Arquivos: Reviews

  • Crítica | Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica

    Crítica | Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica

    Conhecido por mesclar fantasia medieval com elementos religiosos, Nanatsu no Taizai chega a sua 3ª temporada com a promessa de entregar confrontos épicos e respostas para as perguntas que assombram a mente dos fãs. No entanto, os pilares que deveriam ser os maiores trunfos do anime, tornam-se seus maiores pecados: o roteiro e a qualidade da animação.

    Não é qualquer anime que rompe a barreira geográfica e consolida uma legião de admiradores fiéis por todo o mundo. As poucas animações orientais que conseguem tamanha façanha precisam realizar a difícil tarefa de manter a qualidade e respeitar o público já conquistado, para que os fãs não se transformem em haters. Quando a 1ª temporada de Nanatsu no Taizai chegou a Netflix, o número de entusiastas cresceu e a premissa de personificar os “Sete Pecados Capitais” conquistou novos apreciadores.

    Não é novidade para ninguém que o 3º ano é algo como “ame ou odeie”, dado que a experiência alimenta frustrações, enquanto concede um fio de esperança para a vindoura 4ª temporada. E a grande pergunta que ecoa no coração dos fãs é “o que fizeram com meu anime?“.

    Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica
    Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix

    A guerra entre os Dez Mandamentos e os 7 Pecados Capitais foi o ponto alto da 2ª temporada. Com um gancho poderoso, Nanatsu no Taizai se tornou um dos animes mais esperados, o que culminou em grandes expectativas, tristemente destruídas episódio após episódio.

    Intitulado “A Ira Imperial dos Deuses”, a nova jornada do anime dá espaço para conhecermos o Clã das Deusas — uma das Cinco grandes raças. Mas, o que deveria ser empolgante, pois veríamos o tão mencionado poder dos Arcanjos, mostrou-se uma saída fácil para gerar conflitos (no passado e no presente) sem nenhuma força. Aliás, os novos rostos que entram e saem de cena não agregam em nada, servindo apenas como outro obstáculo esquecível na missão de proteger a Britânia.

    No outro lado do mundo, após o lançamento do primeiro episódio, os fãs correram na direção das redes sociais, expressando insatisfação. O burburinho ao redor de Nanatsu no Taizai cresceu e não demorou para as reclamações resultarem nos infames “memes”. Em diversos cantos do universo virtual, alguns frames “viralizaram” e as dúvidas sobre a qualidade do anime pipocaram fervorosamente. É preciso esclarecer, antes de tudo, que desde o momento que foi anunciado a troca do estúdio, uma pulga foi colocada atrás da orelha dos fãs. Ou seja, essa reação do público não foi repentina.

    Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica
    Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix

    Não existe exagero no descontentamento postado nos perfis das redes, tampouco na repercussão destes. Seria fácil desligar nossas lembranças sobre os “memes” e aproveitar a narrativa, todavia, está estampado na tela, em vários momentos, os pecados mortais cometidos no design dos personagens nesta season 3. Curvas exageradas e desproporcionais, traços com acabamento medonho e expressões que não precisam do botão “pause” para você ficar entre o riso e o espanto. E quando parece que nada mais pode piorar, a escolha (você pode trocar por “insanidade”) de substituir a cor vermelha do sangue por borrões brancos tornou-se o ápice da fragilidade imagética do anime.

    Não foi confirmado se a animação sofreu alguma censura por parte do canal que o exibe lá no Japão, ou se a decisão partiu do estúdio. Esse é um ponto confuso, ainda mais quando, subitamente, o lado “gore” da história surge em episódios esporádicos. A partir disso o anime permanece nessa estranha contradição: ora sangue vermelho, ora manchas brancas. Um incessante “Bota casaco, tira casaco! Bota caso, tira casaco!“.

    Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica

    Engana-se aqueles que acreditam que o visual seja a única problemática da 3ª temporada de Nanatsu no Taizai. Todo momento surgem “muletas narrativas” que resolvem os problemas de forma preguiçosa (o enredo cometendo um dos sete pecados capitais, que coincidência!). E para alavancar frustrações, os velhos personagens — protagonistas e coadjuvantes — assumem o carisma de uma pedra. Alguns até tem seus poderes “reformulados” simplesmente para segundos depois um “Deus ex Machina” derrotá-los ou salvá-los.

    Se os novos fantasmas do roteiro assustam, os antigos também! O que mais cansa é a reciclagem de uma estrutura de desenvolvimento que já configurou metade dos personagens. A famosa “forma original” é usada indiscriminadamente. É sempre o mesmo discurso, revelando que a atual aparência do personagem “A” ou “B” não é a verdadeira. Isso ocorre tantas vezes na primeira e segunda temporada, que agora não surte nenhum impacto.

    Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica
    Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix

    Vale mencionar que a trama tem fé em segurar mistérios que estão ultrapassados, o que instiga revelações tediosas, carecidas de força. É vergonhoso ver a narrativa dando voltas e mais voltas, desrespeitando a percepção do público que já matou a charada uns dois episódios (ou temporadas) antes.

    Afinal, existe algo de bom na controvérsia 3ª temporada de Nanatsu no Taizai? Sim, claro que o anime tem suas virtudes e dá para contar nos dedos. Por exemplo, os membros dos 10 Mandamentos deixam de ser pintados como “vilões caricatos” e recebem mais tempo de tela, isto é, conhecemos um pouco sobre o passado deles e as razões por ocuparem um lugar de elite no Clã dos Demônios. Há também o desdobramento de relacionamentos — tanto no âmbito do amor, quanto da amizade — que ganham novos ares, mas nada que vá além do razoável.

    Com uma trama outrora genuína, que despertou nos fãs o desejo por mais, resta apenas a decepção por uma temporada que não honrou as anteriores. E, ainda por cima, entregou uma qualidade visual digna da tempestade de “memes” que choveram nas mídias sociais.

    Nanatsu no Taizai – Os pecados e as virtudes de uma 3ª Temporada polêmica
    Nanatsu no Taizai / Studio Deen / Netflix

    A dúvida cruel resume-se nas seguintes questões: Nanatsu no Taizai ainda proporcionará bons momentos, ou a trama já esgotou o que tinha de melhor nos dois primeiros anos? O anime caminhará para o abismo, conforme os pessimistas, ou alcançará o céu, como dizem os (poucos) esperançosos que acompanham o mangá?

    Para aqueles que mantém o contato com a história através da animação, resta apenas o temor e as incertezas acerca de uma futura 4ª temporada, que pode estar arruinada antes mesmo do seu lançamento, ou servirá como redenção diante de um 3º ano desastroso.

    Nota: 2/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Nanatsu no Taizai – 1ª e 2ª Temporada.

  • Crítica | O Gambito da Rainha – O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy

    Crítica | O Gambito da Rainha – O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy

    Concebido, inicialmente, como um projeto fílmico que ganharia vida sob a direção do saudoso Heath Ledger, a minissérie O Gambito da Rainha percorreu uma extensa jornada até ganhar a benção da Netflix. Apresentando a vida de uma xadrezista excepcional, chamada Beth Harmon, o enredo aprofunda-se no âmago de uma personagem que transita entre o perfeccionismo, o brilhantismo e os vícios.

    Constantemente chamando a atenção dos clientes, a aba mais cobiçada dentro do catálogo da Netflix — o “Top 10” — tem abrigado novidades de grande qualidade, assim como produções atemporais. Entrar no rol pode, a princípio, parecer mais fácil para as estreias, no entanto, manter-se no ranking é uma façanha que poucos conseguem. Nas últimas semanas, o serviço de streaming contemplou seus assinantes com a minissérie O Gambito da Rainha. O resultado foi a permanência do show no Top 10, mesmo após semanas do seu lançamento. Pode-se atribuir esse sucesso aos figurinos impecáveis, roteiro afiado, montagem dinâmica e, sobretudo, as atuações.

    Sinopse O Gambito da Rainha:

    A minissérie conta a história de Beth Harmon, uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas agora, aos 22 anos, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo. E quanto mais Beth aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais a ideia de uma fuga lhe parece tentadora.

    O Gambito da Rainha - O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy
    O Gambito da Rainha / Netflix

    Não! Você não aprenderá xadrez assistindo O Gambito da Rainha, sequer táticas especiais sobre esse jogo milenar. É louvável ver que o roteiro não cai na armadilha de apelar para o didatismo exacerbado — existem jargões pronunciados aqui e ali, de fato, mas nada que soe expositivo. É a ausência de grandes explicações que despertam a curiosidade do público em compreender detalhes cruciais referente aos métodos do xadrez. Desse vazio explicativo surge o encanto, porque cada partida, retratada com singularidade, transmite enorme tensão para nós, deixando-nos apreensivos em qualquer movimento de peça sobre o tabuleiro.

    É pelas mãos hábeis de Beth Harmon que o mundo de mosaico se revela a cada capítulo. A humanização da personagem vai muito além das partidas jogadas no porão do orfanato, enquanto é criança, e dos campeonatos regionais que ela disputa indo da adolescência para a fase adulta. Beth é uma campeã quando seu ringe é o tabuleiro, de fato, mas isso não acontece quando seu campo de batalha é a dura e implacável realidade, que desde o começo bate de frente com ela, taxando-a como uma “perdedora” — tanto no sentido pejorativo da palavra, quanto pela ótica de alguém que se vê diante de muitas perdas, materiais ou imateriais. Uma contrastante vida de derrotas e vitórias.

    O Gambito da Rainha - O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy
    O Gambito da Rainha / Netflix

    O texto de Allan Scott — com trinta anos de existência — é gigante e maduro. Há três décadas, o roteirista buscava uma oportunidade de contar sua obra em Hollywood, mas foi pela força divina da Netflix que a história tomou forma. Scott escreveu diálogos ágeis que flertam com um genuíno humor crítico, que passam por declarações íntimas de seus personagens (expondo fraquezas e sonhos) e chegam até um “subtexto” que constrói o tom realista da minissérie.

    Quando a temática do machismo é abordada no ambiente ao qual a história se passa, por exemplo, a mão do criador não apela para um discurso panfletário que visa demonizar personagens, afim de criar “antagonistas prontos”. Muito pelo contrário, a sutileza de Scott é vista na forma como ele trata cada rosto de sua história: com humanização. A bondade excessiva, a indiferença que nasce da frieza, o perfeccionismo e a competitividade são pilares que habitam o cerne de cada personagem, mostrando que falhas e virtudes podem sim ocupar o mesmo corpo, mente e alma. Afinal, o ser humano detém emoções e características multidimensionais.

    O Gambito da Rainha - O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy
    O Gambito da Rainha / Netflix

    É a partir dessa elaboração que o desenrolar da história nos brinda com personagens tão vivos. Até mesmo os coadjuvantes, que poderiam ficar à mercê da protagonista, recebem a devida atenção em uma construção precisa e verdadeira. Em especial, Marielle Heller (que interpreta Alma Wheatley, a mãe adotiva de Beth Harmon), conhecida por dirigir filmes como Um Lindo Dia na Vizinhança e Poderia Me Perdoar? Aqui a veterana doa seu dom artístico em um inesquecível trabalho na frente das câmeras.

    Moses Ingram, no papel de Jolene, tem uma presença de cena avassaladora. É incrível o que a atriz consegue fazer ao encarnar sua personagem em diferentes fases de sua vida, mostrando um desenvolvimento crescente. Já Harry Melling, famoso por infernizar a vida de Harry Potter como o primo Duda, tem cada vez mais se mostrado um ator versátil. Suas cenas em O Diabo de Cada Dia ainda não saíram da minha mente, e em O Gambito da Rainha, sua participação é tão marcante quando o filme citado, com mais tempo de tela, é claro.

    O Gambito da Rainha - O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy
    O Gambito da Rainha / Netflix

    Em 2015, quando o cineasta Robert Eggers, diretor do longa A Bruxa, presenteou Anya Taylor-Joy com uma personagem repleta de camadas e significados, a atriz, na época com apenas 19 anos, entregou-se ao papel. Ali, nasceu uma das performances mais elogiadas no Cinema de Terror das últimas décadas. Tamanha exaltação não é exagero, pois um ano depois Anya repetiu sua façanha, colocando no seu currículo uma atuação inesquecível através do filme Fragmentado. E finalmente chegamos em 2020, ano que Taylor-Joy provou sua versatilidade no filme Emma, só que o seu “xeque-mate” viria somente meses depois, em O Gambito da Rainha.

    Neste recente projeto, a intérprete de Beth Harmon cresce como atriz, utilizando o olhar como tela para pintar todos os medos e desejos que explodem dentro de sua personagem. Se o “sentido da visão” serve como palco para Anya Taylor-Joy dar vida a sua protagonista, o silêncio amplifica esse talento, pois é na quietude que aflora as emoções mais intensas da jogadora de xadrez. Uma atuação contida, que torna-se grandiosa pelos detalhes de uma interpretação banhada de naturalidade e, acima de tudo, verdadeira em cada segundo.

    Cinerama o gambito da rainha 00
    O Gambito da Rainha / Netflix

    Não me causará espanto se a atriz for indicada por sua atuação ao Globo de Ouro, SAG Awards e Critics’ Choice Awards, tampouco surpresa, se porventura ela arrematar os prêmios. Anya conquista um status admirável como atriz, pois através de O Gambito da Rainha ela assina seu nome no mural de artistas extraordinários desta geração.

    A Direção de Arte, que salta aos nossos olhos quando estamos confinados dentro das salas, quartos e ambientes, cria uma harmonia palpável entre espaço, tempo e expressão emocional dos personagens. Vale reverenciar como o figurino, cabelo e maquiagem transportam nossa experiência para as décadas de 1950 e 1960. Cada tecido que compõe os trajes é como um lembrete vivo da época. Indo além, há uma vestimenta presente no último episódio que, simbolicamente, transforma a protagonista na “peça” da rainha do xadrez, através da cor e forma. Momento este que fica claro todo o cuidado desse setor para compor a relação entre imagem e aspecto psicológico dos personagens.

    Quem também merece aplausos é o departamento responsável pala Montagem da minissérie. Tudo é feito com extremo cuidado, costurando tomadas contemplativas e momentos marcantes com esplendor — especialmente nos episódios 6 e 7, cuja a organização das cenas entrega uma dinâmica calorosa e ritmada.

