado em diversas produções independentes, isento de qualquer direito, assim, um prato cheio para produções independentes e satíricas.

    Screamboat é um slasher que se passa em um barco, aonde os passageiros vão sendo assassinados por um pequeno e feio rato chamado Willie, que pode ser facilmente chutado para longe, porém, causa muita confusão e matanças inteligentes, além de ser extremamente expressivo em questão corporal e facial.

    Seguindo a onda de outro slashers, o foco de Screamboat não é na jornada dramática dos personagens, afinal, elas são superficiais, e sim o quão divertido é o seu contexto e universo. Ninguém assiste Sexta-Feira 13 (1980, Sean S. Cunningham) pela história, mas, ele se tornou um clássico por conta de seu nível de entretenimento barato.

    Para retratar a história de origem de Willie, Screamboat se utiliza de uma sequência em animação que inclui uma figura que remete diretamente à Walt Disney. A sequência em 2D é revigorante ao construir um pastiche das animações da década de 30, que moldaram todas as que vieram futuramente, incluindo Branca de Neve e os Sete Anões (1937, David Hand), o filme que abriu a porteira para o estúdio crescer em níveis assustadores.

    Screamboat

    Cena de Screamboat- Divulgação Oficial

    Screamboat talvez não seja o melhor filme do ano, mas, ele não busca isso, se preocupando em ser divertido, nada além disso, algo demonstrado pelo diretor Steven LaMorte, e toda a equipe técnica de arte, figurino, fotografia, etc. Todos fizeram seus respectivos deveres de casa, desde grandes referências, até homenagens para fãs mais hardcore, como, por exemplo, o nome da balsa ser Mortimer, um vilão secundário das histórias de Mickey Mouse.

    A trilha sonora merece ser exaltada. Conduzindo desde o clima de tensão, até momentos cômicos, parodiando músicas clássicas típicas de cartoons, como a Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner, até os assobios do monstro Willie, que remetem a diversas músicas de filmes clássicos norte-americanos, incluindo a própria música assobiada por Mickey em seu desenho original.

    Por meio de uma rídicula subversão, Screamboat constrói em uma hora e 40, que poderia ser facilmente reduzida para uma hora e 20, uma rídicula história de amor ao cinema slasher, ao mesmo tempo que com muita graça, pode ser considerado sim, uma homenagem a filmes amados por tantos, mesmo após mais de 100 anos desde a introdução de seu mascote.

    Screamboat tem distribuição da Imagem Filmes e será lançado nacionalmente no dia 01 de Maio de 2025.

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  • Crítica | Until Dawn cria  tensão, mas peca no terror

    Crítica | Until Dawn cria tensão, mas peca no terror

    Dirigido por David F. Sandberg, Until Dawn é um filme de terror vazio

    Segundo o site de crítica, Rotten Tomatoes, O Babadook (2014, Jennifer Kent), é considerado um grande sucesso, com 98% de aprovação e uma história sincera e genuína, sem apresentar sustos baratos. Ao usar a alegoria de um monstro infantil, como modo de representação do luto, a produção apresenta um core emocional dramático forte, uma mensagem potente, um medo que acompanha todo o filme, e um sentimento final de conclusão, a ponto da diretora se recusar a fazer sequências do filme. Nada do que foi elogiado em O Babadook, pode ser dito sobre Until Dawn.

    Apesar de pertencerem a sub-gêneros diferentes do gênero cinematográfico, Until Dawn também é um filme de terror que lida com o luto, porém, na medida que se encaixa em um terror “padrão”, incluindo, mas, não limitado à: monstros, bruxas, hospitais abandonados, assassinos mascarados e casas assustadoras, a produção fica vazia de conteúdo, em pró de uma checklist de itens assustadores, focando em sustos baratos, ao invés da história em si.

    Baseado na franquia de sucesso da Playstation, Until Dawn gira em torno de Clover, uma jovem que refaz, juntamente com 4 amigos, a última viagem de sua irmã antes de desaparecer, porém, o grupo se percebe preso em um looping temporal de horror, sendo obrigado a passar por diferentes pesadelos, que só serão interrompidos se o grupo sobreviver até o amanhecer.

    Until Dawn

    Cena de Until Dawn-Divulgação Sony Pictures

    Já tivemos alguns exemplos de adaptações de videogames que se tornaram sucessos cinematográficos, acredito que a franquia Sonic seja o maior atual. Para alcançar o público, Until Dawn se utiliza de um nome poderoso e se distancia do material original, a ponto de manter a temática principal, mas, criar novos personagens e uma história inédita, com o número certo de referências para entreter os assíduos pelo videogame.

    A graça de se jogar Until Dawn é estarmos na pele de seus personagens, nós tomamos as decisões e temos que lidar com as consequências, o jogador ativamente participa da situação, ao passarmos a produção para o cinema, nos tornamos passivos, tirando grande parte de nossa potência, assim, o sentimento de medo diminui, o que o diretor deveria fazer para evitar que isso ocorresse? Construir um sólido universo, amedrontador para o público e simples de entender, algo que não soube trabalhar tão bem.

    Parafraseando John Goodman no clássico independente Matinee (1993, Joe Dante), ao presenciarmos uma sensação de medo, nos sentimos mais vivos em seguida, pois, percebemos que aquilo era só um filme, trazendo um sentimento de catarse e satisfação, porém, em Until Dawn, este sentimento se torna raiva na medida que acompanhamos os personagens tomando decisão estúpida, atrás de decisão estúpida, o que só me fez relembrar a paródia O Segredo da Cabana (2011, Drew Goddard), e como ela estava a frente de seu tempo em tantos níveis.

    Sim, as regras de Until Dawn são simples de entender, afinal, como foi verbalmente exposto no filme, o público já está muito acostumado com produções de looping temporal, porém, para que então, em seu terceiro ato, tentar explicar psicologicamente tudo o que estava acontecendo? De modo sem nexo que confunde mais ainda o espectador? Tudo para enrolar o vilão para ele ser derrotado do modo mais clichê, previsível, e fácil, possível? Sem catarse nenhuma por trás? Isto sim, é decepcionante.

    Until Dawn

    Ella Rubin em Until Dawn– Divulgação Sony Pictures

    Eu não vejo nenhum problema em filmes de terror que não se levam a sério, inclusive, em muitos aspectos os acham mais interessantes do que os demais, como os da franquia Pânico e o filme de Goddard, porém, eu vejo problema quando ocorre uma mudança de tom em plena narrativa, quando a produção não entende o que ela realmente almeja alcançar.

    O que começa como um filme de terror interessante, abraça o trash de uma maneira inorgânica e sem nexo, ao mesmo tempo que a produção almeja ser um novo Evil Dead (1981, Sam Raimi), ela quer ser inteligente, duas coisas que não combinam, e tiram a força do terror em si.

    Algumas cenas trazem tensão, auxiliado pelo clima criado pela fotografia, e pelos efeitos visuais, construindo um gore que é muito atraente, e é divertido em certos momentos, porém, na medida que o roteiro foca em sustos baratos e previsíveis, indo na contramão da tensão orquestrada por Jennifer Kent, mostrando, assim, mais do que deveria, a produção falha aonde mais importa: construir um filme de terror que dê medo.

    Enquanto O Babadook foi um filme de terror independente que alcançou novos ares por conta do modo eficiente que usa o terror, Until Dawn é um filme de grande orçamento, com um nome poderoso por trás, que permitirá sequências, e uma nova vida no streaming, porém, é vazio de conteúdo se o considerarmos como um produto isolado de todo o ânimo que permeia esta franquia.

