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  • CRÍTICA | Pânico 6 deixa o terror slasher de lado, e investe no gênero investigativo

    CRÍTICA | Pânico 6 deixa o terror slasher de lado, e investe no gênero investigativo

    Pânico 6 começa de uma forma bastante diferente, comparado aos outros filmes da franquia. A introdução consegue fisgar o espectador com a ansiedade de saber oque vai ocorrer naquele espaço urbano e aglomerado, além do diálogo que acontece no telefone no primeiro ato entre os personagens Laura Crane e Jason Carvey (interpretados pelos atores Samara Weaving e Tony Revolori) que brinca com a lógica da narrativa da forma que é tratada a figura do GhostFace.

    Assim como o segundo filme da franquia, o filme acontece em uma universidade. Não é necessário nem falar de que muito do que é apresentado nesse filme remete ao segundo, mas não é algo que afeta o bastante o espectador para resultar em algo tedioso e premeditado. Até pelo fato de que os personagens policiais apresentados, que são responsáveis pela investigação dos assassinatos, conseguem dar uma ênfase no sentido estético e na atuação, conseguindo dar ênfase a uma narrativa investigativa.

    Para os grandes amantes de uma violência gráfica, esse filme decide seguir um caminho mais sóbrio em fazer tais cenas. Até mesmo as cenas que deveriam apresentar muito mais sangue, são feitas de formas sóbrias e sem mostrar explicitamente nos planos capturados. Mas, a ausência da violência gráfica, é recompensada com cenas de ação e de fugas rápidas que são dirigidas de forma delicada e sem ansiedade para causar no espectador o susto, ou entregar a violência de forma “solta” e apelativa.

    Pânico 6 foi lançado, exatamente, um ano depois do Pânico 5(2022). Ágora, não temos mais a participação da personagem Sydney. Será que os novos personagens dão conta do recado? É oque vamos saber agora.
    Pânico 6 | Paramount Pictures

    A personagem Sam Carpenter e sua irmã Tara Carpenter (interpretadas por Melissa Barrera e Jenna Ortega) são as principais peças dramáticas, que conectam o espectador com as mesmas. Os conflitos entre elas, como cada uma toca suas vidas depois dos acontecimentos de eventos traumatizantes de um ano atrás, e como cada uma delas são afetadas por questões envolvendo o passado e a mídia. Sem contar o fato de que, Sam Carpenter se mostra capaz de ser uma ótima nova protagonista da franquia. Mesmo tendo um desenvolvimento diferente, e com atitudes diferenciadas com as primeiras obras.

    O filme consegue ter uma direção e montagem executadas de forma exemplar, e um trabalho de diálogos orgânico que faz o espectador entrar naquela estória interessado no que vem até eles a cada cena. Algo que é atrapalhado pelos resto dos personagens que são apresentados apenas para pontos de romance na obra, ou para ficar explicando ponto à ponto sobre como os universos cinematográficos funcionam (Mindy Meeks só serviu para isso nesse filme e no último de 2022. Interpretada pela atriz Jasmin Savoy Brown).

    A produção estética do filme não foge do costume, e continua sendo uma narrativa composta em ambientações fechadas, com pouca iluminação e, de preferência, em casas super mal protegidas(como em todos os filmes da franquia, erro que o espectador acaba só aceitando, e continua a aproveitar tal viagem aterrorizante). Necessário apontar que a franquia está chegando ao limite sobre a questão da metalinguagem cinematográfica aplicada em todas as narrativas. Algo que esse filme consegue fazer de forma sóbria e em pequenos atos e diálogos.

    Pânico 6 foi lançado, exatamente, um ano depois do Pânico 5(2022). Ágora, não temos mais a participação da personagem Sydney. Será que os novos personagens dão conta do recado? É oque vamos saber agora.
    Pânico 6 | Paramount Pictures

    O filme se influencia de forma escancarada com o segundo filme da franquia, investe na estética e no trabalho interpretativo no seguimento investigativo, pouca violência explicita, e com um desenvolvimento de protagonista, que faz o espectador se interessar no futuro dela nessa franquia. Sem contar a ideia das máscaras que vão aparecendo a cada assassinato, lembrando até mesmo a ideia do filme Seven: Os sete pecados Capitais, de David Fincher.

    Pânico 6, é um bom filme de suspense e de entretenimento, principalmente aos espectadores mais novos, que não sentiram a experiência de ter visto o segundo filme da franquia, dirigida por Wes Craven. Mesmo com bastantes erros de condução e de dar um novo caminho a franquia, o filme consegue cativar o espectador para a jornada de sobrevivência da personagem Sam.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | Evil Dead: A Ascenção é aquilo que todos temem: só mais um terror descartável

    CRÍTICA | Evil Dead: A Ascenção é aquilo que todos temem: só mais um terror descartável

    Evil Dead: A Ascenção começa de forma parecida com os outros filmes da mesma saga, mostrando referência explicita aos filmes clássicos, seja na ambientação que a introdução do filme ocorre, até mesmo na violência. Mesmo a introdução não sendo algo que carregue o potencial absurdo que é o terror do Evil Dead, o filme consegue flertar com o espectador que sente a nostalgia dos primeiros filmes.

    A narrativa que conduz o filme caminha para um lado contrário do que foi mostrado nos outros filmes. Invés de ser em uma floresta, é em uma cidade que não para de chover; invés de um casarão, é um apartamento temporário em um prédio velho, que será demolido; Invés de amigos viajando, uma família, onde cada um tem seus problemas pessoais. A mudança de cenário e personagens consegue instigar o espectador a saber como será conduzida essa estória, que se mostra quase o oposto do que é proposto dos outros filmes.

    Infelizmente, a direção e o roteiro não sabem criar personagens marcantes, ou até mesmo cativantes em qualquer aspecto. Acentuo aqui um ponto que faz o filme se tornar até cômico, de uma forma negativa: Toda a narrativa só acontece, pelo fato de todos os personagens serem o estereótipo de inconsequentes, apresentando uma falta de capacidade, mínima, para se comportar em certas situações. Causando irritação no espectador, que prefere torcer mais pela derrota deles, do que por sua sobrevivência.

    Evil Dead: A Ascenção é dirigido pelo diretor Lee Cronin, e tem como produtor Sam Rami, diretor dos três primeiros filmes da saga.
    Evil Dead: A Ascenção | Warner Bros. Pictures

    Mesmo Evil Dead: A Ascenção tendo um trabalho de efeitos práticos, e especiais, executados com exatidão, e com o trabalho de interpretação da atriz Alyssa Sutherland (personagem Ellie), o filme carrega uma problemática técnica que não acontece em nenhum dos outros da mesma Saga: É uma obra, exageradamente, escura. Mesmo os outros filmes também sendo filmados como se fossem ambientes a noite, no novo filme, muito do que é o mais aterrorizante da obra, não dá para enxergar.

    Além das péssimas atuações dos atores Morgan Davies e Gabrielle Echols(personagens Danny e Bridget), o filme contém uma trilha que é invasiva na maior parte do tempo e não consegue formar planos que mostrem a violência de forma incômoda em quase nenhum momento, além da cena com o ralador de queijo. O filme consegue ter um trabalho de som chamativo, mas fica de lado como só mais um complemento do personagem Danny. Personagem que é um dos fatores do filme ser tão incomodo em demonstrar a falta de capacidade de raciocínio mínimo, da primeira cena a sua última.

    As cenas que envolvem gore e excrementos não conseguem nem causar o desconforto proposto do filmes de 2013, muito menos a ideia cômica do exagero do segundo filme, de 1987. Fazendo com que a obra não entregue o espectador o sentimento, quase catártico, que tanto esperava ver, seja na violência e nos exageros.

    Evil Dead: A Ascenção é dirigido pelo diretor Lee Cronin, e tem como produtor Sam Rami, diretor dos três primeiros filmes da saga.
    Evil Dead: A Ascenção | Warner Bros. Pictures

    Para aqueles que não conhecem as outras obras com o nome Evil Dead, esse filme causa o sentimento semelhante a muitos filmes de terror da atualidade ligados a vertente demoníaca e espirituosa, mas com um pouco mais de sangue (e uma cena que envolve um olho. Provavelmente, a melhor do filme). E para os amantes dos filmes loucos com o protagonismo de Bruce Campbell como Ash, a obra é apenas uma forma de acariciar a nostalgia com pequenas referências e com cenas de terror rápidas e indolores à um espectador que tenta fugir do tédio cotidiano, mas não consegue fugir disso com essa obra.

    Evil Dead: A Ascenção é um filme raso, pouco criativo naquilo que poderia fazer, com um trabalho precário de desenvolvimento de personagens, com um trabalho técnico que é, simplesmente, funcional, com alguns movimentos de câmera criativos. Nem todo sangue do mundo, conseguiu compensar o filme mais tedioso e precário da saga Evil Dead.

    Nota: 1,5\5

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  • CRÍTICA | Beau tem Medo é uma mistura de linguagens com um final superficial

    CRÍTICA | Beau tem Medo é uma mistura de linguagens com um final superficial

    Ari Aster mostra uma narrativa que envolve a sua estrutura dos dois últimos longas, onde o terror está presente nas relações humanas, principalmente, familiares. O filme demonstra logo nos primeiros minutos o tamanho do caos envolta do protagonista Beau (interpretado por Joaquin Phoenix) e sua fragilidade, seja corpórea ou mental. Algo que é sucedido, mostrando a visão de um indivíduo que passa por um inferno pessoal e esse inferno ser transbordado até sua visão de espaço e sobre aqueles que te cercam.

    A jornada de Beau até encontrar a sua mãe tem uma construção com diferentes elementos para dialogar com o espectador, seja na metalinguagem audiovisual e até mesmo de artifícios teatrais, que tornam a experiência do filme como algo enigmático. O espaço caótico em conjunto com os personagens perturbados e a atuação de Phoenix, causam uma experiência que traz uma pequena dose de desconforto com ansiedade em busca de respostas sobre tudo que está acontecendo.

    Beau tem Medo carrega algumas referências fora do gênero de terror, como filmes “O Show de Trueman” e o desconforto vide a proposta de “1984” do autor George Orwell. A ideia de que o protagonista está cercado por uma plateia e pronto para julga-lo como um juri, que, na sua maioria, se mostra mais solidário à uma mãe, existe do início ao fim da jornada no rosto de Beau. Oque funciona até o arco final, onde toda a beleza do desconforto e das interrogações provocadas ao espectador vão por água a baixo.

    Beau tem Medo é o terceiro longa do diretor Ari Aster, em parceria com a A24. Seus outros dois filmes foram: Hereditário(2018) e Midsommar:O Mal não espera a Noite(2019).
    Beau tem Medo | A24

    A sequência final, mostra uma tentativa de responder a todas as questões, e busca trazer mais incômodo ao espectador com uma reviravolta e artimanhas que fazem a estória por si só perder oque ainda te restava de potência. Algo que também é atrapalhado pelo excesso de cenas demonstrando transes do protagonista. Ari Aster se atropela no seu discurso e aquilo que causava inquietação, passa a se tornar vazio e pouco impactante ao espectador.

    Beau tem Medo, além de ter suas problemáticas de como a narrativa caminha, o filme não tem nada de muito especial quando se fala no sentido técnico além de boas transições e efeitos de uma sequência teatral. O filme é quase uma forma de demonstrar o talento de Phoenix na atuação, deixando quase tudo de lado. Oque resta de mais forte aos espectadores nos últimos minutos da obra é a atuação de Phoenix e o interesse de saber o fim do personagem Beau, que tanto sofre ao longo da narrativa. A estrutura de narrativa com o personagem tem referência indireta à obra de Scorsese, After Hours de 1985, chegando a ser até uma dramédia em certos momentos.

    Não esperem grandes atuações fora a de Phoenix nessa obra, Beau tem Medo não dá espaço de tela o bastante para nenhum outro ator, ou atriz, aqui. Até mesmo o ator que faz Beau jovem (Armen Nahapetian), não aparece tanto e nem apresenta muita emoção, seja no que for. Entretanto, funciona seu posicionamento inexpressivo e apático com a figura do personagem no presente, que se encontra perdido e sem muito para onde ir desde o começo da viagem em jornada à sua mãe.

    Beau tem Medo é o terceiro longa do diretor Ari Aster, em parceria com a A24. Seus outros dois filmes foram: Hereditário(2018) e Midsommar:O Mal não espera a Noite(2019).
    Beau tem Medo | A24

    Beau tem Medo tenta ser um discurso metalinguístico político com um clima de terror, utilizando a relaçao de Mãe e Filho. Ari Aster tenta fazer o seu maior espetáculo, mas mostrando o seu descuido com o andar narrativo e tentando enfatizar de forma infantil, e pouco discreta, uma estória potente. A obra responde, que ainda falta muito para Ari Aster ser um diretor razoável para oque seria um terror psicológico épico.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • CRÍTICA | Mob Psycho 100: Jornada sobre adolescência, misturada com espíritos e poderes cósmicos

    CRÍTICA | Mob Psycho 100: Jornada sobre adolescência, misturada com espíritos e poderes cósmicos

    Mob Psycho 100 é um anime que começa propondo uma longa trajetória do personagem Shigeo Kageyama, conhecido como Mob, que tem poderes além de sua própria compreensão e que trabalha junto com o seu chefe, e mestre, Arataka Reigen, em uma agência para exorcizar espíritos malignos. Ao mesmo tempo, Mob passa por uma fase de transição quanto adolescente, e tem dificuldades para criar amigos e se declarar para a garota que ele tanto ama, desde novo, Tsubomi Takane.

