CRÍTICA I “A Vida de Chuck” entrega reflexão, mas não encanta plenamente

A Vida de Chuck

A Vida de Chuck” é um filme sólido e emocionalmente envolvente, porém não atinge o status de obra-prima. Apesar da vitória em Toronto, o longa demorou a conseguir distribuição, até que a Neon garantiu sua chegada ao público, reunindo um elenco de peso — Tom Hiddleston (“Os Vingadores”), Chiwetel Ejiofor (“12 Anos de Escravidão”), Karen Gillan (“Guardiões da Galáxia”) e Mark Hamill (“Star Wars”) — e capturando a atenção imediata dos espectadores. A narrativa híbrida, que mistura drama existencial, fantasia e elementos de realismo mágico, cria uma experiência interessante, ainda que irregular em certos momentos.

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A Vida de Chuck I Neon

Na trama, acompanhamos a vida de Charles Krantz (Benjamin Pajak/Jacob Tremblay/Hiddleston) em três capítulos distintos, oferecendo uma reflexão sobre a passagem do tempo e a compreensão da própria existência.

Dirigido e escrito por Mike Flanagan (“A Maldição da Residência Hill”), o longa adapta a obra homônima de Stephen King (“Carrie, a Estranha”) e apresenta uma narrativa não-linear que instiga a reflexão. O primeiro ato já se destaca pela tensão e pelo realismo mágico, ambientado em um apocalipse misterioso que mistura resignação e elementos de terror macabro, prendendo rapidamente a atenção do espectador.

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A Vida de Chuck I Neon

Porém, à medida que a história avança, a tensão inicial cede lugar a uma narração em off e a um protagonista ativo em cenários devastados, o que reduz um pouco o impacto da jornada. A trajetória invertida é ousada, mas carece da ambiguidade necessária para reforçar plenamente o realismo mágico.

Nas atuações, destaque para Hiddleston, que conduz o segundo ato com competência, especialmente em uma sequência de dança memorável. E para o retorno de Mark Hamill e Mia Sara (“Curtindo a Vida Adoidado”), adicionando um toque nostálgico, com maior destaque para o primeiro, que entrega uma atuação sólida e convincente.

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A Vida de Chuck I Neon

Tecnicamente, Flanagan demonstra controle seguro da direção, a trilha sonora, composta pelos Irmãos Newton (“Doutor Sono”), acrescenta ao clima confortável do filme, e o design de produção, de Steve Arnold (“House of Cards”), cria momentos memoráveis sem depender excessivamente do texto, privilegiando ações e ambientes específicos.

No fim, “A Vida de Chuck” não é inesquecível, mas oferece uma experiência reflexiva e emocionalmente satisfatória. Entre as adaptações de Stephen King, ao menos não se trata de uma tragédia, o que já é uma vitória. Um filme que equilibra drama, fantasia e contemplação, oferecendo uma boa opção de “confort movie” para quem busca reflexão sem exageros.

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