CRÍTICA | Andor relembra sobre o que STAR WARS sempre foi em sua 2º Temporada

Além de mudar completamente a forma como as pessoas vão ver o filme que dá final a essa história, Andor mostra o potencial que pode ser alcançado dentro de um universo tão judiado pelos executivos.

Além de mudar completamente a forma como as pessoas vão ver o filme que dá final a essa história, Andor mostra o potencial que pode ser alcançado dentro de um universo tão judiado pelos executivos.

Andor (Diego Luna) se uniu à causa rebelde após sua jornada na primeira temporada, onde depois de tanta reluta, acabou por aceitar o caminho que estava destinado a seguir. E aqui, lida não só com as consequências do que fez, como com outros grupos que querem ajudar, mas podem acabar atrapalhando os planos.

Com diversos personagens já estando onde deveriam, a nova temporada se preocupa em juntar cada peça necessária, de três em três episódios, no qual um ano se passa por arco, até que enfim se conecte com o filme que dá fim à jornada de Cassian, ”Rogue One: Uma História Star Wars”. Sabendo exatamente quando dar atenção para um e proporcionar um momento relevante para tal.

O curioso de Andor é que mesmo já existindo um filme que conclui toda a trama, muitos dos personagens do seriado não estão lá, o que ajuda na expectativa para com que desfecho cada um vai receber. E mesmo aqueles que sabemos, conseguem passar por situações que deixam o espectador aflito, seja pela bela preparação com a relevância daquele acontecimento quanto pela dificuldade proposta que indica um perigo mortal.

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Andor | Disney Plus

Curiosamente, ainda que distantes um do outro, cada arco da temporada passa um clima e uma situação divergente, sendo desenrolados com um tempo preciso para o que necessitam e dando um final que consegue satisfazer qualquer espectador de acordo com toda a situação que foi trabalhada.

O primeiro arco da segunda temporada de Andor pode ser considerado o mais morno, vide o protagonista passar boa parte deste preso em uma situação que não deixa muito claro para o que veio, mas que ao pensar na temporada como um todo, conversa com a situação que o Império instaura na galáxia e com a forma que o povo se perde em meio ao perigo de falhar. E nosso protagonista em si, não pode falhar.

Desde seu acordo com Luthen (Stellan Skarsgard), temos ampla noção do perigo que corre agora e do quão fundamental cada ação sua pode ser, incluindo deixar claro para uma infiltrada que o medo da morte é a base para fortalecer uma luta que acaba sendo de cada um que participa minimamente. Então, cada efeito, ainda que pequeno, será relevante para uma atitude fundamental como a que a Bix (Adria Arjona) tem ou essa mesma de Cassian levará ao surgimento da base rebelde em Yavin.

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Andor | Disney Plus

O grande charme por trás dessa série se trás pelo quão cinza cada mísero figurante consegue ser, indo daquele recepcionista do hotel, em Ghorman, para a Kleya (Elizabeth Dulau), que ganha mais relevância conforme a situação saia do controle e a mesma acabe recebendo um episódio solo que a consagra entre as melhores partes da produção como um todo. Mas essa qualidade vai além.

Andor não é um herói, não é aquele líder com frases motivacionais, que sabe o que necessita fazer e que vai ser tranquilo com possíveis problemas para o que precisa fazer. Syril (Kyle Soller) não é um antagonista dentro do Império, é um homem manipulado que pensava ser correto acreditar no governo. Mon Mothma (Genevieve O’Reilly) precisa abdicar da vida boa, deixar pessoas próximas terem fins repulsivos para que a vitória da Aliança fique cada vez mais próxima.

O que cada um desses personagens passa para chegar onde precisa e o modo como o roteiro cutuca cada vez mais a realidade, manifestando a forma como a manipulação midiática tende a ocorrer, afetando os mais beneficiários socialmente, como um genocídio acontece sem controle e como o maior medo daqueles que estão no poder é que o conhecedor da verdade consiga abrir a sua boca. Tudo isso é abordado com dureza e maestria.

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Andor | Disney Plus

O terceiro arco de Andor, especificamente os episódios “Who Are You?” e “Welcome to the Rebellion”, se mostra o auge da produção, colocando-a entre as melhores séries dos últimos anos, ao trazer um ato de crueldade que foi bem organizado, afetando até quem fazia parte do lado errado, e um ato de rebeldia, um discurso não preparado, que depois de exposto necessita de proteção para brilhar ainda mais quando viajar pela galáxia.

O final do programa, por sua vez, decide ser mais introspectivo, fechando as pontas soltas, esclarecendo onde cada personagem está e como o futuro é glorioso mesmo que a conclusão não seja vista aqui (prosseguindo para Rogue One e Uma Nova Esperança), pois as missões tiveram resultado e cada um está onde deveria, como tem de ser.

A parte técnica das produções de StarWars sempre são mais complicadas de achar um defeito, mas o nível daqui é mais alto. Em roteiro, é superior a qualquer obra da franquia. Em fotografia, há uma forte noção da mensagem que continua mesmo no silêncio, com planos mais abertos para dar a dimensão do quão pequenos se sentem com a opressão do Império e planos mais fechados na janela para dar um vislumbre do futuro, da esperança.

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Andor | Disney Plus

A trilha sonora de Brandon Roberts evolui o trabalho brilhante que havia sido realizado na temporada antecessora, por Nicholas Britell, evocando batidas frenéticas para causar ansiedade, implementando um belo drama em momentos bons ou ruins, além de variar com músicas eletrônicas, músicas com instrumentos que dão um aspecto rural e músicas cantadas, até em coro, para marcar a luta do povo de Ghorman. Sempre de arrepiar.

Andor é um lembrete sobre o que não podemos deixar acontecer, uma declaração em prol do senso de justiça que existe em cada um de nós e uma prova de que a guerra, antes de ir para as estrelas, começa embaixo, no solo, com pequenas atitudes que acendem a chama da busca por um amanhã melhor.

Ainda que alguns relutem, a decisiva escolha entre abaixar a cabeça ou sacrificar o que ama, em prol de derrubar àqueles que pisam sem piedade, é aquela que te define pro resto da vida. Andor mostra o luto que vem com isso, mas também o regozijo de compreender que gerações futuras estarão melhores graças ao que fez.

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