GOAT é o segundo longa de Justin Tipping, produzido por Jordan Peele (diretor de Corra!). A trama acompanha Cameron Cade (Tyriq Withers), jovem jogador de futebol americano que idolatra Isaiah White (Marlon Wayans). O filme mergulha no processo de treinamento intenso, nos desafios inesperados e nos sacrifícios que Cade precisa enfrentar sob a influência de White.
Na superfície, GOAT parece contar uma história comum: um atleta que precisa superar obstáculos para alcançar seus objetivos. Porém, Tipping transforma esse enredo tradicional em algo muito mais sombrio.
O diretor usa o esporte apenas como pano de fundo para discutir o preço psicológico e físico de quem busca o topo. A frase “Você não precisa morrer, você precisa sobreviver à morte de quem você foi um dia” resume bem a proposta: mostrar o quanto é necessário se despir da própria identidade para atingir o sucesso.
Esse tom mais denso ganha força na atuação de Marlon Wayans, que entrega o desempenho mais intenso da carreira. Conhecido por papéis cômicos em As Branquelas e Todo Mundo em Pânico, aqui o ator surpreende pela dramaticidade e entrega total, algo que pode abrir novas portas em sua trajetória.

Marlon Wayans e Tyriq Withers formam a dupla principal da história em GOAT – Divulgação Universal Pictures
A condução do filme não é feita para agradar a todos. GOAT tem gosto amargo, tanto pelo tema quanto pela maneira como é contado. Há cenas de dor, humilhação e exagero, que escancaram sem pudor a crítica de Tipping.
Essa abordagem pode afastar parte do público, mas dá força ao impacto da obra. A primeira metade funciona como uma introdução dinâmica, embora nem sempre prenda a atenção de todos. Já a segunda metade é onde a história atinge seu ápice, com tensão crescente e maior envolvimento emocional.
Mesmo sem dirigir, Jordan Peele deixa sua marca. Sua visão criativa aparece na atmosfera incômoda e na crítica social que atravessa a narrativa, algo que já se tornou característica de seus trabalhos. Esse elemento era uma das maiores curiosidades em torno do filme, e, felizmente, não decepciona.
Quando falamos de roteiro, GOAT fica em uma posição intermediária. Não chega ao nível de destaque de outras produções de 2025, mas se diferencia pela forma como escolhe contar sua história.
O maior mérito está em fugir dos clichês do gênero esportivo. Ao invés de focar na superação dentro de campo, o filme mostra o lado raramente explorado: o peso do sacrifício, as consequências emocionais e o impacto sobre quem está ao redor do atleta.

Tyriq Withers interpreta o protagonista de GOAT, Cameron Cade- Divulgação Universal Pictures
Quando falamos de roteiro, GOAT fica em uma posição intermediária. Não chega ao nível de destaque de outras produções de 2025, mas se diferencia pela forma como escolhe contar sua história.
O maior mérito está em fugir dos clichês do gênero esportivo. Ao invés de focar na superação dentro de campo, o filme mostra o lado raramente explorado: o peso do sacrifício, as consequências emocionais e o impacto sobre quem está ao redor do atleta.
As perguntas que ficam são diretas e incômodas: até onde você estaria disposto a ir para ser o melhor? O que se perde nesse processo? Qual é o custo real da glória? GOAT não oferece respostas fáceis, mas expõe o dilema de forma crua e marcante.

Esse foi o segundo filme dirigido por Justin Tipping – Divulgação Universal Pictures
No fim, pode não ser um filme para todos, pode não conquistar prêmios ou ter reconhecimento imediato. Ainda assim, dificilmente passará despercebido. É o tipo de obra que pode ganhar força com o tempo, seja por revisitas ou pelo amadurecimento de sua mensagem.
O saldo é positivo. Com atuações sólidas, uma abordagem ousada e uma reflexão poderosa sobre o preço do sucesso, GOAT faz seu nome. Talvez divida opiniões, mas certamente será lembrado — seja pela coragem de contar essa história ou pelo incômodo que deixa no espectador.
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