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  • CRÍTICA | Parasyte: The Grey – Parasitas alienígenas violentos dominam essa série de ação grotesca da Netflix

    CRÍTICA | Parasyte: The Grey – Parasitas alienígenas violentos dominam essa série de ação grotesca da Netflix

    Parasyte: The Grey é uma série de ação frenética em seis episódio intensos.

    Filmes como “O Enigma de Outro Mundo” são obras que exploram o medo da desconfiança e do desconhecido. O sentimento de não estar seguro perto de alguém que pode apresentar uma ameaça inimaginável. Comparações à parte, “Parasyte: The Grey” é semelhante ao clássico de John Carpenter. Porém, essa nova adaptação de mangá disponível na Netflix, apresenta cenas de ação frenética e uma história intrigante, mesmo que demore um pouco para cativar.

    Na história, parasitas invadem e mudam corpos humanos, especialmente a cabeça, que se transformam em tentáculos e lâminas afiadas. Na cidade de Namil, uma conspiração se forma após estranhos desaparecimentos e assassinatos. Uma equipe de elite especialista em caçar as criaturas, luta para eliminar essa ameaça parasítica, que pode se disfarçar como qualquer pessoa.

    A produção tem bons efeitos gráficos, mesmo não sendo realista, combina com a fantasia do proposto. Há uma integração interessante dos efeitos com os ambientes e personagens. Por exemplo, os tentáculos dos monstros se alongam e esbarram por onde passam. E os diferentes visuais para essas monstruosidades são nojentos e criativos. Com isso, as cenas de luta são os destaques. Como um intenso combate em uma ponte enquanto uma onda de criaturas luta contra soldados.

    parasyte the grey

    Parasyte: The Grey | Netflix

    No quesito de atuação, personagens secundários têm papéis maiores e mais intrigantes. Principalmente para Koo Kyo-hwan, como um membro de gangue que aprende a não ser mais covarde e ajudar os outros.

    Por mais que tenha muita ação, demora para ganhar fôlego e informações são repassadas repetidamente para diferentes personagens, o que torna a experiência chata. Esses elementos contribuem para um desenrolar de eventos chatos, principalmente nas primeiras partes.

    Porém, a partir do quarto episódio, os conflitos principais são estabelecidos, reviravoltas e acontecimentos mais chocantes espantam em diversas ocasiões. Devido a mortes inesperadas de maneiras violentas, além de um desenvolvimento mais profundo e contemplativo das ideias propostas. “Parasyte: The Grey” tem seu próprio sabor e méritos dentre histórias com premissas parecidas, mesmo que seja lenta, como uma larva de parasita, para chegar em pontos mais importantes.

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  • CRÍTICA | Evidências do Amor: Chega de mentiras, não tem como negar as evidências dessa hilária comédia

    CRÍTICA | Evidências do Amor: Chega de mentiras, não tem como negar as evidências dessa hilária comédia

    Em “Evidências do Amor”, Marco, um desenvolvedor de aplicativos, e Laura, uma médica aspirante a cantora, se conhecem durante um fatídico dueto da canção “Evidências”. Um romance perfeito mostra rachaduras, quando ela decide não se casar. Após um ano lamentando o ocorrido, ele ainda não entende o que errou. Porém, tudo muda quando a música que os juntaram, se torna seu pior pesadelo. Agora, sempre que ouve a composição de Chitãozinho e Xororó, ele é transportado para horríveis memórias do seu último relacionamento.

    O filme lembra premissas semelhantes, como “Feitiço do Tempo” ou “A Morte Te Dá Parabéns”, produções em que um protagonista percebe seus erros ao reviver eventos de sua vida. Mas o longa brasileiro tem seu charme, mantendo um ritmo constante de momentos cômicos com personagens carismáticos, mesmo com poucos buracos ao longo da jornada.

    Marco Antônio, interpretado hilariamente com uma energia única por Fábio Porchat, não entende o quanto egoísta e irritante que é, mesmo sendo uma pessoa boa. Não tem jeito, nega qualquer possibilidade de que tenha cometido erros durante sua relação com Laura, interpretada por Sandy Leah, que entrega uma boa atuação, principalmente em momentos mais sérios. Ambos os artistas têm uma química interessante, mostrando seus lados cômicos e dramáticos.

    CRÍTICA | Evidências do Amor: Chega de mentiras, não tem como negar as evidências dessa hilária comédia

    Evidências do Amor | Warner Bros. Pictures

    Mesmo que a trama apresente irregularidades, principalmente após uma revelação nas partes finais, mesmo se tornando um pouco repetitiva em sua conclusão, a experiência é satisfatória. O longa lida com passado e futuro de maneira coerente, além de ter uma boa fotografia e efeitos gráficos, que são bem utilizados na comédia. Por exemplo, quando paredes invisíveis forçam o protagonista a ficar em uma memória.

    Além disso, bastante humor é extraído de Marco tentando evitar a qualquer custo ouvir “Evidências”. E não só isso, quando tenta descobrir o porquê desse fenômeno, pede ajuda à sua síndica, interpretada pela igualmente talentosa Evelyn Castro. “Evidências do Amor” é tanto hilário quanto emocionante, trazendo um bom arco de desenvolvimento do personagem principal, que aprende a não pensar mais em si só. Com esse filme, não tem como negar a risada, talvez até para os públicos mais sérios.

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  • CRÍTICA | Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é um fracasso nostálgico na busca pelo sucesso

    CRÍTICA | Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é um fracasso nostálgico na busca pelo sucesso

    “Ghostbusters: Apocalipse de Gelo”, dirigido por Gil Kenan (“A Casa Monstro”) e corroteirizado por Jason Reitman (“Juno”), é a aguardada sequência de “Ghostbusters – Mais Além” (2021), que alcançou sucesso relativo, tanto de crítica quanto financeiro, especialmente durante a pandemia. Com novos personagens já estabelecidos na franquia, as expectativas para essa continuação eram altas. No entanto, o resultado final decepciona, revelando-se uma produção centrada apenas na nostalgia.

    Na trama, a descoberta de um artefato antigo desencadeia uma força do mal, levando os Caça-Fantasmas originais e os novos a unirem forças para proteger Nova York e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

    CRÍTICA I Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é um fracasso nostálgico na busca pelo sucesso

    Ghostbusters: Apocalipse de Gelo | Sony Pictures

    “Ghostbusters: Apocalipse de Gelo” tenta, então, sustentar-se na nostalgia, mas falha ao não desenvolver adequadamente os novos personagens introduzidos no filme anterior, perdendo-se em uma tentativa barata de remeter-se ao passado. Isso é exemplificado na presença de Bill Murray (“Feitiço do Tempo”), que, apesar de carismático, não consegue salvar o longa.

    Embora Nova York seja um elemento crucial desde o início da franquia, o filme não aproveita bem o cenário, com sequências externas mal realizadas e uma predominância excessiva de locações internas, resultando em uma sensação artificial nas imagens.

    Com uma grande quantidade de personagens mal desenvolvidos, o longa perde a oportunidade de construir uma ameaça convincente e coesa, comprometendo até mesmo o antagonismo da história. Várias cenas divulgadas na campanha de marketing são descartadas do produto final, dando uma impressão de uma versão incompleta.

    CRÍTICA I Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é um fracasso nostálgico na busca pelo sucesso

    Ghostbusters: Apocalipse de Gelo | Sony Pictures

    Por outro lado, destaca-se positivamente os competentes efeitos visuais e a comédia, em momentos pontuais, que evitam o caos completo.

    Ainda assim, “Ghostbusters: Apocalipse de Gelo” revela-se, no todo, uma sequência inferior à sua predecessora, incapaz de renovar-se ou expandir-se, dependendo exclusivamente do apelo nostálgico. No máximo, serve apenas como entretenimento leve para uma sessão da tarde com pipoca.

    No entanto, parece que a Sony está satisfeita em contar apenas com os resultados numéricos, impulsionados pela nostalgia, mesmo que isso signifique sacrificar a qualidade e a originalidade de uma franquia tão querida.

    Nisso, para resolver qualquer problema, a Sony já sabe a quem chamar.

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  • Crítica | O Regime: Entre fungos e beterrabas, o absurdo regime de Kate Winslet, em uma intrigante minissérie da Max

    Crítica | O Regime: Entre fungos e beterrabas, o absurdo regime de Kate Winslet, em uma intrigante minissérie da Max

    No primeiro episódio de “O Regime”, a paranoia domina o palácio da chanceler Elena Vernham. Estranhos aparelhos estão espalhados pelos corredores e a umidade deve ser constantemente medida para controlar a presença de um fungo misterioso. Tudo muda após a chegada do mentalmente instável Cabo Zubak, mas não para o melhor. Um estranho relacionamento se forma, que coloca a segurança e futuro de uma fictícia nação europeia em perigo. Para os personagens é um caos, mas para quem assiste aos seis episódios dessa minissérie, é uma hilária e imprevisível jornada.

    Acompanhamos um governo se tornando instável. A governanta soberana interpretada pela magnífica Kate Winslet, inicialmente se apresenta como uma imponente líder. Porém, lentamente se revela uma pessoa frágil, quando conhece o igualmente atormentado Cabo Zubak, trazido à vida por Matthias Schoenaerts em uma insana performance. Adicionalmente, Andrea Riseborough se destaca como uma mãe presa aos quereres de sua superior.

    Crítica | O Regime: Entre fungos e beterrabas, o absurdo regime de Kate Winslet, em uma intrigante minissérie da Max

    O Regime | HBO | Max

    Um ótimo design de produção retrata a mudança nos ambientes do palácio, que refletem a psique da chanceler, desde estarem cobertas por plástico, até cheias de batatas, que de acordo com o cabo, são curadoras. Também apresenta referências visuais divertidas a “O Grande Hotel Budapeste”. Além disso, uma excelente trilha sonora pelo premiado Alexandre Desplat, mistura sons que lembram hinos militares misturados com uma melodia quase mágica.

    A condução da narrativa lembra Kafka e George Orwell, onde uma controladora líder, cujas inseguranças a levam a tomar decisões inacreditáveis, como iniciar uma conspiração envolvendo beterrabas. Porém, é possível ver um lado humano, que revelam traumas do passado, mostrado em cenas em que a protagonista conversa com o caixão de seu pai.

    O ritmo é rápido e diversos momentos imprevisíveis são chocantes. Mas eles vem ao custo de personagens tomarem decisões não condizentes com suas ações. Mesmo assim, “O Regime” é uma ótima adição ao catálogo da Max, que deve surpreender o público. Ótimas atuações, especialmente da Kate Winslet e Andrea Riseborough, design de produção e história, elevam essa minissérie em meio a muitas outras.