    É necessário acentuar que o protagonismo do personagem Mob funciona pelo fato de sua trajetória caminhar lado a lado com o personagem Shigeo, que é a carga cômica de boa parte da trama, além de ser um dos pilares do amadurecimento do personagem Mob. Mob sempre se mostra um personagem com pouca expressão e que não sabe conduzir sua vida, algo que facilita fisgar os espectadores da mesma idade, a partir do momento de que o anime trabalha ao longo de suas 3 temporadas a jornada desses personagens tão jovens, chegando na adolescência.

    As cenas de ação são boas, mas não são o principal fator que fazem o anime funcionar do jeito que se resulta. A ideia de Mob não gostar de utilizar a violência, ou usar seus poderes para o mal ao longo da trama, é algo que ajuda a conduzir quase toda a narrativa. Mesmo com a existência de muitos antagonistas, que em certos momentos funciona, mas não todos.

    Mob Psycho 100 é uma adaptação de um mangá online, que começou a ser postado em 2012 pelo autor One. Sua primeira temporada foi distribuída em 2016 na Crunchyroll.
    Mob Psycho 100 | Crunchyroll

    Todos os antagonistas passam pelo mesma linha narrativa de serem maus por algo e depois se tornarem bons por entenderem melhor oque sentem dentro de si mesmos, oque uma hora se torna batido e sem graça, mesmo eles sendo personagens, em sua maioria, cativantes. Alguns se tornam até bem próximos do protagonistas, dando uma carga interessante ao longo dos episódios.

    As jornadas envolvendo a maior aparição do personagem Shigeo, e o personagem Ekubo, são as que mais entretém os espectadores no sentido cômico e dramático. A ideia de como os 3 personagens caminham juntos, e acabam se tocando de que estão em uma jornada de alto conhecimento, acaba resultando uma trama engraçada, porém, madura em maior parte do tempo. Fazendo com os espectadores invistam mais o emocional que o resto das jornadas propostas com os outros personagens que não chegam aos pés do poderes do Mob.

    É necessário acentuar que Mob Psycho 100 é um anime que é mais focado no gênero de comédia, caso o leitor esteja buscando um anime que tenha um estilo parecido com o humor e a dramaticidade de animes como Bungo Stray Dogs ou Jujutsu Keisen, que estrearam, e vão estrear novos episódios, ainda esse ano(2023) vão acabar se decepcionando com a ação e com o trabalho de aprofundamento dos personagens. Além do fato da proposta ser outra, o anime se destaca por um estilo mais pessoal de narrativa.

    Mob Psycho 100 é uma adaptação de um mangá online, que começou a ser postado em 2012 pelo autor One. Sua primeira temporada foi distribuída em 2016 na Crunchyroll.
    Mob Psycho 100 | Crunchyroll

    A ideia da maior ameaça ao Mob é o próprio poder dele e seus traumas mal resolvidos quando mais novo, e o como ele tenta ao máximo ser alguém bom para todos é o principal condutor de todas as suas narrativas propostas em cada temporada. É um anime que aborda a dificuldade de lidar com outros indivíduos que não fazem ideia do que tal personagem tem dentro, de criar vínculos e de saber como conduzir sua própria vida de como uma pessoa normal.

    Mob Psycho 100 consegue funcionar para ambos os públicos, mesmo tendo suas repetições de condução dos personagens e das narrativas, e consegue ser belo e delicado com certos assuntos propostos ao longo do anime. Sem contar a capacidade de tirar do espectador fortes gargalhadas e empatia por cada personagem apresentado.

    Nota: 4/5

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  • CRÍTICA | John Wick 4: Baba Yaga é o encerramento digno para a melhor franquia de ação dos últimos anos

    CRÍTICA | John Wick 4: Baba Yaga é o encerramento digno para a melhor franquia de ação dos últimos anos

    John Wick nessa obra não se desvincula em nada de seus outros 3 respectivos filmes. Pelo contrário, seu último filme é a exibição pirotécnica e de maior exacerbação de cenas de ação comparada a todo conjunto da obra exibida ao longo desses anos. O filme executa a proposta de ser uma jornada de quase 3 horas de ação, e de um encerramento justo ao personagem protagonista em busca de acabar seus serviços para sempre à Cúpula.

    Não espere atuações espetaculares, pois o filme não procura aprofundar mais ainda seus personagens, muito menos os novos que são adicionados à narrativa. O próprio Keanu Reeves demonstra especificamente que não tem mais oque acrescentar à interpretação do personagem Wick. Fora as cenas de ação, a atuação de Reeves se mostra até precária, por o próprio ator já perceber que o espectador não está interessado em muito além do sangue e dos nocautes apresentados.

    Aqui temos as melhores cenas de tiroteio de toda a saga de John Wick, com plenos sequências que colocam o espectador quase como uma simulação gameficada da ação proposta. Mas que é feito de forma sem exageros desnecessários, além da simples ideia de querer colocar o espectador imerso à tal violência. Oque o filme consegue de forma esplendida, sendo com métodos do gênero Neo-noir, misturados com Western e filmes de Samurai.

    John Wick 4: Baba Yaga mantém a direção do diretor Chad Stahelski e encerra a longa jornada de John Wick até sua aposentadoria.
    John Wick 4: Baba Yaga| Lionsgate Films

    Não espere de nada especial do antagonismo vindo do personagem Marquês (interpretado pelo ator Bill Skarsgård), que faz questão de mostrar um vilão que: ao mesmo tempo, se diverte com a caçada à John Wick, mas o teme sabendo de tudo que ele fez até o momento. Os novos personagens apresentados marcam uma forte presença, além de carregar bastante potência nas cenas de ação junto com John Wick. Especificamente os personagens Sr. Ninguém, Caine e Akira (interpretados pelos atores Shamier Anderson, Donnie Yen e Rina Sawayama).

    O filme executa a sua proposta de forma até irônica de certa forma, pelo fato de ser um dos filmes com o maior número de cenas de ação, mas não é o filme que mais demonstra violência gráfica, como o 3° filme da franquia, que faz questão de demonstrar as cenas de corte e de espada, com bastante sangue. O filme segue a linha de filmes de ação como os de Bruce Lee, que fazem questão mais em se divertir captando o ato da violência do que de mostrar o seu resultado gráfico.

    Claro que o filme tenta em alguns momentos fazer artimanhas para conduzir a obra, como uma dramaticidade em cima da cena de combate entre colegas de longa data, que parece dar começo a uma nova vingança dentro da saga, uma cena de boate com câmera lenta com musica eletrônica tentando dar uma ênfase meio cyber punk e algumas cenas exageradas demais para surpreender o espectador em alguns momentos que acabam sendo desnecessários. Pontos que não ajudam a narrativa, nem a proposta, mas que tenta corresponder à sede do espectador pelas artes marciais e o show de tiros que acontece a todo momento.

    John Wick 4: Baba Yaga mantém a direção do diretor Chad Stahelski e encerra a longa jornada de John Wick até sua aposentadoria.
    John Wick 4: Baba Yaga| Lionsgate Films

    John Wick 4: Baba Yaga é um deleite aos espectadores amantes de seus últimos filmes, mostrando a ação com uma direção madura, uma criação de universo mais que satisfatória, e um grande aconchego aos fãs de filmes de ação das décadas de 80, que sentem falta da simples e autentica ação pela ação. Mesmo com suas problemáticas para tentar criar um filme de ação “icônico” de quase 3 horas, a obra satisfaz o espectador. Sugando sua completa atenção e satisfazendo sua necessidade de simplesmente apreciar um show de violência neon com Keanu Reeves sendo o Chuck Norris da nova geração.

    Nota: 4/5

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  • CRÍTICA | S. Bernardo: Um grito político, além da metrópole brasileira

    CRÍTICA | S. Bernardo: Um grito político, além da metrópole brasileira

    S. Bernardo é dirigido por um dos grandes diretores brasileiros, Leon Hirszman. A narrativa gira em torno Paulo Honório, que, depois de um trabalho intenso, consegue se tornar um fazendeiro. Depois de se chegar a ser um fazendeiro da alta sociedade, se casa com Madalena, uma professora culta e que entra em muitos conflitos com seu marido por questões políticas e amorosas.

    É necessário dizer que o filme consegue ser um longa denso por trabalhar a ideia estética da obra em conjunto da evolução de ambos os personagens principais. O trabalho fotográfico aqui tem um primor a ponto de cada plano da obra parecer tão delicado como uma pintura. Seja na construção das sombras, na colocação central da câmera em conjunto com o cenário, além dos ensaios dos atores junto com a proposta que o ambiente exige.

    S. Bernardo trabalha a ideia psicológica do protagonista de forma muito detalhada, algo que tem um resultado positivo, principalmente pela a atuação de Othon Bastos. Contando o fato de ser um dos filmes que Othon mais gostou de seu trabalho, pode ser considerado uma das maiores atuações da história do cinema brasileiro. Othon desenvolve um personagem que está desconfiado de tudo e todos, principalmente por aqueles que não acreditam nos seus mesmos ideais. Ideais que são o principal embate com sua mulher.

    S. Bernardo é um filme dirigido por Leon Hirszman, estrelado por Othon Bastos e Isabel Ribeiro. O filme teve estreia mundial em junho de 1972.
    S. Bernardo | Embrafilme

    O personagem Paulo acredita que tudo que segue as diretrizes daquilo que ele acreditou para chegar onde chegou deve ser executado ao pé da letra. Mas ao se deparar com muitas monstruosidades que ele cometia com seus empregados e com as ideias de sua mulher, seu personagem começa a se encontrar perdido e com ódio. Criando desconfianças sobre sua mulher e acreditando que todos que compactuam com os ideais dela, querem destruir aquilo que ele construiu.

    Esse conflito consegue ter a potência que tem, também, pela atuação de Isabel Ribeiro como Madalena. Que em nenhum momento foge daquilo que ela acredita e mostra uma presença que, ao mesmo tempo sendo forte como a de Othon, mostra um retrato melancólico da solidão de lutar pelo que acredita, da perda da fé no ser humano e como sua melancolia faz um contraste com um ambiente de tantas cores vivas, assim como suas roupas. diferentes dos outros personagens no mesmo cenário.

    Acentuo aqui o discurso sobre o “anticomunismo” que se mostra uma ameaça quase demoníaca para Paulo, simplesmente pelo fato de ele só acreditar que aquilo vai destruí-lo, sendo que ele mal consegue elaborar uma resposta para qualquer pergunta de sua mulher quando se trata de seu trabalho e dos trabalhadores que vivem por perto.

    S. Bernardo é um filme dirigido por Leon Hirszman, estrelado por Othon Bastos e Isabel Ribeiro. O filme teve estreia mundial em junho de 1972.
    S. Bernardo | Embrafilme

    Existe uma forte construção de Paulo ser aquela figura oprimida e que agora quer oprimir, além de querer ser uma figura de grande respeito para todos por ter suas posses, por fazer colégios, e construir uma igreja perto dos trabalhadores, mesmo que ele demita ou expulse qualquer um que cogite ser contra aquilo que ele considera o certo.

    Os diálogos entre o casal protagonista e sua resolução mostram como o retrato da tirania por fazendeiros e dos conflitos ideológicos como algo persistente em lugares isolados por todo o território brasileiro. A destruição de quem nós amamos por aquilo que acreditamos, a visão real e suja de como essa ideia de construção de um capital não significa nada se o indivíduo não tem paz, pelo que faz com seus próximos e para aqueles que o mesmo trata como animais.

    Mesmo com problemas na parte técnica do som, onde muitas falas não dá para se ter total entendimento, o filme consegue ser um grito sobre um retrato brasileiro real e presente.

    S. Bernardo é um filme dirigido por Leon Hirszman, estrelado por Othon Bastos e Isabel Ribeiro. O filme teve estreia mundial em junho de 1972.
    S. Bernardo | Embrafilme

    Além de ser uma adaptação de um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos, Graciliano Ramos, é uma obra que mostra um cenário do caos do homem com a sociedade que ele negocia, com aquilo que é sua fé, e com sua miserável existência.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao trailer:

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  • Crítica | Super Mario Bros. – O Filme é uma viagem pela estrada da memória, que te oferece uma dose psicodélica de nostalgia

    Crítica | Super Mario Bros. – O Filme é uma viagem pela estrada da memória, que te oferece uma dose psicodélica de nostalgia

    O encanador mais famoso do mundo chega às telonas nesta quinta (06/04), repleto de bom humor e muitas referências a todo o universo da Nintendo em Super Mario Bros.

