Criada por Eric Kripke e Evan Goldberg, Gen V retorna mais potente e com maior impacto dentro do universo de The Boys
Embora The Boys (2019, Eric Kripke) tenha se consolidado como uma das séries de maior sucesso do Amazon Prime Video, já na terceira temporada o público começava a notar sinais de desgaste. Capitão Pátria demorava a assumir de fato sua persona de grande vilão, algo só alcançado plenamente no final da quarta temporada, assim, para atiçar novamente o interesse do público, optou-se por expandiu o universo por meio de um novo olhar, e assim nasceu Gen V.
Com uma atmosfera adolescente e estrutura semelhante à da série original, Gen V apresentava um tom mais leve e participações pontuais de personagens conhecidos, como Ashley e até uma breve aparição de Capitão Pátria, sendo claro desde o começo que a produção era somente um braço deste gigantesco universo que estava sendo criado, nada mais do que isso, porém, seu final foi corajoso, amarrando-se diretamente à quarta temporada de The Boys e levando a novos caminhos.
No dia 17 de setembro, a série retornou com uma nova temporada, agora profundamente ligada ao desfecho da última temporada de The Boys, e mais presente dentro do universo como um todo, sendo já um ponto positivo se compararmos com sua última temporada: se antes Gen V estava à margem, agora participa ativamente do tabuleiro que definirá o final da série como um todo.

London Thor, Jaz Sinclair e Lizze Broadway em cena de ‘Gen V’- DIvulgação Amazon Prime Video
A imersão na “América de Capitão Pátria” é um dos destaques. A sátira política, marca registrada de Kripke e Goldberg, continua afiada e desconfortavelmente próxima da realidade, principalmente se refletirmos a questão dos imigrantes na América. Como em South Park (1997, Trey Parker), ninguém escapa das críticas, mesmo que a série adote em geral um viés mais democrático e liberal. Este pano de fundo torna o início da nova temporada especialmente relevante, ainda mais com a presença ampliada de personagens icônicos como Luz-Estrela, como mostrado já no trailer, e preparando terreno para uma quinta temporada que promete proporções épicas.
Apesar de mais inclusa no universo, Gen V permanece a mercê de The Boys, exigindo cada vez mais que o público acompanhe todo o conteúdo prévio, diferentemente da primeira temporada, que se sustentava, por bem ou por mal, de forma mais autônoma.
A temporada começa logo após os eventos da quarta temporada: Emma e Jordan são libertos da prisão, Marie está foragida e André não retorna, em respeito ao ator Chance Perdomo, falecido em um acidente de moto antes das filmagens. Sua ausência é sentida e constantemente mencionada, a ponto de se tornar repetitiva, abrindo espaço para que Polaridade, seu pai na trama, ganhe mais destaque.
Com um novo reitor misterioso no comando da Universidade Godolkin, a narrativa aprofunda as origens da instituição e mergulha na psicologia de Sam e, principalmente, de Cate, que se confirma como uma das personagens mais complexas do universo de Gen V. Marie também cresce muito, conquistando empatia e carisma, mesmo sem desejar o papel de “escolhida” que lhe é imposto, enquanto Jordan e principalmente Emma estão presentes, porém, sem o carisma tão claro da temporada anterior.

Maddie Phillips em cena de ‘Gen V’- DIvulgação Amazon Prime Video
O ritmo inicial é lento, apesar de manter a violência e as cenas sexuais desconfortáveis que construíram o universo, porém, somente sentimos algo realmente relevante no gancho do terceiro episódio, que inicia o aquecimento em direção a um clímax intenso, que atinge o ápice no penúltimo episódio e conduz a um final de temporada arrebatador, que terá fortes implicações para o futuro da franquia.
Embora não alcance o peso estético e temático de The Boys, a segunda temporada de Gen V demonstra mais maturidade e coerência com o universo maior, especialmente nas alegorias sobre política, mídia conspiratória e resistência, além de no mínimo uma participação especial em cada episódio da temporada.
Ao preparar o campo de batalha que pode redefinir todas as regras do universo apresentada, Gen V cumpre com excelência o papel de ponte. Para os fãs ansiosos pela quinta e última temporada de The Boys, ela funciona não apenas como um saboroso aperitivo, mas como parte essencial de um banquete que promete ser memorável.
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