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  • CRÍTICA | 2ª temporada de Invencível mostra a dificuldade de superar um trauma

    CRÍTICA | 2ª temporada de Invencível mostra a dificuldade de superar um trauma

    Depois de lutar contra o próprio pai para salvar a Terra, Mark Grayson se dedica a vida heroica sem permitir que descanse e viva um pouco como um adolescente normal. Sua mãe e amigos dão o máximo para auxiliá-lo nessa recuperação, em ajuda-lo a equilibrar os dias de luta e de faculdade, até que surge um homem chamado Angstrom Levy, que após sofrer um acidente envolvendo o Invencível, o vê como uma ameaça que deve ser destruída não importa de que Terra no multiverso venha.

    Partindo disso, o segundo ano do universo criado por Robert Kirkman, que atua fortemente na produção da animação, explora todos os lados imagináveis envolvendo o multiverso, a galáxia que é bem mais ampla do que aparenta e para que rumo vai levar cada personagem com suas tramas particulares. Então, mesmo que cada episódio apresente uma duração de quase uma hora e todos sejam completamente bem equilibrados no ritmo, na abordagem de um tema especifico e de quando vai propor uma briga dentro da história, fica uma sensação de que muitos assuntos foram colocados e alguns acabaram esquecidos, ao mesmo tempo, que ao parar pra pensar sobre o que deveria ser feito, não existe muitas ideias palpáveis para manter a temporada.

    Os primeiros episódios são estritamente focados em abordar a ideia do multiverso, onde o espectador conhece versões alternativas do protagonista como um inimigo e os Guardiões como os defensores da Terra, do mesmo jeito que acompanha variadas personalidades de um mesmo personagem que se unem em prol de um objetivo comum. Ainda que o tema seja explorado de um modo divergente do que ficamos acostumados a ver no cinema, quando a série decide abordar outros assuntos e volta com isso apenas no final, fica a sensação de que faltou algo, seja o protagonista conhecendo seu lado maléfico ou o antagonista trazendo algo de relevante ao retornar, principalmente quando em determinado momento descobre uma arma que poderia derrotar o Invencível, mas que no último episódio tudo fica resumido em ameaçar quem o herói ama.

    Entretanto, mesmo que o tema de realidades alternativas pareça desperdiçado por parte de viajar por estas outras dimensões, se mostra um ponto fundamental para o crescimento de Mark que durante toda a temporada lutou contra a chance de ser comparado ao Omni-Man, buscando dar valor ao seu relacionamento com a Amber e se controlar com os seus poderes em prol de não acabar matando ninguém, fazendo um reflexo distinto para com uma versão que é vista nos primeiros minutos da temporada. O herói, ainda que ressentido para com seu pai se encontre numa encruzilhada ao perceber que a raça viltrumita ainda busca dominar a Terra e só ele é capaz de impedir, mas como fazer isso sem soltar um lado agressivo que existe dentro de si?

    CRÍTICA | 2ª temporada de Invencível mostra a dificuldade de superar um trauma

    Invencível (2ª temporada) | Prime Video

    Então, a luta do herói para se afastar de uma versão sombria em potencial e superar o que aconteceu no final do primeiro ano, reflete tanto nos outros personagens lidando com os seus próprios problemas, como na abertura do seriado que ainda se faz presente ao conversar com a obra num todo. Iniciando ensanguentada e escura, para ser quebrada no decorrer dos episódios, representando essa superação de algo traumático e uma renovação para com a nova pessoa que vai surgir a partir disso, espelhando-se tanto com o protagonista que ao final promete deixar de lado uma parte de sua vida para se dedicar em ser melhor, quanto com o amadurecimento dos coadjuvantes em seus respectivos enredos.

    O ponto alto da série sempre se tratou no modo como os roteiristas sabiamente trabalhavam todos os personagens de um jeito humano, complexo, onde raramente alguém soava preto no branco e a humanidade era imposta até mesmo nos inimigos do Invencível. Nessa temporada, isso ficou ainda melhor. O drama do seriado ganha força nesses oito episódios, deixando de lado uma luta física de pessoas poderosas para trabalhar a luta interior do dia a dia que todos passam, seja a Amber tendo que lidar com a ausência do seu namorado porque este precisa salvar o mundo, ganhando muita simpatia do espectador por reconhecer seu esforço em ser compreensiva mesmo que doa, ou a Debbie, mãe do protagonista, enfrentando a dor de ter sido traída pelo amor que nunca foi reciproco, ganhando um escopo fundamental para falar sobre trauma, depressão e o combate diário que não se mostra fácil, mas pelo menos se mostra vencível. Tornando ela uma das personagens mais bem trabalhadas, tal como se mostrando um exemplo de uma mulher forte.

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    Invencível (2ª temporada) | Prime Video

    Isso sem contar outros personagens, com tramas deixadas em aberto na primeira temporada, que são concluídas aqui em um ponto preciso entre os episódios, como se a produção quisesse deixar pouco assunto em aberto imaginando o que tem preparado pro terceiro ano. Trazendo a sensação de esta temporada ser um ano de passagem, de trabalhar, amadurecer e fortalecer todos os personagens perante as dificuldades que devem enfrentar em uma terceira temporada já confirmada. Mas nunca deixando de ser criativa ao fazer isso, como no episódio que decide mostrar a vida do Allen, o alienígena, e coloca uma voz over (termo usado para definir um narrador que não está presente em cena) para contar a jornada desse personagem divertido, enquanto esclarece sua relevância para uma guerra a caminho. Além de ser um jeito da própria produção mostrar sua criatividade, não só em como abordar personagens de um jeito diferente, mas como de conversar com o espectador na abertura ou em cenas mais especificas (e memoráveis) como aquela em que Mark conhece seu artista favorito.

    Na parte técnica, é notável uma evolução em todas as áreas, ainda que mínimo perante o esperado, principalmente na parte visual que não mudou muita coisa e deixou ainda mais negativo o tempo demorado para entregar pouca evolução, ainda que notável. Já na parte da trilha sonora, na dublagem e na direção, fica claro um aprofundamento em todos os sentidos, onde tudo está bem alinhado e a música consegue passar perfeitamente a ideia do momento que se encontra, seja algo que soa desafinado quando Mark perde a linha, a batida tensa quando uma pessoa importante é ameaçada e algo leve para acompanhar um alienígena carismático.

    Sendo assim, a segunda temporada de Invencível mesmo apresentando leves problemas de foco em narrativa, ainda se mostra um diferencial no gênero de super-heróis provando a imensidão de temas que podem ser abordados quando há criatividade e carinho com cada personagem, mesmo o mais irrelevante possível. Ainda que demore pra chegar, o retorno do seriado é muito bem vindo e consegue encontrar sempre um jeito de surpreender. Mostrando que independente das atitudes que tenha ou das situações que vivencie, nunca é tarde para mudar e se renovar, ainda que dificilmente consiga se tornar invencível.

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  • CRÍTICA | True Detective: Terra Noturna busca ressuscitar o passado no Alasca, mas acaba se perdendo na neblina de suas próprias memórias

    CRÍTICA | True Detective: Terra Noturna busca ressuscitar o passado no Alasca, mas acaba se perdendo na neblina de suas próprias memórias

    True Detective: Terra Noturna acaba deixando os espectadores ansiando pelo brilho original que definiu a série.

    A série “True Detective” sempre ocupou um lugar especial entre minhas preferências, especialmente pela marcante primeira temporada. Infelizmente, as subsequentes, a segunda e a terceira, não conseguiram manter o mesmo nível, resultando em uma experiência decepcionante.

    As expectativas estavam altas para a quarta temporada, com a esperança de recuperar a genialidade da temporada original. No entanto, “Terra Noturna” acabou por desapontar ao apoiar-se excessivamente na fórmula da primeira temporada, revivendo mistérios previamente apresentados. Essa abordagem, ao invés de inovar, resultou em uma narrativa que se afasta da originalidade e frescor que caracterizaram o início da série.

    CRÍTICA | True Detective: Terra Noturna busca ressuscitar o passado no Alasca, mas acaba se perdendo na neblina de suas próprias memórias

    True Detective: Terra Noturna | HBO | Max

    Explorando agora os cenários intrigantes do implacável inverno do Alasca após passagens por Louisiana, Los Angeles e Ozarks, a trama se desenrola em torno do misterioso desaparecimento de oito homens de uma estação de pesquisa em Ennis, Alasca, durante uma longa e fria noite. Diante de um quebra-cabeça complexo, as detetives Liz Danvers (interpretada por Jodie Foster) e Evangeline Navarro (interpretada por Kali Reis) precisam transcender atritos e confrontar segredos do passado para desvendar o mistério e resolver o caso. Uma narrativa envolvente que mergulha nas camadas da investigação, destacando a perseverança e a complexidade das relações humanas sob o gélido e desafiador ambiente do Alasca.

    A chegada da abordagem mais vinculada ao sobrenatural e espiritualismo inicialmente gerou entusiasmo, especialmente entre aqueles que acompanharam a impactante primeira temporada. No entanto, ao longo do desenrolar da temporada, a atmosfera sobrenatural apresentada no início perdeu consistência, tornando-se o principal ponto de descontentamento para a maioria dos telespectadores. Esta discrepância entre as expectativas criadas e a evolução da narrativa até o desfecho contribuiu significativamente para a sensação de decepção entre a audiência.

    O destaque positivo de True Detective: Terra Noturna recai sobre as notáveis performances do elenco, que exploram temas sociais e humanos impactantes, adicionando camadas importantes de profundidade à narrativa.

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  • CRÍTICA | Avatar: O Último Mestre do Ar, entrega uma adaptação coerente, apesar de algumas falhas

    CRÍTICA | Avatar: O Último Mestre do Ar, entrega uma adaptação coerente, apesar de algumas falhas

    Adaptar animações para séries live action é, quase sempre, uma tarefa arriscada, tanto pela dificuldade em reproduzir traços característicos de desenhos quanto pelo apego que os fãs têm pela obra original.

    Portanto, ao embarcar na produção da série “Avatar: O Último Mestre do Ar“, a equipe assumiu um desafio, especialmente após o fracasso da adaptação cinematográfica de 2010, comandada por M. Night Shyamalan. Dado o histórico, a maioria dos fãs não tinha grandes expectativas com a série. Mas, em meio à desesperança, a obra de Jabbar Raisani se provou bastante convincente em seus oito episódios, se mostrando bastante fiel à obra original.