    Já se passaram quase 30 desde que a Nintendo fez sua primeira tentativa de trazer Mario, seu personagem mais icônico para o cinema, uma abordagem incomum e surrealista dos irmãos encanadores. O fracasso do filme fez com que a Nintendo controlasse de perto durante décadas os direitos de todas as suas propriedades. Agora, anos depois e maturada em erros passados, a empresa nos entrega um ótimo filme que cativa todos os públicos, do mais jovem até o mais saudosista que controlava o bigodudo nas décadas de 80 e 90.

    1981 é o ano em que Mario fez sua primeira aparição, lá no jogo do Donkey Kong, dois anos depois, ele e seu irmão Luigi tiveram seu primeiro jogo arcade. O objetivo de Mario era salvar a princesa Peach, à medida que se tornavam mais populares, o mundo crescia jogando Super Mario Bros, a cada lançamento de novo console da empresa, Mario era a estrela maior sempre. Com isso foram 200 títulos diferentes até então e parece que nunca nos cansamos do nosso herói destemido e seu irmão med|roso. 

    Super Mario Bros.
    Super Mario Bros. | Foto: Universal Pictures

    A parceria da Nintendo com a Illumination (Meu Malvado Favorito, Sing, A Vida Secreta dos Pets) foi fundamental para que o filme fosse entregue com a devida qualidade e atenção aos detalhes. Juntos formaram a mistura perfeita de nostalgia para aqueles que estão com Mario desde a infância e também para os novatos que nem conhecem o personagem ainda. A animação enche os olhos o tempo todo, é gloriosa e é bonita de se ver. Quase como se você tivesse sido puxado para o mundo de Mario por uma hora e meia que passam voando. Ótimo trabalho da dublagem, o elenco de voz faz um ótimo trabalho desenvolvendo seus personagens muito mais do que já vimos nos jogos.

    A história segue Mario (Chris Pratt) e Luigi (Charlie Day), dois irmãos tentando fazer seu negócio de encanador decolar no Brooklyn. Há uma inundação catastrófica no meio da cidade e, quando os irmãos investigam o problema, são sugados por um tubo de dobra e acabam no colorido e mágico Reino do Cogumelo. Mario e Luigi se separam durante a viagem pelo cano, além disso, o Reino do Cogumelo está sendo invadido por Bowser (Jack Black), uma tartaruga gigante que cospe fogo que não vai parar por nada para dominar o mundo inteiro. Agora Mario tem que encontrar seu irmão e ajudar a Princesa Peach (Anya Taylor-Joy), a governante do Reino do Cogumelo, a derrotar Bowser.

    Veja o trailer final de Super Mario Bros O Filme
    Super Mario Bros. | Foto: Universal Pictures

    Convenhamos que adaptações de videogame sempre foram complicadas porque é difícil incorporar todos os aspectos de uma plataforma para a outra. No entanto, Matthew Fogel tirou o máximo que pôde de vários jogos para dar a Mario, Luigi, Princesa Peach, Donkey Kong e Bowser, uma personalidade própria para cada um deles. Os co-diretores Aaron Horvath e Michael Jelenic utilizaram muito bem todos os mundos apresentados nos jogos do Mario, os power-ups foram espalhados pelo Reino do Cogumelo e, visualmente, até adicionaram o rastreamento lateral dos jogos de 8 bits enquanto ultrapassavam obstáculos. Cada detalhe que tornou o mundo de Mario algo fantástico ao longo dos anos foi apresentado neste filme. 

    Até agora não tivemos um filme de animação com nenhum desses personagens, então será bom para uma nova geração crescer com os mesmos personagens de 40 anos atrás novamente. Mesmo que a história não seja das mais fortes, se arrasta no meio e perde o equilíbrio depois que eles visitaram a Ilha Kongo Bongo para recrutar o exército Kong. Os jogos Mario nunca tiveram narrativas profundas, a história aqui é bastante desenvolvida, mas se você comparar com outros filmes de animação, parece esparsa. O ritmo também é vertiginoso, às vezes acelerado demais e perde tempo para o desenvolvimento dos personagens. Embora isso não estrague o filme, poderia ter usado um pouco de espaço extra para respirar.

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    Super Mario Bros. | Foto: Universal Pictures

    Existem referências visuais em todos os lugares, de quase todos os jogos principais do Mario e easter eggs em todo o lugar. Esteticamente, Super Mario Bros. é lindo e é emocionante ver o Reino do Cogumelo renderizado em toda a sua glória, chega a ser surreal.

    Um fato divertido é que, embora a Nintendo exista neste universo (Mario é visto jogando um NES), em vez de jogos do Mario, eles têm Jumpman, nome antigo para o personagem do Mario nos tempos do fliperama do Donkey Kong. Essa atenção aos detalhes está em todos os aspectos do design, e é bom ver que os diretores e roteiristas respeitam o material original. A trilha sonora, no geral, é excelente, misturando as melodias de Koji Kondo com material inédito de Brian Tyler.

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    Super Mario Bros. | Foto: Universal Pictures

    No geral, Super Mario Bros. trata um assunto mais leve que não acrescenta muito ao cânone Mario estabelecido, mas é um filme delicioso e divertido que adultos e crianças podem desfrutar. É o filme que todos queríamos nos anos 90, quando o filme live-action foi lançado.

    Veja outros trabalhos de Chris Pratt, Anya Taylor-Joy e Jack Black.

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    Nota 4/5

    Assista ao trailer:

  • Crítica | Bungo Stray Dogs – 4° temporada – investe no gênero investigativo recheado de plot twist’s

    Crítica | Bungo Stray Dogs – 4° temporada – investe no gênero investigativo recheado de plot twist’s

    A nova temporada de Bungo Stray Dogs começa de forma parecida com a terceira, com o uso do passado de alguns dos personagens, para depois remeter ao presente da estória. Além de o vilão principal da narrativa, desta temporada, ser o personagem Dostoievski, o anime não investe no protagonismo e da rivalidade dos personagens Atsushi Nakajima e Ryunosuke Akutagawa. Akutagawa, na verdade, não marcou presença em nenhum momento na nova temporada.

    O personagem Osamu Dazai está presente na temporada de forma diferenciada comparada as outras temporadas, sendo mais calculista e estando na maioria da trama em debate com Fyodor. As cenas de puro diálogo, que poderiam saturar ao longo do tempo, conseguem prender o espectador que não se cansa das reviravoltas apresentadas por toda a temporada. Temporada que, facilmente, tem o maior número número de plots do que as passadas.

    Existe aqui um desenvolvimento maior das organizações, sendo a Agência de Detetives e a Máfia do Porto, que acabam rivalizadas com uma organização do governo. Com muitos personagens inéditos, cada um apresentado tem o desenvolvimento necessário para que não pareça ter um desenvolvimento displicente. Além desses personagens serem melhor elaborados na futura temporada, que será lançada ainda este ano.

    Bungo Stray Dogs lançou o último episódio de sua nova temporada na última semana de março. A 5° temporada tem estreia ainda esse ano (2023).
    Bungo Stray Dogs | Crunchyroll

    Único personagem que parece ter tido um início agilizado demais foi o personagem Sigma. Sigma apresenta ser um personagem de muita importância no fio narrativo da jornada para a próxima temporada, mas apareceu em pouco menos de 2 episódios. Além de não ter tido tanto tempo de tela quanto poderia ter.

    Bungo Stray Dogs investe por completo na ação nessa nova temporada, deixando a dramaticidade e a jornada interna de seus personagens de lado, e adicionando em outros que sempre se mostraram coadjuvantes. Além da ação, o anime faz questão de dar mais espaço ao personagem Ranpo Edogawa, dando um ar investigativo, flertando com o gênero noir, nos primeiros episódios.

    É necessário acentuar que o anime deixa completamente de lado o ar cômico que era proposto em certos momentos na narrativa. Na nova temporada, Bungo Stray Dogs faz questão de apresentar uma presença mais séria, e brincando com o espectador no que esse “pega pega” vai resultar. O anime, mesmo com muitas reviravoltas, consegue não ser confuso, algo bastante positivo. Mesmo a quantidade de informações sendo mais vasta do que as outras temporadas, o espectador não perde a atenção em nenhum momento que a narrativa esta correndo.

    Bungo Stray Dogs lançou o último episódio de sua nova temporada na última semana de março. A 5° temporada tem estreia ainda esse ano (2023).
    Bungo Stray Dogs | Crunchyroll

    A nova temporada apresenta um diálogo mais maduro e denso com o seu espectador, elaborando questões ligadas a tortura psicológica e suicídio. Mesmo sendo abordado em 2 episódios apenas, a aplicação desses assuntos na narrativa dão uma camada com profundidade para a futura temporada e para o futuro de alguns personagens. Mesmo a nova temporada mostrando mais ação e peso em certos momentos, ela não apresenta uma violência gráfica pesada como em outras cenas das outras temporadas.

    A nova ameaça do governo, os Cães de Caça, mesmo tendo presença e nível de poder igual (ou até maior) que os outros grupos que fazem parte da narrativa, não criam um sentimento de ligação com o espectador, sendo bom ou ruim. O grupo, mesmo um dos integrantes sendo um dos pontos fortes da temporada, não faz jus como antagonistas da nova temporada. Algo que é salvo pela presença de Fyodor na narrativa, que, mesmo preso, consegue demonstrar um antagonismo com presença e captando o interesse do espectador, para saber oque ele realmente quer em sua jornada.

    A 4° temporada de Bungo Stray Dogs oferece algo diferente de suas outras temporadas, sem se perder em novos investimentos narrativos e conseguindo entreter o espectador com um quebra cabeça que será apenas finalizado na próxima temporada.

    Nota: 4/5

    Assista ao trailer:

    Depois da crítica da 4° temporada de Bungo Stray Dogs, leia também:

  • Crítica | “Air” faz com que o espectador sinta emoção ao comprar um tênis Nike

    Crítica | “Air” faz com que o espectador sinta emoção ao comprar um tênis Nike

    Air começa captando o espectador à tela para os anos 80 nos Estados Unidos. Seja com clipes de rap, com acontecimentos que marcaram a história e com bastantes momentos que marcaram a cultura pop. Além disso, conecta todos esses pontos com as diferentes marcas que o filme faz questão de cutucar de forma irônica: Com a Adidas e a Converse.

    A obra lembra, seja nos movimentos de câmera até na construção do espaço em que a história se passa na maior parte do tempo (escritório da área de basquete da Nike), o filme Argo, que também foi dirigido por Ben Affleck. Entretanto, o filme consegue ter um tom e um diálogo com o espectador de forma completamente diferente de sua outra obra citada a pouco.

    Um dos pontos que chama a atenção no filme, é como o humor tem timing e acidez na medida certa que a história se propõe a fazer, além de não idealizar tanto os responsáveis pela criação de um dos tênis mais famosos da história da Nike, o Air Jordan.

    Air é dirigido pelo ator Ben Affleck e vai ser lançado no dia 5 de Abril na plataforma Amazon Prime.
    Air | Warner Bros. Pictures

    O espetador que estiver esperando ver um filme sobre o Michael Jordan vai, provavelmente, se decepcionar. Até pelo fato de que a história não é sobre ele. E sim, sobre a aposta de uma marca sobre um atleta, sabendo dos riscos que pode pagar com tal decisão. Decisão que é o principal fio condutor para a jornada e desenvolvimento de todos os personagens com maior espaço de tela.

    O jogo de cena dos 4 personagens que fazem parte dessa tentativa de fazer o Air Jordan acontecer, ou não, que são Phil Knight, Sonny Vaccaro, Howard White e Rob Strasser (interpretados pelos atores Ben Affleck, Matt Damon, Chris Tucker e Jason Bateman) consegue acontecer de forma efetiva. Algo que surpreende o espectador que está acostumado com os outros trabalhos de Affleck, e que não espera uma criação de relação entre personagens de forma tão afetuosa e carregada de humor. Além de sentir empatia pelos quatro personagens, o espectador investe seu emocional de toda aquela tentativa aconteça.

    O trabalho de Viola Davis, como Deloris Jordan, mostra uma relação de mãe com uma presença de seriedade notável, que consegue não chegar ao nível de algo estereotipado, oque é muito presente em filmes sobre esse estilo de narrativa. Sem contar o fato de que é uma personagem que não apresenta tanto diálogo na narrativa. Todavia, sempre que Viola aparece, sabe-se que sua presença faz muita diferença em tal cenário, até mais do que a do filho Michael Jordan.

    Air é dirigido pelo ator Ben Affleck e vai ser lançado no dia 5 de Abril na plataforma Amazon Prime.
    Air | Warner Bros. Pictures

    Claro que o filme decaí em certos momentos abordando a ideia ilusória de uma empresa perfeita, com seus ideais e o discurso do sonho americano que o espectador com mais bagagens sobre o estilo de filme proposto já previa que fosse acontecer. Mas, tem o lado positivo de o filme não forçar tanto essa imagem, e se aprofundar mais nas relações entre os personagens, do que os ideais fantasiosos norte-americanos.

