CRÍTICA | Deu Match: A Rainha dos Apps de Namoro surpreende em uma fórmula que já está ficando batida

Deu match

Em Deu Match: A Rainha dos Apps de Namoro, novo filme da 20th Century Studios no Disney+ é estrelado por Lily James, que normalmente entrega boas atuações, como na minissérie Pam e Tommy, interpretando Pamela Anderson durante a juventude, nos entregando uma personagem onde ela quase some em função do seu papel de Whitney Wolfe Herd em Deu Match.

Muito se fala do desgaste de certas fórmulas e de determinados gêneros do cinema, mas pouco se fala do desgaste dessa estrutura narrativa do filme biográfico, que geralmente o lado com mais recursos conta a sua versão da história. 

A obra nos conta a história cheia de percalços da empresária norte americana e não foge da estrutura de filmes de empreendedorismo, com um começo sofrido com poucos recursos financeiros, até que eventualmente o(a) personagem principal tem uma ideia genial.

Deu Match acaba realmente surpreendendo na força e perspicácia de sua protagonista, que em muitos momentos, mostra que ser uma mulher em ambientes muito masculinos pode ser intimidador. 

Porém o filme nos demonstra que na maioria dos casos mesmo se impondo isso não será suficiente, principalmente em empresas que dizem ter políticas igualitárias, entretanto não as aplica na prática. 

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Deu match | Disney+

Algo bem interessante é feito durante toda a obra, que é não santificar sua protagonista como foi realizado no premiado Bohemian Rhapsody. 

A obra nos mostra a personagem de Lily James cometendo erros de julgamento, sendo conivente com situações problemáticas, enquanto busca sua própria ascensão. Whitney Wolfe é confrontada com esses problemas do mundo corporativo, e acaba assumindo que fazia parte do problema por fazer vista grossa. 

O antagonista serve como a perfeita demonstração de como é a entrada de uma pessoa abusiva na vida de alguém, surgindo do nada e se torna bem dominante e manipulador com o tempo. 

Isso é retratado de maneira bem interessante na obra onde torna a respiração do vilão (seu chefe) cada vez mais alta e inconveniente, conforme a relação dos dois vai piorando.  

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Deu match | Disney +

O longa retrata com muita seriedade a denúncia do abuso, a situação terrível da vítima, o descaso das figuras de autoridade com a gravidade da situação, a banalização das outras pessoas e principalmente a repercussão nas redes sociais. 

No segundo ato temos  Whitney Wolfe extremamente abalada, após sua demissão da empresa Tinder, uma consequência da sua decisão de não aceitar o assédio que vinha sofrendo. 

Em seguida é mostrado uma grande guinada no estado mental da protagonista, especialmente devido a um acordo de confidencialidade, da qual é obrigada a assinar para ter seus direitos como cofundadora pagos. 

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Deu Match | Disney +

Com todo esse contexto ela tem ideia pela qual ficou tão famosa o Bumble, uma plataforma feita por mulheres, para mulheres, com políticas realmente igualitárias, que garantem um ambiente respeitoso para todos. 

Mas mesmo nessa empresa com tais condições, houve um revés em algo que fugia de seu controle, e a personagem de Lily James nos mostra como evoluiu através de uma importante decisão a qual toma.

Existe um detalhe em Deu Match, que em muitos momentos fica artificial e nos tira das cenas, atrapalhando na imersão na história, e parece constantemente não estar confortável para a atriz, que são as lentes verdes nos olhos da protagonista. 

Portanto o filme nos dá algo novo no genérico, surpreende, devido ao seu ponto de vista bem raro, e nos mostra como a ascensão de figuras femininas de poder pode ser bem difícil, frustrante, onde o chamado Mansplaining não é só ocasional, mas sim constante, onde o crescer profissional sempre será desafiador, mas que se torna impossível num ambiente não propício para e sem equidade nas condições de trabalho. 

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