    A trama se desenrola em um mundo dividido entre quatro nações, cada uma representando um elemento: água, terra, fogo e ar. Aqui, certas pessoas possuem o dom da dobra, enquanto o Avatar tem o poder de dominar todos os elementos e por isso, se torna uma figura de enorme respeito entre as nações. Na narrativa, um deslize faz com que o novo Avatar, o garoto Aang, fique em coma por 100 anos e, nesse meio tempo, a nação do fogo começa sua missão de dominar o mundo, dizimando vários povoados. Ao ser encontrado pelos irmãos da tribo da água, Sokka e Katara, Aang desperta e descobre que precisa aprender a dobra de mais três elementos para salvar o mundo, contando com a ajuda dos novos amigos.

    CRÍTICA | Avatar: O Último Mestre do Ar, entrega uma adaptação coerente, apesar de algumas falhas

    Avatar: O Último Mestre do Ar | Netflix

    Dado o tempo limitado de tela, alguns aspectos da trama tiveram que ser simplificados ou até mesmo deixados de lado, uma decisão compreensível para manter o ritmo da narrativa. A nova abordagem resultou em uma série que conseguiu explorar temas relevantes de forma mais madura, como genocídio, morte e machismo.

    A escolha dos personagens, no geral, foi bastante feliz, com Gordon Cormier no papel principal, trazendo muito carisma. Mas o destaque vai para Kiawentiio Tarbell, que trouxe bastante leveza e espirituosidade à personagem Katara, e para Dallas Liu, que interpretou Zuko com bastante emoção, lhe conferindo toda a densidade necessária.

    Por outro lado, a série limitou bastante Sokka, um dos personagens com mais destaque da animação, tirando seu humor e, consequentemente, sua personalidade, o deixando um tanto blasé. A falta de caracterização do personagem pode ser um impeditivo para seu desenvolvimento durante a série, algo que saberemos nas temporadas seguintes.

    Ainda nesse sentido, a ausência de certos episódios afetou o desenvolvimento dos personagens e a construção de seus relacionamentos, especialmente com Appa, um dos elementos mais queridos da série original. Por esse motivo, em linhas gerais, a série perdeu um pouco sua essência, deixando algumas brechas no caminho, que trazem uma imprecisão de desenvolvimento na trama. No entanto, apesar das falhas, essa é uma adaptação convincente, que foi feliz na maior parte de suas escolhas, e traz, inclusive, certo sentimento de nostalgia aos fãs mais antigos do desenho.

    Espero que a segunda temporada traga mais da essência da série com os novos personagens!

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  • CRÍTICA | Uma Prova de Coragem é um filme que oferece uma prova de paciência

    CRÍTICA | Uma Prova de Coragem é um filme que oferece uma prova de paciência

    Filmes sobre a relação entre pessoas e cães podem ser excelentes quando bem feitos. O clássico “Sempre ao Seu Lado” vem à mente, que oferece um drama pessoal, entrelaçado a uma relação com um amigo peludo. “Uma Prova de Coragem” tenta entrelaçar drama pessoal e esportes extremos com a história de amizade com um cachorro solitário. O que parece uma receita para o sucesso, tem resultados medianos.

    Baseado em fatos reais, Mark Wahlberg interpreta Michael Light, talentoso, competitivo, e nunca venceu um troféu no esporte que mais ama: corrida de aventura. Porém, anos depois de ser humilhado na frente do seu time, ele retorna para uma última fatídica competição, em que ele apostou tudo para finalmente vencer. Ao longo da jornada, acaba criando um laço com um cachorro que parece os ajudar de maneiras inusitadas.

    Mesmo extraindo fatos da história verdadeira, o longa tem problemas em justificar sua importância além do próprio aspecto de retratar algo que aconteceu na vida real. Mesmo que o mostrado seja impressionante, com histórias de superação dos personagens ao atravessar obstáculos difíceis, o roteiro e o ritmo fazem pouco para dar mais sabor à história. Assim tornando a experiência um tanto monótona.
    Porém, alguns aspectos interessantes tornam a experiência um pouco mais aproveitável. Principalmente a atuação do Arthur, o cachorro encontrado pela equipe, é ótima, trazendo momentos de leveza que são a alma do filme, especialmente do meio para o fim.

    CRÍTICA | Uma Prova de Coragem é um filme que oferece uma prova de paciência

    Uma Prova de Coragem | Lionsgate

    Além disso, as atuações do elenco humano também são boas. Mark Wahlberg faz um bom trabalho como o protagonista em cenas mais emotivas, mas Simu Liu rouba a cena como um corredor influencer obcecado pela própria imagem.

    Além disso, o filme consegue criar situações de perigo e tensão memoráveis, como é o caso de uma cena envolvendo uma tirolesa. Essas cenas funcionam principalmente por um bom trabalho de direção de Simon Cellan Jones, mesmo que poderiam ter sido mais utilizadas ao longo da narrativa.
    “Uma Prova de Coragem” não aproveita de maneira satisfatória uma premissa interessante inspirada em fatos reais. Porém algumas cenas de destaque envolvendo um amigo peludo e momentos de tensão tornam o filme minimamente interessante.

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  • CRÍTICA | 1ª temporada de Invencível dá um novo frescor pro gênero sem perder sua essência

    CRÍTICA | 1ª temporada de Invencível dá um novo frescor pro gênero sem perder sua essência

    Mark Grayson é filho do maior super-herói da Terra, mas sempre se sentiu deslocado por nunca demonstrar ter puxado o gene poderoso da família, até que em um dia qualquer, encontra uma força além do comum e a oportunidade de alcançar as estrelas sem uma máquina. Deste dia em diante, ele busca ser um herói diferente de tudo que já foi visto, testando sua capacidade para poder enfrentar qualquer tipo de problema que lhe aparecer. Infelizmente, ele não esperava que o seu próprio pai poderia vir a calhar de ser um desses problemas.

    Com uma trama simples, mas instigante como esta, Invencível deixa sua marca dentro do gênero de super-heróis ao pegar elementos que conhecemos, como um herói poderoso que usa capa, uma equipe familiar que age quando convém e um garoto do colégio que precisa equilibrar a vida secreta com a pessoal, para subverter suas expectativas com o que está acostumado a ver e compreender aos poucos, que essa realidade é um pouco diferente. É um universo que compreende mais as consequências de ter um corpo invulnerável no mundo real.

    CRÍTICA | 1ª temporada de Invencível dá um novo frescor pro gênero sem perder sua essência

    Invencível (1ª temporada) | Prime Video

    Veja bem, por mais que a comparação com “The Boys” seja inevitável, ao assistir dois ou três episódios, ficará perceptível a diferença entre as duas séries que fazem parte do catálogo do Prime Video, pois enquanto a citada traz um olhar cínico que vilaniza os poderosos de uniforme, trazendo um forte humor satírico para brincar com o que é feito na indústria audiovisual, a série animada que procuro analisar nunca perde a energia divertida, aventuresca e inspiradora que as melhores obras de super-heróis conseguem emanar. Contudo, apresenta precisão em dosar o elemento fantasioso com a parte cruel que cerca o mundo, seja em pessoas ruins manipulando heróis em benefício próprio ou a verdade nua de que na maioria das vezes, não vai aparecer alguém de última hora pra te salvar. Fazendo tanto o protagonista quanto o espectador a amadurecer a ideia de que tudo é possível e todos correm risco de nunca mais voltarem… ainda que alguns sim graças ao elemento fantasioso.

    A técnica da animação provavelmente acaba sendo a maior crítica que podem ter com o seriado pela qualidade variar em momentos e episódios. Se no primeiro, o personagem voa de um jeito menos fluído que um filme feito em stop-motion, no capítulo final, a luta é dinâmica, empolgante e bem dirigida a ponto de cada plano conversar com a trilha sonora marcante de John Paesano para surtir efeito em quem assiste. A mim, o incomodo com a estética foi pouco, pois vi como algo próprio do seriado, trazendo essa sensação de ver um gibi ganhando vida, no caso aqui, em 2D, enquanto que seu roteiro demonstra a força matriz para desenvolver os personagens e suas respectivas tramas, de um jeito que seja difícil não simpatizar. Algumas envolvendo personagens secundários podem ficar em aberto, mas é esclarecido que eventualmente retornarão para causar quando o mundo aparentar calmaria.

    CRÍTICA | 1ª temporada de Invencível dá um novo frescor pro gênero sem perder sua essência

    Invencível (1ª temporada) | Prime Video

    Sendo assim, a adaptação do quadrinho de Robert Kirkman demonstra originalidade e um verdadeiro frescor para aqueles que podem estar cansando da fórmula batida em obras de super-heróis, evidenciando que há sempre um jeito de surpreender, principalmente quando este universo prova ser ainda mais interessante ao sair do planeta Terra. Invencível pode indicar o potencial de cair em temas batidos, mas a forma como conduz a narrativa de um jeito adulto, alinhando tudo que debate sem esquecer-se de destacar o sentimento das pessoas comuns e poderosas para com os seus erros, defeitos e acertos, é o que a torna tão atraente e fácil de acompanhar.

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  • CRÍTICA | Godzilla e Kong: O Novo Império exagera na medida certa em seu universo de monstros

    CRÍTICA | Godzilla e Kong: O Novo Império exagera na medida certa em seu universo de monstros

    Desde 2014, o chamado MonsterVerse (universo de monstros) tem deixado sua marca no cinema atual seja para o bem ou para o mal, apresentando separadamente dois seres famosos dentro da indústria cinematográfica para uni-los de um jeito que seria difícil não empolgar o espectador que curte uma surra de gigantes. Para agora, quando parecia que não tinha mais o que fazer, encontrar novos elementos a serem trabalhados e apresentados para dar continuidade de uma forma inesperada e instigante.

    Sendo assim, o longa-metragem dirigido pelo Adam Wingard continua do ponto de partida do que aconteceu no evento anterior, com os protagonistas vivendo em mundos distintos enquanto a personagem da Kaylee Hottle já crescida se vê deslocada da realidade que a cerca. Então, após um combate para se salvar, Kong desperta a atenção de algo poderoso o suficiente para impactar na Terra e levar os humanos a invadirem essa Terra Oca para impedir que um novo problema chegue até eles.

    Godzilla e Kong: O Novo Império exagera na medida certa em seu universo de monstros

    Godzilla e Kong: O Novo Império | Warner Bros. Pictures

    Então, com uma narrativa simples como essa, fica claro que os criadores ouviram as reclamações dos fãs sobre os primeiros filmes darem maior atenção para os humanos ao invés dos monstros e aqui, o intuito se mostra realmente trazer uma nova etapa para os gigantes, dando mais tempo de tela para seus sentimentos e para o espectador ter a oportunidade de acompanhar suas realidades tão distintas e atrativas. Tanto Godzilla quanto Kong se encontram em novos papéis graças aos seus feitos, descobrindo novos adversários, ao mesmo tempo que um motivo pelo que lutar, nos deixando passar um tempo considerável sem ouvir uma conversa humana, apenas compreendendo o que está acontecendo a partir de reações faciais e corporais, demonstrando certa coragem narrativa que atende as expectativas e quase incorpora ideias vistas recentemente na franquia Planeta dos Macacos.