    O Gambito da Rainha - O Xeque-mate de Anya Taylor-Joy
    O Gambito da Rainha / Netflix

    Moldando novas narrativas que marcam território na nossa memória audiovisual, a Netflix entrega um hit primoroso, que emociona, fascina e conquista nossa curiosidade. Mediante uma narrativa astuta, eis uma história que magnetiza nosso deslumbre por esse universo quadriculado, composto por reis, rainhas, peões e cavalos.

    Evoluindo com o tempo e transformando-se em um chamariz, a minissérie é uma das obras dramáticas mais bem-sucedida do streaming. Excelente em todos os quesitos, este é um dos poucos projetos que terá um longo tempo de vida na mente dos espectadores. Em suma, O Gambito da Rainha é uma jogada de mestre.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=cnqV3wsZlpo

    Veja também: Crítica | Os Novos Mutantes.

  • Crítica | Desalma – 1ª Temporada

    Crítica | Desalma – 1ª Temporada

    Produção brasileira original do Globoplay, “Desalma” é um horror sobrenatural sobre uma cidade de interior amaldiçoada por uma bruxa vingativa. Apostando alto em uma trama sombria, a série de Ana Paula Maia reúne grandes nomes do audiovisual nacional, mas se perde em suas escolhas e oferece um produto apático e pouco convincente.

    No enredo de “Desalma“, o desaparecimento da jovem Halyna (Anna Melo), durante a tradicional festa de Ivana-Kupala, choca a população de Brígida, em 1988. Banida do calendário oficial devido à tragédia, a celebração é retomada na cidade sulista trinta anos depois do ocorrido, à medida que eventos misteriosos voltam a acontecer e a noite mais escura do ano se aproxima.

    Perseguidos por uma poderosa maldição, os envolvidos no enigmático passado da cidade são obrigados a enfrentar as consequências de seus atos, ao mesmo tempo em que são perseguidos por almas das trevas que caminham entre os vivos e lidam com os poderosos rituais da bruxa Haia (Cássia Kis). Nesse sentido, impulsionados pelo suicídio de um parente e amigo próximo, os cidadãos de Brígida temem por suas vidas e buscam as respostas para cada enigma assombroso que insiste em rodeá-los.

    Desalma 1 1
    Desalma / Globoplay

    Desalma“, exibida primeiramente no Festival Internacional de Cinema de Berlim, é a aposta do Globoplay para o ano de 2020. Inicialmente programada para estrear em abril, o lançamento da série foi adiado e, em outubro, o grande público teve acesso aos 10 episódios do streaming. A fábula ficcional, aclamada por sua fotografia e sonoplastia, é um produto, a princípio, diferente do comum. Oferecendo um encantador espetáculo visual e um tema pouco explorado pelo cinema brasileiro, o thriller sobrenatural sobre bruxas e possessões tem potencial e conteúdo de sobra para se destacar dentro do gênero explorado. No entanto, isso não se concretiza.

    Fruto das escolhas impróprias de direção e roteiro, a história de Brígida e seus mistérios é transformada em uma narrativa maçante, forçada e pouco envolvente. Desde o início recheada por diálogos artificiais e atuações histéricas, o espectador é apresentado a uma realidade folclórica rica, mas a uma série decepcionante. Por conseguinte, diante de uma gama de personagens pouco profundos ou relacionáveis, a produção de Ana Paula Maia peca em suas escolhas e não consegue fugir do ordinário. O conto de horror começa com o pé direito, mas se perde no caminho e não cultiva o interesse.

    Desalma
    Desalma / Globoplay

    Finalmente, “Desalma” é uma tentativa pouco proveitosa de inovar no cenário nacional. Carregada de pontos positivos que se recusam a desenvolver, a série do Globoplay é uma decepção incômoda e, ainda que conte com a presença de grandes nomes como Cássia Kis e Cláudia Abreu, pouco nela funciona. Dessa forma, cerceada pela expectativa do público de encontrar um material, no mínimo, prazeroso, a produção do streaming não consegue fugir do superficial e esquece de aproveitar a oportunidade de se tornar algo especial.

    Desalma já está disponível no Globoplay.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Os Novos Mutantes

  • Crítica | Convenção das Bruxas

    Crítica | Convenção das Bruxas

    Baseado no clássico de fantasia de Roald Dahl, o remake de “Convenção das Bruxas” traz Anne Hathaway e Octavia Spencer em uma aventura infantil desinteressante e pouco coesa. Apostando na revitalização da obra de sucesso dos anos 1990, o longa-metragem de Robert Zemeckis se perde nas próprias ambições e entrega uma peça que não consegue deixar marcas significativas.

    Em “Convenção das Bruxas“, no final de 1967, um jovem órfão (Jahzir Bruno) vai morar com a sua adorável avó (Octavia Spencer) na cidade rural de Demopolis, no Alabama. Recuperando-se lentamente do trauma de ter perdido os pais em um acidente de carro, o menino percebe estar sendo vigiado de perto por bruxas, o que faz com que sua avó o leve desesperadamente para um distante resort à beira-mar, enquanto enfrenta questões do seu próprio passado.

    Coincidentemente, a família chega ao seu “refúgio” exatamente no mesmo momento que a Grande Bruxa (Anne Hathaway) e todas as suas aliadas – que estão reunidas em uma convenção para discutir a melhor forma de transformar todas as crianças do mundo em ratos. Nesse sentido, uma grande caçada pelo hotel tem início e a segurança dos envolvidos torna-se cada vez mais ameaçada.

    Convenção das Bruxas
    Convenção das Bruxas / Warner Bros

    Convenção das Bruxas” aposta, inicialmente, na experiência técnica de sua equipe criativa para revitalizar ao máximo a obra de Roald Dahl e fazer jus ao clássico original lançado em 1990. Dirigido por Robert Zemeckis (“De Volta para o Futuro”, “Forrest Gump” e “Uma Cilada para Roger Rabbit”), o longa-metragem da Warner Bros conta, ainda, com a coprodução de Alfonso Cuarón (“Roma”, “Gravidade”) e de Guillermo del Toro (“A Forma da Água”, “O Labirinto do Fauno”). No entanto, se o primeiro filme foi capaz de marcar toda uma geração, o mais recente atua como um produto efêmero do cinema e é incapaz de impressionar, uma vez assume uma roupagem desastrada e indecisa.

    Desde o começo, a produção ficcional da Warner, em uma tentativa de assumir um ritmo próprio, não encontra espaço para desenvolver os seus personagens, ou a própria história, e esbarra em questões consideravelmente falhas. Apresentando uma narrativa vazia, o roteiro é constantemente descuidado e expõe uma tonelada de informações enfaticamente desnecessárias – que não são retomadas em momento algum – e até contraditórias. Tratando-se de um filme com caráter explicitamente infantil, no entanto, a análise crítica pode ser menos rígida. Mesmo assim, a aventura de Anne Hathaway e Octavia Spencer deixa a desejar e é capaz de irritar os saudosistas mais ansiosos pelo remake.

    4484297.jpg r 1920 1080 f jpg q x xxyxx
    Convenção das Bruxas / Warner Bros

    Convenção das Bruxas“, finalmente, falha em sua tentativa de reconstruir uma obra bem conceituada e abraçada pelo público em geral, para entregar uma atualização sem capricho e alma. Oferecendo uma releitura esquecível, o destaque da produção cai nas mãos de Hathaway que, no meio do caos, oferece um incrível toque cartunesco à performance da Grande Bruxa. Propositalmente, a atriz se distancia da clássica e firme atuação de Anjelica Houston – no mesmo papel, há 30 anos – e, apoiando-se em um CGI funcionalmente assustador, torna-se capaz de dar pesadelos aos mais novos e desavisados.

    Em síntese, o longa de Robert Zemeckis passa a integrar uma longa e triste lista de remakes malsucedidos. Fruto de uma mistura perigosa envolvendo bruxas e ratos em perigo, o filme não corresponde às expectativas e passa, portanto, bem longe do sucesso do original.

    Convenção das Bruxas estreia no dia 19 de novembro.

    Nota: 2/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Bom Dia, Verônica

  • Crítica | Os Novos Mutantes

    Crítica | Os Novos Mutantes

    Baseado no clássico homônimo dos quadrinhos da Marvel Comics, “Os Novos Mutantes” conjura uma sequência explosiva e questionável de um terror psicológico superpoderoso. Originalmente programado para estrear em 2018, o longa ficcional do universo dos X-Men acumula expectativas, mas entrega uma narrativa decepcionante e rasa sobre uma equipe disfuncional de crianças complexadas.

    Em “Os Novos Mutantes“, cinco jovens – Maisie WilliamsBlu Hunt, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton e Henry Zaga – são mantidos presos em uma instituição secreta controlada pela Dra. Cecilia Reyes (Alice Braga), enquanto aprendem a reconhecer e controlar a dimensão de seus poderes. No centro de tratamento, contudo, à medida que são forçados a lidar com os traumas do passado, os jovens mutantes mergulham em uma realidade aterrorizante e são submetidos à experiências cruéis e perturbadoras.

    Lutando por liberdade, a recém-formada equipe de heróis começa a questionar o verdadeiro motivo de sua prisão e, ao mesmo tempo em que veem suas memórias serem transformadas em pesadelos e que são assombrados por seres malignos, descobrem que a ameaça real está mais próxima do que imaginam.

    ems
    Os Novos Mutantes / Fox Film do Brasil

    Os Novos Mutantes“, último filme da franquia X-Men pelas mãos da Fox – agora aquisição da The Walt Disney Company -, introduz uma visão promissora – porém, frustrante – da famosa equipe dos quadrinhos. Diante de um consolidado universo cinematográfico de heróis, o filme não oferece o bastante para convencer ou mesmo se diferenciar e, dessa forma, priorizando uma aposta em uma narrativa sombria, a coprodução da Marvel com a 20th Century Fox assume uma postura desastrosa e entrega um material que não impressiona. Nesse sentido, aliada à construção rasa de seus personagens, o espectador é apresentado a uma trama sem peso ou significado que se arrasta por uma hora e meia sem realmente saber para onde ir.

    Desprovido da qualidade enérgica de “Dias de um Futuro Esquecido“, ou da dramaticidade comovente de “Logan” – que levou milhões de pessoas às salas de cinema -, o longa-metragem dirigido por Josh Boone (A Culpa é das Estrelas) é uma “conclusão” sem personalidade e fria para uma saga que encanta o mundo desde 2000, com X-Men: O Filme.

    os novos mutantes 4
    Os Novos Mutantes / Fox Film do Brasil

    Os Novos Mutantes“, incapaz de superar a desordem de sua narrativa, é um esforço desnecessário e falho de acrescentar novidades ao gênero dos super-heróis. Pecando na falta de um antagonista claro, o filme não oferece nenhum senso de urgência ou perigo e se confunde em suas próprias ambições. Definitivamente apático, o último capítulo mutante nas mãos da Fox perde a oportunidade de oferecer uma obra memorável – e realmente assustadora – para se tornar um desfecho deselegante e angustiante para os fãs da franquia.

    Finalmente, apesar da estreia desastrosa da produção de Boone, o futuro dos X-Men nos cinemas promete uma revitalização oportuna para os personagens criados por Stan Lee e Jack Kirby. De volta, agora, às mãos da Marvel Studios, para integrar o Universo Cinematográfico Marvel, a equipe dos quadrinhos – junto dos diversos núcleos mutantes coexistentes – trilha um caminho promissor e recheado de expectativas para a inauguração de uma nova fase de sucesso e muita ação.

    Os Novos Mutantes está em cartaz nos cinemas.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Bom Dia, Verônica

  • Astro de De Volta Para o Futuro, Michael J. Fox anuncia sua aposentadoria

    Astro de De Volta Para o Futuro, Michael J. Fox anuncia sua aposentadoria

    Michael J. Fox está se aposentando pela segunda vez como ator. O astro de De Volta Para o Futuro afirmou isso no livro No Time Like the Future: An Optimist Considers Mortality, que será lançado amanhã (17 de novembro).

    No livro, Fox fala sobre seu Parkinson que veio com o envelhecimento, reconhecendo que atuar agora pode estar além dele:

    Há um tempo para tudo. E meu tempo de colocar uma jornada de trabalho de doze horas, e memorizar sete páginas de diálogo é o que fica para trás.

    Pelo menos por enquanto… entro em uma segunda aposentadoria. Isso pode mudar, porque tudo muda. Mas se este é o fim da minha carreira de ator, que seja.”

    O trabalho mais marcante na carreira de Michael J. Fox foi na trilogia De Volta Para o Futuro, onde interpretou o jovem Marty McFly.

    Fonte: Los Angeles Times

    Confira também: Protagonista de Prison Break deixa a série: “não quero personagens héteros”

  • Crítica | Nanatsu no Taizai – 1ª e 2ª Temporada

    Crítica | Nanatsu no Taizai – 1ª e 2ª Temporada

    Concedendo vida aos “Pecados” singularizados no mangá, o estúdio A-1 Pictures adaptou com esmero o anime de Nanatsu no Taizai. Pecando em alguns momentos, acertando em outros, as duas primeiras temporadas, disponíveis na Netflix, consolidam personagens cativantes que despertam nossa curiosidade.

    Nossa mente faz associações quase que involuntariamente, e isso não é diferente com o termo “anime”, que na maioria das vezes é vinculado a outras duas palavras: lutas épicas. E isso faz parte da experiência, pois uma grande quantidade de animações famosas são catalogadas na memória do público por suas batalhas inesquecíveis. Todavia, um roteiro que equilibra “calmaria” e “frenesi”, sem esquecer-se do desenvolvimento dos personagens, tem mais chances de ocupar espaço no coração dos fãs. É isso que Nanatsu no Taizai, também conhecido como The Seven Deadly Sins, se propõe a fazer. Mas, será que ele consegue?

