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Crítica | O Telefone Preto – Subverte o próprio gênero e entrega uma experiência além do esperado

Baseado no conto homônimo de Joe Hill e dirigido por Scott Derrickson(Doutor Estranho), chega nesta quinta aos cinemas o tão esperado terror O Telefone Preto.

Finney Shaw (Mason Thames) e sua irmã mais nova Gwen (Madeleine McGraw) vivem em uma pequena cidade no Colorado, EUA. Desde o início notamos o abuso do pai com as crianças e a falta da figura materna, então, na maioria das vezes, eles tem um ao outro e isso já basta. Finney é o típico garoto legal que sofre bullying dos colegas de classe e permanece calado. Gwen, embora pequena, é mal-humorada e destemida, se torna um dos melhores se não a melhor personagem da trama.

Gwen acredita que seus sonhos não são apenas sonhos, mas que apresentam vislumbres da realidade, algo que também aconteceu com sua falecida mãe. A cidade onde os irmãos vivem é abalada por uma onda de sequestros de crianças. O amigo íntimo de Finney e mais tarde o próprio Finney acabam sendo agarrados pelo homem misterioso por trás dos sequestros que é apelidado, sem imaginação, de ‘Grabber’. Agora, cabe a ele, sua inteligência e também sua corajosa irmã com a ajuda de seus sonhos se desdobrarem para conseguir sair dessa.

A dupla de direção/roteiristas Scott Derrickson e C. Robert Cargill escolheram ambientar seu longa de Serial Killer Telefone Preto (que é baseado em um conto de Joe Hill) em 1978, e eles certamente não economizam em retratar o era em todos os seus elementos problemáticos. Não só há insultos raciais e sexuais, abuso infantil, mas quando as crianças aqui entram em brigas na escola, elas brigam como selvagens, quase como se quem os supervisiona não ligasse para tal fato.

Em seus primeiros 30 minutos de tela, vemos uma bela homenagem a ficção de terror dos anos 70 e 80 e até então o longa se apresenta sem muita personalidade própria, é aí que entra em cena o personagem de Ethan Hawke, Grabber e as coisas começam a tomar um rumo completamente diferente.

O Telefone Preto | Foto: Universal Pictures
O Telefone Preto | Foto: Universal Pictures

Hawke, que vem de um vilão muito peculiar em Cavaleiro da Lua, apresenta uma performance magníficamente maravilhosa aqui. Por décadas ele vem sendo o grande ator que é, mas é nos vilões onde ele mais se destaca. O serial Killer de Hawke não é um psicopata típico, existem camadas, onde o roteiro sabiamente sabe máscara-las para que gradualmente o telespectador descubra.  

Não tão niilista quanto A Entidade, O Telefone Preto é aterrorizante à sua maneira. A maioria dos fãs de terror não gosta dos jumpscares , mas Derrickson é um veterano aqui e os executa com a facilidade de um veterano. A atmosfera também ajuda a infundir uma sensação de pavor, auxiliada pelo impressionante trabalho de câmera do diretor de fotografia. Além de Hawke, ambos os atores jovens, Thames e McGraw, também impressionam com seu total comprometimento com seus respectivos papéis.

O Telefone Preto é ousado e subverte os clichês de seu genero, mas acima de tudo tem um compromisso em evocar a sensação dos anos 70, trazendo um filme brutal quando crianças se socam no pátio e ao mesmo tempo singelo e emocional quando vemos a parceria entre os irmãos. 

O longa culmina em um clímax surpreendentemente tocante, é a recompensa por passar tempo com os personagens antes que os sustos apareçam. E uma vez que O Telefone Preto chega lá, ele só continua a ser uma explosão agradável, chegando a um final vertiginoso. 

Eai já conferiu O Telefone Preto nas telonas? Enquanto isso você pode conferir outros trabalhos do diretor aqui e aqui.

Nota: 4/5

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