    Entretanto, mesmo que com uma participação reduzida e compreensível de existir dentro da história, são pontos específicos como uma ação exagerada dentro de uma situação crítica para gerar humor e os diálogos cafonas e preguiçosos em busca de apenas dar uma razão para a participação de cada um que as pessoas da obra conseguem gerar os momentos mais desinteressantes ou vergonha alheia, ainda que os atores estejam bem em seus respectivos papéis, a química existe, e o Brian Tyree Henry brilha com seu humor inocente e apaixonado até demais. Infelizmente a Kaylee, que interpreta a garota Jia, acaba sendo a única que soa destoante por soar verde e superficial, não sabendo muito bem fazer outra expressão além daquela parecendo que mastigou uma cebola.

    Godzilla e Kong: O Novo Império exagera na medida certa em seu universo de monstros

    Godzilla e Kong: O Novo Império | Warner Bros. Pictures

    No fim, a diversão é garantida. Godzilla e Kong: O Novo Império praticamente não te permite descansar e a todo o momento apresenta algo de valor que vai impulsionar em um acontecimento mais importante que o antecessor, sabendo muito bem como fluir e viajar entre a trama do gorila, do monstro e dos humanos. Sendo difícil te tirar da imersão graças ao ótimo trabalho de efeitos visuais em que mesmo fantasiando bastante, consegue fazer tudo ecoar real e belo de comtemplar. Porém, o embate final que acontece em um local familiar, acaba soando superficial demais conforme a destruição se intensifica, dando a sensação dos monstros serem reais, mas o cenário não. Da mesma forma, que levemente me desapontou não aproveitarem o fato de tudo ser animado, sem qualquer intervenção humana, para trazer planos longos e deixar o conflito mais compreensível e prazeroso de se acompanhar. Não se deixando cair na armadilha de um Transformers do Michael Bay em ter múltiplos cortes seguidos, mas também não se permitindo uma coreografia louvável como no Avatar de James Cameron.

    Ainda que a obra corra para fechar sua história e não indique continuação com uma cena pós-créditos, mesmo tendo fôlego para tal, o saldo acaba sendo bem positivo para quem comprou a proposta de viajar na maionese com elementos absurdos e uma pancadaria muito louca, já quem for esperando sair emocionado ou reflexivo sobre as ideias debatidas durante as duas horas vai se decepcionar pelo quão superficial consegue ser neste aspecto.

  • CRÍTICA | O Homem dos Sonhos pode não ser o que gostaria

    CRÍTICA | O Homem dos Sonhos pode não ser o que gostaria

    Paul Matthews é uma pessoa esquecível de acordo com o comentário de certo personagem no filme. Então, imagina o quão sortudo, ou não, ele se sente ao começar a aparecer no sonho de várias pessoas ao redor do mundo, a ponto de se tornar uma celebridade.

    Por mais que a obra esteja sendo definida como uma comédia, eu diria que ela transmite bem mais a sensação de drama pelo desenvolvimento de personagem realizado e suspense pelo questionamento que se desenrola por buscar entender o que está acontecendo. Ainda que a comédia possa ser encontrada e notada por cenas especificas, o valor nisso pode vir mais a calhar pelo protagonista ser interpretado pelo Nicolas Cage, que acabou ganhando essa fama de fazer filmes abaixo da média e trazer uma interpretação carita, tornando-o basicamente um meme, do que por conta do filme produzir cenas genuinamente engraçadas.

    O Homem dos Sonhos pode não ser o que gostaria

    O Homem dos Sonhos | A24

    Aproveitando que falei do homem, mesmo com esse legado que gerou pelo currículo do passado, este filme é mais um dos que tem participado ultimamente que apresenta sua evolução em escolha de trabalhos e atuação. Seu personagem é alguém introvertido que busca ser o contrário, tentando encontrar um meio de fazer sucesso e ser reconhecido pelo que é bom profissionalmente. Cage consegue personificar isso de um jeito tão singelo, do qual mesmo sem ninguém dizer, leva ao espectador enxergar dentro desse homem para entender que tipo de pessoa ele é e como tudo que está acontecendo no filme, não passa de uma base para dissecar esse homem.

    Mesmo parecendo simples, conforme o longa-metragem desenrole, é difícil perder o interesse pelo que está acontecendo, pois mesmo que o filme brinque de um jeito divertido, com a repercussão destes sonhos bizarros por parte da reação de pessoas próximas ao protagonista ou das empresas buscando lucrar com isso, fazendo diversas críticas aos tempos modernos, o filme começa a trabalhar as consequências dos atos de Paul. Então, ele toma uma atitude que altera os sonhos que as pessoas estavam tendo, levando a ele sofrer por algo que ninguém sabe que aconteceu. E isso leva ao limite, mas também a uma resolução, que mesmo trazendo aquela sensação de que faltou algo, não deixa pontas soltas. Objetivos foram concluídos e o questionamento sobre os sonhos, ganha uma resposta através daqueles que nunca sonharam, o que conecta com o tipo de pessoa que acompanhamos por quase duas horas.

    Dream Scenario 2023

    O Homem dos Sonhos | A24

    O filme de Kristoffer Borgli se mostra cada vez mais inteligente conforme se permita refletir sobre ele e tudo que apresentou. O roteiro é inteligente em não dar todas as respostas, mas em pontuar dicas para que a verdade seja construída de acordo com a visão do espectador, sabendo bem o que deve contar e como equilibrar o tom cômico e triste por parte do que se assiste. O homem, ou a mulher, dos sonhos é um termo que pode ser visto de modos divergentes pela idealização que cada um cria de acordo com o próprio gosto, às vezes aquilo já cabe a você, mas a ideia do que outras pessoas têm sobre isso lhe aprisiona mentalmente, te levando a seguir um caminho que o deixe irreconhecível. E o que antes fosse o homem dos sonhos de alguém, pode acabar se tornando o de ninguém.

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  • CRÍTICA | Dois é Demais em Orlando – Um é bom, dois é engraçado demais

    CRÍTICA | Dois é Demais em Orlando – Um é bom, dois é engraçado demais

    Em “Dois é Demais em Orlando”, João, um adulto que se comporta como criança, e Carlos Alberto, uma criança que se comporta como adulto, embarcam em uma viagem cheia de desencontros, em um dos maiores parques temáticos do mundo: a Universal. Mas mesmo com suas diferenças, o par forma uma aliança inusitada, que acaba os ajudando a superar inseguranças pessoais, como o medo de montanhas-russas e piscinas.

    Dirigido por Rodrigo Van Der Put, o longa estrela o hilário Eduardo Sterblitch, como o amante de quadrinhos fascinado por Jurassic World, especialmente a velociraptor Blue. Em uma performance escandalosa, o ator carrega o filme, não apenas por sua fisicalidade, mas também através da empatia criada pelo seu personagem desde o início da trama. Pois aprendemos sobre sua forte relação com parques de diversões e atrações temáticas, devido a sua proximidade com seu pai, que faleceu pouco tempo após um evento traumático envolvendo uma montanha-russa.

    Dois é Demais em Orlando - Um é bom, dois é engraçado demais

    Dois é Demais em Orlando | H2O Filmes

    O mesmo também pode ser dito sobre o ator mirim que interpreta Carlos Alberto, Pedro Burgarelli. Não só encarna uma criança com mente adulta, mas também mostra a frustração de conviver com alguém completamente diferente de si mesmo, enquanto espera por seu pai.

    Com isso, a colisão das duas personalidades gera momentos cômicos memoráveis. Além disso, Anderson, frustrado dentista com torcicolo, é um divertido antagonista, interpretado por Daniel Furlan, que fará de tudo para conseguir o quarto com uma gloriosa vista para uma montanha situada no complexo de piscinas.

    Em contrapartida, o decorrer da história é bem familiar, já visto em outras obras semelhantes, além de cair em diversos clichês do gênero comédia, como os personagens principais se separando momentaneamente, após uma mentira ser descoberta. Porém, o carisma dos atores e uma ótima filmagem feita no próprio parque e resort da Universal, fazem de “Dois é Demais em Orlando” uma divertida comédia moderna.

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  • CRÍTICA | Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    CRÍTICA | Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    Laços familiares, segredos antigos e titãs colossais se entrelaçam em ‘Monarch: Legado de Monstros’.

    A série original da Apple TV tem como objetivo nos oferecer uma visão mais humana do desastre conhecido como “G-day”, mostrando as consequências deixadas por Godzilla após sua passagem por San Francisco. A premissa inicial despertou grande interesse, prometendo uma narrativa épica. No entanto, “Monarch: Legado de Monstros” não corresponde totalmente a essa expectativa.

    A trama acompanha três gerações de uma família enquanto descobrem uma ligação profunda com os gigantes que devastaram sua cidade natal. Após a batalha destruidora entre Godzilla e os Titãs, San Francisco se encontra em ruínas, revelando uma ameaça que afeta todo o mundo. Nesse cenário caótico, a família é confrontada com uma verdade desconcertante: eles e as criaturas estão ligados por uma organização secreta chamada Monarch, cujas raízes remontam aos anos turbulentos da década de 1950 nos Estados Unidos. Enquanto tentam desvendar os mistérios de seu passado, também enfrentam o desafio de proteger seus entes queridos em um mundo onde os monstros refletem aspectos essenciais da humanidade.

    Monarch: Legado de Monstros é uma saga onde a humanidade enfrenta seus próprios monstros

    Monarch: Legado de Monstros

    A narrativa se desdobra em duas linhas temporais, explorando tanto o presente da Monarch quanto seu passado. Na linha do tempo passada, que é um ponto forte da trama, conhecemos Lee, um agente militar encarregado de proteger dois cientistas, Keiko e Billy, incumbidos de estudar os monstros e coletar provas de sua existência. Na linha do tempo presente, três protagonistas, Cate, Kentaro e May compartilham uma ligação com o passado da Monarch.

    No entanto, assim como nos filmes do Monsterverse, a série também peca ao desenvolver personagens que carecem de carisma, o que pode resultar em um certo desinteresse por parte do público, especialmente daqueles que esperam principalmente cenas de trocação franca entre os titãs.