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    Sobre Nanatsu no Taizai

    Os “Sete Pecados Capitais” são um grupo maligno de cavaleiros que conspiraram para derrubar o Reino de Britânia. Supostamente erradicados pelos Cavaleiros Sagrados, ainda existem rumores de que eles estão vivos. Dez anos depois, os Cavaleiros Sagrados realizaram um golpe de estado e assassinam o rei, tornando-se os novos e tiranos governantes do reino. Elizabeth, a terceira filha do rei, sai em uma jornada para encontrar os Sete Pecados Capitais, e recrutá-los para que possam ajudar a tomar o reino de volta.

    A narrativa

    Diferentes mídias já apresentaram uma releitura do conceito acerca dos 7 pecados capitais. No âmbito cinematográfico, o impactante Seven – Os 7 Crimes Capitais, de David Fincher, apresentou a jornada de dois investigadores em busca de um serial killer que assassinava brutalmente suas vítimas se inspirando nos pecados. Na teledramaturgia brasileira, o autor Walcyr Carrasco também contou uma história pautada nessa ideia, através da novela Sete Pecados, exibida na Rede Globo.

    Nanatsu no Taizai ambientou essa concepção em uma fictícia “Europa medieval”, alimentando-se da fantasia, lendas e mitologias para construir cidades, personagens e conflitos. Com fortes aspirações bíblicas, o enredo explora a personificação das doutrinas e seguimentos religiosos, nada com grande profundidade, porém com uma excepcional criatividade.

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    A elaboração de mundo feita é de encher os olhos, não é à toa que essa é uma das principais “colas” que une dinâmica e desenvolvimento. Quase tudo é novidade, e quando novos conceitos são apresentados, a trama não se prende muito a explicações, entretanto, a partir do episódio 12 da primeira temporada algo muda, infelizmente, e momentos didáticos ocupam um infame lugar na narração. Nada que desrespeite nosso senso de aprendizagem natural sobre a história, mas que pode causar diferentes níveis de incômodo.

    Há um humor que funciona muito bem em Nanatsu no Taizai, um peso necessário para balancear os dramas e o sentimento de urgência que permeia alguns episódios. É interessante observar como o roteiro vai além dos protagonistas, colocando sobre os ombros dos coadjuvantes uma importância digna de um personagem principal. Um ponto positivo, se compararmos outras produções que esquecem seus coadjuvantes (cof, cof, Naruto!).

    Os personagens

    A curiosidade despertada por Nanatsu no Taizai é uma âncora, capaz de estacionar nossa atenção em enredos primorosos, que sabem usá-la ao seu favor, brincando com expectativas e “frustrações propositais”. É engraçado citar esse último termo, pois os primeiros episódios servem para embarcarmos na rotina de um mundo movido pelas relações entre seres humanos, divinos, demoníacos e fantásticos. Usando cartazes de “procura-se” para apresentar os protagonistas, a narrativa cria alguns “pré-conceitos” sobre essas figuras, para depois desfazer tudo, causando surpresa, seja pelo nível de poder, pela veia cômica ou pelo background dramático.

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    Quando um anime trabalha grupos, como em Digimon e os seus DigiEscolhidos, é preciso ceder tempo de tela para que o público se acostume e crie empatia por cada personagem. Este é um mérito conquistado por Nanatsu no Taizai, que não tem pressa para exibir as principais peças desse embate fantasioso. Ainda que a coroa do protagonismo pisque em cima da cabeça do Meliodas (que representa o Pecado da Ira), a trama não se prende somente a ele, usando-o como um “guia”, visto que é pelas mãos dele que somos conduzidos adentro de conspirações e segredos que afetam tudo e todos.

    Ban (o Pecado da Ganância) é daqueles que te conquista logo de cara! Prepotente e carismático na medida “certa”, seu arco vai do personagem valentão para o homem que adquire a imortalidade, numa jornada que envolve amor, amizade e paternidade. King (encarnação do Pecado da Preguiça) é uma incógnita, a princípio, porém a trama vai revelando mais sobre ele, a medida que apresenta a cultura do Reino das Fadas. Quem simboliza o Pecado da Inveja é Diane, uma gigante de personalidade instável, cujo sentimentos são proporcionais ao seu tamanho, mas tudo não passa de uma “casca”.

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    Representando o Pecado da Luxúria, Gowther é típico personagem que parece um enigma, sofrendo drásticas transformações ao longo da 1ª e 2ª temporada. Nada sobre ele faz sentido e com o passar do tempo revelações dramáticas constroem sua personalidade, repleta de falhas e questionamentos; aspectos que fazem de Gowther o ser mais complexo do anime. Merlin, também conhecida como o Pecado da Gula, é a face mágica do time de guerreiros. Guardada a “sete chaves” pelo roteiro, sua aparição é sempre pontual e gera momentos decisivos na trama.

    E temos ele, a figura sinônimo de fascínio: Escanor — O Pecado do Orgulho. Sua individualidade é composta por ideias opostas, o que gera um desenvolvimento interessante. Quase um paradoxo ambulante, este é um personagem que conquista gargalhadas e magnetiza afinidades. E por último, mas não menos importante, está Elizabeth, princesa de Liones, desempenhando o olhar do público diante do desconhecido. Logo, o enredo coloca na jornada de Elizabeth mais que “um vislumbre de quem está de fora“, pois aos poucos ela também se torna um pilar crucial para a história.

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    As temporadas

    O primeiro ano do anime não foge da tradição presente em outra obras. A “fachada introdutória” é vista de longe, e sentimos que tudo tem um gosto de “apresentação”. Heróis, vilões e o próprio mundo de Nanatsu no Taizai demoram um pouco para romper a bolha inaugural. Alguns mistérios, às vezes, podem soar “antiquados”, pois fica nítido quem ou o que está por trás de algumas ações, e o roteiro peca, insistentemente, ao sustentar certos “pontos de interrogação” por tempo demais. Em contrapartida, cada episódio ousa pincelar futuras ameaças, nos dando peças de um quebra-cabeça cativante.

    Ainda que apresente um desfecho de temporada mediano, o primeiro ciclo cumpre bem seu propósito: nos situar no espaço, no tempo e estimular nossa empatia pelos protagonistas. Ainda que alguns rostos fiquem guardados para uma futura temporada, as cenas pós-créditos riem na cara do nosso entusiamo, igualmente um filme da Marvel, entende?

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    É a segunda temporada a detentora dos melhores arcos. Aqui, as reviravoltas são feitas a conta-gotas, dosando ação e revelação, enquanto acompanhamos os personagens, ora reunidos, ora separados, em trajetórias muito bem amarradas. Se por um lado temos os Sete Pecados Capitais representados na pele dos protagonista, pelo outro, temos os 10 Mandamentos destinados ao papel de vilões. Uma inversão intrigante, certamente, mas é preciso falar que “vilão” e “herói” são palavras que não alcançam o elenco deste anime, pois todos passam um bom tempo no mundo cinza, abraçando atos que vão muito além da vilania e do heroísmo.

    Há algo que causa incômodo durante as duas primeiras temporadas. Existe uma sensação de que muitas cenas conseguiriam ir além, no quesito ação e drama. Predomina um sentimento amargo, uma quase insatisfação, de que as lutas poderiam ser melhores, de que os eventos dramáticos deveriam ir mais a fundo. Não que o desenvolvimento seja superficial, mas ele nunca atinge o status de glorificação, ficando no meio do caminho.

    Nanatsu no Taizai - 1ª e 2ª Temporada
    Nanatsu no Taizai / A-1 Pictures / Netflix

    A pancadaria desenfreada, daquelas que te prende na tela, surge como um bônus quando atrelada a uma jornada bem construída. Basta olhar para produções atuais como o recente Kimetsu no Yaiba e o colossal Shingeki no Kiojin. É preciso trabalhar um elemento sem jamais esquecer-se do outro, e Nanatsu no Taizai consegue essa proeza, ainda que tenha alguns tropeços na 1ª e 2ª temporada. Para os veteranos, que estão cansados de alguns clichês, talvez esta não seja uma opção sensata, visto que, tanto a atmosfera, quanto alguns conceitos lembram muito outras produções animadas. Em compensação, essa é uma obra que encantará os novatos que procuram algo que derive da Cultura Pop oriental.

    Em suma, a versão nipônica dos Sete Pecados Capitais, contada pelo enredo de Nanatsu no Taizai, possui altos e baixos, mas também detém autenticidade. Ainda que em alguns momentos falte “sal” é um arroz com feijão bem feito.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Bob Esponja: O Incrível Resgate.

  • Crítica | Bob Esponja: O Incrível Resgate

    Crítica | Bob Esponja: O Incrível Resgate

    Netflix faz parceria com Nickelodeon e lança Bob Esponja: O Incrível Resgate,  longa regado de momentos fofos, história bem construída e aventuras típicas da animação.

    Bob Esponja é uma das animações mais amadas da Nickelodeon, e a expectativa por trás do terceiro longa é a prova viva desse sucesso. Seu histórico no cinema tem chamado a atenção pela qualidade elevada das histórias e a ótima construção dos personagens.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate é a nova aventura que envolve os morados da Fenda do Biquíni. No longa, o caracol Gary é sequestrado pelo Rei Poseidon para ser usado como um tratamento de beleza, e é levado até a cidade perdida, Atlantic City. Notando a ausência do bichinho de estimação, Bob Esponja e seu melhor amigo Patrick partem numa jornada heroica afim de encontrar seu fiel companheiro.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate
    Bob Esponja: O Incrível Resgate | Netflix

    O caminho até a cidade perdida é repleto de acontecimentos inesperados, reviravoltas, zumbis, novos personagens e novos amigos, além de muita confusão envolvendo os protagonistas.

    Dirigido e escrito por Tim Hill, o longa mistura animação com atores/cenários reais, seguindo a mesma fórmula de Bob Esponja: Um Herói Fora D’Água, lançado em 2015. A diferença -gritante- deste filme para os outros é a aparência dos personagens, que se mostraram cada vez mais desenvolvidos tanto na interação com os atores reais quanto na qualidade de seus movimentos e expressões.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate trouxe um humor limpo, daqueles que dá pra juntar a família toda para assistir. As piadas já conhecidas do protagonista e todo o carisma que a nostalgia por trás dele traz é a prova viva de que levar a série para o cinema é sucesso na certa.

    O filme conta com três participações pra lá de especiais e hilárias, Keanu Reeves aparece como mentor de Bob e Patrick durante a maior parte do filme, Danny Trejo usa toda a sua aparência de vilão a seu favor para interpretar o chefe dos zumbis e, do nada, um número musical do Snoop Dogg.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate
    Bob Esponja: O Incrível Resgate | Netflix

    Além das participações, o filme trouxe uma novidade. Recheado de flashbacks mostrando como cada personagem conheceu Bob Esponja, o longa pode servir como prévia para uma possível produção envolvendo a infância dos moradores da Fenda do Biquíni.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate é aquele filme que você assiste já sabendo que vai te garantir altas risadas e momentos extremamente fofos e de aprendizagem. O tema deste longa é a amizade, o que torna tudo ainda mais especial. Vale ressaltar o brilhante trabalho do dublador Wendel Bezerra na pele do Calça Quadrada mais uma vez.

    Bob Esponja com toda certeza ainda tem muitas aventuras, e esperamos vê-las em breve nas telonas, ou em novas parcerias como foi a com a Netflix.

    Bob Esponja: O Incrível Resgate já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu – Filme nacional transforma o “Cotidiano” em protagonista

    Crítica | Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu – Filme nacional transforma o “Cotidiano” em protagonista

    Colocando na tela uma leitura que reúne narrativa ficcional com elementos reais, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu é um filme intimista, que não se prende ao “Comum”, apesar deste ser sua principal oferta.

    A aproximação pessoal com o elenco, cenário e a narrativa tornam o trabalho de Bruno Risas livre de amarras especulativas. Seu olhar naturaliza quaisquer aspectos privativos, contando essa história de forma trivial, levando o espectador para dentro da casa e, acima disso, para conhecer os problemas que assolam a família. Sem pressa de levar o público para uma trama que, despretensiosamente, visa quebrar a atmosfera realista, o diretor apresenta um “pseudodocumentário” em Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu, ora flertando com o verídico, ora flertando com o quimérico.

    Concedendo um passe para entrarmos no seio familiar, o diretor se transforma em uma peça — na frente e atrás das câmeras — e, mesmo que distante, mostra-se determinado a registrar todos os momentos, de todos os personagens, enquanto cumprimos nosso papel: observar. Com uma proposta que foge do convencional, o filme que está disponível no catálogo da Netflix nos convida a entrar em um mundo regido pela monotonia do dia a dia.

    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu
    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta

    Sobre Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu:

    Uma família vive em crise quando o pai fica desempregado e eles são obrigados a se mudar para uma velha casa no interior de São Paulo. Em meio a brigas, a avó adoecendo e problemas financeiros, eles seguem vivendo, enfrentando as dificuldades do cotidiano. Certo dia, a mãe é abduzida, mas a vida continua como se nada tivesse acontecido.

    Sutilmente, o diretor conduz o público para conhecer a rotina de sua família, que passa por uma crise (reflexo de um contexto social), que agora precisa adaptar-se as transformações que ocorrem por causa da mudança. Os personagens que estão em cena realmente são parentes do cineasta e através da câmera “contemplativa/invasiva” e dos diálogos (que nos fazem perder a noção do que é ensaiado e do que é real) tornamo-nos residentes, sufocados pelo registro lento e cansativo da narrativa.

    O texto de Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu apela para os acontecimentos que cercam qualquer lar: o desemprego e as brigas entre familiares. As tarefas domésticas também tomam boa parte da história, como correntes difíceis de enxergar, porém fáceis de sentir. Todos esses pontos, de imediato, criam uma aproximação entre o telespectador e os personagens. Há margem para a identificação com aqueles rostos que transitam durante todo o filme, só que a quebra da 4ª parede, nesse caso, destrói certas proximidades.

    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu
    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta

    Em determinados momentos, percebe-se o desconforto perante as câmeras e alguns questionamentos direcionam o poder do longa-metragem para além das telas, como um filme de bastidores. É como se o “making of” ganhasse o direito de habitar o cerne do filme, em todos os atos, como parte principal do corpo da narrativa. Isso também acarreta estranheza, causando afastamento em vários momentos, e achegamento em outros poucos. No fim, mostra-se uma escolha perigosa, decerto, pois a utilização dessa ideia, em paralelo com a trama desapressada, dá abertura para uma experiência maçante em boa parte da projeção, infelizmente.