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  • CRÍTICA | Looney Tunes – O Dia Que a Terra Explodiu é diversão para crianças e principalmente para adultos

    CRÍTICA | Looney Tunes – O Dia Que a Terra Explodiu é diversão para crianças e principalmente para adultos

    Looney Tunes: O Dia Que a Terra Explodiu é o primeiro filme totalmente animado em 2D da franquia com lançamento nos cinemas

    Desde a primeira cena, o filme remete aquela lembrança boa de assistir um desenho 2D dos Looney Tunes no sábado animado sendo transmitido pelo SBT. A animação inteira nos transporta para o ínicio dos anos 2000.

    Claro, o filme ser inteiramente 2D é a causa principal para essa nostalgia. A dublagem do filme é outro fator importantissimo para tal, sendo a voz dos protagonistas a mesma das animações, Márcio Simões (Patolino) e Manolo rey (Gaguinho). O filme nos faz emergir naquele mundo colorido e animado.

    O Dia Que a Terra Explodiu nos mostra os dois protagonistas, sendo adotados pelo fazendeiro Jim. Vemos eles crescendo(com os créditos iniciais do filme, que serve para nos situar o porquê de sua casa ser tão importante) e adultos, que é onde nossa história começa.

    No filme, Gaguinho e Patolino tentam encontrar emprego para pagar o seguro da casa deles após um meteoro destruir o telhado. Na procura por emprego, eles acabam trabalhando na fábrica de chicletes Goodie Gum e lá descobrem um plano alienigena que pretende transformar em zumbi todos que mascarem o chiclete.

    Patolino e Gaguinho são o contraponto um do outro, o primeiro é ingênuo, desastrado e bobo, já o segundo é atento, inteligente e o mais consciente. Por isso se completam tão bem. Indo mais além, Patolino é o Público infantil. Gaguinho, o público adulto.

    O longa é um prato cheio para os adultos, como já falado, justamente pela nostalgia, mas funciona muito bem para as crianças, com piadas que os mais jovens podem se identificar, como, por exemplo, na procura por emprego, o Patolino se torna um digital influencer e vira TikToker. Ainda nessa cena, eles mencionam auxílio emergencial e mergulham no próprio universo Looney Tunes, enquanto são demitidos das profissões (o que serve de reminiscência para os adultos).

    Em certo momento somos apresentados a Petunia, uma porquinha cientista que arruma um emprego para eles na fábrica de chicletes. Petunia se torna interesse romântico de Gaguinho, o que em algumas vezes o coloca em conflito, pois ele quer ficar com ela, mas precisa salvar/ajudar Patolino. Em determinado ponto, Gaguinho mente para Patolino para poder ficar a sós com Petunia.

    No final, Gaguinho fala com o Patolino sobre esses momentos e frustrações, o que serve perfeitamente para as crianças que assistem ao filme, pois mostra a elas que, se você não gosta de algo ou alguma coisa te incomoda, você pode falar sobre e está tudo bem. O longa, sutilmente incentiva o diálogo e ajuda a mostrar para crianças que elas podem estabelecer limites.

    É inacreditável pensar que desde 1930, quando começou as produções desses personagens, esse é primeiro filme totalmente 2D dos Looney Tunes com um lançamento nos cinemas. Todos os anteriores foram híbridos com humanos ou feitos diretamente para televisão quando eram somente animação.

    Por pouco ele ia sendo descartado pela Warner Bros. por questões financeiras, mas como os diretores conseguiram fazer tudo com um baixo orçamento, a Warner vendeu os direitos de distribuição nos Estados Unidos para a Ketchup Entertainment. Sendo a primeira vez que a Warner não faz a distribuição de um filme dos Looney Tunes. No Brasil, a distribuição ficou por conta da Paris Filmes.

    Esse é um ótimo filme de porta de entrada para crianças que não conhecem os Looney Tunes e um excelente para os que já conhecem e estão na casa dos 20/30 anos. O longa é engraçado, atual, rápido, criativo(com um belo plot no final) e lindo visualmente. Looney Tunes: O Dia Que a Terra Explodiu chega aos cinemas dia 24 de Abril.

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  • Crítica | Nas Terras Perdidas: a péssima execução de uma boa premissa

    Crítica | Nas Terras Perdidas: a péssima execução de uma boa premissa

    Dirigido por Paul W. S. Anderson, Nas Terras Perdidas apresenta um universo interessante, porém, falha em explorá-lo além do raso

    É um fato que George R. R. Martin pode ser considerado um gênio para criação de universos, antes mesmo de estruturar A Guerra dos Tronos (1996), Martin já havia escrito diversos contos fantásticos que mostravam o seu potencial como autor, entre eles, um conto presente na coletânea Amazons II (1982) chamado Nas Terras Perdidas.

    Contando a história da bruxa Grays Alys e do caçador Boyce, Nas Terras Perdidas se passa um mundo povoado por criaturas místicas como bruxas, demônios e lobisomens, ao mesmo tempo que homens e mulheres comuns, além de um governo autoritário, uma igreja poderosa e outros clichês presentes em diversas produções pós apocalípticos.

    Nas Terras Perdidas apresentava em suas mãos todas as peças para se tornar um blockbuster de sucesso, porém, seus dois maiores problemas conseguem impedir o sucesso de qualquer filme: roteiro e direção.

    O roteiro de Constantin Werner não estabelece o universo e nem mesmo os seus personagens, até mesmo a bruxa Gray Alys, a protagonista da produção, não é bem desenvolvida, a ponto de não entendermos os seus poderes, a fazendo ficar sujeita às vontades do próprio roteirista, o que ele quer que ela faça no momento, ela fará, e não é assim que se constrói nenhum personagem.

    Nas Terras Perdidas

    Milla Jovovich e Dave Bautista em cena de Nas Terras Perdidas- Divulgação oficial

    Os diálogos não auxiliam no enriquecimento nem dos personagens e nem do universo, além do fato de Gray Alys e Boyce, serem os únicos personagens com o mínimo de desenvolvimento, todos os personagens dizem e expressam a todo momento, exatamente o que eles estão pensando, isto não é bom para ninguém e muito menos para o público, é quase um tell, not show ao invés da regra clássica dos roteiristas show, not tell.

    O universo de as Terras Perdidas apresenta potencial, porém, entrega uma estética muito padrão para um mundo pós apocalíptico, a todo momento eu olhava a construção da cidadela e lembrava do castelo de Imortal Joe em Mad Max: Estrada da Fúria (2015, George Miller), com direito à mesma caveira como símbolo de autoridade.

    Ao sair do filme, eu nem mesmo lembrava o nome do personagem de Dave Bautista, que era o co-protagonista da produção junto com Milla Jovovich, o que dirá dos outros personagens esquecíveis como a rainha ou o líder da igreja, isto é grave em um filme deste tamanho e com um autor tão rico por trás, quanto George R. R. Martin.

    O que me leva ao segundo problema de Nas Terras Perdidas, a direção e escolha estética de Paul W. S. Anderson. Apesar de apresentar um nicho cinematográfico e fãs, Anderson produz filmes com narrativas medianas para fracas, porém, que apresentam algumas características estilísticas que conseguem prender a atenção do público, como o caso de Monster Hunter (2020, Paul W. S. Anderson), assim, Nas Terras Perdidas não seria diferente, sendo mostrado nas principais inspirações de Anderson: o cinema de faroeste e uma estética muito usada por outro diretor espalhafatoso: Zack Snyder.

