Missão impossível: O Acerto Final pode soar corrido e mentiroso, mas entrega boa parte do que torna esse mundo tão eletrizante e finaliza do jeito que deveria.
Pelo que pude notar no site, não existem críticas sobre a franquia protagonizada por Tom Cruise, então gostaria de pontuar como ela conseguiu se renovar por tanto tempo, proporcionando pelo menos uma cena que tirava o fôlego por filme e uma evolução narrativa de nunca soar repetitivo, ainda que houvesse toda vez a frase ”sua missão, caso decida aceitar”. Só que vamos adimitir, isso era um charme e tanto da saga, tal como a música principal que nunca deixou de animar quem estivesse ouvindo.
Sendo assim, chegando em seu sétimo filme, o diretor das últimas produções (”Nação Secreta” e ”Fallout”), Christopher McQuarrie, anunciou que haveria uma história dividida em partes que ofereceria dois longa-metragens (”Acerto de Contas” e ”O Acerto Final”) com a chance de dar um fim para toda essa jornada de Ethan Hunt, na qual a parte 1 abordou mais o sacrifício de entrar na IMF e trouxe de volta um rosto conhecido, indicando que pontas soltas de uma origem não vista retornariam para assombrar o protagonista.
Missão Impossível: O Acerto Final marca sua estreia como não só a parte 2, que vai concluir toda a trama envolvendo uma inteligência artificial chamada Entidade, tendo como objetivo o controle total das potências mundiais para fazer o que acha melhor com a humanidade, mas também como a provável conclusão da franquia, fazendo algumas homenagens para tudo que essa saga entregou aos fãs e dando um toque definitivo sobre o que cada agente da Força Missão Impossível representa.

Missão Impossível: O Acerto Final | Paramount Pictures
As referências aos filmes anteriores, ainda que agradáveis e nostálgicas, também passam do ponto a medida que se repetem pela duração, parecendo mais querer dar uma piscada ao fã do que realmente apresentar necessidade para a narrativa, funcionando quando relembra os acontecimentos do longa que antecede a este e ao trazer um objeto não visto há muito tempo de volta ao jogo. Mesmo soando um pouco aleatório.
O objetivo da história como um todo também acaba por se perder nas próprias ideias, querendo explicar demais tudo que tá acontecendo com uma montagem frenética, que mesmo com o propósito de desenhar para o espectador, acaba deixando mais confuso do que deveria, jogando uma informação atrás da outra que, após se soltar do primeiro ato, esclarece não ser uma missão tão complexa quanto dava a entender.
Missão Impossível: O Acerto Final demonstra ter noção de onde quer chegar, mas acaba por ignorar o limite de suas capacidades e entregar o impossível, de uma forma que deixe muito claro como o vilão da vez dificilmente seria vencido na vida real. Porém, estamos falando de um filme de ação e aventura, então a suspensão da descrença pode surgir daí, e o filme auxilia para que não vire um problema.

Missão Impossível: O Acerto Final | Paramount Pictures
O nome da salvação é Tom Cruise. Pensa num ator que entrega, que dá tudo de si, para fazer o seu público acreditar no que está vendo em tela. É possível sentir o esforço do ator, e do personagem também, em entregar o que for preciso pra lidar com a sua missão, dando o tom dramático certo para que consigamos sentir seu pesar com o andamento da narrativa e uma agilidade em combate impressionante para um homem que está na casa dos 60 anos, executando todas as cenas malucas que o roteiro exige, como se pendurar num avião e abrir um paraquedas em chamas (cena que o intérprete realizou 16 vezes).
Obviamente, a condução da direção exerce uma função essencial para que cada cena passe a ansiedade e a adrenalina necessária de modo que o contemplador possa imergir e temer pela forma que o herói vai escapar da situação em que se colocou. Entregando duas cenas que valem a experiência no cinema e se consagram entre as melhores da franquia. A do submarino, que traz um suspense avassalador, e aquela dos aviões, remetendo aos combates aventurescos vistos na franquia do Indiana Jones.
Missão Impossível: O Acerto Final é a prova viva de como uma franquia pode perdurar com tamanha qualidade, entregando uma sensação que não será possível sentir em casa e um filme de ação que pode ir além da parte mirabolante ao refletir sobre o ser humano nos tempos atuais. O impossível não é uma palavra que podemos permitir que defina nossas ações, principalmente quando parte de uma consequência dos nossos atos. Se fomos capazes de criar algo perigoso, somos capazes de impedir que esse produto nos elimine.
A mensagem do final, mesmo que soe sentimental demais para uma saga que nunca deu tanta atenção para isso, acaba tornando pertinente a reflexão sobre o protagonista, tudo que ele fez, tendo mais sua credibilidade sendo questionada do que o contrário, e ainda assim, se mantendo firme com seus ideais sobre o bem que a humanidade merece. Servindo de inspiração para ver como toda vida importa e como as escolhas que te definem são àquelas que toma depois dos erros que cometeu.