CRÍTICA | O Maravilhoso Mágico de Oz reimagina o clássico nos tempos modernos
O Maravilhoso Mágico de Oz acerta no “maravilhoso”, mas falha na parte mágica.
Em uma viagem feita pra se distrair das redes sociais, a família de Elli se divide quando um tornado surge e leva tanto a filha quanto o cachorro para um mundo mágico onde o mal está prevalecendo, mas ainda há esperança para que Oz resolva todo o problema.
Tirando a ausência da Bruxa do Oeste, a Glinda e o nome “Dorothy”, esse filme russo, dirigido pelo Igor Voloshin, acaba se aproximando bastante do clássico de 1939, dirigido por Victor Fleming, onde a protagonista busca uma forma de voltar pra casa e acaba esbarrando com um espantalho, um homem de lata e um leão, do qual fará uma bela amizade e amadurecerá graças aos conflitos que vai enfrentar nessa jornada em busca do tal mágico que pode ajudá-la.

O Maravilhoso Mágico de Oz | Studio TriTe
Partindo dessa natureza de trabalhar o amadurecimento da criança ao se distanciar dos pais, fica claro a mensagem em prol de valorizar o tempo longe de produtos supérfluos que as crianças já crescem tendo e enxergam qualquer outra coisa como “chato”. Então, trazer o universo de Oz pra isso, com mensagens de amizade, enfrentar o medo e a importânia da natureza se mostra uma ótima ideia. Pena que não é explorada.
O que me leva a abordar O Maravilhoso Mágico de Oz como um todo nesse quesito. Tirando o laço que vai se criando no grupo principal do filme, nada é verdadeiramente aprofundado, de modo que conecte o espectador para com a trama, que traga uma verdadeira empatia para com a protagonista e sua história, porque não só a personagem traz pouco carisma, mas os diálogos acabam por soar extremamente expositivos.
Além do tal amadurecimento nunca vir de fato, de um jeito que fique claro e visível. Por vezes, a personagem apenas muda de opinião, cita algo, nota aquilo, e acaba por aí. Não ganha profundidade. Diferente dos seus amigos que passam por uma jornada mais clara, mais notável tal evolução, onde o leão covarde e o espantalho sem cérebro conseguem subverter as expectativas e não faz jus à característica que receberam.
Na parte técnica, o longa-metragem consegue chamar bastante atenção pela sua trilha épica e poderosa, que remete a franquias de alto escalão como Senhor dos Anéis. Não que seja tão marcante ou bem inserida, mas é bem feita e passa uma sensação diferente para o filme, trazendo um ar mais sério pra jornada. Tal qual, os efeitos visuais estão ótimos, com os cenários passando verossimilhança e nas vezes que poderia ficar algo muito falso, utilizando cenários pintados para por ao fundo dos protagonistas, o que ajuda a não sair da imersão e quase passando uma sensação teatral que, na minha opinião, mais agregou ao projeto.

O Maravilhoso Mágico de Oz | Studio TriTe
Dito isso, a sensação que a produção passa é muito mais de episódio de TV do que verdadeiramente um filme, não só pela direção simplória, como pelas atuações plásticas, esverdeadas, onde os interpretes do Espantalho e Homem de Lata chegam mais próximos de demonstrar algo real, com esforço, em que fique visível um trabalho por parte de conseguir sentir aqueles personagens na pele. Mas o final, consegue nem fazer jus aos cliffhangers (recurso de roteiro que deixa o final em aberto pra segurar o público pro próximo) dos seriados mais fracos, soando corrido e picotado.
Vale destacar, como já citado no começo dessa análise, que o filme se distancia do universo clássico de Oz, trocando as bruxas e feiticeiras, apresentando novas personagens que infelizmente não passam força, construção ou sentimento, faltando seriedade para com elas, o que felizmente dura pouco e até por isso o tempo de tela possa ser curto. Ao notar que não havia muito o que ser feito, ou quem sabe, queria deixar para desenvolver na Parte 2, o que acaba mais dando a vontade de não ver mais sobre do que realmente se aprofundar de algum modo, a obra prioriza o quarteto que o espectador deve torcer.
O Maravilhoso Mágico de Oz está longe de ser uma catástrofe, sendo um filme que o público infantil deve se conectar e se divertir bastante, já que mesmo com problemas, a obra em nenhum momento para ou se deixa respirar por muito tempo, deixando de lado aqueles momentos introspectivos e apostando mais na aventura, na formação desse clássico time que mostra como ainda tem energia pra funcionar nos dias de hoje se bem feito. Mesmo que o filme esteja longe de alcançar o clássico, ele de forma alguma desrespeita o que deu tão certo.
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