    O filme também tenta algumas coisas diferenciadas com movimentos de câmera em apenas uma cena, que é a única sequência onde Marlon Wayans aparece(como o personagem George Raveling) que tem um diálogo com o personagem Sonny. O diálogo funciona, mas a direção por volta dele se diferencia de forma pouco eficaz com o resto da obra.

    Mesmo com essas pequenas problemáticas, o filme funciona como se fosse uma linda poesia que seduz o espectador ao universo Nike. O espectador, principalmente os fãs de basquete, vão assistir à esse como uma narrativa que entrega a satisfação que esperam tanto receber no final das contas. Um filme que faz o espectador queira voar, como Michael Jordan conseguia com seu tênis Air Jordan.

    Nota: 4/5

    Assista ao Trailer:

    Depois da crítica de Air, leia também:

  • Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria

    Crítica | Urso do Pó Branco não investe tanto no “absurdo” quanto deveria

    O filme Urso do Pó Branco consegue capturar o espectador com seu começo, uma introdução satisfatória sobre a época em que a estória está acontecendo, com uma musica de rock anos 70, governo Nixon e o figurino dos personagens, e não demora para mostrar para qual caminho o filme vai tomar quando se trata de proposta.

    Porém, mesmo em sua proposta, a diretora se mostra com medo de investir naquilo que o espectador está esperando: que é a violência fantástica que um urso drogado pode causar. Algo que é afetado pelo excesso de narrativas. Por incrível que pareça, é um filme que faz questão de colocar muitos arcos envolta da droga que caiu em tal espaço por acidente.

    Mesmo a introdução do filme avisando de forma explicita ao expectador que não é uma obra para ser levada tanto a sério, existe construções de narrativas com fio dramático que não ajudam em contexto nenhum as outras narrativas que são mais cômicas e cativantes ao público. Vide o arco dos personagens Daveed, Eddie e Stache(interpretados por O’Shea Jackson Jr., Alden Ehrenreich e Aaron Holliday) que tem o arco mais cômico de todo filme, mesmo as cenas que o Urso não está presente. Cena que tem a participação do Delegado Bob(interpretado por Isiah Whitlock Jr.)

    Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
    Urso do Pó Branco | Universal Pictures

    A direção consegue captar bons planos fotográficos ao longo da narrativa e tem um trabalho funcional em seu conjunto técnico. Mesmo que as sequências que são gravadas a noite sejam feitas de forma desleixada, e bastante escura, algo que distancia o espectador da obra no momento em que tem que forçar a vista, para poder enxergar oque está acontecendo em cena.

    A participação do personagem Syd(interpretado por Ray Liotta) e o arco da Sara com a Dee Dee(interpretadas por Keri Russell e Brooklynn Prince) são desnecessários, além de serem o fio condutor dramático desnecessário para essa obra, que em nenhum momento exige isso, atrapalham toda a condução da narrativa que funcionaria naturalmente, e de forma muito mais efetiva, sem ambos.

    O personagem Henry(interpretado por Christian Convery) consegue ser um alívio cômico bem utilizado no início da trama, mas que acaba se perdendo pelo arco que foi citado no último parágrafo. E o arco envolvendo a relação pai e filho dos personagens Syd e Eddie é mal desenvolvido e aplicado. Principalmente, pela direção tentar mostrar dramaticidade entre dois personagens que não tem nem tempo de cena juntos para criar alguma carga dramática sequer.

    Urso do Pó Branco é dirigido pela diretora e atriz Elizabeth Banks e é o último trabalho do ator Ray Liotta, que faleceu em 26 de maio, do ano passado(2022).
    Urso do Pó Branco | Universal Pictures

    Obviamente, não esquecendo do Urso, as cenas de morte e violência são o ponto chave do filme ser “suportável”, principalmente as cenas envolvendo a ambulância e a Guarda Florestal Liz(interpretada por Margo Martindale) com o grupo de delinquentes na barraca. O filme podia navegar no absurdo que é proposto com as cenas de violência e com o arco dos personagens que estão em busca da Droga, mas ao tentar investir em outros arcos dramáticos e deixar de lado oque o espectador está buscando no filme, torna só mais uma obra mal aproveitada no que poderia ter tido uma fácil resolução.

    Urso do Pó Branco tem violência, mas nem tanto; é engraçado, mas envolve um drama mal realizado e tem um trabalho técnico satisfatório, mas apenas isso. Mesmo sendo um filme que consiga tirar algumas gargalhadas, peca ao tentar entreter o espectador, até mesmo com o mínimo. Sendo só mais uma obra esquecível ao espectador, que, de longe, terá sua expectativa correspondida.

    Nota: 2/5

    Assista ao Trailer:


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  • Zona Fantasma: Junji Ito investe no Terror Sobrenatural depois da crise da Covid-19

    Zona Fantasma: Junji Ito investe no Terror Sobrenatural depois da crise da Covid-19

    Muitos que são próximos do trabalho do autor, sabem de sua inspiração de um dos mestres do Terror, H.P. Lovecraft. Junji Ito sempre demonstrou ao longo de suas obras a importância do terror cósmico criado pelo autor citado. Mas, Ito também faz questão de enfatizar como se diverte fazendo contos contendo o terror sobrenatural. Enquanto em Sensor(2019) o autor seguia a linha do terror cósmico, aqui ele faz questão de seguir um caminho completamente diferente. Zona Fantasma mostra um investimento de Ito no terror dentro do círculo religioso.

    Começando pelo fato de que o mangá contém 4 contos, oque é um pequeno número para quem está habituado com volumes bastante volumosos, todos giram em torno de um seguimento espiritual. Sejam questões envolvendo luto, até reencarnação e falsas profecias. É possível enxergar uma crítica irônica a religião católica no conto “Madonna”, que se mostra o mais explícito dos 4 contos de Zona Fantasma.

    O traço do Junji Ito continua fazendo jus ao resto de seu trabalho, mas, nessa obra, Ito faz questão de criar mais uma atmosfera aterrorizante que fisga o leitor, do que desenhos mirabolantes de criaturas sem um formato específico, ou que façam os personagens perderem a cabeça. Junji Ito decide capturar o leitor com o terror do desconhecido sobre certos acontecimentos.

    Zona Fantasma é um dos últimos trabalhos do mangaka Junji Ito, que foi distribuído internacionalmente pela Viz Media. No Brasil, vai ser distribuído pela Pipoca Nanquim no final de 2023.
    Zona Fantasma | Viz Media

    Um outro ponto importante sobre essa obra que é uma surpresa: Zona Fantasma é uma coleção de contos com pouquíssima violência gráfica. Até mesmo em um dos contos que gira em torno de memorias e sonhos de um serial killer, “Slumber”. Os outros contos tem um traço denso nas expressões dos personagens, algo esperado em sua obra, e dando ênfase ao ambiente. Ambiente que funcionam quase como um personagem a mais nos outros 3 contos: Weeping Womam Way, Madonna e The Spirit Flow of Aokighara.

    Nesses 3 contos citados, tem investimentos diferentes nos traços de Junji Ito, como por exemplo: todos eles acontecem em sua maioria de dia, os personagens tem seu rosto bastante exposto a luz, e ambos são consequentes de um passado caótico que não tem ligação com os personagens protagonistas. Algo que responde os protagonistas sobre esse medo do que eles não estão compreendendo.

    Sem contar que o ator utiliza nesses contos a ideia de auto sacrifício, ou até mesmo o suicídio, para algo muito maior, oque também entrega o terror psicológico aos protagonistas, e, claramente, aos leitores. O terror captura os leitores também por aspectos culturais do Japão, como a ideia de auto cobrança, as questões espirituais, até mesmo locais, como o bosque Aokigahara. Bosque que é muito utilizado para pessoas se matarem completamente isoladas da sociedade, e que se encontra no nome de um dos contos. Além de, provavelmente, ter influenciado o conto Weeping Womam Way, mesmo de forma indireta.

    Zona Fantasma é um dos últimos trabalhos do mangaka Junji Ito, que foi distribuído internacionalmente pela Viz Media. No Brasil, vai ser distribuído pela Pipoca Nanquim no final de 2023.
    Zona Fantasma | Viz Media

    O conto que mais destoa de toda a obra é “Slumber”. Junji Ito volta a brincar de forma aguçada com as sombras e o “bate e volta” do que é realidade e ficção. “Slumber” remete bastante a outro conto do autor, que foi adaptado para a série animada “Junji Ito Collection” na Crunchyroll, Longos Sonhos. Ambos os contos trabalham a ideia de imersão dentro do sonho, mas “Sumbler” fica mais contido no que seria ou não reais as memórias de um assassino.

    Junji Ito, em seus comentários finais de Zona Fantasma, diz que decidiu passar parte da quarentena trabalhando no mangá, e muitos deles tinham caminhos muito diferentes do que acabou resultando. Porém, é possível ver o como a pandemia e a quarentena fazem parte dessa obra. O medo de não saber oque pode acontecer amanha, a ideia de um inimigo invisível e o estar enclausurado em um espaço, que pode acabar te enlouquecendo. Zona Fantasma simboliza um dos seus trabalhos mais calmos, mas prova: que até mesmo nos lugares mais calmos e isolados, os pesadelos insistem e existir.

    Nota: 5/5

    Assista ao Trailer do Manga:

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  • Crítica | Shazam: Fúria dos Deuses é um dos filmes mais cômicos do gênero. Não, não é um filme da Marvel

    Crítica | Shazam: Fúria dos Deuses é um dos filmes mais cômicos do gênero. Não, não é um filme da Marvel

    Shazam: Fúria dos Deuses não tenta desenvolver tanto o universo DC, sendo um filme que tem uma formula narrativa convencional dos filmes de super-herói e que faz graça de si mesmo o tempo que for necessário. Algo que é feito de forma orgânica e sem utilização da metalinguagem. Mesmo o filme passando por certos problemas de condução da narrativa, o filme consegue ter uma execução satisfatória e satisfazer um público que não sabe oque esperar do futuro da DC nos cinemas.

    A obra consegue ser carregada pelo humor e pelo jogo de atuação entre três personagens: Shazam, Mago Shazam e Fred(interpretados por Zachary Levi, Djimon Hounsou e Jack Dylan Grazer). A forma que o humor e a relação deles é aplicada consegue trazer um efeito natural de algo cômico ao filme, sem ser algo simplesmente forçado. Algo que os filmes da Marvel tem sofrido bastante crítica negativa sobre.

    É necessário apontar que o filme é um filme de super-herói cômico, mas que consegue medir o seu estilo para não ter que seguir um outro caminho satírico, como a série The Boys. O filme consegue ter sua identidade própria sem ter que ir para caminhos extremos para um humor gratuito para forçar uma cativação do público mais jovem, nem ir para um caminho de um humor ácido para cativar um público mais maduro. Shazam: Fúria dos Deuses consegue funcionar no meio termo, sem nenhuma preocupação.

    Shazam: Fúria dos Deuses é dirigido pelo mesmo diretor do primeiro filme, David F. Sandberg, e lança hoje, 16 de Março, nos cinemas.
    Shazam: Fúria dos Deuses | Warner Bros. Pictures

    A obra, mesmo não se levando muito a sério na forçada narrativa de Super-Herói, sofre dos problemas convencionais. Seja na construção de antagonistas forçados em busca de vingança, com uma atuação bastante rasa da atriz Lucy Liu, e até mesmo no desenvolvimento de certas cenas de heroísmo envolvendo a família adotiva de Billy(ainda interpretado por Asher Angel). As cenas de drama familiar e as cenas envolvendo a Personagem Kalypso(interpretada por Lucy Liu) são cenas que aparentam ser completamente deslocadas. Cenas que tentam carregar bastante dramaticidade, em um filme que, se não fosse por essas cenas, seria um filme de comédia.

    A introdução da personagem Anthea é feita de forma organizada na narrativa, e o plot envolvendo a personagem consegue ter uma execução satisfatória para o espectador, mesmo não sendo um dos pilares da narrativa. Mas, a jornada romântica dos personagens Fred e Anthea consegue acontecer de forma cativante para narrativa, mesmo não acrescentando muito à jornada principal, ajuda na construção de amadurecimento do personagem Fred.

    O ator Zachary Levi continua seguindo seu modus operandi do primeiro filme como Personagem Shazam. Existe uma tentativa de mostrar seu sofrimento como diálogos internos e externos, com sua irmã Mary(interpretada por Gracy Caroline), mas que não funcionam no mesmo tom que o resto da obra propõe. Além de que esse conflito interno mal aparece ao longo da obra, e só volta na resolução para a criação de um cenário mais dramático. Cenário dramático que funcionaria de forma mais satisfatória, se tais cenas fossem mais adequadas, ou melhor exploradas.