    Em contrapartida, na já citada “aproximação”, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu desperta sensações que tomam boa parte da rotina de muitos indivíduos. Por mais que o filme brinque com a simulação de uma história real, que de fato é real, nota-se a missão de dar palco a tudo o que é pessoal, mesmo que para isso seja necessário abandonar uma apresentação mais dinâmica das circunstâncias. Mas, não é somente uma linguagem mais pé no chão que domina o filme, há um momento, em particular, que o diretor estende a mão para o Absurdo, inserindo um acontecimento digno de uma boa ficção científica — uma abdução. Aqui, neste ponto, reside uma infinita lista de interpretações subjetivas.

    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu
    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta

    Esta eventualidade extraterrena é inusitada, repentina e quase assustadora; e serve como uma folha em branco para traçar semelhanças entre o ponto de vista social e o ponto de vista ilógico das coisas que estão na nossa vida. Ao lado do “Cotidiano” — O Grande protagonista “invisível” do filme —, a mãe, outra importante personagem, toma para si boa parte da carga dramática, no qual o filme encontra uma “solução” a partir do encontro com o Surreal. Nela está pintado uma figura maternal que transcende a ordem natural, pois agora ela é “mãe” de sua própria mãe. Também cai sobre seus ombros a função de deixar todos de pé, tudo isso ocultando o que está no seu âmago: seus desejos e sonhos adormecidos.

    A presença do “desemprego”, que atualmente está na vida de muitos, é forte no enredo, que a todo momento pisa com força nessa tecla, expondo os resultados que esse fato social gera. Nesse quesito, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu também é um reflexo generalizado do cidadão brasileiro que busca uma carteira de trabalho assinada, enquanto as contas continuam a chegar mês após mês.

    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu
    Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu / Vitrine Filmes / Sancho & Punta

    São nos olhares, na quietude e na contemplação do meio urbano que vive a alma do filme. Somos consolados por sorrisos que escondem o lado mais melancólico e, cientes disso, embarcamos nessa trajetória com receio e esperança. O tempo também invade esse âmbito familiar; é possível senti-lo no decorrer da história e nos personagens que melhor transmitem a passagem das horas, dias, meses e anos. Sobretudo na matriarca, uma representação da partida e da volta. Das idas e vindas. Do silêncio e do grito.

    Mesmo que se proponha a nadar contra leituras e releituras de filmes que apresentam os dramas de uma família, Ontem Havia Coisas Estranhas no Céu se sai bem nas cenas introspectivas e sem diálogos, mas declina, intensamente, nas tentativas de criar um fio que conecte quem está fora e quem está dentro daquele núcleo.

    Nota: 3/5

    Assista o trailer:


    Veja também: Crítica | Borat: Fita de Cinema Seguinte – É um filme para Conservador nenhum botar defeito!

  • Crítica | Bom Dia, Verônica

    Crítica | Bom Dia, Verônica

    Baseada no romance homônimo de Raphael Montes e Ilana Casoy, “Bom Dia, Verônica” carrega consigo a complexidade de uma trama psicológica perigosa e sedutora. Produção brasileira original da Netflix, a série é uma chacina emocional que investiga à fundo a violência contra a mulher e, enquanto arranca seus espectadores da zona de conforto, revela a dura realidade de uma sociedade corrupta e cruel.

    Bom Dia, Verônica” acompanha a rotina de Verônica Torres (Tainá Müller), uma escrivã da Delegacia de Homicídios de São Paulo que, após ser testemunha do suicídio de uma mulher, decide lutar contra os traumas de seu passado e usar as suas habilidades investigativas para resolver dois casos assustadores.

    Vítima do machismo estrutural e do abuso de poder em seu ambiente de trabalho, a protagonista embarca em uma jornada sangrenta e solitária para desvendar os mistérios de uma jovem abusada por um golpista na internet e a história sinistra da “reservada” Janete (Camila Morgado) – esposa do tenente-coronel Brandão (Eduardo Moscovis) -, uma mulher oprimida que sofre maus-tratos e é obrigada a sequestrar migrantes nordestinas para serem estupradas por seu marido. A caçada na região paulista, aliciando a psique das peças de xadrez que correm contra o tempo para fazer justiça, é impiedosa e, no meio de fogo e morte, promete não deixar ninguém sair ileso.

    Bom Dia, Verônica
    Bom Dia, Verônica / Netflix

    “Bom Dia, Verônica”, adaptada para o streaming a partir da narrativa chocante lançada em 2016, não é fácil de digerir. Indo de encontro à bestialidade íntima do comportamento humano, a produção é cautelosa em sua narrativa e não banaliza ou transforma em espetáculo o horror representado em tela. Sensibilizando o espectador, a série não ousa abandonar a sua essência e, enquanto procura enfatizar a violência gráfica e a tortura física e psicológica, é capaz de converter o drama doloroso em uma crítica profunda e importante. Carregada de coragem, a produção da Zola Filmes é madura e poderosa o suficiente para deixar marcas.

    Aliada à notável qualidade técnica, a performance do elenco coroa a excelência de “Bom Dia, Verônica”. Tainá Müller, Camila Morgado e Eduardo Moscovis são, definitivamente, a tríade perfeita para a história e transformam o conto de horror e morte da Netflix em uma experiência real e transtornante. A partir de papéis aparentemente moldados para eles, os três transportam o espectador para dentro da narrativa e semeiam raiva, tristeza e nojo no âmago de cada um que ousa se aventurar pelos oito episódios lançados pela plataforma. Assombrada pelos gritos sufocados de mulheres que precisam ser ouvidas, o novo título brasileiro é, seguramente, um dos melhores do ano.

    bom dia veronica primeira temporada review 2
    Bom Dia, Verônica / Netflix

    “Bom Dia, Verônica” é a união macabra entre a conjuntura social agressiva e inconstante da sociedade brasileira com a narrativa psicológica assombrosa de Raphael Montes e Ilana Casoy. Abordando a violência contra a mulher em uma trama fúnebre e, na maior parte das vezes, nauseante, a nova produção da Netflix é cirúrgica no desenvolvimento dos temas propostos. Assumindo riscos necessários – contudo, eficazes – para se destacar entre as produções do gênero, a série é capaz de construir um show alucinante e frenético, enquanto dá a visibilidade necessária a um assunto significativo, porém, ignorado.

    Relevante e ousada, a estreia do streaming conjura o melhor do audiovisual nacional e, em uma crescente vertiginosa, promete uma sequência imponente e recheada da ação sanguinolenta que conquistou grande parte do público em outubro de 2020.

    Bom Dia, Verônica” já está disponível na Netflix.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | A Maldição da Mansão Bly

  • Crítica | TENET

    Crítica | TENET

    Tenet é a primeira estreia no cinema desde a paralisações das atividades devido ao COVID-19, e surpreendentemente ao abrir com chave de ouro essa retomada. Como uma carta tirada da manga em um momento extremamente oportuno, Nolan consegue trazer um alto nível em sua nova produção.

    Não é de hoje que o diretor Christopher Nolan vem brincando com a imaginação das pessoas ao trazer filmes complexos e que usam de muita tecnologia extremamente avançadas. O diretor, na maioria das vezes, alcança um nível excelente de qualidade em seus filmes deixando qualquer um de boca aberta, e Tenet é com certeza um deles.

    Nolan usa do tempo e espaço em basicamente todos os seus filmes, e não seria diferente em Tenet. O longa conta traz um jovem agente da CIA que não tem o seu nome revelado -mas vamos chamá-lo de The Protagonist-(John David Washington) e que, após um incidente em uma missão, acaba sendo recrutado para a TENET.

    TENET é nada mais que uma entidade internacional que está estudando a inversão, um fenômeno onde a tecnologia é usada para inverter a antropia de alguns objetos e pessoas, para que elas pareçam estar voltando no tempo. The Peotagonist conta com um ajudante, Neil (Robert Pattinson), para embarcar em uma missão ao redor do mundo afim de encontrar a pessoa responsável pela existência dessa nova tecnologia, um bilionário russo(Kenneth Branagh), que é capaz de gerar uma terceira guerra mundial ao apertar um simples botão.

    Tenet
    TENET | Warner Bros. Pictures

    Como todo bom filme do Nolan, este tem bastante ação, efeitos sonoros impecáveis e questões que deixam qualquer um com uma pulga atrás da orelha, mas será que toda a espera realmente valeu a pena?

    Apesar de parecer vários filmes genéricos sobre agentes da CIA que estão atrás do vilão estrangeiro, este usa das ficção científica para se destacar. A questão de fazer objetos voltarem no tempo sem uma máquina grandiosa e com uma explicação um tanto quanto mais simples chama a atenção de qualquer um, é curioso como isso é colocado na trama de uma forma que fique claro para todo mundo o que é a acontecendo.

    O longa tem 2 horas e 30 minutos bem distribuídos, diria até mesmo que aguentaria mais meia horinha se trouxessem algo bem produzido e que encaixasse na história, até porque é impossível não sair da sala de cinema sem aquele gostinho de quero mais, e o final aumenta ainda mais essa vontade.

    Nolan vem trabalhando com atores grandes desde sempre, e mostrou mais uma vez que o seu dedo para escolher protagonistas e coadjuvantes continua muito bom. John Washington já havia mostrado todo o seu talento no filme “Infiltrados na Klan”, todo o seu talento herdado do pai pode ser visto em seus papéis cheios de ação e ótimos diálogos. Robert Pattinson vem se destacando ainda mais, todos estão de olho no próximo Batman, e a cada filme que estreia com ele nos deixa ainda mais ansiosos para ver ele no uniforme de morcego. Elizabeth Debicki foi a grande surpresa do elenco, se mostrando extremamente coerente com o papel e trazendo toda a intensidade necessária para ele. De elenco fomos muito bem servidos!

    Tenet
    TENET | Warner Bros. Pictures

    Mas afinal, é um mundo invertido? Realidade paralela? Viagem no tempo? A resposta para mim é bem clara, são todas essas alternativas juntas, e ao mesmo tempo nenhuma delas é o suficiente para explicar o que acontece no filme.

    Apesar das várias vezes em que o roteiro se mostrou complexo demais para meros mortais, ele não pecou em momento algum e conseguiu entregar aquilo que esperávamos assim que o filme começou.

    Talvez o que traga um ponto negativo parando filme é a constante forma em que Nolan tenta fazer as coisas do jeito mais difícil, me fazendo até questionar a minha própria inteligência. Essa busca por assuntos muito complexos e exagerados costuma trazer um público muito específico, o que não acaba sendo muito bom.

    Tenet
    TENET | Warner Bros. Pictures.

    Não é novidade pra ninguém que Nolan é um gênio do cinema, e Tenet é um forte concorrente não só de algumas premiações do cinema, mas também para marcar presença no Top 3 dos fãs do diretor.

    Tenet, no fim, entregou absolutamente tudo, me surpreendeu positivamente em todos os quesitos – logo eu que não sou muito fã do diretor. Será uma grata surpresa para o público e, para mim, a melhor forma de começar a retomada dos cinemas.

    Tenet já está disponível nos cinemas.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Rebecca- A Mulher Inesquecível

    Crítica | Rebecca- A Mulher Inesquecível

    Os remakes são a prova viva de que uma ideia pode ser muito bem reciclada ou virar uma piada, e a Netflix tem se empenhado em trazer clássicos  do cinema  numa produção mais atual, e Rebecca- A Mulher Inesquecível é o novo remake produzido pelo streaming. O filme mostra as consequências de engatar um relacionamento com alguém que é assombrado pelo fantasma da ex esposa.

    Entrar em um relacionamento com alguém recém divorciado já é uma missão um tanto quanto complicada, quem dirá com alguém que acabou de ficar viúvo. A presença da ex é constante já que tudo foi deixado para trás exatamente do jeito que ela costumava fazer, e é sobre basicamente isso que se trata Rebecca- A Mulher Inesquecível, novo filme da Netflix.

    No longa, uma jovem moça (Lily James) é a dama de companhia de uma senhora rica, que paga 90 euros por ano para ensinar bons modos e ter a companhia de alguém durante as suas viagens, e é em uma dessas viagens que a jovem conhece o recém viúvo Maxim Winter ( Armie Hammer), um homem com uma herança invejável a qualquer mero mortal.

    Rebecca- A Mulher Inesquecível
    Rebecca- A Mulher Inesquecível | Netflix

    Ao trocarem algumas palavras e olhares amorosos, Maxim convida a jovem para fazer alguns passeios durante a semana, e são nesses passeios que os dois acabam se apaixonando. Com a notícia de que a jovem irá partir para Nova York, Maxim decide pedi-la em casamento, tornando-a na Mrs de Winter, umas das mulheres mais ricas da Inglaterra.

    Ao chegar em sua nova casa, Mrs de Winter é aparentemente bem tratada, mas vê as coisas mudarem ao descobrir que a presença da falecida esposa ainda é sentida por todos, fazendo com que as expectativas ao redor da jovem se eleve ao nível de Rebecca, que aparentemente era uma mulher muito boa. Os mistérios e a falta de informação que rondam a sua morte faz com que a jovem investigue e tire suas próprias conclusões sobre quem realmente é o seu novo marido.

    O longa é baseado em um livro, e foi levado aos cinemas originalmente por ninguém mais que Alfred Hitchcok, em 1940. Como todos os filmes do diretor, Rebecca era extremamente sombrio e batia muito na tecla do terror psicológico com um mistério de deixar a pulga atrás da orelha.

    Rebecca- A Mulher Inesquecível
    Rebecca- A Mulher Inesquecível | Netflix

    O novo remake – que já é o segundo produzido nos últimos 30 anos- trouxe um toque mais leve para a produção, retratando o terror psicológico de uma forma que levaria Hitchcock a dar umas boas gargalhadas.

    Não que a direção de Ben Wheatley esteja ruim, mas para um filme que se esperava um mistério de altíssimo nível e um terror psicológico de deixar qualquer um de cabelo em pé, esse passou bem longe.

    No longa da Netflix, a resolução dos mistérios e a forma como o filme termina são completamente diferentes do livro e do primeiro filme, me fazendo pensar se essa foi uma boa ideia, já que não se mexe em time que está ganhando.

