CRÍTICA | Como Treinar o Seu Dragão conseguiu se equiparar ao desenho

Como Treinar o Seu Dragão é o melhor live-action que vai encontrar, transmitindo a mesma sensação do original. 

Como Treinar o Seu Dragão é o melhor live-action que vai encontrar, transmitindo a mesma sensação do original. 

O filme tinha a difícil tarefa de adaptar em live-action certa animação que conquistou uma legião de fãs, inclusive este que vos fala, um desenho que mesmo adaptando um livro de mesmo nome, se distanciava bastante da história como um todo, proporcionando uma mensagem de respeito, mudança, compaixão e adaptação. E felizmente, a adaptação com intérpretes físicos não se esqueceu da parte mais relevante… o coração da obra.

Caso não saiba, a história acompanha um jovem Soluço (Mason Thames) que é filho de Stoico (Gerard Butler), o líder viking de seu povo, e inesperadamente captura um dragão, um Fúria da Noite, uma espécie que jamais foi pega. Contudo, o garoto não consegue matá-lo e acaba fazendo uma amizade, criando um laço com o ser que receberá o nome de Banguela. Agora, ele precisa convencer o seu povo a deixar de lado uma guerra que persiste por séculos.

Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

Já de cara é importante ressaltar a criatividade de Como Treinar o Seu Dragão, que quase não existe, já que ao adaptar o desenho de 2010, praticamente copia e cola os diálogos, os planos de câmera e a condunção da narrativa. As qualidades de ser leve, dinâmico ou divertido devem pairar mais sobre quem o fez do zero, do que quem só seguiu a fórmula para o sucesso. Aqui, poucas são as inserções de algo que não foi visto, seja um aprofundamento na relação de Soluço e Astrid (Nico Parker) ou uma participação maior de Melequento (Gabriel Howell) que se tirasse, não faria diferença.

Dito isso, a qualidade dos efeitos visuais é de se tirar o chapéu, não deixando cartunesco ao trazer os dragões com olhos de gato e nem realista demais a ponto de perder a magia que se via na obra original. Eles tem camadas, possuem uma pele que soa palpável, apresentam personalidade própria por cada espécie e entregam por bastante tempo o que séries como ”House of the Dragon” parecem não conseguir. Cenas de vôo magnéticas, compreensíveis, enxergáveis e tão fluídas que deixam aquele desejo de querer mais.

O diretor Dean DeBlois e o compositor da trilha sonora John Powell retornam para o trabalho que um dia fizeram, entregando sabiamente o que o fã vai querer ver e ouvir, tal qual o que um espectador calouro poderia querer. Aquele sentimento de aventura, de magia, de um entretenimento feito com cuidado e que busca falar sobre algo. A direção tem noção do tom que precisa dar ao projeto e a música consegue tocar lá no fundo, a ponto de comover os mais nostálgicos.

Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

Como Treinar o Seu Dragão | Universal Pictures

Os intérpretes de Soluço e Astrid caem como uma luva, entendendo a personalidade e os trejeitos de seus personagens. Como alguém que estava bem receoso sobre a escolha de ambos, é com muito prazer que dou a notícia de que entregam um ótimo trabalho, com sintonia nas interações e agilidade nas ações. No entanto, a escolha perfeita recai sobre Gerard Butler como Stoico, que já tendo dublado o viking na trilogia da Dreamworks, incorpora o jeito bruto, mas incrementa com carinho no olhar, dando medo pelo tamanho que tem, mas também confiança pelo jeito que trata a todos, nunca soando um clássico vilão para o garoto com seu dragão. Transmitindo camadas que nas animações se desdobraram apenas nas continuações.

Um ponto que deve ser ressaltado é o ganho de uma experiência mais imersiva por ser live-action, já que em filmes animados nos acostumamos com a falta de verossimilhança em feridas que os personagens podem sofrer, e com atores, a sensação de perigo fica maior, seja no machucado que Soluço pode arranjar treinando com o Banguela ou no embate final devido a um Dragão enorme que destrói com poucos movimentos. Sendo assim, cada cena com os seres alados trazem mais angústia e temor do que na versão animada.

Como Treinar o Seu Dragão acaba portanto recuperando a alma de seu projeto original, não soando nada inovador, mas transmitindo a mesma sensação. Ainda que tenham cenas cômicas com uma falta de tato por se prolongarem além da cota, a obra entrega um visual que vale a assistida numa tela grande e a condução permite que o tempo passado nem seja notado.

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