    Shazam: Fúria dos Deuses é dirigido pelo mesmo diretor do primeiro filme, David F. Sandberg, e lança hoje, 16 de Março, nos cinemas.
    Shazam: Fúria dos Deuses | Warner Bros. Pictures

    O conjunto técnico na obra é funcional, até mesmo nos efeitos especiais. OS efeitos não são mal executados, muito da obra tem um CGI satisfatório na maior parte do tempo, algumas cenas tem um trabalho de efeitos chamativos de forma positiva. Mas em outras é possível enxergar um trabalho feito as pressas, seja com a tela verde sendo apenas um fundo mal desenvolvido em certos momentos, ou algumas cenas com envolvimento de monstros. Além do trabalho de efeitos, o filme no quesito técnico, assim como o primeiro, não tenta se aventurar muito em outros sentidos.

    Shazam: Fúria dos Deuses consegue ser um filme convencional, com bastante humor aplicado de forma madura, e que consegue ser um bom entretenimento nas salas de cinema. Mesmo sofrendo de problemas que são previsíveis em filmes do mesmo gênero, o filme não se leva tanto a sério, e consegue cativar o espectador pelo básico proposto.

    Nota: 3/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | “Top Gun: Maverick” é uma belíssima homenagem nostalgica

    Crítica | “Top Gun: Maverick” é uma belíssima homenagem nostalgica

    “Top Gun: Maverick” consegue ser um filme blockbuster exemplar, além de ser um dos casos raros: onde a continuação consegue ser muito melhor do que o primeiro filme. Não só pelo quesito de narrativa, como técnico também. Sendo no desenvolvimento dos personagens até as cenas de voo, o filme consegue capturar o espectador com uma direção e montagem matura e focada, e com simplicidade.

    O primeiro Top Gun, de 1986, é um filme com uma fotografia exageradamente saturada e com um roteiro que chega a ser incômodo de tão mal escrito e infantil. Além da romantização armamentista dos EUA na época, fim da Guerra Fria, o filme serviu mais para servir de vitrine para rostos de jovens bonitos entrando na nova Hollywood.

    Mesmo o filme sendo horrendo, foi responsável por nos apresentar Tom Cruise e ao seu legado. Que, querendo ou não, tem um tremendo legado em filmes blockbusters e fazendo cenas sem dublê, pensando no prazer do espectador ver aquilo como é, de forma belíssima e sem ir para o caminho forçado dos filmes de ação que muitos atores se afundam no currículo.

    Top Gun: Maverick tem a direção de Joseph Kosinski, e que surpreendeu o mundo com sua bilheteria de quase 1,5 bilhões de dólares. O filme também está indicado à cinco categorias do Oscar desse ano, sendo uma delas, Melhor Filme.
    Top Gun: Maverick | Paramount Pictures

    Em Top Gun: Maverick, o filme não tenta fugir muito do convencional da narrativa, mas faz questão de falar de como o mundo está mudando no quesito tecnológico e dos novos rostos que querem se aventurar da mesma forma que Maverick se aventurou por tantos anos. E agora, se encontra mentor desses novos rostos.

    Tom Cruise mostra um Maverick mais maduro, mesmo adorando quebrar regras, tentando corrigir erros do passado e sempre se mantendo próximo da figura que ele tanto rivalizava no primeiro filme, o personagem Ice(interpretado pelo Val Kilmer). Val não tem tanta participação do filme, mas ganha uma boa homenagem em sua pequena participação, já que o ator perdeu sua voz por um câncer de garganta há alguns anos.

    A relação dos personagens jovens Bradshaw e Hangman(interpretados por Miles Teller e Glen Powell) é similar ao que foi Maverick e Ice no primeiro filme, mas menos artificial, algo bastante importante para a trama. E a jornada de redenção de Maverick e Bradshaw é muito bem construída, seja ela no asfalto e até mesmo nos voos, existe uma direção e uma montagem sem pirotecnias baratas, mas que entregam bastante veracidade sobre oque esta acontecendo entre os dois.

    Top Gun: Maverick tem a direção de Joseph Kosinski, e que surpreendeu o mundo com sua bilheteria de quase 1,5 bilhões de dólares. O filme também está indicado à cinco categorias do Oscar desse ano, sendo uma delas, Melhor Filme.
    Top Gun: Maverick | Paramount Pictures

    A trajetória romântica do personagem Maverick com a personagem Penny(interpretada pela atriz Jennifer Connelly) não acrescenta muito a narrativa, mas não acontece de forma desplicente. É possível ver os atores se divertindo fazendo seus papéis, e entendendo que oque acontece é mais uma homenagem ao filme anterior do que a importância do presente em si mostrado na tela. Algo que pode distanciar um pouco o espectador na jornada de Maverick, mas nada que seja tão incomodo que afete a experiência do filme.

    As cenas de aviação são uma experiência a parte, causando uma tensão e um incômodo ao espectador necessário. Colocando o mesmo em uma posição extremamente próxima aos personagens, algo criado em conjunto da direção geral, com o trabalho de montagem e um trabalho muito delicado no som. Som que, por ventura, tem um trabalho de mixagem exemplar e calculado. Sem se aventurar muito, mas, quando precisa se aventurar, faz um trabalho de imersão nível visual do que foi Avatar: O Caminho da Água.

    Top Gun: Maverick é um filme que tem suas problemáticas narrativas como o primeiro, mas que consegue criar empatia pelos personagens apresentados e causar um efeito imersivo ao espectador de entender o como é estar dentro de um avião de combate. Uma belíssima homenagem à Tom Cruise e aos filmes de puro entretenimento dos anos 80 Norte-Americanos.

    Nota: 3,5 / 5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Elvis é um show pirotécnico raso, salvo por Austin Butler

    Crítica | Elvis é um show pirotécnico raso, salvo por Austin Butler

    Elvis é um filme que se mostra com uma grandiosidade na direção de arte e com um excesso de edição que é de extrema saturação. Muitos espectadores vão possivelmente se cansar só de ficar olhando muito o tempo o filme que tenta a todo tempo mostrar quase um circo com o tanto de movimento de câmera, câmera lenta, mudanças de cortes, e excesso de cores o tempo todo, parecendo mais um videoclipe com mais de 2 horas do que realmente uma obra cinematográfica.

    A ideia da narrativa ser carregada pela jornada dos últimos dias do empresário Colonel Tom, interpretado Tom Hanks (que foi indicado apior atuação em 2022 pelo Framboesa de Ouro) é algo interessante, mas o coloca como protagonista de uma obra na qual quem deveria ser o protagonista real é a figura do Elvis, que por si só exige o protagonismo de uma obra que fala sobre ele. Além de sua interpretação ser extremamente forçada e a direção transforma-lo em uma figura antagonista de filme de aventura. Oque é extremamente errado, já que é uma obra biográfica.

    Porém, o filme tem o seu lado positivo de mostrar um lado de uma realidade sobre o Elvis Presley que muitos deixam de lado, a influência de Elvis na cultura Black Music e o como ele se sente extremamente ligado a tal cultura. Cultura que foi a verdadeira base para ele ter decolado, seja na música e até mesmo em seus movimentos. Funciona de um lado, mas de outro falha, como uma falsa amizade criada de Elvis com BB King(interpretado pelo ator Kelvin Harrison) que nunca existiu, mas o filme fez questão de criar sem nenhum motivo aparente.

    Elvis é dirigido pelo diretor Baz Luhrmann e está indicado à 6 oscars. Sendo dois deles, Melhor Ator e Melhor Filme.
    Elvis | Warner Bros. Pictures

    São ótimas as aparições de artistas que são realmente os pais e mães do rock, como Little Richard e Sister Rosetta Tharpe(interpretados por Alton Mason e Yola), mas que não apresentam o tempo de tela que realmente deveriam ter. Porém, a cena musical em que eles aparecem tem uma boa direção e uma construção de roteiro com o espaço e trabalho de desenvolvimento do protagonista um pouco mais que satisfatório.

    Ágora, falando sobre oque realmente mantém essa pirotecnia mal medida com uma linha narrativa bastante confusa em sua construção: Austin Butler. Sua atuação é carrega em sua dança e até em seus pequenos diálogos, e olhares, o como ele pesquisou e treinou para fazer o papel de Símbolo de uma era musical.

    Tirando o excesso de maquiagem desnecessário que colocam seu personagem a quase todo momento, seu trabalho é de uma exatidão e de um trabalho tão focado que para quem já observou seus shows e videoclipes, vê um trabalho e desenvolvimento de respeito a figura que interpreta. É possível falar que o filme não seria nada além de uma grande bagunça se não fosse pelo trabalho duro da atuação exemplar de Austin como Elvis Presley.

    Elvis é dirigido pelo diretor Baz Luhrmann e está indicado à 6 oscars. Sendo dois deles, Melhor Ator e Melhor Filme.
    Elvis | Warner Bros. Pictures

    Mas, como a maioria do filmes, não importa o quanto você tenta suprir de um lado para salvar o filme, a obra jamais será salva com um roteiro mal escrito, ou desenvolvido. E Elvis sofre de forma exaustiva com esse problema, seja nos diálogos, ou no desenvolvimento do protagonista em conjunto com o personagem “maquiavélico” interpretado por Hanks.

    Mesmo o filme carregando uma adaptação bastante fidedigna de eventos televisionados e filmados com Elvis, o filme se afoga em sua afobação de jornada mal medida de dois personagens que diferem em estilo e trabalho árduo de atuação(diferença discrepante) e de caminhos a seguir, como uma direção que quer agradar ao público jovem, até os fãs do cantor, mas não consegue sair de um resultado pouco satisfatório e imaturo.

    Nota: 2 / 5

    Assista ao Trailer:

    Depois da crítica de Elvis, leia também:

  • Crítica | “Avatar: O Caminho da Água” faz aquilo que propõe, um espetáculo audiovisual

    Crítica | “Avatar: O Caminho da Água” faz aquilo que propõe, um espetáculo audiovisual

    O último filme de James Cameron( Avatar: O Caminho da Água ) mostra de forma concisa o porquê de tanta demora da estreia da continuação da maior bilheteria da história do cinema. Além do fato da evolução dos efeitos especiais, Cameron não se contenta com oque ele criou no primeiro filme. Cameron faz questão de mostrar que quer construir um universo detalhado dentro do que foi apresentado na primeira obra.

    É possível enxergar isso, não pelo trabalho dos personagens, mas pelo trabalho de criação de um meio ambiente tão belo. James Cameron se mostrou sempre ativo sobre pautas ambientais, até mesmo em vindas ao Brasil, e aqui é o grito dele sobre a importância de preservar tamanha beleza que o ser humano faz questão de destruir. E consegue fazer isso de forma magistral, utilizando do entretenimento.

    Sobre a construção de narrativa, é algo um pouco mais ousado. Ousadia que as vezes resulta em algo empolgante para o futuro da saga Avatar, mas em outros pontos, atrapalha a obra em si. Começando pela volta do mesmo antagonista do primeiro filme, que fazem uma explicação, porém é uma facilitação narrativa que desconecta o espectador um certo momento na narrativa.

    Avatar: O Caminho da Água é dirigido e escrito pelo diretor James Cameron. O filme está com 4 indicações ao Oscar, sendo uma delas de Melhor Filme.
    Avatar: O Caminho da Água | 20th Century Studios

    Porém, a atuação de Stephen Lang, como Coronel Milles, faz com que o espectador deixe de lado tal facilitação e volta a investir sua atenção a esse figura. Figura que agora mostra um dialeto sobre oque acredita no certo e tentando se conectar com seu filho Spider, interpretado pelo ator Jack Champion.

    O filme também faz questão de investir em novos personagens centrais, que são os filhos do casal protagonista do primeiro filme, Jake Sully e Neytiri(interpretados pelos atores Sam Worthington e Zoë Saldaña). Mesmo o protagonismo mudando de lugar, os personagens jovens conseguem fisgar o espectador para nadar nessa nova jornada que vai ser apresentada ao longo dos outros filmes. Acentuando o trabalho da atriz Sigourney Weaver, que interpreta Kiri, uma personagem de 14 anos de forma excepcional. Provavelmente, um dos melhores desenvolvimentos de personagem da saga até o momento.

    A introdução de um novo universo dentro de Pandora com os novos personagens também é desenvolvido de forma delicada e apresenta novos personagens com bastante espaço e carga dramática. O trabalho da atriz Kate Winslet, como Ronal, mesmo tendo uma camada de efeitos especiais em cima de sua figura real, consegue transmitir dramaticidade e veracidade na atuação. Executando de forma exemplar, oque pode ser uma das cenas mais dramáticas do filme.

    Avatar: O Caminho da Água é dirigido e escrito pelo diretor James Cameron. O filme está com 4 indicações ao Oscar, sendo uma delas de Melhor Filme.
    Avatar: O Caminho da Água | 20th Century Studios

    O filme consegue se manter constante, mesmo com bastantes cenas de ação. Cenas de ação que em nenhum momento afogam o filme em pura saturação pirotécnica. Conseguem ser dirigidas e bem editadas com boa decupagem e sem nenhum plano construído de forma displicente, mesmo com toda a construção sendo de efeitos especiais.