    Rebecca- A Mulher Inesquecível
    Rebecca- A Mulher Inesquecível | Netflix

    Mas, apesar do terror estar bem típico de filmes da Sessão da Tarde, existem pontos positivos na trama. A produção está excelente, e isso se dá ao desenvolvimento do próprio cinema, que vem evoluindo com o passar dos anos e ganhando novas técnicas. A atuação de Lily James foi uma surpresa, a tensão no olhar da atriz deixou o filme ainda mais interessante, já Armie vem ganhando o carinho do público desde o seu papel em Me Chame Pelo Seu Nome.

    Rebecca- A Mulher Inesquecível talvez não tenha me agradado pelo simples fato de ser um remake de uma história que já foi muito bem contada, mas não tenho dúvidas que brilharia muito se fosse algo inédito.

    Por fim, o filme prometeu muito e entregou algo morno, mas não péssimo. Será considerado ótimo por quem não conhece o clássico, o que será bom para a fama do longa.

    Rebecca- A Mulher Inesquecível já está disponível na Netflix

    Nota: 3,5/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Borat: Fita de Cinema Seguinte – É um filme para Conservador nenhum botar defeito!

    Crítica | Borat: Fita de Cinema Seguinte – É um filme para Conservador nenhum botar defeito!

    Nada mais lógico que usar a ironia em um título sobre Borat: Fita de Cinema Seguinte! Em plena eleição presidencial dos EUA, o novo capítulo do pitoresco personagem criado por Sacha Baron Cohen ressurge, quase 15 anos depois, para a alegria e o desconforto de muitos.

    Cinéfilo ou não, todo mundo reconhece de longe a imagem do icônico Borat. Construído para os holofotes televisivos, o personagem surgiu em um programa de TV, todavia, o sucesso o abraçou somente quando ele tornou-se a figura principal de um longa-metragem. Anos depois, em um período decisivo na política americana e de uma crise de saúde global, o notável repórter do Cazaquistão protagoniza a continuação intitulada Borat: Fita de Cinema Seguinte — um filme extremamente ácido, satírico e politizado — três pontos cruciais para a narrativa e para a composições dos personagens.

    O filme é um mockumentary (ou “pseudodocumentário”) e cumpre com a proposta de mesclar o real e o ficcional, batendo na porta do senso comum sem o menor pudor. O roteiro do filme têm objetivos claros, garantindo cada um deles ao longo de uma hora e meia de filme. Chocar o público do começo ao fim. Divertir e garantir boas (e, talvez, arrependidas) risadas. E, fazer as pessoas pensarem, tanto na vertente política, quanto na social e, acima de tudo, no encontro destas duas.

    Borat: Fita de Cinema Seguinte - É um filme para Conservador nenhum botar defeito!
    Borat: Fita de Cinema Seguinte / Prime Video

    Sinopse Borat: Fita de Cinema Seguinte:

    Borat é um jornalista de televisão do Cazaquistão que encara todas as aventuras pelas suas tarefas de trabalho. Seu plano mais recente é ir para os Estados Unidos completar uma importante missão, mas ele precisará lidar com problemas familiares, coronavírus e fama negativa durante sua jornada.

    Não é todo dia que a Amazon Prime Video deixa os seus usuários pasmos, não é mesmo? 23 de Outubro de 2020 foi a data escolhida, um dia antes do que estava previsto, para o lançamento da continuação de Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América, título modesto do primeiro filme, lançado em 2006. Essa data também é importante para os estadunidenses, pois foi escolhida para um crucial debate político entre os candidatos Donald Trump e Joe Biden. O filme foi lançado algumas horas após o término do evento, uma coincidência e tanto, claro.

    Diversos “pseudodocumentários” engrandeceram suas narrativas ao aproximar a trama do público, através de entrevistas e apresentação de fatos que emulam o puro realismo, como a película REC, dos diretores Paco Plaza e Jaume Balagueró, longa que marcou a década retrasada pelo seu realismo visceral, assim como os filmes A Bruxa de Blair e Cloverfield – Monstro. Mas, não é somente os gêneros de terror e suspense que combinam perfeitamente com esse conceito cinematográfico. Distrito 9, uma ficção científica, e a série The Office, uma sitcom, são exemplos diferentes que recorrem a mesma abordagem.

    Borat: Fita de Cinema Seguinte - É um filme para Conservador nenhum botar defeito!
    Borat: Fita de Cinema Seguinte / Prime Video

    O conceito de “falso documentário” em Borat: Fita de Cinema Seguinte é o principal chamariz no esqueleto do filme, pois assume a responsabilidade de transformar o absurdo em cômico, e o cômico em absurdo. Por mais que o protagonista seja Borat, o verdadeiro destaque do filme são as faces asquerosas que habitam a mente, o corpo e a alma da América. O diretor Jason Woliner sabe onde dói mais, é por isso que ele, ao lado do talento de Sacha Baron Cohen, toca nas feridas sociais que não podem cicatrizar, pois sabemos que eles são abertas 24 horas por dia, todos os dias da semana, pelo ditos “cidadãos de bem“.

    Em uma linha pensada milimetricamente para tecer críticas, a todo momento, cabe a câmera “realista” captar reações e momentos inoportunos, evidenciando os contornos de cada temática, não apenas no protagonista, mas naqueles que são um reflexo dele. O machismo enraizado, a misoginia, o racismo e outras esferas repulsivas são alvos da proposta do texto. É com uma flecha de diálogos ágeis, muito bem afiada, que “perfura”as mentes mais fechadas. A mensagem é nítida, e o pensamento sobre tais questões são implantados sorrateiramente, através de uma chacota eloquente, quem diria.

    Borat: Fita de Cinema Seguinte - É um filme para Conservador nenhum botar defeito!
    Borat: Fita de Cinema Seguinte / Prime Video

    Cada oportunidade de esbofetear, hipoteticamente, os aspectos negativos que imperam na sociedade é transformado em uma anedota de grande escala. Se a hierarquia do filme fosse decidida por um confronto metafórico, o “humor” e o “espanto” travariam uma batalha árdua. Se por um lado, as cenas mais bizarras tem a finalidade de gerar incredulidade em quem está assistindo, por outro, os momentos cômicos arrancam risos, muitas vezes de nervosismo, mas ainda assim são risos.

    Sacha Baron Cohen é um ator que consegue ir ao extremo, não importa quais desafios apareçam durante sua incorporação do personagem. Todo o mérito a Cohen, que sabe dominar muito bem o timing do texto. Nota-se que ele, nas cenas mais emblemáticas, se torna chefe da narrativa, apoiando-se unicamente no improviso e nas respostas espontâneas de figuras que estão em cena (sem um convite) — pode-se ver isso na cena que mostra uma invasão em um comício político. Borat é tão vivo, mesmo feito sobre camadas apelativas, que a insana trajetória do personagem nunca perde força, com exceções de algumas piadas que passam do ” prazo de validade” muito rápido.

     Borat: Fita de Cinema Seguinte - É um filme para Conservador nenhum botar defeito!
    Borat: Fita de Cinema Seguinte / Prime Video

    Não existem casos de pessoas que integram a sociedade dos Estados Unidos que tenham passado mal, ao ver, ou ouvir, uma piada que é feita sem quaisquer restrições, cujo limite é não ter limites. Mas, em um mundo imaginário, se os trailers de filmes adotassem a estrutura de comercial de remédios, citando as advertências, Borat: Fita de Cinema Seguinte viria com a seguinte frase: “este filme é contraindicado para os conservadores mais vulneráveis e para aqueles que abraçam a alienação“.

    No fim das contas, Borat: Fita de Cinema Seguinte concede palco para que os mais grotescos elementos, tanto políticos, quanto sociais, sejam desmascarados, sem oportunidade para discursos ensaiados com desculpas arquitetadas. Em suma, é um humor faminto por polêmicas e que não teme expor o lado mais podre da terra do Tio Sam.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Os 7 de Chicago – O Mundo todo está assistindo.

  • Crítica | Os 7 de Chicago – O Mundo todo está assistindo

    Crítica | Os 7 de Chicago – O Mundo todo está assistindo

    A Injustiça é um monstro, muitas vezes, alimentado pela corrupção, abuso de poder e negação dos direitos básicos. São estes “Vilões” que antagonizam o novo drama da Netflix, Os 7 de Chicago, cujo roteiro clama todas as semelhanças corruptas entre o passado e presente político dos EUA.

    O ano de 2020 foi o mais louvável para a Netflix que emplacou dois filmes em diversas categorias do Oscar: História de um Casamento e O Irlandês. Chegado o período do ano em que muitos filmes lançados possuem forte apelo a concorrer a estatueta mais cobiçada, a líder dos streamings estreou sua primeira grande aposta para a corrida em abocanhar as principais categorias. Os 7 de Chicago, longa baseado em uma história real, ambienta sua narrativa em um Tribunal do Júri. Enquanto a parte técnica utiliza todos os recursos para tornar a narrativa verossímil, a direção impecável de Aaron Sorkin expõe a violação dos direitos constitucionais sem rodeios, direto ao ponto.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    Se o trailer não apresentasse a frase “baseado numa história real”, muitos telespectadores olhariam para Os 7 de Chicago e veriam um filme deveras apelativo e quase fantasioso, mas sabemos que não é! Cada frame crucial para a construção da história é tanto verdadeiro, quanto sombrio. É uma representação cinematográfica de como as ramificações da Injustiça prevalecem no sistema.

    Sobre Os 7 de Chicago:

    Baseado em uma história real, o longa acompanha a manifestação contra a guerra do Vietnã que interrompeu o congresso do partido Democrata em 1968. Ocorreram diversos confrontos entre a polícia e os participantes. No total, dezesseis pessoas foram indiciadas pelo ato.

    A voz das pessoas é, e sempre será necessária quando se debate questões sociais e políticas. A partir do momento que a vida de um cidadão é colocada no jogo político em prol da vitória em uma guerra, o medo se torna combustível para mover os donos dessas vozes. Essa é premissa que paira no começo de Os 7 de Chicago, apresentando como pano de fundo o cenário conturbado da década de 1960, período este que os Estados Unidos entrou no confronto da Guerra do Vietnã.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    Inicialmente, o filme utiliza a típica apresentação rápida, com cortes bruscos e frases marcantes para mostrar ao público quais são os rostos que estão por trás do número 7: John Froines, Jerry Rubin, David Dellinger, Rennie Davis, Lee Weiner, Tom Hayden e Abbie Hoffman. Estes dois últimos interpretados por Eddie Redmayne e Sacha Baron Cohen, respectivamente, são os grandes destaques. Separados em grupos com ideais distintos, mas unidos por uma visão “anti-guerra”, os sete lideram os movimentos protestantes, porém a violenta intervenção policial toma conta das ruas, gerando respostas hostis.

    O personagem de Redmayne é quase um eco distante do seu papel em Os Miseráveis. Dessa vez, em outro período histórico, sua construção é feita gradativamente, e ao longo da projeção ele trava uma luta externa e interna. As duas cenas mais fortes e inesquecíveis tem Eddie Redmayne como um coração pulsante, espalhando vida para as demais partes do filme. Não é à toa que o ator conquistou uma estatueta do Oscar por A Teoria de Tudo, como também recebeu inúmeras indicações aos mais variados prêmios.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    Sacha Baron Cohen não deixa para trás o humor marcante de sua carreira, e felizmente este personagem lhe cai como uma luva. Muito além das cenas cômicas (que servem para satirizar as mazelas do sistema americano), Sacha Baron recebe uma grande carga dramática da metade para o final da história; seus melhores momentos estão amplamente ligados a sua atuação corporal e ao seu olhar marcante. Mas, é em um momento especial do terceiro ato que o astro brilha ao mesclar drama e humor ácido, elevando a discussão que está no cerne da narrativa.

    Do primeiro segundo até os créditos finais, um sentimento predomina, atravessando a tela e grudando no espectador — a fragilidade. O filme possui gatilhos que inflamam nossa vontade de reagir em defesa dos injustiçados, de gritar as verdades que estão entaladas na garganta. Entretanto, estamos de mãos atadas assim como os personagens, que por sua vez estão acorrentados ao sistema que já os condenou antes mesmo do veredito.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    Não importa quais provas atestem a inocência deles, tampouco depoimentos com o mesmo fundamento, todo o “show do julgamento” é regido pela manipulação. Como diz o velho ditado “a corda arrebenta sempre do lado mais fraco“, lamentavelmente. Tal elemento é reforçado constantemente através das tentativas dos advogados em lutar por justiça, só que eles também são tratados como peças inferiores numa trama engendrada para tornar Os 7 de Chicago figuras antipatriotas, quase bestiais.

    Grande mérito desta obra é causada pela escrita afiada. Alguns diálogos (mesmo aqueles carregados de jargões) são tão densos e poderosos que roubam o protagonismo da cena. Percebe-se isso quando a raiva da audiência cresce sob os ataques desleais provocados pelo abuso de poder. É na representação do juiz Julius Hoffman (vivido pelo ator Frank Langella) que o roteiro transforma as falas em combustível para mover a narrativa para frente.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    A discussão racial também explode na tela e a atuação de Abdul-Mateen II é visceral em um grau tão alto, que a ficção e a realidade se tornam uma só. Dando corpo, dor e alma para o seu personagem, que foi transformado em um alvo para o ódio, ele é refém de um sistema que o julgou apenas pela cor de sua pele. Neste ponto pode-se sentir a impotência escrachada, derivada de uma sociedade enraizada no racismo institucional. É Brutal. É forte. Mas, aos olhos da lei, era “comum“.

    São desses momentos que o roteiro extrai tamanha veracidade, mirando nossa atenção para as temáticas, que apesar de retratarem o passado, são extremamente atuais. É um lembrete doloroso que resgata fragmentos de narrativas similares como o longa Luta por Justiça e a minissérie Olhos que Condenam.

    Os 7 de Chigago - O Mundo todo está assistindo!
    Os 7 de Chicago / Netflix

    Aaron Sorkin pinta um retrato fidedigno de 50 anos atrás, e ao mesmo tempo reflete os tempos atuais. Motivo esse que faz Os 7 de Chicago saber o momento certo de entregar cada pequena situação, para que segundos depois as transforme em algo incontrolável. Pode-se dizer que é como assistir ao bater de asas de uma borboleta criando o Caos.