    Apesar disso, o fator primordial da série reside nos momentos em que os grandiosos titãs entram em cena, proporcionando sequências de ação frenéticas e visualmente impressionantes. É uma pena que esses momentos sejam escassos ao longo da primeira temporada. No entanto, as aparições dos titãs são acompanhadas por um CGI impecável, o que contribui para a experiência visual da série

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  • CRÍTICA | O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    CRÍTICA | O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos mantêm os espectadores num misto de emoções enquanto exploram as fronteiras do desconhecido.

    A adaptação do aclamado livro de Cixin Liu, “O Problema dos Três Corpos”, para uma série de oito episódios pela Netflix tem gerado considerável interesse, especialmente por ser liderada pelos controversos criadores de Game of Thrones, David Benioff e DB Weiss. Apesar das desconfianças iniciais sobre a abordagem dos dois diretores, é difícil não se empolgar com a trama, dada a popularidade do livro, diversas premiações vencidas e a promessa de uma adaptação que levará grande interesse tanto os fãs ocidentais quanto um público mais jovem.

    A história se desenrola em meio à Revolução Cultural na China, no final da década de 1960, e segue um grupo diversificado de astrofísicos, militares e engenheiros que se unem em um projeto ousado: estabelecer comunicação com formas de vida extraterrestres. Cinquenta anos depois, as repercussões dessa decisão reverberam na humanidade, colocando-a em perigo por forças além de sua compreensão. Agora, o mundo deve enfrentar uma visita inesperada, enquanto cientistas contemporâneos exploram os segredos e mistérios do projeto original para entender o que está realmente acontecendo.

    O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos | Netflix

    O ponto central da série são os cinco protagonistas, apelidados de “Oxford Five”, devido ao seu conhecimento excepcional e destaque na faculdade de Oxford. Auggie Salazar, Jack Rooney, Jin Cheng, Will Downing e Saul Durand são amigos ligados pela ciência, mas a falta de desenvolvimento individual na história é uma falha notável. Enquanto alguns têm uma participação significativa na trama, outros parecem aparecer apenas ocasionalmente para reforçar sua presença.

    O início da série é cativante, especialmente com a introdução de um dos destaques da trama que é o investigador Da Shi, liderado por Thomas Wade, um homem influente nos serviços de inteligência, que investiga os misteriosos suicídios de cientistas, que dê certa forma, foram mortes totalmente suspeitas e com uma ligação entre si. Essa aura de mistério instiga a curiosidade do público de uma forma positiva na trama, mas mistérios esses que são resolvidos precocemente nos primeiros episódios. No entanto, para aqueles que preferem uma narrativa mais direta, a série se destaca ao evitar enrolações excessivas.

    O Problema dos 3 Corpos tece um enredo envolvente entre mistérios cósmicos e dramas pessoais arrastados

    O Problema dos 3 Corpos | Netflix

    Ao decorrer dos episódios, a série acaba perdendo o foco no que realmente interessava, que era a questão da tensão entre os humanos e os alienígenas, para destacar a dramatização de personagens mal construídos durante os últimos episódios, passando uma sensação de episódios totalmente arrastados.
    Apesar dos problemas de desenvolvimento de personagens, a série atinge um visual muito bom e fiel ao que se era esperado em relação aos livros, principalmente mostrando sobre a ambientação da China antiga, e cenas de ação de tirar o fôlego.

    Ao todo, O Problema dos 3 Corpos cumpre bem seu papel no quesito gênero sci-fi, trazendo elementos científicos interessantes e nos deixando com aquele gostinho de “quero mais” para uma possível segunda temporada, pois ainda há muito a ser contado e mistérios a serem resolvidos.

  • CRÍTICA | Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial

    CRÍTICA | Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial

    Em Matador de Aluguel, remake do filme de 1989 com o mesmo nome, acompanhamos um ex-lutador de UFC que é convocado por uma moça para trabalhar como segurança de uma taberna para dar um jeito em alguns encrenqueiros. Tudo isso, para descobrir que tem um podre bem mais fundo pra ser resolvido.

    A partir disso, o filme dirigido por Doug Liman nos leva de volta a clássica história do homem branco carrancudo que é chamado para resolver os problemas de qualquer pessoa e presenteia o espectador com muita cena de luta. O que já leva o filme a cair num clichê bem exprimido por Hollywood que te leva a se questionar do motivo para um remake de uma obra que fazia sentido décadas atrás, mas que atualmente se encontra ultrapassada, principalmente por estar clara a busca do público por filmes do gênero com um universo que soe diferente e traga coreografias de luta vibrantes, como é o caso da franquia John Wick. Sendo esta, uma oportunidade perdida de reinventar mais a roda em qualquer aspecto.

    Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial
    Matador de Aluguel | Prime Video

    Não haverá comparações para com a obra original por conta deste que vos fala nunca ter conferido ela, então de acordo com o que foi visto nessa atualização de Matador de Aluguel, é triste notar que haja uma falta de simpatia e criatividade para trabalhar seu protagonista em meio à situação que se encontra. Além de criar a ideia de um lutador que vai conseguir enfrentar qualquer combate, falta na obra uma humanização para nos importarmos com ele, destrinchar o protagonista com medos e anseios, em vez da superficialidade de cenas pequenas onde tenta se matar, fala que não presta pra uma mulher e interage com uma garota mais nova pra nos levar a entender que é um cara bacana. É compreensível a existência desses momentos pela ação que vão influenciar nele, mas isso apenas influencia em entendermos pra que caminho a obra seguirá.

    Com isso, a participação do lutador Conor McGregor como antagonista atrapalha ainda mais a profundidade do longa-metragem com seu exagero agoniante de alguém que quer chamar atenção, não liga pra nada e surge pra irritar todos ao seu redor, incluindo quem assiste, já que além do corpo forte, não transparece um pingo de veracidade em suas reações perante o que lhe acontece. Diferente de Jake Gyllenhaal que, mesmo soando forçado ao parecer que quer ser descolado e visto como um Rambo, apresenta trejeitos, sorrisos e respostas que o deixam palpável e agradável de acompanhar, ficando notável que ele sente cada golpe que dá e recebe.

    Matador de Aluguel não faz nada que o torne especial
    Matador de Aluguel | Prime Video

    O que leva ao ponto mais positivo da obra, já que ela realmente precisava ser atrativa em algum ponto que a diferenciasse do comum, e se tratando da coreografia de luta e da movimentação da câmera nas cenas de ação, é difícil você não se sentir parte daquilo, já que ela se mexe como se estivesse acompanhando cada ato realizado pelos lutadores, trazendo poucos cortes rápidos que dificultam um entendimento do que está acontecendo como se buscasse esconder falhas de um combate mal feito. Felizmente, essas partes são divertidas de acompanhar, lembrando bastante o que o James Wan realizou no sétimo filme da franquia Velozes e Furiosos.

    Matador de Aluguel acaba sendo mais um daqueles filmes que recebe uma repaginada e falha em conquistar um público mais novo, trazendo na verdade apenas a vontade de conferir a primeira versão dessa história para comparar e talvez encontrar erros neste, já que normalmente é o que acontece. Mesmo que a fotografia traga planos que exaltem a beleza do local em que foi gravado e a direção traga uma câmera próxima dos personagens, a falta de um roteiro esforçado para ajudar o público a se importar com o que ocorreu leva a um esquecimento quase instantâneo após os créditos finais subirem.

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  • CRÍTICA | Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é o filme “mais Snyder” para o bem e para o mal

    CRÍTICA | Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é o filme “mais Snyder” para o bem e para o mal

    A primeira parte de Rebel Moon é Zack Snyder em sua mais pura essência com um épico repicado, com crise de identidade e sem sentimento.

    Um elenco super estrelado é um chamariz para audiência, mas será que tanto talento junto consegue segurar um filme? A resposta é não, e a culpa disso é de Zack Snyder que, apesar de fazer uma direção inspirada, peca no roteiro e na montagem.

    O famoso (ou famigerado para muitos) diretor executa o trabalho de sua vida como diretor e escritor de Rebel Moon, porém é a sua megalomania que prejudica o desenvolvimento de sua obra. O problema não está nas diversas cenas em câmeras lentas, na fotografia escura ou no CGI, mas sim na mania de fazer longas produções que claramente não serão aceitas por nenhum estúdio.

    A primeira parte de Rebel Moon corre contra o tempo para apresentar os personagens que vão compor o esquadrão rebelde tornando a conexão do público com os personagens algo inexiste. Ao fim, pouco importa quem vive e quem morre, os plots não geram impacto, justamente pela falta de tempo de tela e desenvolvimento das motivações. Alguns personagens que geravam grandes expectativas são jogados para escanteio e servem apenas para poses imponentes e fazer carão.

    É tudo tão rápido, que o filme acaba deixando de desenvolver a construção de mundo, que aqui se faz tão importante quando desenvolver os personagens. A trama geopolítica do filme não desenvolve e diminui o impacto dos antagonistas.

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    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo | Netflix

    O que salva em Rebel Moon são as cenas de ação bem filmadas – mérito ao Snyder – o trabalho de coreografia das cenas de luta, o CGI (que falha poucas vezes) e o charme de Sofia Boutella, que carrega o filme nas costas. A apresentação do trailer da parte 2 também é algo que serviu como um complemento, para vislumbre do expectador de que tudo que faltou no primeiro pode ser inserido no futuro.

    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo acaba se tornando um filme que quer ser mais épico do que realmente é, com personagens sem carisma. O longa sofre de uma grave crise de identidade: quer ser Star Wars, 300, Liga da Justiça, mas não executa nada tão bem quanto suas referências. É inegavel que existe um potencial, mas a falta de habilidade de Snyder em trabalhar com uma duração curta prejudica sua obra, deixando a sensação que Rebel Moon funcionaria melhor como série.

    Nota: 1,5 de 5

    Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo está disponível na Netflix

  • CRÍTICA | Barbie – Uma festa inundada de rosa que te convida a entrar na extravagância criativa de Gerwig

    CRÍTICA | Barbie – Uma festa inundada de rosa que te convida a entrar na extravagância criativa de Gerwig

    Um dos filmes mais esperados de 2023, Barbie chega aos cinemas nesta quinta (20), repleto de referências e reflexões transformadas em um longa hilário e imperdível.

    O que realmente significa ser humano? Segundo as experiências de uma boneca que vive em um mundo de faz de conta, construído no ideal fantasioso que a Barbie representa, a resposta é: um mundo de mulheres utópicamente lindas que podem ser o que elas quiserem. 