    O cinema de faroeste alcançou seu auge na segunda metade do século XX, durante o século XXI tivemos algumas tentativas como O Cavaleiro Solitário (2013, Gore Verbinski), porém, nada que realmente se comparasse à glória dos filmes de Sergio Leone ou de Clint Eastwood, algo que Anderson sabe bem, porém, que não o impediu tentar e criar algo extremamente mediano em Nas Terras Perdidas.

    O clima árido, a união dos solitários, o bang-bang clássico, a camaradagem durante os perigos e as sessões de “santa ceia” ao redor de uma fogueira, aonde os personagens desabafam sobre suas vidas e pesares, todas estão presentes em Nas Terras Perdidas, juntamente com uma estética vazia que tira toda a vida e a cor dos personagens, e suga a energia do público no processo, o que fazia o faroeste, um filme de faroeste, se perde em pró de uma estética vazia.

    Nas Terras Perdidas

    Milla Jovovich em cena de Nas Terras Perdidas- Divulgação Oficial

    As cenas de ação são competentes, principalmente nas cenas em que Boyce utiliza duas cobras como arma, e Gray Alys utiliza suas foices. Nestas cenas de ação, Anderson utiliza uma estética usada muito por Zack Snyder no filme Sucker Punch (2012, Zack Snyder) como o universo plástico, a câmera lenta em cenas de ação para maior impacto e uma paleta monocromática que atua como sonífero para a audiência.

    Em Nas Terras Perdidas, Anderson construiu um universo gigantesco em tela verde e efeitos especiais, auxiliando nas filmagens de sua grandeza por meio de drones e demonstrando a magnitude do mundo ficcional, porém, na medida que suas regras básicas não são estabelecidas, nem com seus personagens e nem com sua organização social básica, do que adianta o público se importar, por uma hora e 40, com personagens vazios, se nem mesmo eles mesmos aparentam se preocupar?

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  • Crítica | Presença: O terror experimental da visão do espectador

    Crítica | Presença: O terror experimental da visão do espectador

    Dirigido por Steven Soderbergh, Presença subverte a história de casa mal-assombrada por meio de uma singela, e agonizante, mudança de ponto de vista.

    Obs: A seguinte crítica apresenta spoilers do filme Presença.

    Em 1954, Alfred Hitchcock fez Janela Indiscreta, a produção se utiliza de um protagonista imobilizado em seu apartamento para discutir voyeurismo, paranoia e tensão que ocorre ao observamos aquilo que não desejamos.

    No livro de entrevistas: Hitchcock Truffaut, em que o cineasta francês discute a obra do mestre do suspense, Hitchcock defende que o personagem de James Stewart está no papel de espectador assistindo ao filme. Truffaut complementa por meio de uma analogia que 9 em 10 pessoas, ao verem do outro lado da janela uma mulher se despindo ou um homem arrumando a casa, não conseguirão desviar o olhar, continuarão olhando, por mais que tente desviar seus olhos. O observador está imobilizado, fascinado e distante do objeto observado, pois bem, tudo isto para começarmos a discutir um interessante filme de terror chamado: Presença.

    O terror é um dos gênero mais antigos da humanidade. No campo cinematográfico ele apresenta diversos sub-gêneros, desde o slasher, o psicológico, a casa mal-assombrada e os mais experimentais como A Bruxa de Blair (1999, Eduardo Sánchez, Daniel Myrick) e Atividade Paranormal (2007, Oren Peli), que abriram portas para novos modos de tecnicamente explorar o terror.

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    Callina Liang, Chris Sullivan, Eddy Maday, Julia Fox e Lucy Liu em cena de Presença- Divulgação The Spectral Spirit Company

    Presença é um destes filmes experimentais, subvertendo o filme de “Casa mal-assombrada” e fazendo uso de 33 planos sequência, feitos em steadicam, permitindo uma maior fluidez no movimento, na medida que não acompanhamos a família sendo assombrada, e sim a própria assombração que observa a família.

    A respiração, o movimento escada acima, o movimento escada abaixo, a todo momento o espírito de Presença observa a família, sem ser visto ou ouvido, coincidentemente do mesmo modo que o espectador que vai ver qualquer filme no cinema, e que tem o olhar direcionado por conta de escolhas certeiras do diretor e que não são mudadas, por mais que desejamos.

    Eu me recordo quando assisti ao filme O Homem Invísivel (2020, Leigh Whannell). Em uma cena, a personagem de Elizabeth Moss é atacada por seu ex marido, agora invisível, dentro de um hospício. O monstro mata diversos médicos e seguranças indefesos, enquanto Elizabeth Moss agoniza e se arrasta no chão, passando por uma arma de fogo que estava ao seu lado. Me recordo vivamente que neste momento eu gritei bem alto, como se ela pudesse me ouvir: “Pega a Arma”, mesmo sabendo que ela jamais conseguiria me escutar.

    Quando assistimos um filme, nos inserimos neste mundo, nos aproximamos dos personagens, quase como se eles se tornassem nossos amigos mais íntimos por um tempo de duas horas. Por conta disso que nos emocionamos em filmes como Vingadores: Guerra Infinita (2018, Joe e Anthony Russo), quando o Homem Aranha é desintegrado pelo estalo de Thanos. Por conta desta proximidade, nós torcemos pelo bem e desejamos a queda do mal, isto não ocorre, assim, ficamos arrasados e almejamos um modo de impedir aquilo à tudo custo.

    Presença faz tudo isso com maestria, a assombração se aproxima dos moradores, diversas vezes quase encostando neles, como se tentasse a todo momento dizer algo, os protegê-los, porém, eles não os escutam. Por mais que esteja sempre presente, a assombração, que somente é vista rapidamente no último minuto do filme, é constantemente ignorada e apresenta pouco poder em alterar os fatos que ocorrem, exceto em alguns momentos bem específicos em que realmente mostra seu poder, principalmente em questão de zelo para aqueles que ama.

    Desde Frankenstein de Mary Shelley, entendemos que aqueles que enxergamos popularmente como monstros, raramente são tão terríveis quanto aparentam. O monstro de Frankenstein foi criado por um cientista maluco e jogado no mundo sem preparo ou conhecimento, o Fantasma da Ópera somente desejava um amor, e a assombração de Presença somente desejava proteger a família.

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    Callina Liang em cena de Presença– Divulgação The Spectral Spirit Company

    Do mesmo modo que Ghost Story (2017, David Lowery), a produção se baseia em diferentes linhas do tempo que mesclam o passado e o presente, nos gerando uma dúvida sobre quem é a assombração que observa esta família, prendendo a atenção do espectador não por meio de um terror, mas, por conta de uma tensão e um abalo causado pela nossa impotência como espectador.

    Presença é um filme curto, apresentando menos de uma hora e 30, porém, por conta de seu ponto de vista único e uma cinematografia experimental e tecnicamente interessante, prende a atenção e a curiosidade do público. No pôster da produção existe uma citação da crítica feita pelo site Bloody Disgusting: “Te deixa totalmente abalado”. A pergunta que podemos fazer é: por quê?

    A resposta é mais simples do que aparenta, ela nos deixa abalado não por conta da assombração, afinal, na medida que ela não é mostrada e vista sempre por meio de um ponto de vista, quem ela poderia ser além do próprio espectador? Um espectador que se sente tão desconfortável que abandona a sala de cinema no meio do filme? Como ocorreu durante o lançamento da produção no Festival de Sundance, e ocorreu novamente na pré estreia que tive o prazer de assistir ao filme?