    Ao que parece a Netflix fincará sua bandeira no palco do Oscar, porque Os 7 de Chicago tem tudo para que a empresa realize tal feitio, novamente. Roteiro excelente, atuações grandiosas e direção magistral. É o combo perfeito para futuras indicações.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | The Boys – 1ª Temporada.

  • Crítica | Noturnos

    Crítica | Noturnos

    Nova série do Canal Brasil traz pela primeira vez o lado obscuro das obras de Vinicius de Moraes para a televisão. Dirigido por Caetano Gotardo e Marco Dutra, a série de 8 episódios “Noturnos” promete muito mas se perde no meio do caminho.

    Você já deve ter lido alguma das várias obras de Vinicius de Moraes, e seus contos de terror chamam a atenção por serem muito abrasileirados, e nada mais aterrorizante do que ouvir uma boa história de terror em um dia chuvoso, não é?! E é isso que acontece em Noturnos.

    Durante uma tempestade, a companhia de teatro Noturna decide pausar seus ensaios e esperar a chuva passar enquanto contam histórias de terror, já que não conseguem voltar para casa.

    Reunidos em volta de uma goteira, os atores contam histórias que vão evoluindo com o passar dos episódios e seguindo a cronologia brasileira, fazendo com que as histórias contadas façam referência a alguns acontecimentos recentes no país. Com o avanço da noite, assuntos mal resolvidos entre os colegas de trabalho acabam aparecendo, tornando o convívio ainda mais difícil.

    Noturnos
    Noturnos | Canal Brasil

    Dirigida por Caetano Gotardo e Marco  Dutra, a série trouxe uma ideia muito bacana para o  audiovisual, eu por exemplo nunca havia visto algo igual com as obras de Vinicius de Moraes. Mas, apesar da ideia ser boa, a execução se perdeu no meio do caminho, fazendo com que fique extremamente pesado de acompanhar.

    Mas vamos por partes, a parte extremamente positiva da série é a escalação do elenco, Andrea Marquee, Thaia Perez, Rafael Losso, Vaneza Oliveira e Ícaro Silva integraram o elenco fixo, e entregam todo o talento para a atuação e música com o passar dos episódios, mas acabam se perdendo nos dois últimos episódios e deixando a qualidade cair, fazendo  com que tudo fique um pouco enjoativo de acompanhar.

    Cada episódio segue uma estética, história e tem um diretor diferente, mais um ponto positivo para a série que tinha tudo para ser perfeita, mas não sai de cima do muro e fica entre “muito boa e muito ruim”. Apesar da série ser uma ótima oportunidade do público voltar ou apreciar pela primeira vez as obras de Vinicius, acredito que o efeito cansativo acabe falando mais alto.

    Noturnos
    Noturnos | Canal Brasil

    Mesmo batendo na tecla do quão cansativo possa ficar a série com o passar dos episódios, ela merece ser assistida, não só pelo fato de carregar todo o posso da nossa cultura, e sim por abrir os ossos olhos para o outro lado da história -e cá entre nós, estamos precisando aprender a olhar o outro lado da história-.

    Para uma primeira série original do Canal Brasil, a série merece os parabéns, a produção e a escolha dos atores foram determinantes para chamar a atenção de quem está procurando alguma série brasileira para assistir.

    O primeiro episódio de Noturnos estreou no dia 21 no Canal Brasil, e em breve  estará disponível no Globoplay. 

    Nota: 3/5

  • Crítica | The Boys – 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!

    Crítica | The Boys – 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!

    Se a 1ª Temporada uniu fãs e haters do gênero de super-heróis, o novo ciclo de The Boys leva para as telas uma adaptação audaciosa e meticulosamente engenhosa. E mais uma vez, o criador Eric Kripke prova por A + B que sua criatividade é o maior e o melhor superpoder desse show.

    Em 2019 os olhos mais atentos da Cultura Pop concentraram total atenção ao novo show que estreava no catálogo da Amazon Prime: The Boys. O projeto baseado nos quadrinhos que levam o mesmo nome sacudiu o mundo dos super-heróis, indo na contramão das séries atuais da Marvel e DC. Muito além do sangue, das vísceras, das piadas ácidas e da pancadaria, a 2ª temporada é um maremoto dentro do gênero. Claro que a maioria da audiência anseia pelo entretenimento (feito com muita qualidade), mas é o dedo na ferida e o soco na cara da hipocrisia social que tornam a série um hit de 2020.

    Sobre a 2ª Temporada de “The Boys”:

    Billy Bruto, Hughie e a equipe se recuperam de suas perdas na primeira temporada. Fugindo da lei, eles sofrem para lutar contra os Super-heróis. Enquanto a Vought, a empresa que gerencia os heróis, entra em pânico com a ameaça dos Supervilões, e uma nova heroína, Tempesta, agita a empresa e desafia um Capitão Pátria já instável.

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    É impossível falar sobre a Amazon Prime e não citar The Boys, projeto mais popular que existe no catálogo. O show não está apenas na ponta da língua do público. Também está na mente, e nas milhares de publicações feitas nas redes sociais e no coração dos “marqueteiros” da Amazon, que sabem o potencial que a série possui e sempre a utilizam para atrair novos assinantes. Não seguindo os moldes tradicionais dos streamings, a empresa optou em lançar episódios semanais, o que gerou um maior “tempo de vida” para as discussões e teorias do público.

    Com um primeiro episódio capaz de colocar as expectativas lá no topo, o 2º ano imediatamente mostra que é mais potente que a temporada anterior. Aqui, mais uma vez, nada é previsível! Flertando com o mistério acerca dos personagens e suas verdadeiras intenções, a audiência é posta dentro de um confronto que vai muito além dos superpoderes e capas esvoaçantes, estamos falando, é claro, das tramas políticas e dos interesses que envolvem os negócios da Vought (empresa responsável pelo trabalho dos heróis). Somado a isso estão as manipulações midiáticas e como a informação (ou desinformação) são capazes de construir ou destruir a imagem de qualquer coisa, seja uma corporação, seja uma pessoa, seja uma ideia.

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    A equipe formada para derrubar a supremacia dos “supers” precisa lidar com a ausência de seu líder, Billy Bruto, enquanto mantém de pé a missão de derrubar, de uma vez por todas, a Vought. É a partir desse ponto que a narrativa situa os primeiros conflitos, dando abertura para o desenvolvimento de outros personagens que passaram a primeira temporada sem grandes avanços. Isso vale tanto para os Boys, quanto para os membros dos Sete.

    O bom humor e as piadas internas e externas são uma marca desde a season 1. Ao melhor estilo “eu entendi a referência” (obrigado, Capitão América), o roteiro alfineta os grandes nomes da indústria: DC e Marvel. Em vários momentos o enredo flerta, da forma mais irônica possível, com as superficialidades ou até mesmo os deslizes que aconteceram nos filmes e nos bastidores do universo audiovisual dos heróis. A sátira ainda é um dos principais recursos presentes no texto e os roteiristas compreendem muito bem onde estão pisando, transformando cada cena em uma “cutucada” aos fatos reais ou ficcionais.

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    Distribuindo bem o tempo de tela para todos os personagens, as subtramas são trabalhadas de forma orgânica. Algumas até são independentes e distintas, mas a genialidade do texto consegue amarrar todas em um emaranhado de causa e efeito.

    Sabe aqueles momentos que dois ou mais personagens, completamente diferentes, se encontram e a química acontece na hora? As interações inesperadas e os “encontros e desencontros” roubam todos os holofotes nesta temporada. E, é notório que as personagens femininas seguram as rédeas dos principais arcos. Do começo ao fim, todo o controle e as principais viradas de roteiro partem das escolhas e ações de cada uma delas.

    De um lado temos a personagem Kimiko, incrivelmente interpretada pela atriz Karen Fukuhar, que mesmo sem falar um “a“, consegue passar toda a avalanche de sentimentos que fervem dentro da personagem. Diferente da temporada inaugural, dessa vez observamos um lado mais fragilizado da personagem e sua luta contra um novo medo. Do outro, temos a Rainha Maeve (vivida por Dominique McElligott) que também trilha sua própria jornada contra seus fantasmas. Entre a coragem e a covardia, sua imagem é manipulada e utilizada para erguer bandeiras que visam apenas os cifrões.

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    Também temos Luz Estrela, um dos destaques da 2ª temporada. Finalmente ela decide “dançar conforme a música“, entende? Mergulhada em reviravoltas, a atriz Erin Moriarty vai da ação para a emoção em poucos segundos, convencendo aqueles que estão dentro da tela e nós que estamos desse lado. Servindo como “agente dupla”, a heroína que se desencantou com a vida dos heróis está mais furiosa, sagaz e um pouco manipuladora.

    Mas, quem de fato rouba a cena e domina tudo e todos é a nova adição aos Sete. A super chamada Tempesta (Aya Cash) é como uma força da natureza incontrolável, ora destrutiva, ora imprevisível. Percebe-se alusões do nosso dia a dia na caracterização da personagem; não é preciso ter olhos de águia para ver além da heroína e enxergar suas nuances. A “militância” virtual, o poder das redes sociais e a manipulação proveniente das fakes news são elementos que orbitam ao redor dela. Afinal, Tempesta é uma heroína? Uma vilã? Um meio termo? A resposta, é claro, vai abalar certezas e incertezas. Como diz o memecrítica social f*da!“.

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    Com um primeiro ano que nos deixou ansiosos por mais, a 2ª temporada mexe com nossa capacidade de deduzir as coisas. Quando pensamos que nada mais pode acontecer e que as surpresas foram todas utilizadas em uma cena, vem um novo conflito catapultando nossa atenção para outro desafio. O que pode incomodar são as repetições de “impasses” que muitas vezes se resolvem da mesma forma, mas nada que atrapalhe o andar da carruagem, visto que cada episódio sabe construir um começo, um meio, um clímax e um fim.

    O cenário atual nunca foi tão bem representando pela perspectiva ficcional. The Boys é, do começo ao fim, um desfile de alegorias que servem muito bem ao seu propósito. O sarcasmo é uma ferramenta tão bem utilizada que nada escapa das mãos dos roteiristas. Está tudo lá, ao longo dos 8 episódios: a vertente social, política, religiosa e midiática. Você pode até passar a temporada inteira desejando que alguns personagens tomem uma boa surra, mas quem realmente apanha do começo ao fim é a Hipocrisia. Ah, e como apanha!

    The Boys - 2ª Temporada é um soco bem forte na cara da Hipocrisia!
    The Boys / Amazon Prime Video

    Brincando com nossas expectativas e arremessando o público em uma zona de perigo e altas doses de insanidade, a série é um marco, não há como negar! Excelente ritmo, roteiro incrível e personagens que transformam cada minuto em um espetáculo. Com um final de explodir as cabeças, The Boys prova, mais uma vez, que é o suprassumo do catálogo da Amazon Prime.

    Você pode amar filmes de heróis, pode odiá-los, ou ser indiferente, no entanto, uma coisa é certa: The Boys mudará o modo como você vê esse universo de capas esvoaçantes e uniformes coloridos.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | O Halloween do Hubie.

  • Crítica | The Boys – 1ª Temporada

    Crítica | The Boys – 1ª Temporada

    Série original da Amazon Prime Video, “The Boys” é uma narrativa ficcional americana baseada nas HQs de mesmo nome criadas por Garth Ennis e Darick Robertson. Desenvolvida por Eric Kripke para o streaming, a produção sobre super-heróis inverte paradigmas e entrega uma trama desconstruída e ousada envolvendo seres de capa completamente fora de controle.

    The Boys” acompanha uma realidade ficcional onde super-heróis realmente existem, mas tiveram seus valores morais corrompidos pela fama e celebridade que alcançaram. Irresponsáveis, corruptos e, até, homicidas, eles são venerados por todo o país e regulados por uma poderosa organização privada conhecida como Vought International, que os comercializa e monetiza como produtos de marketing.

    Aliando incríveis habilidades com uma perigosa falta de escrúpulos, os Sete – grupo seleto dos heróis mais poderosos e influentes dos Estados Unidos formado pelo Homelander (Antony Starr), Queen Maeve (Dominique McElligott), Starlight (Erin Moriarty), A-Train (Jessie T. Usher), The Deep (Chace Crawford), Black Noir (Nathan Mitchell) e Translucent (Alex Hussel) – arriscam a segurança da população e, dessa forma, passam a ser monitorados de perto por um esquadrão informal da CIA, composto por Billy Butcher (Karl Urban), Hugh Campbell (Jack Quaid), Frenchie (Tomer Capon) e Milk (Laz Alonso), que busca um acerto de contas.

    The Boys
    The Boys – 1ª Temporada / Amazon Prime Video

    The Boys“, em sua essência, cospe na cultura dos super-heróis popularizada na era do audiovisual e despreza toda a mitologia um dia já construída ao seu redor. Aqui, os protagonistas não são os nobres protetores da vida e da justiça, mas seres absolutamente desprezíveis e asquerosos utilizados para arrecadar dinheiro por meio de bonecos, filmes, e videogames. Regulados por uma empresa desonesta e imoral, os “heróis” são uma vitrine para a conquista de poder e influência e, dessa forma, trazem um breve deslumbre do que a realidade poderia ser caso cerceada por criminosos que voam ou disparam laser pelos olhos.

    Irônica e ousada, a produção de Eric Kripker é um delírio necessário. Recheada da adrenalina cruel e desumana escassa em outras produções do gênero, a série da Amazon Prime é um olhar refrescante e, sobretudo, promissor para o universo dos super-heróis. Adequada ao ceticismo da sociedade contemporânea, “The Boys” não tem medo de ir ao extremo e, de forma insana, choca o espectador. Reunindo temas complexos e impactantes como o estupro e o assassinato, os oito episódios lançados testam o limite do aceitável e corroboram para a criação de uma série de heróis para quem, no caso, está cansado de heróis.