    Uma mulher rompendo o ideal fantasioso ao se transportar para o nosso mundo e descobrir que tudo o que a representava não parecia significar muito em um mundo enterrado no patriarcado.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    Essa é a premissa de Barbie, que desde seu início gerou muito burburinho pela internet, seja pelo seu elenco, sua diretora, muitos se perguntaram se realmente esse era um filme que iriam querer ver no cinema, depois de ter assistido eu digo fortemente que sim, vá ao cinema assistir Barbie.

    Dos visuais magnificamente fantasiosos de BarbieLand à sátira categórica da sociedade moderna americana, tudo funciona perfeitamente. Roteiro, performances, músicas, é tudo um pacote maluco de purpurina, emoção, riso que eu queria que não acabasse nunca.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    Barbie é um filme belamente estranho, pode ser uma grande junção de bobagens, mas é o tipo de bobagem que brota de uma total aceitação do absurdo. Um absurdo no sentido existencial, sobre a falta de sentido em todos os âmbitos da vida, o mundo sempre aderindo a estruturas que parecem servir apenas para nos manter sofrendo.

    No final esta é uma história extremamente humanista, usando o brinquedo mais icônico do mundo para explorar o valor da alegria humana e faz tudo isso ancorado por atuações incríveis de Margot Robbie e Ryan Gosling.

    Barbie | Warner Bros.
    Barbie | Warner Bros.

    As atuações da Barbie são simplesmente fantásticas, Greta Gerwig (Lady Bird, Adoráveis Mulheres) montou um elenco fenomenal que traz profundidade e complexidade aos seus personagens. Cada ator oferece um retrato notável, imergindo o público em um mundo onde sonhos e aspirações ganham vida.

    A química deles é palpável, adicionando camadas de autenticidade e emoção à narrativa. Margot Robbie é perfeita assim como a sua personagem uma Barbie estereotipada enfrentando uma crise existencial. Ryan Gosling rouba o cena como Ken, possivelmente em uma das melhores atuações de sua carreira.

    O estilo distinto de direção de Gerwig brilha desde o primeiro segundo de filme, infundindo o memo com um charme autêntico e revigorante, combinando sem esforço elementos de inteligência, capricho e introspecção, resultando em um longa que é divertido e instigante. A atenção de Gerwig aos detalhes e sua capacidade de capturar as nuances das emoções humanass elevam a Barbie a novos patamares.

    Repleto de diálogos afiados, observações perspicazes e uma compreensão profunda da experiência humana, o roteiro também assinado pela diretora encanta. Ela explora temas de empoderamento, identidade, família e a busca dos próprios sonhos com incrível sensibilidade e inteligência. A narrativa vai se desenrolando de uma maneira que envolve e causa impacto nos espectadores.

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    Barbie | Warner Bros.

    O design de produção, os figurinos e a cinematografia do filme são de tirar o fôlego, um mundo visualmente impressionante e imersivo foi criado, cada quadro é meticulosamente trabalhado, mostrando a atenção de Gerwig aos detalhes e sua capacidade de criar uma atmosfera vibrante e encantadora. É tanta coisa na tela que eu tenho certeza que perdi algo no meio do caminho.

    Em resumo, a Barbie de Greta Gerwig é um triunfo do cinema. Com sua visão artística única, ela criou um filme que transcende os limites da marca Barbie, referencia clássicos do cinema, faz piada com absolutamente tudo e oferece uma experiência cinematográfica poderosa. Apenas mais uma prova do imenso talento de Gerwig e sua capacidade de contar histórias convincentes com autenticidade, humor e emoção.

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    Barbie | Warner Bros.

    No fim, Barbie aborda temas pesados, mas está longe de ser um filme profundo e repleto de reflexões, acima de tudo é extremamente divertido, um programa de fim de semana ótimo para o público de todas as idades. Um longa imperdível para quem aprecia boas risadas e uma nova visão de um personagem icônico.

    Veja outros trabalhos da diretora aqui e aqui.

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    Nota 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • CRÍTICA | Oppenheimer – Uma realização cinematográfica como poucas vezes vimos

    CRÍTICA | Oppenheimer – Uma realização cinematográfica como poucas vezes vimos

    Chega aos cinemas de todo o Brasil nesta quinta (20), Oppenheimer, o mais novo épico do aclamado diretor Christopher Nolan. 

    Sintetizar Oppenheimer a apenas mais um filme de guerra é uma enorme simplificação, no longa Nolan de fato enxerga e transmite uma das histórias mais importantes da humanidade, a criação da bomba atômica.

    Uma tragédia anunciada sobra a natureza humana, o impulso inato de provar que podemos sim controlar o incontrolável, mostrando vulnerabilidade, emoção e humanidade tão crus que traz a tona um certo ar de empatia para com o personagem principal.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Vemos a história de Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que foi o diretor do Laboratório Nacional de Los Alamos durante a Segunda Guerra Mundial e normalmente é creditado como o “pai da bomba atômica” por seu papel no Projeto Manhattan, o empreendimento de pesquisa e desenvolvimento que criou as primeiras armas nucleares.

    O filme desconstrói sua mentalidade e seu personagem de uma forma que é tão naturalmente fascinante e cheia de camadas, abordando as implicações morais de suas ações e o tormento que ele sofreu como resultado de sua criação.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Nas telas vemos o melhor desempenho da carreira de Cillian Murphy, ele hipnotiza o público a cada fala de seu personagem, realmente vive o personagem e o seu peso para a história. Em geral temos excelentes atuações, com Robert Downey Jr. liderando o grupo de coadjuvantes, em um papel que deve lhe render uma indicação merecida ao Oscar, tão esplêndido quanto Murphy, faz muito com o que poderia ter sido apenas mais um personagem. Sem esquecer da deslumbrante Emily Blunt vivendo o papel de esposa de Oppenheimer, Kitty, que quando acionada entrega com louvor.

    Isso também se aplica a todo o restante do elenco, são tantos nomes, inúmeras histórias, é literalmente um desfile de talentos. Todos os atores transmitem complexidade infinita e emoções tão variadas, profundas e sinceras, há tantos momentos em que você genuinamente esquece que está assistindo atores e está apenas vendo esses humanos tão danificados, tão vulneráveis na tela e o que eles alcançam aqui é simplesmente transcendental.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Oppenheimer é um deleite visual, um dos mais impressionantes que já vi (em IMAX a sensação é estonteante), você realmente sofre com o que está vendo, há momentos que o filme gera uma tensão tão pura e descarada que deixa o público completamente em choque.

    Cada aspecto técnico está no auge absoluto de sua arte, fazendo de Oppenheimer uma obra prima, é impressionante como este filme é complexo em todos os aspectos, desde os cenários, som de cair o queixo até a edição e cinematografia impecáveis.

    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures
    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Ludwig Göransson (Pantera Negra, Creed) mais uma vez prova que ele é um dos nossos melhores compositores na indústria, com outra trilha extraordinária que está entre as suas melhores, se não a melhor, facilmente uma das melhores partes do filme.

    A cinematografia magnífica de Hoyte van Hoytema (Interstellar, Ela), a edição notavelmente complexa e atenção aos detalhes em cada aspecto da narrativa, de Jennifer Lame (Hereditário, Frances Ha) se juntam novamente a Nolan, para demonstrar o melhor trabalho que já fizeram em suas carreiras e realmente contribuem para a experiência visceral do começo ao fim.

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    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Nolan mais uma vez mostra todo o seu domínio absoluto da arte e da ciência do cinema e lembra a todos que ele realmente é um dos melhores que já existiu, seu roteiro está repleto de excelentes diálogos e é estruturado de uma forma bem ritmada e coesa que parece quase hermética. Contando com uma precisão quase sem precedentes que realmente faz você dimensionar tanta emoção em cada e absolutamente todos os quadros do início até o final.

    Oppenheimer tem pouquíssimas falhas que passam longe de impedir o longa de ser uma obra-prima genuína, quase não seu tempo de execução de 3 horas passando, houve alguns momentos, especificamente no início do terceiro ato, que comecei a sentir um pouco, mas foi só.

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    Oppenheimer | Foto: Universal Pictures

    Oppenheimer é demais para se digerir, seja pela sua duração de 3 horas e um minuto, seja pelo peso da história sendo contada, um épico extenso que aposta tanto no peso dos diálogos e em seus personagens que chega a ser arbitrário. Felizmente temos Nolan na cadeira de direção que dá ao público uma experiência cativante e consistente do início ao fim, entregando um dos melhores filmes do ano.

    Mais uma vez Nolan brincou de fazer cinema!

    Veja outros trabalhos do aclamado diretor aqui e aqui.

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    Nota 4,5/5

    Assista ao trailer:

  • CRÍTICA | Herói de Sangue poderia ser um grandioso filme de Guerra, mas se acomoda nos ombros de Omar Sy

    CRÍTICA | Herói de Sangue poderia ser um grandioso filme de Guerra, mas se acomoda nos ombros de Omar Sy

    Herói de Sangue não foge do esperado vindo de filmes de época ligados à Primeira ou Segunda Guerra Mundial. Tendo uma vasta produção, e uma qualidade técnica que enfatiza a narrativa, o filme poderia desenvolver muitas camadas sobre as questões históricas envolvendo a França no continente africano e da utilização de homens inocentes como armas de guerra e instrumentos para sua vitória em combate, mas não se aprofunda tanto quanto poderia.

    Tal problemática acontece também por conta do desenvolvimento do personagem Thierno, que é o filho do protagonista Bakary. Os conflitos internos de Thierno são algo que chegam a beirar o absurdo. Como um personagem que é retirado de sua família de origem, e é usado para lutar uma guerra que não tem nada a ver com ele ou seu país, briga com seu pai para lutar ao lado daqueles que são os seus verdadeiros inimigos? Além de não fazer o menor sentido, chega a ser desrespeitoso com aqueles que foram mortos na Primeira Guerra Mundial nas mesmas circunstâncias.

    Mesmo o filme carregando esse discurso contraditório e confuso de não saber se quer “homenagear” a pátria francesa ou criticá-la, a obra tem atuações e uma produção efetiva. Além de ter um lado positivo da obra mostrar que a França não foi nenhuma figura puritana em certa época, o filme consegue ter sequências fortes de conflito armado e de ação, sem ser algo exagerado como o de costume e com uma construção de espaço e momento completamente sóbria.

    Herói de Sangue é dirigido por Mathieu Vadepied e tem estreia programada para o dia 19 de Julho de 2023.
    Herói de Sangue | Synapse

    Quando digo sóbria, respondo que é como se o filme conseguisse mostrar a época e o momento de forma exata, sem a utilização ou construção de planos e sequências que necessitam explicar tal momento. A direção é direta e seca ao querer mostrar que o importante em toda a narrativa é a relação pai e filho e os conflitos entre eles que vão em uma crescente pelo que cada um acredita, ou quer para o outro.