    O que realmente nos deixa abalados é o que a assombração presencia, sendo praticamente inapto de alterar ou impedir os acontecimentos, como quando Ryan, um menino loiro e misterioso, dopa Chloe, a protagonista que a assombração observa desde o começo do filme.

    A assombração de Presença observa Ryan colocando a droga no suco, subindo ao quarto e oferecendo inocentemente para Chloe. No momento que o fantasma observa em um close, auxiliado pela lente olho de peixe, o espectador também quer gritar para Chloe não tomar o suco, porém, estamos impossibilitados de auxiliar, afinal, estamos em outro plano do que os personagens, nós não podemos ajudar aqueles de quem gostamos, isto sim abala.

    O roteiro de David Koepp intercala a onisciência do espectador com surpresas, afinal, o único ponto de vista que presenciamos ao longo de Presença é a da assombração, um personagem mudo, assim, o que ele sabe, nós sabemos, mesmo quando preferimos não saber, como é o caso de Ryan e a tentativa de “Boa Noite Cinderela” em Chloe.

    Neste momento a câmera treme e desfoca, enfatizando uma espécie de grito, auxiliado por um agudo sonoro que deixa qualquer um desconfortável. O forte de Presença, é este sentimento de nos colocar realmente na posição de espectador indefeso, aquele que como Jimmy Stewart somente observa o desastre se desenrolando, aquele que não consegue impedir a morte de um personagem querido como o Homem Aranha, ou aquele dá conselhos inatingíveis para Elizabeth Moss. Isto que nos abala: o sentimento de impotência.

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    Pôster Oficial de Presença

    Presença é considerado um filme de horror, porém, eu consideraria mais um thriller e um filme experimental, afinal, o mais perto que chegamos do terror, é transmitido pelo próprio ser humano, e pela nossa incapacidade tanto de ajudar, quanto de desviar o olhar, nos deixando fracos e fazendo refletir sobre o papel passivo que apresentamos toda vez que entramos em uma sala de cinema.

    Caso o espectador entre na sala buscando um terror, ele sairá decepcionado, afinal, o ponto de vista é extremamente cansativo após um certo tempo e o desconforto é constante durante toda a sua duração, porém, se for levado pelo filme, presenciará mais emoções e angústias do que muitas produções de horror da atualidade.

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  • CRÍTICA | Vitória: Um Retrato Incompleto de Coragem

    CRÍTICA | Vitória: Um Retrato Incompleto de Coragem

    Embora traga uma história poderosa e mais uma atuação brilhante de Fernanda Montenegro, o filme peca na direção e na construção narrativa, ficando aquém do seu potencial.

    Nos anos 2000, a aposentada alagoana Joana Zeferino da Paz, moradora da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, iniciou uma investigação, por conta própria, que levou à prisão de mais de 30 pessoas, entre traficantes e policiais militares envolvidos no tráfico local.

    A história, revelada em 2005 pelo jornal Extra, do Rio de Janeiro, ganhou notoriedade quando Joana, vivendo sob anonimato, pelo pseudônimo Vitória, por questões de segurança, gravou vídeos do tráfico em sua vizinhança para desmentir alegações falsas de um coronel da PM durante um processo judicial. Sua coragem resultou em uma investigação que expôs a omissão policial e o envolvimento de PMs com o crime organizado. Joana viveu em segredo por 17 anos até sua morte na Bahia. Sua trajetória agora é retratada em “Vitória”, longa estrelado por Fernanda Montenegro (“Central do Brasil”).

    Vitória

    Vitória I Conspiração Filmes


    A premissa do filme tinha grande potencial: um relato real, cheio de reviravoltas. No entanto, o resultado final não faz jus à riqueza da história original, sendo salvo apenas por mais uma atuação excepcional de Fernanda Montenegro, aos 95 anos, como protagonista. Fora isso, “Vitória” perde força em escolhas narrativas que não fazem justiça à profundidade do caso.

    O principal atributo da produção, como já dito, é, sem dúvida, a performance de Montenegro. Sua interpretação é a única que consegue transmitir a complexidade emocional da personagem e a tensão da situação. Contudo, o restante do elenco não consegue sustentar a gravidade da trama. As atuações são limitadas e, em muitos momentos, as interações entre os personagens soam artificiais, prejudicando a imersão do espectador.

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    Vitória I Conspiração Filmes

    Outro ponto negativo é a estética de telefilme, antiquada e pouco envolvente. A direção, de Andrucha Waddington (“Casa de Areia”), não consegue traduzir a tensão e o impacto do caso de Joana com a intensidade que a história exige. Além disso, a tentativa de inserir humor em momentos dramáticos é deslocada e ineficaz, criando um tom desconexo em várias cenas. Essas conveniências narrativas, que tentam suavizar o peso de uma história já dramática, enfraquecem ainda mais o enredo.

    Apesar de seus problemas, “Vitória” ainda consegue gerar algum nível de entretenimento, principalmente devido à força do personagem de Joana e o fato que inspira a trama. A história, embora mal explorada, continua fascinante.

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    Vitória I Conspiração Filmes


    No final, o filme não chega a ser uma grande tragédia, mas também não atinge seu potencial máximo. A atuação de Fernanda Montenegro e o impacto do caso real são os únicos elementos que impedem “Vitória” de ser uma completa, perdoe o trocadilho, derrota.

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  • CRÍTICA | Invencível entrega sangue nessa 3º Temporada pra quem sentiu falta da outra vez

    CRÍTICA | Invencível entrega sangue nessa 3º Temporada pra quem sentiu falta da outra vez

    Invencível fecha o seu escopo para uma trama mais sólida, contudo, não deixa de abrir algumas portas que se mantêm abertas ao final.

    Depois de ter matado Angstrom Levy, Mark Grayson busca treinar para ser melhor, alcançando novos potenciais para se preparar contra a raça alienígena viltrumita que pretende dominar a Terra. No entanto, ao descobrir que o agente Cecil tem agido pelas suas costas, o herói se vira contra e decide fazer tudo sozinho.

    No decorrer da temporada, o roteiro sabiamente se prende aos conflitos que Mark tem em sua vida amorosa, familiar e heroica, buscando se aproximar da Eve, treinar seu irmão Oliver e compreender como conciliar a vida pessoal com o momento que precisa ser “Invencível” (momento pra abertura da série agora hahahah). Tudo isso traz foco, cada episódio apresenta um problema e o resolve, sempre indicando que o protagonista está evoluindo como pessoa.

    Portanto, é possível dizer que a terceira temporada consegue ser a mais divertida de se assistir, já que a história não só anda mais depressa com os assuntos que propõe, como vilões que surgem ou retornam são resolvidos no mesmo capítulo. Algumas vezes, isso incomoda, o penúltimo episódio da temporada tinha uma oportunidade alta de fazer algo épico, mas se perde com tantos núcleos impostos em menos de uma hora de duração. Já em outras, o espectador recebe algo de bom grande, com o sexto episódio criando um dos melhores vilões que a série apresentou até então.

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    Invencível | Prime Video

    Com essa deixa em mãos, mesmo que temas importantes como o valor da vida e a superação de um trauma sejam abordados, o seriado mesmo focado em seu protagonista, acaba não trazendo uma direção precisa de onde quer chegar, visto que os problemas plantados no inicio são deixados de lado e o final apenas traz um inimigo atrás do outro chegando, sem relacionar com antagonistas que apareceram no meio da temporada e não trouxeram muita relevância para a obra em sua completude. E sim, me refiro à trama de Allen.