    Mesmo Avatar: O Caminho da Água sendo um filme com uma narrativa linear sólida, e com uma construção de universo exemplar, o filme necessita da experiência em sala de cinema. Caso o espectador tente ver o filme na sala de casa, mais da metade da experiência que o filme propõe vai ser perdida. Cameron faz questão de afirmar com essa obra que certos filmes só conseguem ser completamente bem apreciados na sala de cinema, e Avatar: O Caminho da Água é um deles.

    O último filme de James Cameron, mesmo tendo seus deslizes de facilitação narrativa para prolongamento de seu universo e as vezes se contentando apenas com sua exploração de universo com artifícios técnicos, consegue ser um espetáculo audiovisual único nas telas de cinema. Onde, mesmo que o espectador não lembre muito da estória contada, jamais se esquecerá do mundo fantástico de Pandora.

    Nota: 3,5 / 5

    Assista ao trailer:

    Depois da crítica de Avatar: O Caminho da Água, leia também:

  • Crítica | Os Banshees de Inisherin: Não é porque você não vê a Guerra, que ela não existe

    Crítica | Os Banshees de Inisherin: Não é porque você não vê a Guerra, que ela não existe

    Os Banshees de Inisherin é uma obra que prefere se comunicar nas entrelinhas de um espaço em conjunto com as relações humanas, do que se comunicar de forma direta ao espectador sobre uma pauta específica na qual a obra vai seguir em diante.

    É necessário reparar que a estória acontece em uma ilha no Oeste da Irlanda, nos mesmos anos que que estava acontecendo a Guerra de Independência. Mesmo a Irlanda se tornando independente do Reino Unido, começa um conflito entre dois países, fazendo com que a Irlanda se torne dois países.

    Mas o que tem a ver esse cenário com o filme? É possível ver ao longo da obra que tem algo de errado com o cenário daquela narrativa, não só a relação dos personagens protagonistas. O estranhamento começa com as pessoas da ilha seguindo suas vidas de forma monótona e sem mudarem sua rotina, mesmo com uma guerra sanguinária acontecendo em uma curta distância da ilha, mas ninguém fala nada sobre.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    A personagem Siobáh(interpretada pela atriz Kerry Condon) é a única personagem que demonstra alguém que está inconformada com aquela vida e com aquelas pessoas. Enquanto seu irmão Pádraic(interpretado por Colin Farrell) não está compreendendo oque acontece em sua volta, algo que é apresentado logo nos primeiros minutos do filme com o diálogo entre ele e o seu melhor amigo Colm(interpretado por Brendan Gleeson).

    Mal comparando, o filme trabalha o diálogo de narrativa e espectador de forma parecida com o filme A Fita Branca(2009), de Michael Haneke. Porém, esse filme é conduzido e moldado de forma muito mais suave e leve do que a obra citada a pouco. O filme também utiliza do elemento da “morte” que paira sobre um lugar, e que as pessoas não fazem ideia do que está por vir, mas é algo que já está certo de chegar.

    Elemento que é trabalhado de forma parecida, quase idêntica , à obra O Sétimo Selo(1957), de Ingmar Bergman. Onde a morte está sobre um cenário de chegada iminente da peste negra, enquanto aqui, é o existencialismo e a falta de aceitação de que o conflito já existe, mesmo o ignorando da forma que der.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    Os Banshees de Inisherin tem uma fotografia que captura a ilha como um espaço quase paradisíaco, sendo em sua maioria espaços rurais e fortemente esverdeados. Até mesmo nas cenas mais dramáticas, a fotografia não muda sua proposta, o mesmo sobre a direção de arte e efeitos. Algo que faz sentido, pois entra no contexto da falsidade que está em meio aquela população, mas que não é tão positivo para o espectador. Pois mantém a narrativa de forma morna, até mesmo em momentos específicos.

    Essa falta de altos e baixos na obra, faz com que certos simbolismos fiquem apenas boiando na narrativa. E começa a fazer com que o espectador, simplesmente, foque mais na relação dos dois protagonista do que o cenário envolta, que tem um forte contexto com que está proposto no roteiro.

    Algo que afeta até mesmo a significância do personagem Dominic(interpretado pelo Barry Keoghan), que se mostra nas entrelinhas da narrativa, mas que no final, não cria uma forte conexão com o espectador, que nem ao menos vê muita diferença dele na narrativa ou não.

    Os Banshees de Inisherin apresenta uma narrativa conturbada em uma ilha, no Oeste da Irlanda, onde Pádraic quer entender o porquê de seu melhor amigo, Colm, não querer mais ser seu amigo, sem nenhum motivo aparente. O filme é dirigido por Martin McDonagh.
    Os Banshees de Inisherin | TSG Entertainment

    Mesmo o filme tendo um forte simbolismo mostrando a conexão de uma relação de dois amigos se esvaindo com a guerra que acontece ao lado, Os Banshees de Inesherin acaba se afundando em uma apatia criada sobre o cenário por conta da direção e por uma falta de mudança de tom quando se fala do roteiro propriamente dito. Sendo sustentado pela atuação de Colin Farrel e Brendan Gleeson, que são o verdadeiro chamariz da obra dirigida por Martin McDonagh.

    Nota: 3,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Entre Mulheres: Uma ótima ideia, mas mal aplicada

    Crítica | Entre Mulheres: Uma ótima ideia, mas mal aplicada

    Entre Mulheres começa com uma premissa que rapidamente fisga o espectador, com a narração vinda de uma menina que ainda está na barriga da mãe e apontando um momento no qual ela ainda não se encontrava presente como o resto das mulheres em cena. Algo que consegue ser feito de forma delicada, já que o tema proposto do filme é algo de extrema densidade.

    O filme não tenta se aventurar muito no quesito técnico. Sua introdução lembra bastante o tipo de narrativa que é proposta em 12 homens e Uma Sentença(1957), mas rapidamente o formato muda e a proposta da direção caminha para um caminho um pouco diferente. Caminho que mais atrapalha o filme do que o ajuda.

    A obra apresenta um estilo de imagem desbotada com cores puxadas para o cinza e o verde, mostrando um espaço sem vida e um lugar que aparenta ser melancólico. Algo que agrega parcialmente à narrativa, mas não de forma tão construtiva. A decupagem, o trabalho de som, e da direção de arte, são funcionais aqui, tudo fica de lado fora a atuação de boa parte do elenco feminino.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    Todo o elenco feminino, ou parte dele, faz um ótimo trabalho com um material escrito de forma rasa quando se trata de diálogo. Principalmente a personagem de Rooney Mara, Ona, que tem um papel de protagonista, mas é a principal condutora de diálogos expositivos do filme.

    A forma de diálogo dela com as outras personagens femininas, quase como uma figura angelical (oque considero problemático, vide que é uma jovem que está grávida de um estupro e ainda fala sobre perdão para os homens que cometem as atrocidades com as outras mulheres na obra) além de tornar a obra pouco orgânica nas cenas de debate, faz com que o espectador não esteja conectado bastante com ela.

    Problema que é em certa parte resolvido pelas atuações das personagens interpretadas por Jessie Buckley e Claire Foy(Mariche e Salome) que apresentam mais revolta, e as atuações mais fidedignas sobre oque as personagens passam e o dolorido de qualquer que seja a escolha de todas as mulheres que estão no debate. A performance das personagens tem uma mediação indireta das personagens mais velhas, sendo as personagens Agata e Greta(interpretadas por Judith Ivey e Sheila McCarthy), que conseguem, com o material que tem, marcar uma forte presença na obra. Provavelmente, as personagens que conseguem criar uma áurea de admiração aos espectadores.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    A obra consegue fazer momentos bastante densos com cenas sangrentas, falando exatamente sobre o tema estupro(sem em nenhum momento mostrá-lo de forma explicita, oque é positivo), e consegue mostrar com atuação e montagem, a agonia de ser mulher naquele ambiente. Onde todas as personagens, até mesmo as muito novas, conseguem mostrar com os olhares o quão intenso e pesado é esse sentimento de viver em um lugar que sempre pode estar em perigo, independente da idade.

    O personagem Melvin é trabalhado de forma bastante problemática. Mostrando basicamente que um estupro ocorrido foi como uma catapulta para se assumir um homem transexual. Oque não fazer o menor sentido, pelo simples fato de que a época retratada, provavelmente, ele seria descriminado facilmente pelas personagens protagonistas, que são cristãs fervorosas.

    O cristianismo no filme não agrega de forma positiva no roteiro, mesmo sendo retrato de uma época onde a religião tinha uma forte potência. Mas o debate sobre perdão e moral aqui são elaborados de forma razoável, sendo debatido bastante durante a obra. Aparece, mas não é muito bem desenvolvido, algo que aparece de forma chamativa na obra.

    Entre Mulheres está indicado ao Oscar 2023 por Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. O filme é dirigido por Sarah Polley e estreado dia 2 de Março aqui no Brasil.
    Entre Mulheres | United Artists

    Entre Mulheres é um filme que apresenta uma ideia necessária de debater no dia a dia, sobre um tema muito presente, e apresenta uma discussão sobre o peso da moral religiosa em uma sociedade. Mas é elaborado de forma funcional e mostra pouquíssima criatividade na sua execução.

    Nota: 2,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Creed 3 é um nocaute no telespectador, o mais emocional, feroz e pessoal até então

    Crítica | Creed 3 é um nocaute no telespectador, o mais emocional, feroz e pessoal até então

    Adonis Creed (Michael B. Jordan) dominou o mundo do boxe, prosperando em sua carreira e vida familiar, é aí que Damian (Jonathan Majors), um amigo de infância e ex-prodígio do boxe retorna após cumprir pena na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. O confronto entre ex-amigos é mais do que apenas uma luta e, para acertar as contas, Adonis deve colocar seu futuro em jogo para lutar contra Damian, um lutador que não tem nada a perder.

    Fica claro a paixão que Michael B. Jordan tem por essa franquia, em seu primeiro filme assinando a direção ele mostra isso em cada frame, demonstrando que se ele quiser ele tem um longo caminho a seguir como diretor.

    Foto: Instagram
    Foto: Instagram

    Creed 3 tem a melhor coreografia de luta dentre todos os demais filmes, com muita inspiração em animes, Michael B. Jordan acertou em cheio tanto na direção quanto na atuação, mas é Jonathan Majors que rouba a cena como o melhor vilão da franquia.

    A direção de Jordan é pesada, assim como os socos de Creed, ele te faz sentir a força em cada golpe desferido, traz referências modernas mas também homenageia o passado, tudo isso acompanhado de uma trilha alucinante que traz o impacto de uma obra que ao mesmo tempo que é comovente é brutal. As influências de Jordan o ensinaram bem demais.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Existe uma nova dinâmica nas sequências de luta, Michael B. Jordan cita o anime japonês como uma influência para trazer algo jamais visto na franquia. As lutas em Creed III são excelentes, coreografadas e executadas com perfeição, a experiência no IMAX é nocauteadora.

    O enredo é previsível, sim, mas já é desde Rocky 2, então isso não atrapalhou minha experiência e como fã da franquia eu saí do cinema muito satisfeito com tudo o que me foi apresentado e com um gosto de quero mais, pela forma que tudo funciona tão bem no filme, seja Adonis, Damian, a relação de Creed com a família, tudo!

    Tessa Thompson e Mila Davis-Kent fornecem a Adonis algo pelo que lutar como sua esposa Bianca e sua filha Amara, ambas impressionando nos momentos mais tranquilos que compartilham como uma família. Jonathan Majors é um dos melhores atores da atualidade e é tão dinâmico quanto seu personagem Damian “The Diamond” Anderson. Ele é o melhor vilão de toda a franquia, mas não tenho certeza se ele deveria ser visto como um vilão, ele é apenas alguém que perdeu 18 anos da sua vida atrás das grades e agora não mede nenhum esforço para conquistar a vida que sempre sonhou. Você sente a dor de Damian e é isso que era necessário para contar sua história.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Quero acrescentar que adorei a maneira como eles incorporam a língua de sinais nisso ao escalar alguém que é realmente surdo, a filha de Creed Amara (Mila Davis-Kent). Tanto Michael e Tessa (Bianca), aprenderam isso para o filme e foi transparecido para a tela de uma forma natural. Além disso, ela é uma pequena lutadora! Se houver mais filmes a serem feitos nesta franquia, não me surpreenderia que o foco fosse Amara ou Damian. 

    Certamente não é fácil caminhar em um território tão familiar ao fazer o nono filme da franquia, mas Jordan se encarregou de evitar quaisquer problemas ao pular na cadeira de diretor de Creed III, a continuação da icônica franquia Rocky/Creed parece mais renovada do que nunca, graças a performances incríveis e novas abordagens emocionantes para a ação dentro do ringue.

    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures
    Creed III | Foto: Warner Bros. Pictures

    Muito mais do que um filme sobre boxe, é a humanidade do boxeador que é mais explorada, se tornando emocional devido ao passado de Adonis, que causa atrito em casa e no ringue. Também há tempo para uma montagem de treinamento, é claro, que segue a tradição de chegar ao topo, só que dessa vez não são as escadarias da Filadélfia. 