    O filme tem um conjunto técnico de sucesso e consegue com a simplicidade da direção fotográfica captar a atenção do espectador, mesmo com seus problemas narrativos. A direção tenta agregar certos simbolismos à obra, mas nada consegue disfarçar o caminhar do discurso proposto na narrativa. Até mesmo a ideia do “oprimido querer ser o opressor” é algo aplicado aqui de forma muito apressada e sem o tempo necessário de construção de tal personagem sobre o espaço e o momento que o tornam assim.

    Necessário acrescentar que o filme se sustenta pela atuação de Omar Sy, que consegue se mostrar como um pai atencioso, mas nunca esquecendo suas origens e a vontade de voltar para a casa. Além do fato de que os conflitos são potencializados pela atuação do mesmo, pois os restos das atuações funcionam em tal cenário, mas não conseguem ocupar a mesma presença que o trabalho de Omar Sy.

    Herói de Sangue é dirigido por Mathieu Vadepied e tem estreia programada para o dia 19 de Julho de 2023.
    Herói de Sangue | Synapse

    Herói de Sangue é apenas mais um filme de Guerra esquecível, que não serve nem para critica a França pelo que ela fez a homens inocentes de outro continente, nem como uma provocação para discutir sobre os ocorridos da Primeira Guerra, ou até mesmo uma conversa mínima e sustentável da conexão com a realidade atual que tenta ser abordada no final. Porém, é um filme que tem cenas de ação e conflito eficazes e que servem para colocar a obra com um mínimo de entretenimento.

    Nota: 2/5

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  • CRÍTICA | Sobrenatural : A Porta Vermelha mostra que Patrick Wilson aprendeu a dirigir ao longo de seus trabalhos com James Wan

    CRÍTICA | Sobrenatural : A Porta Vermelha mostra que Patrick Wilson aprendeu a dirigir ao longo de seus trabalhos com James Wan

    O filme Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que teve começo com a direção de James Wan, responsável por outras franquias como Jogos Mortais e Invocação do Mal. Patrick Wilson que atuou em parte da franquia Sobrenatural e Invocação do Mal, decide assumir a direção do quinto filme e mostra que não apenas atuou nos filmes com James Wan, como aprendeu muito com sua direção.

    Sobrenatural: A Porta Vermelha carrega muitas características vindas dos filmes de Wan, sejam os zoons lentos no espectador para criação de suspense no espectador, até mesmo no trabalho de maquiagem e de luz o filme tem uma grande influência da antiga direção. Para quem viu o último filme de terror de Wan, “Maligno”(2021), se lembra do grande número de vezes que a direção utiliza das luzes com cores vermelha e azul, e esse filme não perde a chance de utilizar desse artifício a quase todo momento.

    O filme utiliza do velho artifício frágil da colega de quarto que além de servir de par romântico, também é responsável pela carga cômica do filme. Em sua maioria é utilizada de forma displicente e apenas com uma facilidade narrativa para certas coisas acontecerem ao personagem Dalton (interpretado por Ty Simpkins).

    Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que começou em 2010. O filme é protagonizado e dirigido por Patrick Wilson.
    Sobrenatural: A Porta Vermelha | Sony Pictures

    Mesmo com os artifícios de facilidade narrativa, e com basicamente Patrick Wilson tentando fazer de tudo que é jeito para seguir uma linha de direção quase idêntica ao antigo pai da franquia, o filme consegue ter uma construção de narrativa satisfatória e com algumas cenas com uma direção aguçada e que conseguem assustar o espectador com eficácia. Além da utilização da ligação do estudo de pintura de Dalton com o terror que acontece ao seu redor, é algo sútil e que funciona.

    Agora, é necessário dizer que não tem nenhuma atuação aqui que seja chamativa na obra em geral. Até mesmo Patrick Wilson mostra estar no conforto dos tantos filmes de terror que já fez e que não faz questão de mostrar nada de novo ao espectador nesse quesito. Necessário enfatizar que o trabalho de maquiagem também não foi um dos melhores, as vezes causava mais uma vontade de rir da cena do que se surpreender, ou se assustar com ela.

    Em certos momentos o filme chega a cansar o espectador no meio da narrativa, mas consegue criar um encerramento em uma das últimas sequências com exatidão e com uma criação de espaço e atmosfera que segura o espectador para saber o como vai finalizar toda a loucura apresentada. Além de ter uma simbologia bela de como a porta foi aberta e como foi sua resolução, tendo uma ligação da relação entre o pai e filho protagonistas.

    Sobrenatural: A Porta Vermelha é o quinto filme da franquia que começou em 2010. O filme é protagonizado e dirigido por Patrick Wilson.
    Sobrenatural: A Porta Vermelha | Sony Pictures

    Mesmo o filme sendo carregado de problemas na condução narrativa com os personagens, a forma que lida com o humor, e as atuações funcionais, o filme consegue ser um entretenimento satisfatório e longe de parecer algo pretensioso ou preguiçoso. Sem contar que estamos falando da primeira direção de Patrick Wilson, que superou muitas expectativas comparado com o que a crítica achou dos dois filmes anteriores (necessário apontar que esses filmes não tiveram a direção do James Wan).

    Sobrenatural: A Porta Vermelha tem muitos erros pontuais, mas não se mostrar um filme displicente aos olhos do espectador que consegue se divertir em alguns momentos, até mesmo ter sustos muito bem calculados pela direção. Patrick Wilson continua mostrando que tem muito o que aprender ainda para chegar à ser um diretor com habilidade, mas mostra que tem talento em seu primeiro filme nas sutilidades. Sutilidades que ajudam a manter o filme uma obra satisfatória ao espectador em busca de apenas um filme de terror qualquer em algum cinema perto.

    Nota: 3/5

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  • CRÍTICA | 3° Temporada de Demon Slayer é a que tem mais ação até o momento

    CRÍTICA | 3° Temporada de Demon Slayer é a que tem mais ação até o momento

    Demon Slayer se provou capaz de emocionar e impressionar o espectador com uma arte magnífica, criação dramática e densa de personagens, além de um conjunto geral maduro e envolvente para o público pré-adolescente ao adulto. Em sua última temporada, Demon Slayer mostrou a tamanha vontade de impressionar o espectador com muitos episódios carregados de ação, e com lutas feitas com traços aguçados, além de um trabalho de efeitos especiais eficaz, mesmo as vezes sendo exagerado. Exagero que acaba invadindo a simplicidade bela da animação, mas que não afeta tão negativamente a experiência do espectador com a obra presente.

    A direção da animação continua sendo a do mesmo diretor das duas últimas, Haruo Sotozaki. Haruo tem uma incrível capacidade que é de surpreender muitos aqueles que acompanham outros animes, ou até mesmo séries streaming / televisivas: consegue fazer uma temporada, de uma única linha narrativa, diferente uma da outra. Assim como a primeira temporada é uma imensa e dramática introdução dos três companheiros (Tanjiro, Inosuke e Zenitsu), e a segunda carrega uma dramaticidade mais madura por conta de questões como perda e frustração, a terceira consegue ir para um caminho completamente diferente.

    Um dos pontos que faz a temporada ser muito diferente das outras, é que ela não tem o foco narrativo em Tanjiro, mas em seu amadurecimento ao lutar com outros dois Hashimas que enfrentam conflitos completamente diferentes de Tanjiro. Sendo eles: Mitsuri e Muichiro. Além da temporada ter um discurso indireto muito importante em que as personagens femininas presentes nessa temporada são as mais fortes de todos personagens apresentados, como a Mitsuri.

    O último episódio da terceira temporada de Demon Slayer foi ao ar no dia 18 de Junho(2023) na Crunchyroll.
    Demon Slayer | Crunchyroll

    Nezuko mesmo não aparecendo muito em essa temporada, ela faz parte do plot principal, e gancho, para a quarta temporada. Então sua ausência tem uma justificativa plausível, além de dar espaço narrativo de desenvolvimento para os novos personagens. É importante dizer para alguns espectadores que irão assistir esperando a mesma dramaticidade das duas últimas temporadas que a mesma carga dramática acontece apenas no último episódio. A temporada fez questão no desenvolvimento de conflito físico e introspectivos de personagens novos e nos irmãos protagonista, e não em lutas que carreguem ansiedade de perda de mais algum personagem que cause a mesma comoção ocorrida com a morte do hashima KyoJuro.

    Mesmo a temporada sendo carregada com muito humor nas relações entre Tanjiro e os outros personagens secundários, o espectador vai observar a narrativa com muito mais seriedade por conta da ausência do personagem mais chorão e barulhento de todos, Zenitsu. A sua ausência pode ter sido um utensílio para fazer os criadores do anime a reverem a abordagem do personagem que, mesmo sendo um utensílio de humor, atrapalha muitas vezes o prazer do espectador em querer sentir a narrativa sem um garoto gritando e chorando a todo tempo.

    A abertura e fechamento da série tiveram músicas muito mais animadas e carismáticas em comparação com a temporada anterior, o que é um casamento certo com uma animação que é carregada de humor e ação. Muitos espectadores podem não achar que a abertura é do mesmo nível que a primeira, que marcou muitos de seus fãs, mas consegue satisfazer e trazer um ar de ação mais denso que é o proposto pela última temporada.

    O último episódio da terceira temporada de Demon Slayer foi ao ar no dia 18 de Junho(2023) na Crunchyroll.
    Demon Slayer | Crunchyroll

    Mesmo a temporada tendo alguns exageros com seus efeitos especiais, e com um excesso desnecessário no quesito sexual da personagem Mitsuri, a temporada consegue ser um deleite aos fãs que buscam ação desenfreada e uma satisfação artística que todos amam em Demon Slayer. A quarta temporada está em produção, e esperamos ver qual novidade vai ser entregue para os espectadores sedentos para saber o futuro dos irmãos protagonistas.

    Nota: 4/5

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Terra Querida é uma ótima ideia, jogada no lixo

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Terra Querida é uma ótima ideia, jogada no lixo

    O filme Terra Querida fala de uma família simples, que busca apenas sobreviver em um território que vive a batalha de Jenipapo, que aconteceu um pouco depois da independência do Brasil. A família é composta por um pai, uma mãe duas filhas e dois filhos, que passam por dificuldades e desafios maiores a cada momento que a narrativa ocorre.

    Terra querida é carregado de referências cinematográficas clássicas, seja do cinema de faroeste do John Ford, ao cinema novo com referências a Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. A estética criada pela construção de certos planos e a ideia da contemplação do espaço colocando os personagens nanicos, quase como peças de xadrez em um jogo de miséria, consegue colocar o espectador nesse clima existencialista e pessimista, mesmo com a utilização de cores fortes ao longo da obra.