    Aquele que conhece os quadrinhos do qual o programa adapta pode responder que estão preparando terreno para o futuro, que isso vai ser compreensível na outra temporada. Só que de nada adianta fazer isso se a promessa não vai ser cumprida na mesma temporada. O vilão da semana é comum numa obra televisiva de super-herói, só que quando isso bagunça com o percurso que vai seguir, era melhor que tivesse sido posta de lado e reposicionada para a próxima vez.

    Mesmo assim, há um elemento fundamental que torna o seriado prazeroso de se assistir e esse elemento é o tratamento dos personagens. Todos são humanos demais, trazendo camadas que os distanciam do óbvio, redimindo alguns que irritavam no principio e tornando compreensíveis àqueles que tomam as atitudes mais extremistas. Acompanhar cada um, fazendo parte daquele grande universo, é confortável, quase nostálgico, sem nunca soar desnecessário. É aquela gordura que não pode faltar na carne.

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    Invencível | Prime Video

    A animação do seriado não apresenta melhorias, não chama a atenção e, em algumas vezes, parece que faltou página pra esboçar mais movimentos em algumas cenas, como quando o herói veste seu novo uniforme. Porém, quando se trata dos combates, o desenho fica frenético como nunca, com a câmera viajando entre o espaço, avançando com os ataques e a montagem formidavelmente intercalando cada acontecimento de um jeito impactante, que fica complicado de não imergir e vibrar com o que acontece, principalmente se tratando dos ataques que colocam ossos para fora do corpo.

    Invencível se mantém firma como uma das melhores séries de super-herói, indicando que ainda tem muitos assuntos para explorar e muitas novidades para proporcionar mesmo naqueles que estão cansados do gênero. Os assuntos abordados são profundos, trabalhados com cuidado, e mesmo quando a trama avança rápido demais, deixando algumas coisas de lado, ela também indica que quando tudo estiver terminado, a série vai ter feito questão de não permitir que um fio fique solto por aí. Não teve um vilão da temporada, mas pode ter certeza que o futuro não deixará Mark Grayson descansar.

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  • CRÍTICA | Código Preto é a definição de um filme de espionagem

    CRÍTICA | Código Preto é a definição de um filme de espionagem

    Em poucos minutos, Código Preto já escancara sua personalidade, o suspense e como ser agente não é pra qualquer um.

    “Código Preto” é um termo utilizado pelos personagens para situar alguém que não podem falar sobre uma missão ou acontecimento em específico, por ser confidencial demais. Então, quando George (Michael Fassbender) começa a desconfiar de sua mulher, Kathryn (Cate Blanchett), estar envolvida em um caso que pode matar milhões, ele a questiona sobre o que vai fazer numa viagem e ela o responde com… bom, já sabe né?

    A partir disso, uma investigação metódica começa a ser realizada, no qual acompanhamos tudo pelo ponto de vista do protagonista, como se manter calmo, fazer uma investigação sem deixar pistas, manter a vida pessoal distante do trabalho e por aí se segue. Tudo envolvendo um grupo de personagens que, após um tenso jantar, vão ganhando cada vez mais escopo com o decorrer da narrativa, interligando cada mínima ação que poderia ser fútil, mas demonstrou um forte senso de roteiro que não deixaria pontas soltas.

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    Código Preto | Universal Studios

    Aproveitando que estamos falando deles, todos são bem interessantes e apresentam características que os diferem, os atores conseguem passar aquela impressão que o diretor busca, seja em um parecer mais certinho e outro soar mais babaca. Entretanto, o modo como usa a Clarissa (Marisa Abela) incomoda pela forma superficial de uma mulher que sente forte atração pelo protagonista e passa boa parte do longa-metragem deixando isso claro, mesmo que em horas inconvenientes, para no fim não levar a nada. Ainda que consiga ver o do porquê, seja para trazer humor ou vantagem na investigação de George, faltou algumas outras amostras de personalidade para que não soasse vazia.

    Já o casal principal transpira aquela energia de “Sr. & Sra. Smith”, você gosta, sente química, entende o que os diferencia dos outros espiões, nota a lealdade de um para com o outro, mas se questiona em quem pode realmente confiar. Os atores conseguem transparecer sabedoria no modo de agir e pelo que falam, é possível ver o quanto se conhecem, da mesma forma que com muita sutileza, nos entregam suas dúvidas e desconfianças, de um para com o outro, o que deixa tudo ainda mais interessante.

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    Código Preto | Universal Studios

    Tratando-se da parte técnica, não tem nada mais prazeroso de se ver do que acompanhar uma câmera que segue o personagem, viaja pelo ambiente sem cortes, trazendo elegância ao projeto e o tom certo que a obra precisa para aos poucos imergir quem assiste nela. A trilha sonora passa uma sensação agonizante e charmosa, não é que ela cause tensão, mas a sensação fria de um ambiente que lida com situações alarmantes e talvez a pessoa que mais ame esteja por trás do perigo.

    O lado extremamente divertido de acompanhar a obra é que ela não parte pra ação, não tem uma grande cena de luta ou aquele acontecimento grandioso que muitos filmes de espião se deixam levar, dos quais gosto muito. Código Preto busca a todo momento nos colocar neste suspense, o suspense de não saber em quem confiar, de que as coisas estão piorando, mas a direção que está seguindo pode ser errônea. E quando você pensa que o filme vai seguir pra um caminho previsível, certo problema é resolvido e a narrativa parte para outra direção. Concluindo sem proporcionar muitas emoções, mas satisfazendo quem curtiu toda a jornada.

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  • CRÍTICA| Plankton: O Filme é uma parcela pequena de seu potencial

    CRÍTICA| Plankton: O Filme é uma parcela pequena de seu potencial

    Apesar de sua interessante premissa, Plankton: O filme não demonstra o quão genial o vilão realmente consegue ser

    Em 2004, foi lançado Bob Esponja: O Filme (2004, Stephen Hillenburg), um longa metragem que apresentava um grandiosidade digna da tela grande, considerando fatores como o grau de perigo em que os personagens estavam envolvidos, a força emocional do conflito de Bob Esponja entre ser um garotinho e ser um homem, músicas icônicas em diversos aspectos e um dos poucos momentos em mais de 20 anos de aventuras náuticas no qual realmente enxergamos Sheldon J. Plankton como uma verdadeira ameaça.

    Introduzido no terceiro episódio da 1º temporada, Plankton e sua relação com Eugene Sirigueijo trouxeram alguns dos pontos altos de toda a série Bob Esponja Calça Quadrada, de casos no tribunal até o gás gugu-dadá, Plankton é um personagem excelente por muitos motivos, seu tamanho, seu potencial cômico, seu hiperfoco na fórmula do hambúrguer de siri, seu egocentrismo e seu relacionamento com sua esposa computador: Karen. 

    Ao longo de 25 anos de série, Plankton demonstrou diversas vezes seu potencial cômico e vilanesco, porém, além do filme de 2004, poucas vezes realmente sentimos que ele era realmente uma ameaça. Após mais de duas décadas de série, 3 longas metragens cinematográficos nos quais um ele realmente é uma ameaça e nos demais um aliado, e um filme spin off de Sandy Bochechas que o unicelular mal aparece, Plankton finalmente apresenta sua chance de brilhar em seu próprio filme.

    Apesar de ser superior à produção A Missão de Sandy Bochechas (2024, Liza Johnson), o filme comete alguns erros que impedem o filme de alcançar tanto seu potencial cinematográfico, quanto seu potencial como projeto isolado de um dos personagens mais interessantes da Fenda do Biquíni.  