    The Boys
    The Boys – 1ª Temporada / Amazon Prime Video

    Carro-chefe da Amazon Prime em 2019, “The Boys” oferece uma dose repugnante de um humor subversivo e de uma violência gráfica brutal e sangrenta. Inovando no gênero, a série se aventura onde ninguém antes havia ousado pisar e, após estabelecer um padrão alto para as produções do tipo, é capaz de fascinar por sua realidade cruel e pelos vícios, ansiedades e falhas de seus personagens. A série do streaming, recheada de críticas e sátiras quanto a condição comportamental do ser humano, conjura uma experiência única e agradável, ainda que nauseante, do início ao fim.

    The Boys” já está disponível na Amazon Prime Video.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | A Maldição da Residência Hill

  • Crítica | A Maldição da Mansão Bly

    Crítica | A Maldição da Mansão Bly

    Baseada no romance gótico “A Volta do Parafuso”, de Henry James, “A Maldição da Mansão Bly” tenta escapar da sombra avassaladora de “Residência Hill”. Apostando alto em uma dramaticidade subversiva, o psicológico da obra de Mike Flanagan sobressai ao terror e, em uma vertente fantasmagórica sólida e expressiva, torna-se o suficiente para chamar a atenção.

    A Maldição da Mansão Bly” tem início em 1987, na Inglaterra, e conta a história de Dani Clayton (Victoria Pedretti), uma jovem governanta que é contratada pelo misterioso Henry Wingrave (Henry Thomas) para tomar conta de seus dois sobrinhos órfãos – Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) – em uma mansão reclusa e assustadora na região de Bly.

    Inicialmente encantador, o local revela segredos obscuros e traz à tona medos e fantasmas do passado, principalmente para a recém-chegada Dani, que se vê obrigada a lidar com a memória de seu falecido noivo e com o comportamento incomum e assustador das duas crianças da casa. Definitivamente assombrada, a maligna Mansão Bly consome seus inquilinos e tenta se apossar eternamente deles, enquanto expõe seus mistérios e permite que espíritos sem rosto circulem, na escuridão, pelos tortuosos corredores da maldita residência.

    A Maldição da Mansão Bly
    A Maldição da Mansão Bly / Netflix

    “A Maldição da Mansão Bly”, cuja narrativa não é uma sequência de “Residência Hill” , segue por uma vertente diferente de sua antecessora. Dirigida por Mike Flanagan – “Ouija: Origem do Mal” e “Jogo Perigoso” -, o terror da Netflix aposta em uma trama psicológica, romântica e dramática, que passa menos tempo elaborando seus sustos – ainda assim, eficazes -, para explorar a poderosa força de seus personagens e a envolvente história de ódio e rancor que transforma qualquer morto em uma assombração desfigurada. A “renúncia” aos clássicos do gênero dão força para “Mansão Bly” desenvolver uma história íntima, apaixonante e absorta em arrependimentos que, por fim, é capaz de se tornar atraente para qualquer espectador.

    Extremamente relacionável, a maior qualidade da obra fantasmagórica da Netflix é a profunda relação entre os sentimentos dos protagonistas – no geral, a culpa – e as aparições assombrosas da mansão. Mantendo o suspense e a ação necessários para estimular a narrativa, até certo ponto, a teia dramática de “Bly Manor” se destaca entre as demais produções e estabelece um padrão interessante e perturbador. No entanto, o que a faz se diferenciar, também é o que a torna imperfeita. A aposta fria em uma narrativa Ultrarromântica torna o ritmo da série lento e, por vezes, repetitivo. Nada capaz de diminuir o brilho do novo trabalho de Flanagan, porém, parte do potencial parece ter sido deixado de lado. O espetáculo poderia ser ainda maior.

    4403198.jpg r 1920 1080 f jpg q x xxyxx
    A Maldição da Mansão Bly / Netflix

    “A Maldição da Mansão Bly”, sem medo de ser diferente, foge de todas as amarras convencionais do terror e, contando com o retorno de Victoria Pedretti, Henry Thomas, Carla Gugino, Oliver Jackson-Cohen e Kate Siegel – protagonistas de “Residência Hill” -, impressiona novamente. Se o tom da série pode, por vezes, falhar, o quadro geral da produção é um deleite visual e cria, constantemente, uma sensação mórbida de mal-estar. A atmosfera concebida em torno da mansão é brilhante e, dessa forma, nos sentimos em cena com cada um dos personagens, apenas para sermos igualmente assombrados pela Dama do Lago e sua fúria implacável.

    Misterioso e claustrofóbico, o conto sobrenatural de Flanagan é mais incômodo do que assustador e, em diversos momentos, oferece uma viagem psicológica que hipnotiza e atormenta. A realidade e a “simplicidade” dos fatos em tela apavora, uma vez que nos afoga em nossos próprios medos, e revela a real urgência da situação caótica e obscura em tela. “Mansão Bly”, trágica à sua maneira, é mais emocionante do que um simples susto.

    2243066.jpg r 1920 1080 f jpg q x xxyxx
    A Maldição da Mansão Bly / Netflix

    “A Maldição da Mansão Bly”, seguindo por uma vertente distinta de sua antecessora, acrescenta um novo sucesso ao universo de terror de Mike Flanagan. Imperfeita, apesar de fascinante, a nova série do streaming faz o espectador pensar e meditar, enquanto é constantemente alimentado com visões assustadoras de seres que vivem no porão ou no fundo do lago. Mistura ambiciosa de gêneros, “The Haunting of Bly Manor“, no original, é uma amostra consistente do trabalho de um autor em ascensão e, repleta de novas ideias, figura como uma experiência gratificante, na mesma medida que perturbadora e macabra.

    A Maldição da Mansão Bly” já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    https://www.youtube.com/watch?v=5QHl7wRBfOU

    Veja também: Crítica | A Maldição da Residência Hill

  • Crítica | Manual de Caça a Monstros

    Crítica | Manual de Caça a Monstros

    Manual de Caça a Monstros é a nova divertida produção original da Netflix, ambientada no Halloween e com monstros  super fofos, o filme acerta em focar no público infantil.

    Há uns anos a Netflix vem fazendo filmes temáticos, seja eles sobre o Halloween ou Natal, tornando essas épocas ainda mais especiais. Lançando na semana passada sua produção original O Halloween do Hubie, o streaming acerta mais uma vez com Manual de Caça a Monstros, que chegou no catálogo essa semana.

    O longa conta a história de Kelly (Tamara Smart), que tem a sua noite de Halloween arruinada por uma promessa que sua mãe fez no trabalho, colocando ela como babá do filho de sua chefe. Ao chegar na casa da criança, Kelly descobre que o menino tem problemas pra dormir, envolvendo os vários pesadelos que ele tem há anos, e que contar para os adultos não resolvia o seu medo, já que eles não acreditavam em ministros.

    O que o garoto não sabia, é que Kelly havia sido uma criança medrosa também, e que o seus pesadelos haviam feito ela amadurecer nessa parte. Durante a noite, o garoto recebe a visita de O Grande Guignol (Tom Felton) um “bicho papão” que vai atrás das crianças que conseguem tornar os pesadelos em realidade, e é capturado. Ao tentar salvar o menino, Kelly entra para uma organização secreta de babás que tentam livrar o mundo dos monstros que aparecem nos pesadelos.

    Manual de Caça a Monstros
    Manual de Caça a Monstros | Netflix

    Apesar de ser ambientado no Halloween, o filme não trás tantas referências à data, além do fato de aparecer algumas pessoas fantasiadas, mas de qualquer forma, o ponto não é esse.

    Desde a divulgação do primeiro trailer, ficou claro que o filme seguiria uma linha totalmente infantil, principalmente se formos pegar a aparência dos personagens e até mesmo dos monstros-que chegam a ser fofos ao invés de assustadores-.

    O filme segue uma linha super simples pra os seus acontecimentos, extremamente previsível desde o início. Apesar de lembrar a maioria dos filmes que costumam passar na Sessão da Tarde, a produção conseguiu alcançar um nível muito bom de qualidade na maioria das partes de seu roteiro.

    Manual de Caça a Monstros
    Manual de Caça a Monstros | Netflix

    O destaque, como já era de se esperar, é total do ator Tom Felton. Conhecido pelo seu excepcional papel de Draco Malfoy em toda a Saga Harry Potter, o ator surpreendeu ao aparecer novamente nas telinhas, de onde estava longe desde 2018. O seu papel de vilão caiu, mais uma vez, como uma luva. A minha torcida vai para que a Netflix invista em produções com o ator, já que ele mostrou diversas vezes o seu talento para as mais variadas histórias.

    Voltando para o Manual de Caça a Monstros, seu elenco juvenil também merece a atenção  por mostrarem o talento e maturidade com que lidaram com o papel. Entre eles estão Oona Laurence, Alessio Scalzotto, Molina Tamada, Indya Moore e Jan Ho.

    Por fim, Manual de Caça aos Monstros é divertido, nada de novo no mundo do cinema mas é o típico filme de fim de tarde, pode ser o confort filme de vários assinantes da Netflix, e pelo jeito como o fim foi caminhando, tudo indica que ano que vem teremos a parte dois e, sinceramente, eu adoraria.

    Manual de Caça a Monstros já está disponível na Netflix.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | A Maldição da Residência Hill

    Crítica | A Maldição da Residência Hill

    Baseada no romance de 1959 de Shirley Jackson, “A Maldição da Residência Hill” é uma série de terror sobrenatural criada por Mike Flanagan para a Netflix. Ressuscitando a essência do gênero, a produção da Paramount Television destrói paradigmas e assusta, na mesma medida que mergulha na loucura sombria de uma casa amaldiçoada e arrepia até o mais cético dos espectadores.

    A Maldição da Residência Hill” tem início no verão de 1992, quando Hugh (Henry Thomas e Timothy Hutton) e Olivia Crain (Carla Gugino) se mudam com os seus cinco filhos para a assustadora Mansão Hill. Intencionados a reformar todo o local para, depois, vendê-lo por um preço maior, os planos da família começam a ser tragicamente interrompidos quando elementos sobrenaturais presentes na casa começam a se manifestar.

    Alternando entre passado e presente, a série de terror segue os cinco irmãos, agora adultos, tendo que lidar com os fantasmas seculares que insistem em assombrá-los. Enquanto enfrentam situações horripilantes envolvendo a mansão e superam o luto de um suicídio na família, Shirley (Elizabeth Reaser e Lulu Wilson), Theo (Kate Siegel e Mckenna Grace), Nell (Victoria Pedretti e Violet McGraw), Luke (Oliver Jackson-Cohen e Julian Hilliard) e Steven (Michiel Huisman e Paxton Singleton) retornam à maldita residência a fim de decifrar a forte ligação da Residência Hill com os Crain e, assim como um mergulho na escuridão, salvar as suas vidas.

    A Maldição da Residência Hill
    A Maldição da Residência Hill / Netflix

    “A Maldição da Residência Hill”, carro-chefe do catálogo da Netflix em 2018, aposta na distinta experiência de Mike Flanagan – diretor de “Ouija: Origem do Mal” e “Jogo Perigoso” -, para ressuscitar a essência clássica do terror e catapultar o espectador em direção ao medo. Evocando espíritos malignos e realocando-os em corredores estreitos e escuros de uma mansão aparentemente “viva”, o thriller sobrenatural sobre a família Crain se estabelece como um dos melhores já produzidos e é, deliberadamente, capaz de enterrar os corpos podres de cada ser que já pisou na Mansão para substituí-los pelo silêncio ensurdecedor de uma necrópole assombrada.

    Desde o início da narrativa macabra de Flanagan, a produção desenvolve um ritmo próprio envolvente e bem construído. O espectador é apresentado a duas linhas temporais distintas sobre uma mesma família e, episódio a episódio, as peças do cenário grotesco da Residência Hill se encaixam de forma elétrica e viciante. A engrenagem narrativa apresentada torna o caos psicológico dos personagens o nosso próprio, e somos capazes de sentir na pele calafrios por cada contato fantasmagórico e cruel vindo da casa dos Crain. Finalmente, o conto de terror da Netflix é coroado por dois plot-twists do tamanho que a produção precisa, encerrando o seu ciclo de maneira brilhante.

    5061108.jpg r 1920 1080 f jpg q x xxyxx
    A Maldição da Residência Hill / Netflix

    “The Haunting of Hill House“, no original, conta com um elenco selecionado a dedo que, aparentemente, foi esculpido para a narrativa de Flanagan. Liderados por Victoria Pedretti – a intérprete de Nell Crain – que, em especial, é um show à parte, todos entregam acima do esperado e compõem uma equipe qualificada que torna cada minuto da jornada maligna na Mansão Hill um deleite audiovisual. Surgindo como um presente para os fãs do gênero, a produção do streaming torna-se referência em tudo o que faz.

    Estratosférica, a série da Netflix é paciente e, em 10 episódios, foge da monotonia para mergulhar fundo em uma investigação poderosa sobre o efeito duradouro do trauma. Criada para envolver, o público não é saturado e encontra a vilania dentro de cada um em tela, assim como em si próprio. Não são apenas as palavras de “Residência Hill” que marcam, mas as imagens de um horror sincero e fúnebre, como a Moça do Pescoço Quebrado. Obstinada a ser diferente, a produção se estabelece em um patamar inimaginável e agrada tanto quanto espanta.

    5036108.jpg r 1920 1080 f jpg q x xxyxx
    A Maldição da Residência Hill / Netflix

    A Maldição da Residência Hill“, fugindo das amarras de gênero há muito estabelecidas, conjura uma sequência narrativa épica, assustadora e apaixonante. Como um filme de terror que só deve ser visto à luz da Lua, a série de Mike Flanagan trará todos os seus medos à tona e, em um arrepio ininterrupto capaz de percorrer toda a extensão da coluna, lhe fará duvidar da própria sanidade. A beleza da adaptação do clássico de Shirley Jackson, de 1959, é imortal e, com toques de perversidade circunscritas em cada linha do roteiro, é capaz de dar à vida uma inesquecível ode ao terror. Assim como espíritos andam amaldiçoados pelos tortuosos corredores da Mansão Hill, ela também está aprisionada em nossas mentes, dessa vez, para sempre.