    Creed III marca uma estreia fantástica na direção de Michael B. Jordan e outra entrada estelar na franquia Rocky/Creed. Dois dos melhores atores de sua geração frente a frente, mas o elemento adicional do IMAX torna este filme imperdível nos cinemas.

    Nota 4/5

    Assista ao trailer:

    Entenda porque Stallone não está no terceiro filme!

    Ainda não viu Creed? Confira os filmes anteriores da franquia aqui e aqui!

  • Crítica | Chainsaw Man é o resultado da mistura de hormônios e violência, em puro entretenimento

    Crítica | Chainsaw Man é o resultado da mistura de hormônios e violência, em puro entretenimento

    “Chainsaw Man” é um anime que foi desenvolvido pelo estúdio Mappa, que mostra uma jornada um pouco diferente do que seria a luta de humanos contra demônios. Principalmente, pela jornada e características do personagem protagonista. Temos Denji, que é possível considerá-lo um anti-herói, pelo fato de seu objetivo de sobrevivência durante toda a primeira temporada é algo sexual e supérfluo e não se importa com nada além de seu simples objetivo.

    Começando pelo design do anime, que é feito com uma textura delicada e diferenciada. Bem diferente dos animes convencionais, o traço do anime se mostra mais artificial, mas em um bom sentido, já que estamos falando da construção de um universo bastante perturbador, assim como seu protagonista.

    O anime tem um traço que lembra até animes produzidos pela plataforma Netflix, onde o ambiente e os personagens são feitos quase lembrando personagens de animações dos anos 2000. Porém, com um trabalho de pós muito detalhado, acentuando bastante a expressão dos personagens, a construção de paisagens e a direção da animação em cenas de ação. Que é um dos chamarizes para o espectador ficar tão focado na animação.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    Existe um excelente trabalho de design, no traço e profundidade criada, nas criaturas que são os principais antagonistas dessa temporada. Algumas lembrando criaturas da autoria do mangaka Junji Ito, com muitos tentáculos, ou construções circulares misturadas com espirais em certos momentos, demonstrando o mais puro caos. Caos no qual é algo bem presente no anime.

    Mas, Chainsaw Man tem uma representação de caos na medida certa e sem ser algo saturado. Algo difícil de fazer, tendo um protagonista que é metade humano e demônio, com um objetivo sexual, e sua parceira, Power, que é um demônio que não tem nenhum objetivo exato para si própria, mas gosta de proteger sua gata de estimação.

    Mesmo com bastante violência, personagens loucos e muita ação, a animação não se afoga na mesma loucura que ela faz questão de produzir para o expectador. Conseguindo criar momentos que sejam de tensão, dramáticos, e simpatia por quase todos os personagens que fazem parte da estória.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    A animação não faz muita questão de explicar a existência dos demônios que aparecem, e explica apenas o porquê de um dos personagens ser um caçador de demônios, Aki Hayakawa, por um flashback em um único episódio. Algo diferente, mas que não afeta a experiência do expectador na hora de ver a temporada por completo do anime.

    O anime pode desagradar algumas expectadoras por certas piadas e comportamentos machistas do personagem protagonista, ou como são sensualizadas as personagens femininas na obra. Algo que é enfatizado para mostrar a infantilidade do personagem Denji, que tem apenas 16 anos e é o mais novo na narrativa.

    Essas cenas em específico caem em excesso, perdendo muitas vezes a graça. Mesmo muitas dessas cenas sendo para enfatizar a face boba e infantil de Denji, em alguns momentos em específico começa a serem cenas deslocadas do resto do que esta acontecendo na hora. Porém, existe a relação de Denji com a personagem Himeno, que consegue criar um balanço de maturidade sobre a jornada sexual do protagonista que faz o espectador se interessar pelos próximos episódios.

    O anime "Chainsaw Man" é a adaptação de uma série de mangá, escrita por Tatsuki Fujimoto. Denji é um jovem que carrega dividas de seu pai, e mata demônios para poder pagar a dívida que seu pai deixou, porém sua história toma um rumo completamente diferente do que ele esperava.
    Chainsaw Man | Crunchyroll

    “Chainsaw Man” consegue entregar um espetáculo de violência e humor adulto para fãs de anime e animações mais voltadas para o público adulto. Mesmo a série tendo seus percalços, sendo no humor envolvendo as questões sexuais de Denji e em alguns momentos a qualidade da animação não estar correspondendo á outros episódios da mesma temporada, o anime satisfaz com grandeza o espectador que curte o gênero, e cria expectativas para o resto da jornada, para saber se os caçadores de demônios vão conseguir matar o Demônio da Arma.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | A Baleia: Como é estar encalhado em seu passado

    Crítica | A Baleia: Como é estar encalhado em seu passado

    Escrita em 2014, “A Baleia” fala sobre Charlie, um homem com obesidade, que tenta se aproximar da filha. Filha na qual ele não fala há 8 anos, depois de ter deixado o casamento e decidir viver em um outro relacionamento, com um homem. O filme representa, também, a volta do ator Brendan Fraser às telas de cinema, oque foi um dos pontos que mais chamou a atenção dos espectadores sobre esse filme.

    “A Baleia” é dirigido de forma que lembra bastante uma peça. Até pelo fato de que o filme se passa, basicamente, em um único ambiente, que é a casa de Charlie, e a câmera faz questão de captar o ambiente em conjunto com o protagonista, ou outros personagens perto do mesmo. Não esquecendo do formato de imagem 4:3 que é adotado na obra, para o espectador estar se sentindo exatamente nesse ambiente claustrofóbico. Sem contar a necessidade do diretor de explicitar ao espectador que estamos vendo à um filme, não uma peça.

    Brendan Fraser, mesmo com muita maquiagem, consegue fazer uma interpretação delicada e carregada de arrependimentos, solidão, melancolia e cansaço de um indivíduo que não se sente mais vivo depois da perda de seu companheiro. Fazendo ele criar um transtorno alimentício, e vivendo com obesidade mórbida. Sua atuação é feita de forma introspectiva na maior parte do longa, mas não fica contido nas cenas nas quais é exigido maior dramaticidade. Algo que ele consegue chegar com exatidão.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    É necessário citar aqui o trabalho de atuação das duas personagens que mais contracenam com o protagonista: Sua filha, Ellie, e sua melhor amiga, Liz (interpretadas por Sadie Sink e Hong Chau). Ambas fazem um trabalho de bastante peso, onde uma personagem já perdeu seu irmão por um suicídio e está a ponto de perder seu melhor amigo, e uma filha que carrega uma forte carga de ódio pelo abandono de seu pai aos 8 anos de idade. Ódio no qual ela joga sobre todos que estão a sua volta, até mesmo um passáro que faz companhia ao seu pai pela janela.

    A personagem Liz, mesmo tendo um forte peso dramático, e bem desenvolvida ao longo da obra que não desperdiça sua performance, cria uma pequena problemática em uma figura que é enfermeira, sendo uma facilitadora à péssima alimentação de Charlie, oque é algo chamativo na obra, até pela forma como Charlie se alimenta.

    Enquanto a filha Ellie, mesmo demonstrando um lado de extrema violência e falta de piedade a figura de um pai que mostra estar bastante debilitado, consegue mostrar de forma introspectiva, assim como na atuação de Brendan, a saudade que ela sente da presença de seu pai no seu dia-a-dia.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    Porém, a parte da narrativa que envolve a personagem com o personagem Thomas (interpretado pelo ator Ty Simpkins) é executada de forma acelerada. Oque foi desnecessário, já que Sink tem total controle de sua atuação, e não teve tanto espaço quanto poderia ter. Mesmo que no final da obra, ela tenha sido bem recompensada por isso.

    A ideia da alegoria da Baleia, de um ser simples, mas que está empacado em um lugar e consegue observar além das entrelinhas que se limitam, seja à escrita, como na imagem, já que o formato aqui é cinematográfico, consegue criar uma forte conexão ao espectador. Não ligando a ideia da Baleia com a obesidade, mas o peso do passado, da perda e de nossos erros, que deixa o indivíduo sem forças para querer seguir em frente.

    O filme também faz questão de cutucar o falso puritanismo e a religião cristã, que critica de forma árdua o quão a ideia de “Bem” para cada ser humano e visto de forma completamente diferente. E como esse “Bem” pode ser capaz de destruir a vida de outros, que na visão por trás do puritanismo das boas ações a outro, é uma tentativa de corretivo. Algo que é não é tão bem medido na jornada do personagem Thomas consigo mesmo nem com o protagonista Charlie.

    Um dos últimos lançamentos da A24, em parceria com Daren Aronofsky e protagonizado pelo ator Brendan Fraser, "A Baleia" é uma narrativa baseada em uma peça de mesmo nome.
    A Baleia | A24

    “A Baleia” é uma obra que consegue criar um forte debate sobre como existe tanta vida em pessoas que o mundo faz questão de destruir. Sejam elas gordas, ou homossexuais, elas podem estar se escondendo em pequenas casas. E nessas pequenas casa, pode se encontrar muita vida. Vida, que, infelizmente, não querem chegar perto. Ou, ao menos, saber se tem vida nelas.

    Nota: 4,5/5

    Assista ao Trailer:

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  • Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo

    Sinopse: Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania Scott, Hope, Cassie, Janet e Hank são puxados para o reino quântico e lá descobrem que não estão ali por acaso. Juntos deverão lutar contra Kang, o Conquistador, um vilão imponente que deseja mais do que aparenta.

    A Marvel Studios construiu um grandioso universo cinematográfico ao longo de quinze anos, com seus altos e baixos. O estúdio foi responsável por trazer filmes grandiosos, com grande apelo público, transformando os filmes crossover em eventos nos cinemas ao redor do mundo.

    Apesar disso, certamente toda a construção até aqui não é perfeita, mas o saldo final é positivo, principalmente pelo fato do estúdio ter trazido uma mudança significativa em Hollywood, no que se refere ao lançamentos de blockbusters; uma era pré e pós-Marvel, que ajudou a moldar o mercado cinematográfico como conhecemos hoje.

    Depois de uma saga bem executada como a Saga do Infinito, que durou cerca de onze anos, e inseriu Thanos no hall da fama de melhores vilões da cultura pop, ao lado de Darth Vader, Exterminador do Futuro, Lord Voldemort, Sauron e diversos outros, muita expectativa se criou para o que a Marvel Studios viria trazer na atual saga, entitulada de Saga do Multiverso.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Vingadores: Ultimato | Marvel Studios

    O novo vilão do universo cinematográfico da Marvel, apresentado em Loki (série do Disney+), está de volta e continua sendo desenvolvido, agora em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Kang, o Conquistador, interpretado pelo talentoso Jonathan Majors é o vilão principal do novo filme protagonizado por Paul Rudd.

    Apesar de um trabalho bem executado na parte artística por Majors em dar vida ao vilão, A Marvel Studios ainda não conseguiu tirá-lo do raso, e muito disso se deve ao desperdício de tempo por escolher uma linha narrativa que deixou o vilão em off durante toda a fase 4, quando decidiu focar em tramas isoladas, que não conversam com o desenvolvimento do tema abordado nessa nova saga.

    Muitos podem dizer que Thanos também seguiu da mesma forma, mas a partir do momento em que foi apresentado na cena pós-créditos de Os Vingadores, diversos elementos que ligavam o personagem ao seu destaque futuro, e o principal deles eram as joias do infinito, estavam presente para deixar o público ciente de que ele ainda estava ali, mesmo que não aparecesse em tela trazia uma sensação de perigo eminente.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Apresentar o vilão principal da Saga do Multiverso em um filme do Homem-Formiga eleva o status do heróis dentro do UCM, inclusive trazendo uma forte ligação com a volta de Scott e a forma que os Vingadores usaram para voltar no tempo em Ultimato. A ideia de multiverso apresentada em 2019 estava ligada diretamente ao reino quântico e Quantumania, que deveria ser um filme dedicado a desenvolver isso, deixa tudo de lado para centralizar a história na relação de Scott, Cassie e Janet, além de deixar Kang só nos carões.

    A direção de Peyton Reed ainda continua muito bem, e reafirma que não teria outra pessoa melhor para trabalhar o personagem-título em uma trilogia que desenvolve bem seu protagonista, mas o roteiro e as escolhas do estúdio deixam claro que o principal vilão da Saga do Infinito foi inserido no filme errado.

    Para aqueles que não gostam de “nerf” (enfraquecimento) de personagens, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania abusa disso no que se refere aos poderes de Kang. Obviamente o vilão não poderia estar no seu auge aqui, mas é fácil perceber ao final da sessão, que Scott Lang e sua trupe não teriam a menor chance se o roteiro não fosse o facilitador com diversas conveniências.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Além de todo o erro envolvendo o vilão e as conveniências do roteiro, o filme não sabe quem desenvolver. É a relação de pai e filho de Scott e Cassie ou os mistérios que cercam a volta de Janet ao reino quântico?

    Ainda que o filme tenha problemas de identidade e não consiga atingir seu potencial máximo, assim como os dois filmes anteriores do Homem-Formiga a diversão é garantida e boas gargalhadas são tiradas do público, apesar de aqui o tom ser bem mais sério.