    Para os fãs de Bob Esponja, que acompanharam a série desde o começo, não é segredo nenhum que ocorreu uma queda de qualidade nos episódios mais recentes, assim, Plankton: O filme é um filho desta nova geração de episódios

    Apesar de uma premissa muito boa e usufruir de uma metalinguagem extremamente aceita, incluindo discussões internas sobre a própria estética do filme, como cenas em que Plankton conversa diretamente com o cinegrafista, a produção apresenta uma estética em 3D que impede os personagens de realmente demonstrarem suas loucuras náuticas.

    Plankton

    Sheldon J. Plankton em cena de Plankton: O Filme- Divulgação NETFLIX

    Os momentos de flashback/delírio de Plankton, são as ocasiões em que a animação realmente entrega seu potencial por conta de sua forma mais experimental e usos interessantes do 2d, porém, em seu terceiro longa metragem nesta estética tridimensional, sinto cada vez mais que a essência de Bob Esponja está se perdendo por conta dela.

    Não é somente o estilo de animação que tira a essência da Fenda do Bíquini, Plankton: O Filme prova que cada vez mais os personagens estão virando caricaturas de si mesmos, um exemplo é o trio de amigas compostas por: Sra. Puff, Pérola e Sandy.

    Com exceção da esquila texana que é praticamente uma co-protagonista em diversos episódios, Pérola e Sra. Puff, apesar de interessantes dentro de seus próprios mundos, podem ser considerados personagens série D, dentro de todo o lore da fenda do Biquíni, e não apresentam destaque maior dentro de toda a produção e nem mesmo da série como um todo.

    Pérola é a filha mimada e adolescente do Seu Sirigueijo e a Sra. Puff é a professora de direção de Bob Esponja, porém, em nenhum momento ao longo do filme, estas características cruciais se sobressaem, tornando-as vazias de caráter e personalidade.

    O trio de amigas está presente para ocasionar um contraponto ao vilão unicelular, na medida que Karen, a grande vilã do filme, convivia diariamente com elas, porém, apesar de uma premissa interessante, este trio acrescenta pouco à história como um todo.

    É estranho pensar como um filme focado em Plankton, que apresenta como nêmesis estabelecido o nosso crustáceo favorito, foca em um trio sem carisma, afinal, as melhores interações do vilão são com o Senhor Sirigueijo, deixado de lado ao longo do filme, e com o próprio Bob Esponja.

    Plankton

    Bob Esponja e Sheldon J. Plankton em cena de Plankton: O Filme-Divulgação NETFLIX

    Desde sua introdução, Plankton sempre teve uma relação ambígua com a esponja amarela, desde interações marcantes como a música “Diversão” e momentos cômicos de união como no filme Bob Esponja: Herói Fora da Água (Paul Tibbit e Mike Mitchell , 2015), a relação entre a inocente esponja e o egocêntrico vilão, sempre trouxe humor, o que não é exceção neste filme, aonde vemos, pela primeira vez em muito tempo, Bob Esponja perdendo a paciência com alguém.

    Falando em música, Plankton: O Filme apresenta algumas das melhores sequências musicais de Bob Esponja em muito tempo, porém, isto não é o suficiente para um filme que espreme o seu sucesso por meio de referências e arquétipos vazios de icônicos personagens, incluindo mais menções do que deveria ao clássico filme de 2004.

    Com diversas referências aos 25 anos de episódios, Plankton: O Filme diverte os fãs, porém, falha em inovar ou melhorar aquilo que veio antes, parecendo em certos momentos um episódio estendido da série, do que realmente um filme no escopo cinematográfico que Bob Esponja realmente merece, do mesmo modo que Wallace e Gromit: Avengança (2025, Nick Park, Merlin Crossingham), a produção é marcada por ser um filme exclusivamente para streaming, sem a força de um texto ou apostas específicas para a tela grande.

    Ainda este ano teremos o 4º filme focado exclusivamente em Bob Esponja, já que os dois últimos foram spin offs focados em Sandy e Plankton respectivamente. Com Derek Drymon, responsável pelo roteiro do primeiro filme, no comando de Spongebob Squarepants movie: Search for Squarepants, talvez conseguiremos retornar a uma época mais simples de Bob Esponja, pois, se Plankton: O Filme prova algo, é que estamos bem longe daquilo que fez a série tão icônica para início de conversa.

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  • CRÍTICA | Na Sua Pele é um clichê sem alma e sem sal

    CRÍTICA | Na Sua Pele é um clichê sem alma e sem sal

    Alguns filmes trazem histórias que, embora clichês, conseguem convencer e envolver o público, como é o caso do romance Diário de Uma Paixão ou a comédia Mulheres ao Ataque, ambos dirigidos por Nick Cssavetes. No entanto, quando falamos de Na Sua Pele, recém-lançamento do renomado cineasta, é o oposto.

    O filme conta a clássica história da menina rica, estudiosa e comprometida que se apaixona pelo típico bad boy. Rule (Chase Stokes) é o estereótipo ambulante do rebelde tatuador que não se envolve amorosamente com ninguém, enquanto Shaw (Sydney Taylor) sempre nutriu sentimentos secretos por ele. Após uma noite de festa, os caminhos dos dois mudam, e agora precisam lidar com suas diferenças, o preconceito da família e a inevitável jornada rumo ao final previsível.

    Desde o primeiro minuto, o “Na Sua Pele” exala clichê. A narrativa é tão batida que o público consegue prever cada passo da trama nos primeiros dez minutos. Qualquer tentativa de reviravolta se perde em diálogos rasos e atuações apáticas. O casal protagonista não possui química alguma, e as interações entre eles são mecânicas, tornando impossível torcer por esse romance forçado.

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    Repdoução

    A história ainda tenta se apoiar na tragédia familiar de Rule – a morte de seu irmão –, um elemento que poderia adicionar profundidade emocional à trama. No entanto, essa abordagem é completamente desperdiçada. O luto, a relação conturbada com a família e qualquer possibilidade de comoção são apenas citados superficialmente, sem nunca impactar o espectador. O único sentimento despertado ao longo do filme é a vergonha alheia, causada pelos diálogos vazios e pela direção sem inspiração.

    Se a intenção de Na Sua Pele era ser um romance jovem emocionante, o resultado final é um festival de cenas recicladas de outros filmes teens – mas sem o carisma, a emoção ou qualquer inovação. Tudo soa como uma tentativa barata de reproduzir sucessos do gênero, mas sem qualquer esforço genuíno para criar algo memorável.

    Com atuações que variam entre robóticas e caricatas, um roteiro desprovido de qualquer originalidade e uma direção preguiçosa, Na Sua Pele já pode ser considerado um forte candidato ao pior filme de 2025 – e ainda estamos em março. Se você quer desperdiçar 90 minutos da sua vida, ainda assim existem opções melhores. Evite.

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  • CRÍTICA | Round 6 Mantém o mesmo nível de qualidade da primeira temporada, o que é raro.

    CRÍTICA | Round 6 Mantém o mesmo nível de qualidade da primeira temporada, o que é raro.

    Round 6 não se torna paródia da primeira temporada, mesmo utilizando situações já vistas antes.

    Muitas séries quando ganham renovações dos estúdios, acabam se tornando paródias de suas temporadas anteriores. Isso pode ser visto em Game of Thrones, Lost, Prison Break e até mesmo na série brasileira 3%. Utilizando arcos e situações similares de forma tão repetitiva que se tornam maçantes de assistir. Felizmente, esse não é o caso da segunda temporada de Round 6, por pouco.