    Nenhum organismo vivo é capaz de existir com sanidade sob condições de absoluta realidade. Até cotovias e gafanhotos supostamente sonham. A Residência Hill, desprovida de sanidade, erguia-se sozinha contra os montes, abrigando em si a escuridão. Foi assim durante cem anos e talvez seja por mais cem. Em seu interior, as paredes se erguiam verticalmente, os tijolos se uniam com precisão, o assoalho era firme. O silêncio repousava soberano sobre a madeira e a pedra na Residência Hill. E o que por lá andasse, andava sozinho.

    A Maldição da Mansão Bly” estreia no dia 9 de outubro na Netflix.

    Nota: 5/5

    Assista ao trailer:

    Veja também: Crítica | Espírito de Família

  • Crítica | O Halloween do Hubie

    Crítica | O Halloween do Hubie

    O Halloween do Hubie, nova comédia de Adam Sandler é uma as produções que abriram a temporada de Halloween na Netflix, estreando hoje, o filme entra com toda certeza pra lista dos queridinhos do ator, sendo algo totalmente novo – ou nem tanto- em sua carreira.

    Particularmente, quando eu vejo algo sobre um novo filme do Adam Sanler, uma onda de nostalgia me invade e eu fico completamente ansiosa pra ver o que de novo vai sair da cabeça do ator e produtor, e assim foi com O Halloween de Hubie. Eu não costumo assistir muitos filmes com a temática de halloween, não por não serem interessantes, mas foi algo que eu consumi muito durante a minha infância e que agora não vejo tanta graça, mas esse em especial – e não digo isso só pelo fato de amar o Adam- me chamou a atenção.

    No filme, Adam Sandler é um peculiar cidadão da pequena Salém, todos zombam do seu jeito estranho e meio sério de lidar com as coisas, e de sua fiel escudeira: sua garrafinha térmica, que poderia muito bem  ser apelidada de “garrafinha de utilidades”, porque ela vai além de uma garrafa térmica normal, ela tem secador de cabelo e um telescópio embutido.

    O Halloween do Hubie
    O Halloween do Hubie | Netflix

    O halloween é claramente a sua época preferida do ano, e ao iniciar os preparativos para a festa, a cidade fica ciente de que um assassino fugiu de uma clinica psiquiátrica. Como nem todo mundo leva o caso a sério, sobra para Hubie resolver todo o mistério e salvar a noite de todo  mundo, da melhor maneira possível.

    É incontável o número de vezes em que produções trouxeram um mistério a ser desvendado em plena noite de halloween, e nenhuma se destaca o suficiente para agradar os críticos, mas conseguem – e muito- agradar o público.

    A comédia escrita, produzida e estrelada por Sandler é um besteirol temático, daqueles para assistir com toda a família e dar umas boas risadas. Não seria justo da minha parte classificar esse filme como bom ou ótimo, mas ele se contenta muito bem com o razoável e extremamente divertido, assim como a maioria dos filmes no portfólio do Adam.

    O Halloween do Hubie
    O Halloween do Hubie | Netflix

    Grandes produções com uma extensa lista de atores conhecidos é a marca registrada de Sandler como produtor, o ator adora convidar os amigos de longa data para participar de seus filmes, e dessa vez não foi diferente. A longa lista conta com nomes novos e aqueles que batem ponto em praticamente todos os filmes de comédia, entre eles estão Noah Schnapp, Paris Berelc, Lance Lim, Julie Bowen, Karan Brar, China Anne McClain, Kevin James, Rob Schneider, Steve Buscemi, Maya Rudolph, June Squibb, Shaquille O’Neal, Kenan Thompson, Tim Meadows, Ray Liotta, Michael Chiklis, Blake Clark, Ben Stiller e a familia de Sandler, sua esposa  Jackie Sandler, que aparece na maioria dos filmes, e suas filhas Sadie Sandler e Sunny Madeline Sandler, ufa!

    Apesar das piadas batias, situações completamente exageradas e uma atuação um tanto quanto  forçada partindo do próprio Adam, o filme consegue seguir muito bem e não enrola muito em seus acontecimentos,  mesmo se perdendo em alguns pontos.

    E o que eu menos esperava, aconteceu. Ao fim do filme, eu não imaginava que depois dos créditos e de alguns erros de gravação, fosse aparecer uma bela homenagem ao ator Cameron Boyce.

    O Halloween do Hubie
    O Halloween do Hubie | Netflix

    Cameron era um jovem ator que acabou falecendo no ano passado após uma convulsão, sua ligação com o Adam Sandler vem desde 2010, quando os dois trabalharam juntos como pai e filho na comédia Gente Grande. Sandler falou sobre o caso na época em que o ator faleceu, mas ficou claro o seu carinho e o orgulho que ele tinha pelo Cameron nas belas palavras que escreveu.

    Por fim, O Halloween do Hubie não passa de mais uma do Sandler, mas isso de forma alguma é uma coisa ruim. A comédia cumpre o seu papel de ser engraçada e para a família, vale a pena ser assistido várias vezes.

    O Halloween do Hubie já está disponível na Netflix.

    Nota: 3/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | The Lie

    Crítica | The Lie

    Suspense fruto de uma parceria entre o Amazon Prime Video e o Bkunhouse, The Lie é a prova viva de que uma mentira contada várias vezes acaba se tornando uma verdade. O filme que estreou hoje no  Prime Video vem chamando a atenção do público desde a divulgação do seu trailer.

    O que você  seria capaz de fazer para encobrir uma mentira? se você ainda não tem uma resposta, isso com certeza vai mudar após assistir The Lie, que é basicamente um filme sobre a mentira e as consequências de se esconder algo.

    Baseado em um filme alemão chamado “Nós Monstros”, The Lie começa com uma leveza que não costumamos ver em filmes tão tensos, nele Kayla (JoeyKing) é uma adolescente comum e com poucos amigos, que tenta lidar diariamente com o divórcio dos pais Jay (Peter Sarsgaard) e Rebecca (Mireille Enos). Um dia, quando estava a caminho da aula de balé, Kayla avistou sua melhor amiga Rebeccca (Devery Jacob) num ponto de ônibus, para impedir que a amiga siga sozinha, Kayla pede para que o seu pai dê carona. Ele prontamente aceita o pedido da filha.

    The Lie
    The Lie | Amazon Prime Video

    Durante o caminho, Rebeccca começa a agir de um jeito diferente, deixando Kayla completamente envergonhada. No meio do caminho o carro para no meio do nada, as meninas saem para andar e Jay fica sozinho parado ao lado do carro. Poucos segundos depois, é possível ouvir um grito assustador e logo em seguida a Kayla em cima de uma ponte, dizendo repetidas vezes de que teria empurrado a  melhor amiga de propósito por não concordar com as atitudes da menina dentro do carro.

    Sem muitas perguntas, Jay logo pensa em como encobertar a filha caso haja uma investigação, e junto de sua ex esposa, faz de tudo para que a filha fique de fora de qualquer  suspeita. Juntos pela primeira vez depois de muito tempo, a família tenta levar uma vida normal ao tentar esconder o assassinato, e tudo ia bem até o aparecimento do pai de Rebecca.

    Suspenses que giram em torno e mentiras são, para mim, os mais interessantes por se aproximarem ainda mais com a realidade. Em uma época em que vivemos coma alta das Fakes News, acreditar em uma mentira nunca foi tão fácil.

    The Lie
    The Lie | Amazon Prime Video

    The Lie, ao mesmo tempo que tem uma curta duração, consegue encaixar muito bem todos os seus elementos, se mantendo interessante do começo ao fim. A discussão sobre “o que um pai é capaz de fazer para ajudar o seu filho?” se faz presente durante todo o filme, nos fazendo ficar em cima do muro enquanto assistimos (pelo menos até os últimos 20 minutos).

    Apesar de pular várias etapas que estamos acostumados a ver num filme como esse, The Lie não decepciona, e se mantém impecável tanto nas atuações como no mistério envolvendo toda a situação do assassinato e da mentira.

    The Lie foi produzido em 2018 e escrito e dirigido por Veena Sud, a demora pelo lançamento aumentou ainda mais a expectativa do público -incluindo euzinha-. Admito que cada vez mais me surpreendo em como a realidade vem se parecendo ainda mais com a ficção, e não consigo ver um lado bom nisso (vulgo caso recente no Brasil em que uma menina menor de idade disparou um tiro na cabeça de uma outra menor, e teve ajuda dos pais para encobrir tudo).

    The Lie
    The Lie | Amazon Prime Video

    Intrigante e cheio de boas atuações, The Lie traz  um constante questionamento sobre o que é verdade e quais as consequências de manter uma mentira.

    The Lie já está disponível no Amazon Prime Video.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Emily Em Paris

    Crítica | Emily Em Paris

    Emily em Paris é a nova comédia da Netflix, focando no mundo do marketing de uma maneira leve e descontraída, cheia dos clichês românticos e o ar parisiense, ela merece toda a atenção do público e uma petição para a segunda temporada sair o mais rápido possível.

    Quem nunca sonhou em ter uma oportunidade de trabalhar na Cidade Luz? Croissant e perfumes são algumas das milhares de coisas que chamam a atenção em Paris, seu ar romântico e sua língua um tanto quanto complicada são itens importantes para uma boa aventura quando se está sozinha.

    Emily Cooper é uma executiva de marketing em uma grande empresa em Chicago, e que vê sua vida mudar completamente quando surge a oportunidade de comandar o marketing debuta agência recém-comprada por sua chefe em Paris, para ser a visão “americana”. Com zero fluência no idioma e considerada “brega” pelos colegas de trabalho – e principalmente pela sua nova chefe-, Emily tenta ao máximo elevar o nível da filial francesa. Sendo responsável pelas mídias sociais de vários clientes importantes, ela tem que provar a todo momento o seu potencial na indústria do marketing.

    Emily em Paris
    Emily em Paris | Netflix

    Mas nem tudo é só trabalho,  Emily terminou recentemente com o seu noivo e, com uma cidade cheia de homens prontos para viver um romance francês, fica difícil não engatar um relacionamento e até mesmo fazer parte de um triângulo amoroso. Amizades também surgem para aqueles que estão completamente sozinhos na cidade, com o carisma e uma boa lábia, Emily faz belas amizades.

    Desde que a série foi anunciada, três coisas ficaram bem claras: a influência de Sex And The City, Gossip Girl e O Diabo Veste Prada, o que foi se confirmando com o decorrer dos episódios e até uma citação à Serena van der Woodsen, e não é de se estranhar toda essa ligação já que o criador é ninguém menos que Darren Star, o mesmo de Sex And The City . Mas, o que difere Emily em Paris das demais séries é a modernidade e a forma com que as coisas acontecem, o feminismo é algo presente nos episódios.

    Emily em Paris
    Emily em Paris | Netflix

    Emily em Paris é uma série leve e viciante, daquelas que a gente maratona sem sentir. Apesar de conter os clichês que talvez sirvam mais para encher linguiça na trama, ela se destaca por ter uma protagonista extremamente interessante. Lily vem brilhando em vários papéis ao longo de sua carreira, e esse com toda certeza será lembrado. Ao lado dela na série, estão nomes como Kate walsh, Lucas Bravo (Gabriel), Ashley Park (Mindy), Philippine Leroy-Beaulieu (Sylvie) e William Abadie (Antoine).

    Louca e imprevisível como a vida, Emily Em Paris é a força e a inteligência feminina nas telinhas, além de um ótimo entretenimento. Existem rumores sobre a sua segunda temporada já estar pronta e nós estamos mais que ansiosos para essa confirmação.

    Emily em paris já está disponível na Netflix.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | The Boys In The Band

    Crítica | The Boys In The Band

    The Boys In The Band é uma peça americana que aborda a discussão sobre a homossexualidade nos anos 60. Trazida para as telonas nos anos 70, o filme ganhou uma nova adaptação nas mãos do produtor Ryan Murphy, entrando para a lista de produções originais da Netflix.

    Não é e hoje que o diretor e produtor Ryan Murphy vem focando em adaptações de grandes clássicos, e dessa vez não seria diferente. Com uma história trazida lá dos anos 60, Murphy conseguiu -mais uma vez- chamar a atenção do público com uma discussão madura sobre a homossexualidade.

    Nesta versão de 2020 do musical, um grupo de amigos gays se reúne em um apartamento para a comemorar o aniversário de um deles, até que um antigo colega da faculdade do anfitrião aparece sem ser convidado, trazendo os seus problemas pessoais para dentro da festa.

    The Boys In The Band
    The Boys In The Band | Netflix

    Homofóbico e agressivo, o penetra muda todo o rumo do evento trazendo vários questionamentos sobre o amor e a homossexualidade. A chegada do aniversariante deixa tudo ainda mais tenso, até que eles decidem começar um “jogo” cruel de encarar brutalmente amores perdidos ou não correspondidos, claramente conduzindo uns aos outros a lugares pouco confortáveis e até exasperantes.

    Apesar de ser uma adaptação de um musical, fica claro desde o começo que o filme não seguiria a mesma linha, o que foi extremamente interessante tanto para a trama quanto para o desenvolvimento dos diálogos complexos.

    Ambientar produções em décadas passadas é a marca de Ryan Murphy, que sabe muito bem trazer de volta os anos dourados para as telas, sendo em séries ou filmes. Mas, o que realmente chamou a atenção em The Boys In The Band não foram os figurinos lindíssimos e nem toda a estética sessentista, e sim a brilhante escolha de elenco.

    The Boys In The Band
    The Boys In The Band | Netflix

    Como citado anteriormente, The Boys In The Band foi originalmente uma peça, peça essa que foi adaptada diversas vezes em diversas formas, que estava no teatro recentemente com alguns dos atores presentes no filme. A intimidade com a história pode ter ajudado ainda mais o elenco a se encontrar dentro do enredo, trazendo o brilho necessário nos personagens.  

    No elenco temos nomes como Jim Parsons (Michael), Matthew Bomer (Donald), Charlie Carver (Cowboy), Andrew Rennells (Larry), Zachary Quinto (Harold), Tuc Watkins (Hank), Brian Hutchinson (Alan), Robin de Jesús (Emory) e Michael Benjamin Washington (Bernard).Com um único cenário, uma discussão necessária e momentos de reflexão, The Boys In The Band veio em sua melhor forma e na melhor hora.

    The Boys In The Band já está disponível na Netflix.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer: