Mistura de sátira, ação e crítica política, o novo longa de PTA, “Uma Batalha Após a Outra”, transforma Thomas Pynchon em um espetáculo vibrante e traz a melhor atuação de Leonardo DiCaprio desde “O Lobo de Wall Street” (2013)
O diretor Paul Thomas Anderson (“Embriagado de Amor”) retorna às telas em grande estilo com “Uma Batalha Após a Outra”, um filme que reafirma sua ousadia criativa ao transformar literatura complexa em cinema pulsante. Inspirado no romance “Vineland” (1990), de Thomas Pynchon (“Vício Inerente”), a adaptação conserva o espírito paranoico e contracultural do autor, mas
o contextualiza no presente ao abordar temas como imigração e confiança nas instituições. Embora dialogue com o passado, a obra revela-se surpreendentemente atual.

Uma Batalha Após a Outra I Warner Bros
A narrativa segue Bob (Leonardo DiCaprio), um revolucionário errático envolvido em ataques a centros de detenção de imigrantes na fronteira EUA-México. Dentro da célula armada, seu papel é secundário e improvisado, contrastando com Perfídia (Teyana Taylor), parceira carismática e estrategista do grupo.
O embate central ocorre com o coronel Steven Lockjaw (Sean Penn), uma figura grotesca e obcecada, que funciona como contraponto perfeito ao protagonista. Paralelamente, Bob enfrenta uma relação conturbada com a filha adolescente, Willa (Chase Infiniti), que questiona sua relevância como militante e sua capacidade de ser pai, trazendo uma camada de complexidade emocional à trama.
O grande destaque do filme é, sem dúvida, Leonardo DiCaprio (“Os Infiltados”), em sua performance mais intensa e multifacetada desde “O Lobo de Wall Street” (2013). O ator constrói um personagem deslocado, frágil e, por vezes, ridículo, mas sempre fascinante, num trabalho que já o coloca entre os favoritos ao Oscar. Sean Penn (“Sobre Meninos e Lobos”) também impressiona, compondo um vilão animalesco e repulsivo, cuja energia grotesca amplifica a instabilidade de Bob. Entre os coadjuvantes, Teyana Taylor (“Mil E Um”) é magnética, enquanto Regina Hall (“Viagem de Garotas”) e Chase Infiniti (“Acima de Qualquer Suspeita”) oferecem atuações firmes, enriquecendo a densidade do enredo.

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Anderson equilibra com maestria sátira e ação, criando uma narrativa que, mesmo nos momentos mais intensos, não perde a carga de humor. A ironia surge pontualmente, proporcionando alívio sem diluir a força da crítica política e social do longa. Esse equilíbrio entre tons distintos é uma das maiores qualidades da obra, evidenciando a habilidade do diretor em manter a coesão sem comprometer a intensidade da mensagem.
O ritmo narrativo é consistente, com poucas passagens mais lentas. Apesar da extensa duração (2 horas e 41 minutos), o filme se mantém surpreendentemente leve. O diretor consegue expandir as situações com inteligência, evitando repetições desnecessárias e mantendo o espectador engajado até o final.

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Visualmente, a fotografia, de Michael Bauman (“Homem de Ferro”), é impressionante. A câmera explora amplamente os espaços, permitindo que cada cena respire e crie uma imersão única na Nova York em questão— seja no caos das ruas ou nos confrontos mais intimistas. A generosidade dos enquadramentos dá à narrativa uma sensação de amplitude e liberdade, contribuindo para a experiência cinematográfica como um todo.
No balanço final, “Uma Batalha Após a Outra” é um filme vibrante e ousado, que combina inventividade formal, crítica política e atuações marcantes. Sério e absurdo na mesma medida, divertido e desconfortável, o longa observa o passado recente para iluminar as contradições do presente. Uma experiência intensa que reafirma o talento de Anderson e coloca DiCaprio em um dos momentos mais arrebatadores de sua carreira.
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