    O criador da série Hwang Dong-hyuk é o roteirista e diretor de todos os episódios e sabe bem como evoluir a série, flertando com ela mesma, mas sem se deixar levar. Logo no primeiro episódio ele nos colocar a par do que aconteceu com os personagens através de diálogos nem um pouco sutis do policial Hwang Jun-ho com um colega de trabalho e o protagonista Gi-Hun com um funcionário.

    A série mantém o humor da primeira temporada, mas dessa vez, é através desses personagens secundários que vemos essa leveza e não do protagonista. O Gi-Hun visivelmente abalado por todas as mortes que presenciou nos jogos, tem um pesar enorme. O ator, Lee Jung-jae traz não somente para o rosto, mas para o corpo (com ombros caídos e postura curvada) um Gi-Hun exausto e angustiado. Olhando para ele, nem parece o mesmo personagem vívido da primeira temporada.

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    Round 6 | Netflix

    Os episódios vão nos trazendo aos poucos de volta para aquele universo, abordando o recrutador e mostrando mais da personalidade daquele indivíduo, é através dele que o Gi-Hun entra em contato com o Front Man e consequentemente volta aos jogos. Chegando nos jogos somos apresentados a uma bela edição, mais frenética e com cortes diferentes da primeira temporada.

    Batatinha frita 1,2,3 é o único jogo que se repete com uma sensação de Deja vú, estamos no mesmo jogo, está tocando a mesma música, Fly Me To The Moon, e é o mesmo slow motion, o que diverge e nos da essa sensação, é que a música tem um ritmo diferente, a fotografia nos mostra ângulos não vistos antes e as situações não são iguais as mostradas da primeira vez, mas são similares a ponto de você reconhecer e pensar “parecido com a primeira temporada”.

    Essa sensação é perceptível ao longos da série, mesmo os jogos não se repetindo. Um bom exemplo disso é no episódio 4, em que o capítulo termina no meio do jogo, remetendo ao 4° episodio da primeira temporada, em que o jogo do cabo de guerra também tem sua conclusão no capítulo 5.

    Nessa temporada, ao final de cada jogo, os jogadores participam de uma votação para decidir se continuam os jogos ou não, essa é uma escolha excelente do criador Hwang Dong-hyuk, pois dialoga perfeitamente com a proposta da série, o ser humano banaliza sua própria vida e a vida do outro à ganho próprio. Nós somos apresentados a personagens cativantes com historia que trazem identificação ao público e entendemos o motivo de estarem alí, mas, também vemos o momento em que muitos deles abandonam a humanidade que tem para continuar os jogos.

    Somos mostrados que mesmo com a escolha de irem embora com dinheiro, a ganância por mais, na maioria dos personagens vai prevalecer, mesmo que muito precisem morrer para isso. Ao assistir, muitos falam: eu jamais faria isso. Mas será que não? Desesperado, devendo, com fome. Através dos personagens, a série nos faz refletir sobre até onde nós iríamos se estivéssemos na mesma situação financeira que eles.

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    Round 6 | Netflix

    O líder disfarçado entre eles, tal como um lobo em pele de cordeiro, tem uma atuação tão convincente do Lee Byung-hun, que em certos momentos você esquece que ele que está comandando tudo aquilo. Reforçando fatos da vida do personagem que foram apresentados antes por sua mãe e irmão adotivos, descobrimos o seu motivo para sumir e entrar nos jogos, mesmo que pouco, mas temos um vislumbre de humanidade ao sermos contextualizados de sua vida.

    A segunda temporada sabe criar terreno para a terceira que chega dia 27 de Junho desse ano. Ela nos introduz sem pressa à vida dos personagens dentro dos jogos, nos faz refletir sobre suas escolhas e leva o espectador pelo braço até a rebelião no episodio final em uma cena de ação longa, mas não cansativa.

    Os novos episódios expandem a criatividade no texto, nos jogos, nas atuações, nos efeitos, na fotografia e na bela montagem dos episódios. Seu diferencial da primeira temporada é a originalidade, a primeira nos pega desprevenido e nos arremata de forma única, justamente porquê nunca vimos nada igual. A segunda cumpre seu papel em multiplicar e ficar à altura daquilo que já nos foi apresentado e deixar um gancho para uma conclusão satisfatória, que virá em breve, creio eu.

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  • CRÍTICA | O Brutalista não esconde a fragilidade do sonho americano

    CRÍTICA | O Brutalista não esconde a fragilidade do sonho americano

    Dirigido por Brady Corbet, O Brutalista não é sutil em sua crítica à ideologia estadounidense

    É tendência em algumas produções que apresentam tom político/crítico social, a finalização da produção com uma música irônica. Um exemplo é Vice (2019, Adam McKay), uma produção que discute os impactos que Dick Cheney, vice-presidente de George Bush, ocasionou nos EUA e no mundo, e que encerra com America (1957, Stephen Sondheim).

    Presente no musical West Side Story , a música é cantada por personagens Porto-Riquenhos, e, de modo irônico, critica a crença no modelo de vida norte-americano e seu trato para com os imigrantes. A música continua política e atual até os dias de hoje, principalmente após a reeleição de Donald Trump, mesmo com seu tom animado e festivo que permite uma interpretação satírica, o que caiu como uma luva nas mãos de McKay.

    De uma maneira semelhante, O Brutalista é um filme que também destrói o ideal norte-americano, de maneira ainda mais visceral do que Vice, por conta do fato de desta vez o nosso eu-lírico ser um imigrante. Semelhante ao filme de McKay, a música dos créditos de O Brutalista encapsula, de modo satírico, todas as críticas presentes no filme: One for You, One for Me (1978, La Bionda).

    Enquanto a música da década de 70 discute um ideal de companheirismo digno de comerciais de margarina, O Brutalista demonstra quão forte é esta crença em imigrantes que chegavam nos EUA buscando novas oportunidades, sonhos e um modo de se destacar no mundo.

    Logo em uma das primeiras cenas da ópera cinematográfica que é O Brutalista, somos apresentados a um navio cheio de imigrantes que chegam esperançosos nos EUA, acreditando que é a famosa terra bíblica que emana leite e mel, sempre com oportunidades novas e aberto à todos. Ao enxergarmos, logo na primeira cena do filme, a estátua da liberdade, um dos maiores símbolos do liberalismo norte-americano, filmada de ponta cabeça, já entendemos a subversão desta ideia de prosperidade, ditando o tom que o filme seguirá durante toda sua duração.

    O Brutalista

    Adrien Brody e Guy Pearce em cena de O Brutalista-Universal

    O Brutalista conta a história de László Tóth, Adrien Brody em um papel muito semelhante àquele que o premiu com o prêmio de melhor ator em O Pianista (2002, Roman Polanksi), um arquiteto que fugiu da Europa pós-segunda guerra e foi para a América com o objetivo de construir uma nova vida, porém, para alcançar seu sonho, ele acaba fazendo o pacto com um metafórico diabo.

    Tóth apresenta o sonho de deixar sua marca, de ser lembrado pela eternidade, assim, para alcançar seu objetivo, faz um acordo com Harrison Lee Van Buren, Guy Pearce em um dos melhores papéis de sua carreira, um milionário que o contrata para projetar um grande e ousado prédio.

    Tóth percebe que esta é a oportunidade de sua vida, assim, assume a ousada tarefa, sem perceber alguns nítidos sinais que ele é somente um “escravo egípicio”, trabalhando para estes faraós que almejam alcançar os céus.