    O longa conta com um visual quase impecável, com efeitos especiais que são bem trabalhados, seguindo contra o fluxo das últimas produções lançadas pela Marvel Studios que nos últimos anos vem sofrendo com ondas de críticas por algo que em um passado recente fazia bem demais e era referência.

    Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania diverte mas não atinge seu potencial máximo
    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania | Marvel Studios

    Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania certamente vai ser um filme que vai dividir opiniões. É um filme que é trabalhado em cima de expectativas altas, principalmente pela ciência do público em saber como o final da saga do Multiverso vai culminar, e culpa disso é do próprio Kevin Feige.

    Vai ser mais um filme que será lembrado pela relevância das duas cenas pós-créditos exibidas, responsáveis por fazer o público esquecer que Quantumania não é tão bom assim.

    Nota: 2/5

    Assista ai trailer:

    Leia mais sobre Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania:
  • Crítica | “Batem à Porta” é a junção de alegorias baratas com homofobia explicita

    Crítica | “Batem à Porta” é a junção de alegorias baratas com homofobia explicita

    A narrativa do último filme de Shyamalan é sobre um casal gay que vai passar um tempo em uma casa no meio da floresta com sua filha adotiva, Wen( interpretada por Kristen Cui). O casal Eric e Andrew, interpretados pelos atores Jonathan Groff e Ben Aldridge, é imposto a escolher, por um grupo de quatro desconhecidos armados, a ter que sacrificar um dos três para salvar o mundo do apocalipse.

    O filme consegue começar com calma, criando um ambiente de tensão em um lugar ensolarado e com planos fechados nos rostos dos dois primeiros personagens que aparecem. Uma técnica diferente, mas que se satura ao longo da obra que tem muitos planos parecidos colocando o rosto, sem teto, fechado no plano de forma central.

    A obra não demora para ser direta naquilo que se propõe, que é a tensão e a violência psicológica proposta no trailer e na própria sinopse. Até os momentos de violência conseguem ter uma construção delicada em pequenas cenas que são concluídas com exatidão. É possível ver um trabalho organizado de decupagem na obra, como em outros filmes do mesmo diretor.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Porém, o filme acaba se afundando por completo no final. Claro que o filme trabalha a homofobia que os personagens protagonistas sofrem, das cenas que representam o presente, até os flashbacks expositivos, que não tem muita utilidade para o resto da obra em geral. Mas, mesmo o assunto sendo algo previsível de aparecer e ser debatido ao longo do filme, Shyamalan trabalha esse assunto de forma resumida e imatura, finalizando a obra como algo decadente de se ver.

    Além do fato de abordar uma das suas assinaturas, que não preciso nem dizer qual é, o diretor transforma uma estória de suspense em uma barata alegoria religiosa cristã nos seus 15 minutos finais. Não só o resulta um filme mal escrito, o filme trata de forma displicente o casal protagonista. Resumindo tudo de mal que acontece com eles como se fosse um “mal necessário”.

    O filme em seu conjunto técnico consegue um trabalho satisfatório, mas que acaba ofuscado em um trabalho de CGI terrivelmente executado. Parecendo que a pós produção estava correndo a todo vapor só para lançar o filme na data prevista.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Oque não faz muito sentido, pelo resto do trabalho técnico ter sido executado de forma pelo menos madura e delicada. Principalmente o trabalho de som, que é feito de forma sutil, a ponto de sentir a respiração dos personagens.

    O trabalho de fotografia não fica de fora, tirando o excesso de close-ups desnecessários, consegue criar tensão e construções delicadas de certos planos. Mesmo tendo alguns erros de continuidade na obra, só é algo notável caso for rever a obra, por um pequeno detalhe. Detalhe que não é um dos principais problemas dessa obra.

    Batem á Porta é um filme que poderia ser uma boa estória de suspense, com personagens que conseguem fazer uma atuação justa à obra, e com um trabalho técnico satisfatório.

    Batem à Porta é dirigido e coo-escrito pelo diretor M. Night Shyamalan, e distribuído pela Universal Pictures. Seu último filme foi Tempo, de 2021.
    Batem à Porta | Universal Pictures

    Mas se afoga em uma alegoria religiosa barata, se tornando um discurso cristão homofóbico e triste para o espectador que esperava uma obra com um mínimo de maturidade de um diretor com longa data de produções que, mesmo não sendo perfeitas, conseguiam satisfazer o espectador, sem decepcioná-lo de forma tão rasa como essa obra.

    Nota: 2/5

    Assista ao trailer:


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  • Crítica | Triângulo da Tristeza: Para levar uma Palma de Ouro em Cannes, basta fazer um textão de Facebook

    Crítica | Triângulo da Tristeza: Para levar uma Palma de Ouro em Cannes, basta fazer um textão de Facebook

    A obra de Ruben Östlund, Triângulo da Tristeza, começa com um discurso direto e irônico sobre o ridículo da vida pessoal entre um casal de influenciadores digitais e modelos, Carl e Yaya (interpretados por Harris Dickinson e Charlbi Dean). O casal ganha uma viagem de Iate com pessoas da alta sociedade, seja vendedores de fertilizantes e um casal que vende armas para grandes potências. Mas ninguém se mostra preparado para oque vai acontecer nessa louca viagem.

    O filme em questão de técnica não apresenta nada de muito especial. Seja na edição, na fotografia, nas atuações ou até mesmo em outros pontos, não é o forte da obra. Algo que também não é compensado com o roteiro, que é o principal problema do filme.

    Triângulo da Tristeza tenta ser um grito contra o capitalismo de toda a forma possível, seja no drama, na sátira, até com sequências escatológicas, mas é a obra se auto satura e se mostra como uma forte exposição o tempo todo.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    A obra consegue acertar em certos pontos como musicas famosas em plataformas como TikTok tocando na festa do Iate, alguns diálogos envolvendo o ator Woody Harrelson, que faz o Capitão, e é um das poucos pontos positivos da obra, e algumas cenas envolvendo os empregados do iate com o casal russo Dimitry e Vera (interpretados por Zlatko Buric e Sunnyi Melles).

    O Capitão que precisa estar sempre alcoolizado para sobreviver à um barco cheio de pessoas nas quais ele mostra sentir completo nojo e repulsa, um empresário de fertilizantes que ironiza sua profissão para os outros viajantes, e o diálogo entre ambos mostra explicitamente o significado do filme. Mesmo sendo um discurso bastante óbvio, ele se torna problemático com o desenvolvimento desses personagens com a introdução da personagem Abigail (interpretada pela atriz Dolly de Leon).

    Abigail representa a classe pobre, que é obrigada a trabalhar em um barco cheio de milionários que não sabem fazer o mínimo para conseguir sobreviver, e se mostra um forte símbolo de resistência. Que no final é tratada de uma forma bastante mal resolvida.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    O desenvolvimento dessa personagem em conjunto com o casal de influenciadores e como ela trata os outros que estão com ela em certo momento, mostra aquela ideia explicita de o oprimido querendo se tornar opressor e dono do seu próprio mundo.

    Essa resolução da personagem, do casal com Abigail, e a displicência com os outros personagens que estão com eles, mostra um roteiro que não sabe lidar com seus personagens. Muito menos como fazer uma resolução rápida para uma história que se prolongou em certo ponto para exprimir um discurso tão simplista e, politicamente, óbvio.

    O filme também tenta fazer, de forma relativamente parecida com TÁR(2022), uma crítica à Geração Z e seus posicionamentos sociais, aqui sendo o foco o movimento feminista no meio de influenciadores digitais. Além do discurso político ser executado de forma displicente, o filme tenta tratar a ideia do machismo contra o feminismo com cenas de diálogos pouco orgânicos, e em momentos mal medidos durante a narrativa.

    Triângulo da Tristeza é dirigido por Ruben Östlund, também dirigiu The Square: A Arte da Discórdia. Filme que, também, levou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 2017.
    Triângulo da Tristeza |  AB Svensk Filmindustri

    Triângulo da Tristeza é uma carta satírica sobre o mundo neocapitalista, que quer fazer piadas com todos que fazem parte desse cenário real e desastroso da modernidade. Mas é mal escrito, não consegue chamar a atenção do espectador nem mesmo nos quesitos técnicos e mostra uma verdade decadente dos festivais de cinema.

    Hoje, o discurso político básico sobre sociedade é o principal chamariz para Premiações, mesmo elas sendo escritas por adolescentes impulsivos nas redes sociais e em suas bolhas burguesas e elitistas.

    Nota: 2/4

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  • Crítica | Tár é um “Beijo no Asfalto” que zomba da Geração Z

    Crítica | Tár é um “Beijo no Asfalto” que zomba da Geração Z

    O novo filme de Todd Field não demora para mostrar exatamente oque significa seu discurso. A obra Tár começa com um diálogo bastante extenso e com muito peso teórico histórico musical, em que Cate Blanchett entrega uma aula de atuação por mostrar alguém que sabe, realmente, do que esta falando.

    A entrevista inicial mostra um forte contraste da personagem com os novos tempos. Mostrando alguém que não está muito interessada no mundo digital e nas discussões sociais que acontecem nele. Mesmo sendo só um trecho da entrevista, é uma pitada do que estamos prontos para ver.

    Tár consegue demonstrar algo que lembra bastante algumas características de obras vindas de diretores como Luis Buñel e Jean Renoir, mostrando uma faceta suja e ridícula por trás do mundo artístico que se finge de civilizado e conversas falsas sobre conhecimentos teóricos, fantasiados e disfarçando interesses pessoais e profissionais.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Essa parcela da narrativa é mostrada de forma sútil pelos personagens Eliot Kaplan(interpretado por Mark Strong), Andris Davis(interpretado por Julian Glover) e Francesca Lentini(interpretada pela Noémie Merlant) que conseguem mostrar de forma sutil, sendo na forma de diálogo ou por olhares, oque eles realmente querem falar ou pensar sobre.

    O filme começa de forma bastante confusa, abordando personagens com comportamentos perturbadores, que mal aparecem em cena, em conjunto com a vida pessoal da personagem Tár. O filme tenta capturar o espectador com o elemento de se instigar a entender oque está acontecendo, mas faz isso de forma mal dosada e, em certos momentos, pouco desenvolvido no peso dramático que a cena precisa.

    Esse problema acontece em várias sequências, pois a direção tenta compor muitos estilos de direção e de construções para uma obra que na própria narrativa já contem muito conteúdo no qual o espectador fica atento, principalmente nos diálogos. E o filme se afoga em plano-contra-plano para mostrar os diálogos, botando o espectador em um estado de canseira, porque começa a não entender pra que tanto se esse tanto não esta ajudando na composição do resto da obra.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Além de que é possível perceber que o filme tem uma adição de cenas que são simplesmente para mostrar a habilidade do diretor em mostrar que consegue fazer um filme calmo com quase 3 horas de duração. Algo que não faz sentido, pelo fato de que a obra carrega uma potência emocional carregada por Cate Blanchett que não precisa de muito mais para se entender oque esta proposto desde o início.

    A obra, também, carrega uma forte crítica aos efeitos do que a Geração Z é capaz de fazer com o indivíduo(a) que não segue a mesma linha de raciocínio sobre temas sociais ligados a objeto de estudo. A ideia de como é fácil construir uma fake news sobre alguém com uma simples edição e com boatos pela internet, mostra o quão um ser social está escravo de uma geração que não faz questão de apurar fatos, além de destruírem a carreira de alguém por simples discordância. Mostrando que “O Beijo no Asfalto” de Nelson Rodrigues não está muito distante de nossa realidade.

    Mas, agora, não mais o julgamento das pessoas dos anos 50, até mesmo anos 90. Porém, uma geração carregada de jovens falso puritanos, que estão dispostos a te afundar caso não seja “correto” como eles. Uma crítica justa, e que recebe um bom desfecho comparado com a construção da narrativa de outros personagens e da jornada da protagonista durante o meio da narrativa, que o roteirista, e diretor, não parece saber que caminho está interessado em tomar. Mesmo com sua maturidade técnica.

    Novo filme de Todd Field, coloca Cate Blanchett como a Maestro Tár. A atriz é indicada como Melhor Atriz para o Oscar 2023.
    Tár | Universal Pictures

    Claro que escrevo sem colocar a personagem Tár em um pedestal de personagem inocente. Pelo contrário, ela se mostra errando, mentindo e com um lado considerado até tóxico em certos momentos. Mas a beleza da personagem, que é complementada pela atuação majestosa de Cate Blanchett, é exatamente esse ponto: Tár se mostrando um ser humano com erros e acertos, e ela tem noção disso. Algo que pode implicar com alguns e simpatizar com outros espectadores, até por ser um personagem construído para isso.

    Tár, mesmo sendo uma obra que tenta construir um ar de complexidade de forma desnecessária, consegue ser impactante e irônica em alguns de seus momentos. Além, de Cate Blanchett provar, mais uma vez, ser uma forte aposta na premiação como Melhor Atriz no Oscar de 2023.

    Nota: 3/5

    Assista ao Trailer:

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