Em pouco tempo de duração, A Lenda de Ochi relembra a essência da animação Como Treinar o Seu Dragão. Isso se mantém até o fim.
Quando a obra inicia, ela apresenta um grupo de crianças lideradas por um homem que caça uma espécie antiga que se encontra em uma área restrita da floresta. Certo dia, a protagonista descobre que uma armadilha da sua equipe capturou um filhote destes seres “maquiavélicos”, contudo, ao ver os olhos assustados de um animal indefeso, a garota apenas o solta e, com o tempo, tenta entender mais quem ele é.
O que desenrola a partir disso é um laço que converge duas espécies distintas, tentando entender o que as leva a terem nascido antagônicas, quando não passam de crianças formadas em um ambiente de guerra sendo ensinadas a ver o diferente como algo ruim. A criança percebe que precisa proteger esse bebê até que esteja de volta para sua família, o problema é que seu pai não pode saber do que está acontecendo.

A Lenda de Ochi | Paris Filmes
Caso tenha sentido que já viu essa história antes, você não está errado. A relação da criança com o monstro pode ser comparada tanto ao “E.T. – O Extraterrestre” quanto ao “Como Treinar o Seu Dragão“, seja pela energia oitentista que a obra desperta com tamanha delicadeza com a qual trata a relação dos protagonistas ou pela mensagem principal de que a compaixão é uma ótima forma de reconhecer as similaridades com aquele que soa tão anormal a primeira vista.
A figura animalesca de A Lenda de Ochi é claramente uma nova forma de ganhar dinheiro vendendo boneco, o que de modo algum está errado, mas com os olhos gigantes, o tamanho pequeno e a linguagem incompreensível. Duro é a missão de não se entregar a fofura de alguém tão parecido com o Baby Yoda de The Mandalorian. E faço essa comparação, principalmente porque em termos visuais, ambos soam mais um boneco de mão do que um efeito puramente realizado no computador.

A Lenda de Ochi | Paris Filmes
A ambientação do longa-metragem se conserva para poucos locais, nada que soe muito distante um do outro, tal qual o núcleo de personagens não foge das famílias que a dupla protagonista fazem parte, o que dá esse viés de filme independente, mas que também o auxilia a escapar de uma longa duração ou tramas adicionadas que poderiam inflar a jornada, deixando a experiência cansativa ou mais do mesmo.
Felizmente, ainda que não conquiste o espectador, o elenco carismático, a trilha agradável e a belíssima direção de arte proporcionam uma experiência confortável que mesmo tendo uma personalidade forte, traz uma bela mensagem para todas as idades sobre aprender com os erros e buscar melhorar ao invés de apenas repeti-los, levando as novas gerações a não prosseguirem com algo que está errado.
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