    O filme é longo para a média, apresentando 3 horas e 35 minutos, porém, ele não perde ritmo, inclusive acelerando em seu final após uma interação desagradável entre Harrison e Tóth, que dita o resto da produção como um todo.

    Em quesito de narrativa clássica, podemos considerar que a jornada de Tóth se iniciou no positivo, acreditando que os EUA serão sua esperança de vida, porém, ao longo desta busca, sua jornada altera muitas vezes entre positivo e negativo, algo comum em grande parte dos heróis trágicos como Aquiles e Ulisses, e algo que Brady Corbet não esconde em nenhum momento.

    O Brutalista apresenta um prólogo, dois longos atos e um pequeno epílogo que finaliza com chave de ouro, assim, a produção pode facilmente ser enxergada como uma tragédia épica, em que um personagem luta contra todas as desavenças para se destacar, sempre para ser rebaixado e provado, vez atrás de vez, que ele não é bem vindo ali, a triste história de muitos imigrantes que vão para os EUA, até os dias de hoje.

    Em certo momento, o jovem e mimado Harry Lee, diz a frase que resume toda a luta social presente na produção: “Nós toleramos vocês”.

    Em O Brutalista não existe igualdade entre Tóth e Harrison, quando sua esposa chega da Europa junto com a sobrinha, elas também não são iguais, existirá sempre uma sombra que os impede de ser algo mais.

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    Cena de O Brutalista-Universal Pictures

    A jornada do herói trágico apresenta poucos descansos ao longo da produção, somos constantemente lembrados, antes mesmo de László cair na real, que este sonho americano de igualdade e destaque, é falso e utópico.

    O Brutalista apresenta uma fotografia espetacular, uma trilha sonora mestra que merece o Oscar, atuações primorosas de Adrien Brody, Felicity Jones e Guy Pearce, e uma reflexão necessária e nem um pouco sutil sobre a força que um sonho falho ainda apresenta na vida de muitas pessoas que tentam diariamente esta terra de leite e mel, para somente encontrar podridão e uma sociedade que a rejeita.

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  • CRÍTICA | Mickey 17 é uma ÓTIMA ficção científica com reflexões importantes pros tempos atuais

    CRÍTICA | Mickey 17 é uma ÓTIMA ficção científica com reflexões importantes pros tempos atuais

    Mickey 17 adapta um livro de uma forma mais simples e direta, talvez perdendo a oportunidade de explorar alguns caminhos, mas ainda cumprindo o que promete.

    Mickey 17 é um filme que ganhou a atenção rapidamente por ser dirigido pelo ganhador do Oscar de Melhor Direção por “Parasita (2019)”, Bong Joon-Ho, e pelo seu protagonista ser interpretado por Robert Pattinson, que desde a franquia Crepúsculo tem sabiamente escolhido seus próximos projetos. E a história já seria interessante por si só, já que em um futuro não tão distante, Mickey é considerado um ser “descartável” que cumpre missões para um colonizador e toda vez que morre, é trazido de volta em um novo corpo. Contudo, em uma certa expedição, acabou sobrevivendo, só que demorou tanto pra retornar na sua base que ao chegar… encontrou o Mickey 18.

    Algo bem interessante que dá pra falar sobre o filme de cara é sobre o seu humor, pois não se engane, mesmo que seja uma ficção científica que se passe em outro planeta, tenha alienígenas e debates políticos muito bem vindos para a atualidade, o gênero do filme é comédia. Não aquela comédia pastelona, de fazer a sala toda dar risada a cada minuto, mas aquela comédia ácida, estranha, que causa vergonha e muita curiosidade. Há um modo dos personagens reagirem e falarem, das câmeras irem se direcionando lentamente para uma situação ou da narração por cima do protagonista, que desperta caricatura e um ar de aventura distópica para o espectador.

    A presença da direção de câmera nesse aspecto é fundamental, porque o modo que a obra procura desenrolar, lembrando filmes juvenis e comédias românticas, onde a câmera foca em olhares apaixonados, momentos clichês, tal como um aspecto rápido de movimento em cenas catárticas, seja pro humor ou pra algo tenso, levam a obra nunca passar uma seriedade que talvez sua fotografia propagasse, com cores sem vida. No entanto, de acordo com os acontecimentos do filme, tendo em vista o final, essa ideia soa proposital pelo quanto Mickey 17 fica mais brilhante em seu final.

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    Mickey 17 | Warner Bros Pictures

    Isso não significa que qualquer pessoa vai ver o longa-metragem tranquilamente, pois ao se tratar de uma ficção, existe muita criatividade por parte de seres, evoluções, palavras e ideias que podem distanciar aqueles que gostam de algo mais pé no chão como um Blade Runner da vida. Ainda que tudo seja bem didático e explicado, por não haver tempo suficiente de tela para se apegar aos personagens ou de criar um final realmente climático, a obra deve decepcionar aqueles que aguardam algo comum.

    A jornada desse clone que encontra outro clone facilmente não pode ser considerada comum e isso é muito positivo. Diversos temas passam pela obra, falando sobre a importância da vida, o medo de morrer, a forma de enxergar um ser desconhecido, o colonialismo e a curiosidade inocente pelo novo, do qual alguns buscaram tirar vantagem e outro irão procurar se desenvolver. Como se não bastasse, sendo um universo totalmente novo, com diversas possibilidades, alguns acontecimentos na trama ao todo acabam por soarem vazias, sem muito fundamento, seja uma mulher perdendo o amor e rapidamente querendo outro ou os sonhos sombrios que são pontuados apenas ao final.

    Isso acabar por atrapalhar o filme que pareceu entregar muita informação, muitas narrativas para serem exploradas, mas não conseguiu ter tempo de fazer isso como um livro normalmente consegue entregar essa possibilidade. Seu ato final, entretanto, soa muito corajoso, fugindo da clássica guerra entre mundos que “Avatar (2009)”, por exemplo, o faz e trazendo uma mensagem mais positiva, simples, de como se resolver os problemas quando são mentes inteligentes ou modestas interagindo. A dificuldade para se resolver o problema não soou tão complicada quanto poderia, o que atrapalha no quesito de causar mais emoções em quem assiste ou de levar a se questionar o motivo para não enfrentaram o problema antes.

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    Mickey 17 | Warner Bros Pictures

    As atuações estão fabulosas. Robert Pattinson consegue em suas duas versões apresentar trejeitos e mudanças vocais que realmente levam a quem assiste enxergar duas pessoas diferentes, além de apresentar muita fluidez para a comédia, principalmente por parte da sua fisicalidade. Enquanto isso, Mark Ruffalo rouba a cena como um líder estúpido e preconceituoso que consegue emanar um pouquinho de cada figura pública com dinheiro que se encontra em qualquer época, conseguindo ser engraçado pelo modo com a qual claramente está zombando de tais figuras, da mesma forma que imprime o senso de perigo que uma pessoa como essa pode vir a passar quando deixam ela fazer o que quiser.

    Com isso, Mickey 17 diverte àqueles que estiverem dispostos a acompanhar uma aventura descompromissada que traz um universo criativo, boas atuações, um belo trabalho de composição para o universo, tanto nas roupas quanto nos efeitos visuais, e uma bela mensagem de como o mundo deveria agir, com menos preocupação na etnia divergente, e mais atenção para uma paz acolhedora. Pode ser que não desperte muitas emoções, mas facilmente deixa aquele gostinho de querer ficar mais um tempinho com aqueles personagens.

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