    A obra carrega um potencial com bastante embasamento na formação e captura de seus planos, até mesmo na construção de sequências internas existe algo denso ali proposto ao espectador. Mas muitos problemas se encontram no quesito técnico e na forma que a narrativa acaba se perdendo até sua resolução.

    Terra Querida foi indicado em várias categorias na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras. Mas não venceu nenhuma. O filme é a primeira direção de Franklin Pires.
    Terra Querida | Franklin Pires

    Além da obra jogar o seu discurso existencialista e pessimista do sertão em meio a uma guerra fora, os pontos técnicos tem erros que mostram um amadorismo quase assustador. Seja no som, na edição de som, nos figurinos, na maquiagem, etc. Terra Querida carrega um potencial que poderia ser uma estória emblemática, de um momento que muitos nem sequer sabem que aconteceu. Mas o filme se perde na sua própria proposta narrativa, estética e até mesmo em formato.

    A obra, que é um filme, acaba se decaindo no sentido estético e interpretativo, virando quase um produto televisivo, vide novelas evangélicas da Record. Até mesmo a trilha sonora, que mostra estar falando do sertão, começa a se aventurar em outros campos sonoros que fogem completamente a proposta seguida da imagem. Além das cenas de drones que se repetem mais de quatro vezes, o filme tem um péssimo trabalho de pós produção, principalmente quando se trata de som e trabalho de cor. O que é triste, já que a cor faz parte de uma das camadas de importância ao discurso primordial do longa.

    Mesmo com a criação de personagens femininas fortes, todos os personagens tem uma condução de narrativa escritas como se estivessem pela metade. Seja no objetivo de uma das filhas de proteger a família como seu pai, o romance que a outra filha vive com outro soldado que mal dá para enxergar o que está acontecendo, e o filho caçula que não sere para NADA em toda a narrativa. Se retirassem o personagem, a trajetória de todos os personagens funcionária da mesma forma.

    Terra Querida foi indicado em várias categorias na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras. Mas não venceu nenhuma. O filme é a primeira direção de Franklin Pires.
    Terra Querida | Franklin Pires

    As cenas de conflito físico as vezes conseguem ter uma prática satisfatória, compensando outras que parecem terem sido feitas as pressas. Alguns simbolismos criados em alguns planos são completamente deixados de lado, sejam os soldados de brinquedo dos irmãos, até mesmo a mãe catatônica em sua própria casa pegando fogo. Terra Querida poderia ser um épico de uma batalha que poucos conhecem na história do Brasil, mas acaba se resultando em um trabalho pouco profundo, e executado de forma bamba, se balançando entre uma prática preguiçosa, e quase prepotente.

    Nota: 1/5

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Capitão Astúcia consegue ser um filme para toda a família, mesmo abordando um tema delicado

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Capitão Astúcia consegue ser um filme para toda a família, mesmo abordando um tema delicado

    Capitão Astúcia conta a estória do avô de Santhiago, que começa a ter pequenos surtos de aventura com seu neto. Ao mesmo tempo Santhiago passa por uma crise emocional por ter que se lembrar de seu passado como pianista prodígio e ter sua família o pressionando à isso. Mas, ao longo de suas aventuras com seu avô, ele começa a entrar em uma jornada de drama familiar, intrapessoal e muito além do que o mesmo acreditava que poderia chegar.

    O filme tem a direção de Filipe Gontijo, e é protagonizado pelos atores Fernando Teixeira e Paulo Verlings. Claro, o filme segue uma proposta inicial que se segue até o fim sem se desvincular no sentido dramático e até mesmo cômico. É uma obra que faz questão de enfatizar, seja nas atuações e na utilização de cores, que Capitão Astúcia faz questão de ser um filme que enquadre todos os públicos. Mas isso não o torna uma obra perdida narrativamente, mas ao contrário.

    O filme não só tem a intenção de provocar a discussão sobre como viver a vida dependendo de sua idade, mas também falar sobre a dificuldade de viver como um idoso. Adicionando o fato de como vive um idoso que começa a demonstrar sintomas de doenças como demência, e a visão da família, e próximos sobre isso. Claro que o filme não tenta investir tanto nessa camada, até porquê o filme ficaria muito mais voltado para o público adulto, e a pouco já tivemos um filme que abordasse tal tema: “Meu Pai“(2020).

    Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
    Capitão Astúcia | O2 Play

    As interpretações no geral não são o quesito forte do filme, mesmo em alguns momentos exigirem uma elevação no nível da atuação. Mas o filme consegue demonstrar uma boa execução nos efeitos práticos e na edição, mesmo com alguns erros de continuidade em certas sequências. Os efeitos especiais são poucos, mas feitos de forma delicada, o que faz um casamento certeiro com o conjunto estético da obra.

    As cenas que tentam mostrar o Capitão Astúcia combatendo o crime, ou brigando com um policial, são cenas que exigiam uma condução na direção para que se tornassem mais simbólicos do que se resultou. Mesmo sendo cenas que aparentemente faziam a função de ajudar ao ápice da conclusão, elas poderiam executar um potencial de carga emocional que foi deixado de lado. Por falar no personagem Policial, o tratamento de sua figura como principal ameaça mais atrapalhou a condução dos personagens do que facilitou para chegar logo ao final dramático. Além da atuação do personagem que é algo caricato a ponto de ser constrangedor.

    Nívea Maria, mesmo fazendo uma personagem cativante, mais sobra do que acrescenta algo à obra. Até mesmo sua relação com o Capitão Astúcia é algo que é conduzido e dirigido de forma tão corrida, que não consegue criar nem mesmo uma importância sobre o que vai acontecer com a relação deles no final da obra. Porém, é necessário enfatizar o trabalho nos pontos cômicos da obra, quem em sua maioria funcionam, e muito bem.

    Capitão Astúcia estava em competição na Segunda Edição do Festival de Cinema de Vassouras, e o ator Fernando Teixeira recebeu o prêmio de Melhor Ator de Longa Metragem de Ficção.
    Capitão Astúcia | O2 Play

    Capitão Astúcia, mesmo sendo um filme com problemas pontuais e técnicos, consegue satisfazer o espectador com um discurso belo, abraçando o espectador e a beleza nas relações familiares que, em muitos casos, acontecem nas entrelinhas do tempo, ou até mesmo na nostalgia de um instrumento musical, ou mesmo em páginas abandonadas de quadrinhos.

    Nota:3,5/5

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  • CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Vermelho Monet mostra uma conexão entre paixão e pintura, mas tenta fugir de se assumir como um filme brasileiro

    CRÍTICA | FESTIVAL DE CINEMA DE VASSOURAS – Vermelho Monet mostra uma conexão entre paixão e pintura, mas tenta fugir de se assumir como um filme brasileiro

    Vermelho Monet conta a estória de um pintor português falsário, que é casado com uma mulher debilitada. O pintor Johannes tem uma fixação por mulheres ruivas, mas nenhuma consegue ajudar a aguçar seu lado criativo para pintar. E por acidente, acaba focado em uma atriz ruiva, Florence Lizz, que tem um caso com uma antiga parceira de Johannes, Antoinette Léfèvre, e começa uma conexão entre os três em busca da criação da pintura perfeita.

    O filme não foge da proposta de construir os planos fotográficos baseados em pinturas, algo que dá uma camada forte de beleza sobre a obra. Mesmo o filme sendo encharcado de uma construção de luz e sombra se resultando em uma pintura contínua, a obra peca por alguns pequenos aspectos que acabam resultando em muitos pontos falhos, mesmo não muito chamativos.

    A trilha do filme, mesmo funcionando na maioria do tempo, acaba invadindo muitas cenas que necessita silêncio e cautela na percepção do som sobre pequenos movimentos que aparecem em alguns dos planos, principalmente quando acontecem pinturas, e a montagem paralela de cenas sexuais, e sensuais, com Johannes pintando suas obras. Além do excesso de cenas que são utilizadas apenas a instabilidade de vida e mental sobre o pintor, que mesmo bem feitas, acabam saturando o filme.

    Vermelho Monet é dirigido por Halder Gomes e foi exibido no dia 21 de junho (2023) no Festival de Cinema de Vassouras.
    Vermelho Monet | GloboFilmes

    Não só esses pontos, como existe uma questão de uma fuga de identidade do filme parecer não querer assumir que é uma produção brasileira, contando que a personagem mais idealizada sexualmente e a única outra personagem brasileira é uma criminosa, torna o filme uma proposta meio problemática. Mas não são problemas que afetam tanto a obra a ponto de atingir de forma negativa a narrativa, mas que atrapalham a conexão do espectador brasileiro com a obra.

    Sem contar que o filme conta com um problema de casting, pelo fato de que a atriz Samantha Heck Müller não tem uma atuação potente para estar em conjunto com a dupla Maria Fernanda Cândido e Chico Díaz, que dão uma aula de atuação e são os pontos fortes do filme se manter para não se afundar em algo monótono e indiferente. Algo muito positivo, mostrando que a direção não estava displicente em focar apenas nas construções pirotécnicas, fazendo a mise-en-scène ser executada de forma madura e plausível ao longo de suas duas horas de prática.

    O filme mesmo tendo muita das construções de plano sendo conectados com pinturas, a direção não fica no conformismo em querer apenas focar na questão contemplativa da obra, mas faz questão de conduzir a obra com metalinguagem teatral e com a conexão dessa linguagem com a ação entre os personagens. É quase como se a relação dos personagens com os planos baseados em pintura fossem executados como uma dança, criando uma conexão poética para muitos espectadores, mas que pode entediar muitos aqueles que não tem interesse nesse jogo de linguagem e da forma que os personagens brincam com isso.

    Vermelho Monet é dirigido por Halder Gomes e foi exibido no dia 21 de junho (2023) no Festival de Cinema de Vassouras.
    Vermelho Monet | GloboFilmes

    Falo a respeito de que o filme, por conta de uma trilha invasiva, uma atriz que não chega ao mesmo nível de seus dois parceiros e a ideia da falta de identidade do país de origem da produção faz o filme ter uma conexão seleta de conexão com aqueles que o assistem, pois muitos vão acabar se cansando com a narrativa que não é carregado de conflitos, mas de entrelinhas teóricas e poéticas.

    Vermelho Monet é uma experiência sensorial e teórica envolvente, que as vezes falha por algumas escolhas. Mas a obra continua bela e potente em sua execução e em seu resultado belo, e melancólico.

    Nota: 4/5

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